Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Alimentos Nutrição Animal Paulo Henrique da Silva Barbosa Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Medicina Veterinária Concentrados Energéticos Milho Forma de utilização Inteiro; Moído (fubá) MDPS (Milho desintegrado com palha e sabugo) Óleo Farelo Proteinoso Silagem de milho Milho verde e outros Boa parte da energia que o milho proporciona é proveniente do amido mas isso precisa ser controlado. Equinos: 2g de amido /Kg de PV vivo animal /refeição (máximo). Níveis acima, ou seja, excesso, provoca distúrbios gastro intestinais nos equinos, fazendo com que altere a microbiota intestinal, reduzindo pH, predispondo o animal que come muito carboidrato a distúrbios gastro intestinais e em casos mais graves o processo de laminite, uma acidose. Ruminantes: O amido entra no rúmen e as bactérias vão colonizá-lo, é um substrato rapidamente fermentado pelas bactérias, produzindo ácidos graxos voláteis e ácido lático. O ácido lático é produzido quando o substrato fermentado é o amido e o ácido lático tem pH mais baixo que os AGVs de modo que quanto maior a inserção de fontes de carboidrato amido na dieta de um ruminante, estimula-se a produção de lactato. Consequentemente o pH do rumen cai e pode-se chegar a uma situação de acidose ruminal. Isso pode ocorrer em animais de alta produção porque recebem muito amido. Os AGVs absorvidos cairão na corrente sanguínea e vão virar glicose pelo processo de gliconeogenico. O lactato e o ácido propiônico são precursores de glicose nos ruminantes. Se a partícula tiver tamanho necessário, pode sair do rumen sem ser fermentada e então poderá ser digerida no intestino delgado e absorvida na forma de glicose. Esse amido que escapa é chamado de sobrepassante. A recomendação básica para uma vaca leiteira em lactação é até 3Kg de MS/animal. Níveis acima dessa quantidade começa a gerar uma sobrecarga de carboidrato no rumen podendo gerar acidose. Para evitar isso é necessário colocar substâncias que controlam o pH, que são os agentes tampões. Que característica da fibra poderia auxiliar no controle do pH ruminal? Fibra fisicamente efetiva. O milho é um alimento que apresenta baixo teor de fibra, ou seja, não estimula mastigação, que não produz saliva e não tampona o rúmen. A fibra fisicamente efetiva estimula a mastigação o que estimula o controle do pH ruminal. Os ruminantes podem consumir uma dieta total que é a mistura de concentrado com volumoso. Se for um animal de produção que consuma níveis maiores que o recomendado deve-se adicionar soluções tampões como a mistura: Bicarbonato de sódio e óxido de magnésio na proporção (3:1). Aveia Aveia integral – Vem com grão e casca A aveia é uma gramínea gramífera, que produz grãos comestíveis, ou seja, é um cereal. Ceral são gramíneas que produzem grãos comestíveis. Para alimentação animal é muito boa mas é um alimento caro. A maior parte da energia da aveia também vem do amido. Ela é rica em carboidratos, principalmente amido. A grande diferença do amido da aveia para o milho é que o amido da aveia é 100% amilose, de altíssima digestibilidade. De forma comparativa, a aveia tende a ser mais rica em proteína e aminoácido lisina que o milho. Na indústria animal dificilmente se processa ou recomenda-se processamento industrial intenso para a aveia devido a amido de alta qualidade. O único processamento recomendável é amassar o grão para expor o conteúdo do grão para facilitar a mastigação do animal já que o grão é duro. A aveia apresenta 30% de FDN que está presente na casca. Essa casca tem mais efetividade, ou seja, estimula mais a mastigação dos animais. Tem mais efetividade da fibra. Por isso é um alimento mais seguro no que diz respeito a possibilidade de causar acidose. Grãos tem maior quantidade de P do que Ca, logo, é um alimento que se for fornecido somente ele, terá um problema na relação Ca e P e, portanto, deverá fazer suplementação com minerais. Sorgo Concentrado energético. Também é gramínea que produz grãos. É usado pelas indústrias em substituição ao milho. Geralmente as indústrias que produzem concentrado para produção animal utilizam o sorgo em épocas do ano em que a oferta do sorgo é maior que a do milho, pois são bem similares em composição nutricional. É uma gramínea que está adaptada a produzir grãos em baixa quantidade de água no solo e, por isso, é utilizado principalmente nas regiões mais secas. O sorgo tem um fator anti nutricional que é o Tanino. A uva apresenta alto teor de tamino, exatamente o mesmo tamino presente no sorgo. O tamino presente no sorgo interfere na absorção da fase proteica do alimento. Interfere principalmente na interação com o aminoácido metionina, reduzindo sua absorção. A metionina é um aminoácido limitante para aves e suínos. Isso é um problema para aves e suínos porque a dieta desses animais é muito baseada em grãos. O melhoramento genético desenvolveu um sorgo que apresenta baixos teores de Tanino. Para ruminantes não tem problema desde que o ruminante seja ativo. O bezerro não é efetivamente o ruminante pois o rumen ainda está em processo de desenvolvimento. Farelo de Trigo É a casca do grão do trigo. É muito barato e muito utilizado na alimentação animal. É rico em fibra e proteína. Por ser barato e rico em proteína as pessoas usam de forma indiscriminada, principalmente para cavalo. Problema? Esse alimento tem relação de minerais muito desbalanceada. Tem muito fósforo, mas 2/3 desse fósforo está na forma de ácido fítico, ou seja, indisponível para absorção animal. Somente 20% estará disponível para absorção. Isso desequilibra a dieta facilmente. É usado para equino, suíno, aves e ruminantes. Tem bastante FDN, fibra que estimula mastigação. É bom para ruminantes porque garante mastigação e tamponamento do rumen. Concentrados Proteicos Algodão O caroço de algodão é um subproduto da indústria têxtil que tira o algodão e pega o grão que é rico em óleo, tira o óleo e separa. Tanto o caroço quanto o farelo de algodão podem ser utilizados como alimentos para animais de produção. Caroço de Algodão: Tem alto teor de Extrato Etéreo (lipídeo), então esse alimento apresenta uma característica, em função do alto teor de lipídeo ele não pode ser usado de forma indiscriminada para ruminantes, pois excede a capacidade de digestão destes animais. A dieta natural baseada em volumoso de um ruminante varia de 3 a 5% e o caroço de algodão apresenta cerca de 18,9% de EE, então não pode entrar em grande quantidade na dieta mas pode entrar pois é uma proteína de baixo custo usada principalmente em períodos de estiagem. Gossipol é uma substância tóxica presente no caroço de algodão. Essa substância é lipossolúvel, que se acumula na fração lipídica do grão. O farelo tem menor teor de gossipol. Devido a presença das bactérias do rumen, os ruminantes são mais tolerantes ao consumo do caroço de algodão. Animais monogástricos (aves, suínos, equinos, coelhos) é proibido fornecer caroço de algodão. O gossipol tem efeito sobre o tecido reprodutivo dos animais, ele atua alterando o ciclo estral de vacas, efeito citotóxico sobre o útero e compromete função ovariana. Vou dar caroço de algodão para vacas leiteiras? Não! E em touros? Afeta produção de espermatozoides, danos nas células germinativas e de sertoli, compromete o desenvolvimento testicular na puberdade. Então a categoria animal de ruminantes que recebe o caroço de algodão são animais adultos que vão para o abate (gado de corte). Farelo de Algodão Recomendação de uso: Aves e suínos – Não fornece! Ruminantes: Jovens, adultos e touros até 30% da ração. Caroço de Algodão Pré ruminantes – Não fornecer Touro – Não recomendável Ruminantes fêmeas jovens, adultos até 20% da ração. Soja Alimento muito rico em proteína de altíssimo valor biológico. A qualidade desse alimento é altíssima. A indústria processa o grão de soja e separa em óleo de soja e farelo de soja. Além disso, um outro subproduto da soja é a casquinha de soja. Grão de Soja Integral pode ser fornecido para ruminante. Principalmente para gado leiteiro. A grande vantagem do grão inteiro da soja é que ele contém lipídeo e esse lipídeo não tem fator anti nutricional associado e o óleo quando é fornecido para o ruminante dentro dos níveis seguros, fornece mais energia sem aumentar os níveis de carboidrato. Farelo de Soja tira-se o óleo. É o principal alimento utilizado na alimentação animal no Brasil. Apresenta o maior teor de proteína e um perfil de aminoácido com qualidade altíssima. Alto valor biológico. Aminoácidos essenciais em grande quantidade, principalmente a Lisina. No aquecimento do grão de soja para tirar o óleo e formar o farelo de soja que é removido o fator anti nutricional. O fator anti nutricional é o fator inibidor da tripsina. Esse fator inativa a enzima tripsina que está no intestino delgado. Se ela é inibida, não ocorre digestão da proteína e o animal fica impedido de absorver os aminoácidos. Está presente no grão de soja integral, não no farelo! Isso tem maior importância em animais monogástricos pelo fato do estômago ser simples e o fator inibidor da tripsina vai chegar no intestino delgado e atuar sobre a tripsina ali presente. Em ruminantes que sejam adultos não tem problema em dar o grão de soja integral. O tratamento térmico desnatura o fator inibitório da tripsina do grão integral, formando farelo de soja que é um alimento seguro e livre deste fator inibitório. Polpa Cítrica Peletizada A indústria de suco prensa a fruta, retira o suco e fica o bagaço. Citrus (frutas cítricas em geral, principalmente a laranja) dá origem ao suco e ao bagaço. O bagaço apresenta alto teor de fibra que apresenta pectina em maior quantidade. É um tipo de fibra de alta qualidade. A pectina é a melhor fração da parede celular vegetal, então é um alimento de alto valor nutricional. Justamente por essa característica do alimento a polpa cítrica pode ser caracterizada tanto um volumoso por ter alta concentração de fibra e concentrado por apresentar o tipo de fibra de alta fermentabilidade. Se transportar o bagaço da forma da indústria, tem muita água, o que não é viável, então coloca-se hidróxido de cálcio (CaOH2), que promove a desidratação do alimento, e Melaço que vai aglomerar as partículas de forma que o pelete fique com as partículas aglomeradas, formando a peletização que dá origem a PCP (polpa cítrica peletizada). A adição do hidróxido de cálcio faz com que a polpa cítrica peletizada tenha uma alta concentração de cálcio. É um alimento que tem alta possibilidade de desequilibrar a dieta por ter uma concentração muito alta de cálcio. O nutriente em maior quantidade é a pectina que vai ser fermentada e gerar energia. O produtor pode substituir o milho pela polpa cítrica em certas épocas do ano. Qual a vantagem? A polpa cítrica tem maior quantidade de fibra de alta qualidade o que garante a maior efetividade física que estimula a mastigação e também mantém ou aumenta a produção de leite. Na alimentação da Vaca Leiteira: A pectina favorece a produção de acetato que é o AGV que estimula a produção de gordura do leite. Então garante a produção de gordura do leite. E apresenta efetividade de fibra maior quando comparada ao milho, estimula mais a mastigação. Por que associar com dietas ricas em proteína solúvel? As bactérias ruminais consomem nutrientes, a polpa cítrica é rica em um tipo de carboidrato que é a pectina que solubiliza mais rapidamente, então as bactérias consomem isso rápido. Só que a bactéria obtém apenas a energia dos carboidratos, falta a proteína que também tem que ser disponibilizada rapidamente, então tem que ter essa associação. Armazenamento: A polpa cítrica é um alimento que puxa água devido a pectina que é higroscópica e, por isso, tem maior favorecimento ao crescimento de microrganismos. Isso acaba mofando o alimento que pode favorecer a produção de micotoxinas, prejudicando a alimentação. Tem que armazenar em locais ventilados, secos e cobertos. Níveis de inclusão na dieta d ruminantes: 20 a 30% ou até 4Kg/animal/dia. Qualquer quantidade acima de 30% deve-se preocupar com a relação de Ca/P da dieta. Volumosos Cana O nutriente requerido é a sacarose. Fornecimento de energia contida no alimento na forma de sacarose. A sacarose é um carboidrato solúvel rapidamente fermentado no rumen. Mas e a fibra da cana? A digestibilidade da fibra da cana é muito baixa, então o objetivo maior é a sacarose. Os feixes de fibra que a cana produz são ricos em lignina e celulose, é uma fibra de baixa qualidade. O produtor pica a cana para facilitar o consumo. Em que momento corta-se a cana? Na seca. Porque as gramíneas mudam sua fisiologia no período de estiagem, onde vai deixar de estar no estágio de crescimento vegetativo para reservar energia para reprodução. No momento em que ela reserva energia ela guarda sacarose no seu interior. É no período de estiagem que a cana vai apresentar maior teor de sacarose no seu caule. Por isso se corta no inverno. Em hipótese alguma a cana plantada pode florescer, não pode dar flor em cima. Isso é péssimo indicativo da qualidade da planta pois ela deslocou os nutrientes, açúcares do caule e transformou em semente, o que não é bom para a alimentação, a qualidade do alimento cai. Gramíneas x Oxalato de Ca (fator anti nutricional) Característica de gramíneas tropicais: Algumas apresentam alta concentração de oxalato de cálcio, essa substância tem efeito negativo sobre a absorção do cálcio nos animais herbívoros, só que é uma substância naturalmente produzida pelas gramíneas tropicais. Algumas produzem mais, outras menos. Esse oxalato de cálcio é um fator anti nutricional que pode predispor os animais a distúrbios metabólicos e impedir a absorção de cálcio. A longo prazo se o animal só recebe essa gramínea rica em oxalato de cálcio o animal fica impedido de absorver cálcio e o organismo ativa o paratormônio que vai remover cálcio dos ossos, principalmente dos ossos chatos da face (chanfro do cavalo ou dos ruminantes) que começa a inchar. O osso começa a ser substituído por tecido fibroso e esse tecido fibroso incha a cara do animal, caracterizando a doença metabólica chamada cara inchada ou ósteodistrofia. A setária é uma gramínea que tem alta concentração de oxalato de cálcio. Acima de1% de oxalato reduz em aproximadamente 70% a absorção de cálcio. As categorias mais prejudicadas são animais de alto desempenho. Tudo que demanda muito cálcio são animais que mais rapidamente entrarão em desequilíbrio. Aditivos Alimentares Substâncias ou microrganismos adicionados intencionalmente que normalmente não se consome como alimento, tenha ou não valor nutritivo, que afete ou melhore as características do alimento. São 7 classes de aditivos. Aditivo Tecnológico: Qualquer substância adicionada ao produto destinado à alimentação animal com fins tecnológicos. (ex. Melaço) o Aglomerante o Antioxidante o Conservante o Antifúngico Aditivo Sensorial: Muda características organolépticas do alimento como cheiro, coloração, etc. o Aromatizantes o Palatabilizantes o Corantes/Pigmentantes Aditivos Nutricionais: Toda substância utilizada para melhorar ou manter as propriedades do produto. o Vitaminas o Oligoelementoso Aminoácidos o Ácidos graxos o NNP (uréia) Existe uréia encapsulada (cápsula de amido) que não solubilizará rapidamente e ficará disponível aos poucos, retardando o processo de absorção pelo animal. Aditivo Zootécnico: Toda substância que influencia positivamente na melhoria do desempenho do animal. o Enzimas (Fitase libera o fósforo dos grãos) o Probióticos, Prebióticos, Simbióticos (equilibradores de microbiota intestinal) o Monersina sódia (melhorador de desempenho) FOS: fruto oligossacarídeo é fonte de alimento para grupo de microrganismos benéficos da flora. São aditivos zootécnicos. Aditivo Anticoccidiano: Substâncias destinadas a eliminar ou inibir protozoários na dieta. o Virginamicina Matérias Primas Minerais Calcário Calcítico (carbonato de cálcio): Fornece principalmente cálcio para balancear a dieta na relação Ca/P. Apresenta no mínimo 32% de cálcio que é prontamente disponível para o animal. Numa dieta pobre em cálcio, será a principal fonte de matéria prima utilizada para fechar a dieta do animal. Fosfato Bicálcico: Rico em fósforo e cálcio. 27% de cálcio e 18% de fósforo. Por ser muito caro, deve ser utilizado apenas em casos de deficiência de fósforo, jamais utilizar para fornecer somente cálcio pois o fósforo é a matéria prima mais cara. Tem fósforo prontamente disponível. Utiliza-se o mínimo necessário. Peletização A peletização modifica pouco a estrutura dos alimentos pois é um processo que utiliza baixas temperatura, umidade e pressão. É feita para aglomerar as partículas do alimento, facilitando a apreensão pelos animais. Extrusão A extrusão é um processo mais seguro no que diz respeito à contaminação porque utiliza altas pressões, temperatura e umidade, o que modifica principalmente o amido tornando-o mais digestível. A grande vantagem é que permite dar formas aos alimentos de estrelinhas, bifes e outros o que torna o alimento melhor apresentável ao proprietário que comprará a ração pois o animal em si não leva isso em consideração. Alimentos para pets, animais de companhia, normalmente passam por este processo de extrusão.
Compartilhar