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DIREITO DE FAMÍLIA – 3ª PARTE PROF: LEONARDO ZAGO GERVÁSIO Regime de bens - PATRIMÔNIO Regime da Comunhão Universal de Bens Disposto no artigo 1.667 do Código Civil, nesse regime comunica-se todos os bens, presentes ou futuros, e também as dívidas referentes a esses bens, que se transmitem. O artigo 1.668, entretanto, traz algumas exceções de incomunicabilidade de bens. Há um rol muito extenso que vai do inciso I (bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar) ao inciso V (os bens referidos nos incisos V a VII do artigo 1.659). - Bens excluídos – artigo 1668 do CC e seus incisos: I – Atenção, pois aqui são os bens doados em vida ou deixados em testamento. Também vale para os sub-rogados, ou seja, também aqueles que substituem os bens incomunicáveis. Ex. vende um terreno gravado com incomunicabilidade que é alienado para aquisição de um carro......a incomunicabilidade persiste embora possa haver a venda / alienação. II – Fideicomisso aqui é espécie de substituição testamentária. Os bens permanecem durante certo tempo, ou sob certa condição, fixados pelo testador, em poder do fiduciário, passando depois ao substituto (fideicomissário). A aquisição do domínio depende da morte do fiduciário, do decurso do tempo fixado pelo testador ou do implemento da condição resolutiva por ele imposta. Se falecer antes do fiduciário, caduca o fideicomisso, consolidando-se a propriedade em mãos do fiduciário. III – as dívidas anteriores ao casamento não se comunicam, exceção de: a) os aprestos – despesas dos preparativos do casamento e b) as despesas que revertem em proveito comum do casal (ex. despesas da aquisição do imóvel que o casal irá morar). IV – doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade. V – os bens referidos nos incisos V ao VII do artigo 1.659 do CC. – serão analisados quando da comunhão parcial de bens. Vide artigos 1.669 do CC E 1.668 do CC. Até 1977, o regime da comunhão universal de bens era o regime legal na falta de convenção entre os nubentes. Hoje é o da comunhão parcial de bens. Regime da Comunhão Parcial de Bens O regime de comunhão parcial de bens é, hoje, o regime legal na falta de convenção ou na falta de exigência de regime obrigatório de separação de bens (artigo 1.640, caput, do Código Civil). É o regime pelo qual se comunicam os aqüestos a título oneroso, desde que não sejam sub-rogação de bens anteriores. Aqüestos são os bens adquiridos na constância do casamento, não se comunicando os bens anteriores de cada cônjuge. Os bens adquiridos a título gratuito não se comunicam (doação e herança), salvo se houver disposição em favor de ambos os cônjuges (ex.: doação para a filha e o genro). Os bens não podem ter sido adquiridos com o produto da alienação de bens anteriores (exemplo: venda de um imóvel adquirido antes do casamento para comprar outro imóvel após o casamento. Esse segundo bem não se comunica). O artigo 1.660 dispõe os bens que se comunicam e o artigo 1.659 dispõem os bens que não se comunicam. Os frutos civis do trabalho se comunicam tanto no regime da comunhão universal como no regime da comunhão parcial (artigo 1.660, inciso V, do Código Civil). Artigo 1659 do CC: I – II – III - VI – Aqui são os DIREITOS aos aludidos proventos. Caso seja recebida a remuneração o R$ ingressa no patrimônio comum. Assim no caso de separação judicial só terá direito ao que for adquirido e não ao valor do salário a ser partilhado. Porém aqui podemos ter um problema já que um dos cônjuges adquirir bens e o outro poupar ..........o que poupou terá seu valor intocado, já o outro terá que partilhar. VII – Pensões são quantias pagas mensalmente a alguém para sua subsistência. Meio- soldo é a metade do soldo que o estado paga aos militares reformados. Montepio é a pensão devida pelo instituto previdenciário aos herdeiros do devedor falecido. Atenção !!!!! O que não se comunica é o direito ao percebimento desses benefícios!!!!!!! As importâncias recebidas na constância do casamento, entra!!!!! Caso haja separação o direito não será partilhado, só o auferido até aquele momento. As benfeitorias feitas em imóveis adquiridos antes do casamento se comunicam. Também a acessão se comunica, desde que feita na constância do casamento. Os frutos dos bens particulares comunicam-se; entretanto, os produtos são incomunicáveis. Artigo 1.660 do CC. Bens Comuns – são os havidos na constância do casamento por título oneroso, por fato eventual (loteria, aluvião, avulsão), por doação, herança ou legado em favor de ambos os cônjuges, as benfeitorias em bens particulares de cada um deles e os frutos dos bens comuns ou particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão (1660 do CC). Vide artigo 1662 do CC. Regime da Separação de Bens Disposto nos artigos 1.687 e 1.688, pode ser convencional ou legal. Nesse regime, os bens não se comunicam. a) Convencional Feito por pacto antenupcial, convencionam-se quais bens não serão comunicáveis. Existem duas espécies de regime de separação convencional de bens: • Absoluta: nenhum bem se comunica. Existem algumas exceções: 1) aquisição conjunta (a comunicação se faz pelo contrato e não pelo regime de bens); e 2) se houver prova de esforço comum (decorre do direito obrigacional, entretanto não basta o trabalho doméstico, deve existir, efetivamente, colaboração financeira na aquisição do bem). • Relativa: em regra, os bens não se comunicam, mas há no pacto cláusula estipulando algum bem que irá se comunicar. Depende sempre dos termos do contrato (pacto antenupcial). No caso de haver silêncio no pacto quanto aos aqüestos, a lei dispõe que se deve presumir que os bens se comunicam (artigo 1.640 do Código Civil). b) Legal Disposto no artigo 1.641, incisos I a III. Ainda que haja disposição em contrário, não será válida. Haverá a obrigatoriedade do regime de separação de bens nos seguintes casos: a) Inciso I - Nos casamentos celebrados mesmo havendo as causas suspensivas estabelecidas. b) Inciso II - Nos casamentos de pessoas com mais de 60 anos. Pelo sistema anterior os homens tinham que ser maiores que 60 anos e as mulheres tinham que contar com mais de 50 anos. Já sob a ótica da Constituição Federal de 1988 a uniformização nos 60 anos era a melhor solução. c) Inciso III - No casamento de qualquer pessoa que precise de autorização judicial para se casar. Nesse regime de separação obrigatória, entende-se que os aqüestos se comunicam. Regime de Participação Final nos Aquestos É um regime híbrido ou misto, pois na vigência da sociedade conjugal temos as regras da separação total de bens, com livre administração pelos cônjuges. Porém, com a dissolução da sociedade conjugal ou pela morte, ou pelo divórcio, ou pela separação judicial, ou mesmo em caso de nulidade, voltamos a ter o regime de comunhão parcial de bens, pois as partes passam a ter direito sobre a metade de todos os bens (artigo 1.672 do Código Civil). DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL O artigo 1571 do CC especifica as causas terminativas da sociedade conjugal, assim: I – morte. II – nulidade ou anulação do casamento. III – separação judicial (segundo a maioria, estaria derrogado pela EC 66/2010). IV – divorcio. DIVÓRCIO Divórcio é a extinção do vínculo jurídico do casamento sem que as obrigações assumidas peloscônjuges sejam cumpridas. Aqui, teremos o rompimento dos deveres e obrigações que o casal guardou entre si durante o casamento. • Bilateralmente: é o distrato. Ocorre no divorcio consensual. • Unilateralmente: ocorre no divórcio liitigioso. Nesse caso a culpa é discutida, somente as cláusulas da separação são objeto de debate (artigo 1.572, § 1.º, do Código Civil). OBS: A separação judicial estava (EC/66) estabelecida nos dispositivos do Código Civil, pondo fim aos deveres de coabitação e fidelidade recíproca e ao regime de bens (artigo 1.576 do Código Civil). Com a separação judicial, entretanto, haveria, ainda, um vínculo permanente entre as partes, sendo possível, inclusive, restabelecer a sociedade conjugal. No caso de reconciliação, o regime de bens será o mesmo anteriormente adotado com o casamento. Não é dado aos divorciados a reconciliação e o restabelecimento conjugal. No divórcio, só haverá o restabelecimento conjugal por meio de um novo casamento, podendo haver um novo regime de bens, visto que não há o restabelecimento da sociedade conjugal anterior. O divórcio foi introduzido no Brasil de forma restrita, entretanto, com a Constituição Federal/88 ele foi ampliado, sendo mais facilitado. Poderá se dar de duas formas: por conversão ou direto. O divórcio, seja direto, seja por conversão, não admite discussão sobre culpa e não se admite a reconvenção para discutir se houve ou não o prazo. Atenção, pois a questão da culpa tende não ser mais necessária no divorcio litigioso. Também o prazo para intentar o divórcio não é mais preciso. Assim sendo, conforme entendimento majoritário da EC/66 o divorcio não precisa mais de prazo, conforme outrora ensinava o artigo 226 § 6º da CF/88. Hoje, com o intuito de desburocratizar o instituto não termos mais prazo legal exigido, podendo o casal a qualquer tempo entrar com o pedido de divórcio. Divórcio consensual Disposto no artigo 1.580, § 2.º, do Código Civil, é aquele requerido por ambos os cônjuges, de comum acordo, contudo a regra de espera (2 ANOS) do prazo fora derrogada pela EC / 66. O juiz marcará, obrigatoriamente, uma audiência de conciliação e ratificação. Não é necessária a prévia partilha de bens (artigo 1.581 do Código Civil). Interposta a petição inicial, o juiz fará, num primeiro momento uma oitiva em separado e, após, uma oitiva conjunta. Somente haverá participação dos advogados na tratativa de composição quando houver expressa requisição das partes. Após a oitiva, o juiz deverá ratificar o acordo e remeter ao Ministério Público. Ouvido o Ministério Público, o juiz homologará o acordo. Aqui teremos que obrigatoriamente ouvir testemunhas. Divórcio litigioso Disposto no artigo 1.580, § 2.º, do Código Civil, a previsão do divórcio direto litigioso é feita de forma genérica. Segue-se o rito ordinário, somente podendo ser discutidas cláusulas do casamento e o tempo da separação. Exige-se citação do requerido e este poderá apresentar contestação. Essa contestação só poderá discutir o prazo. Em relação à prévia partilha de bens, há a Súmula n. 197 do Superior Tribunal de Justiça, dispondo não haver necessidade nos casos de divórcio, podendo ser feita após a sentença. A matéria também já foi resolvida, como dissemos acima, pelo artigo 1.581. ALIMENTOS Legislação aplicável O direito positivo trata desse direito-dever de alimentar e ser alimentado nos seguintes dispositivos: -art. 5.º, inc. LXVII da CF/88 -arts. 1.694 a 1.708 do atual CC -arts. 100, inc. I, 852 e 733, do CPC -Lei n. 5.478/68 Conceito O direito a alimentos está ligado ao direito à vida, tendo como base o direito natural. Além disso, o direito positivo trata desse direito-dever de alimentar e ser alimentado (artigo 5.º e seu inciso LXVII da Constituição Federal/88; artigos 1694 a 1708 do Código Civil; artigos 100, inciso I, 852 e 733, do Código de Processo Civil, e Lei n. 5.478/68). Os alimentos não se referem tão-somente ao sustento da pessoa, mas também a outras necessidades. Por esse motivo, podem ser definidos como “prestações periódicas devidas por força de lei, de uma pessoa a outra, a fim de atender às suas necessidades básicas para uma vida digna”. Fundamentos da obrigação alimentar O direito a alimentos está ligado ao direito à vida, tendo como base o direito natural. Além disso, está alicerçado nos princípios da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF) e da solidariedade familiar. Natureza jurídica Embora extremamente controversa a questão da natureza jurídica dos alimentos, parece estes se constituírem um direito, de caráter especial, com conteúdo patrimonial e finalidade pessoal. Classificação Espécies: a) naturais; b) civis. a) Alimentos naturais - São aqueles que se referem ao próprio sustento da pessoa. b) Alimentos civis - Visam ao atendimento das necessidades básicas para uma vida digna (sustento, moradia, vestuário, saúde, educação, transporte e lazer). Processualmente a) Alimentos provisionais - Requeridos na cautelar. b) Alimentos provisórios - Concedidos no início da lide, liminarmente, como pedido de tutela antecipada. c) Definitivos - Concedidos na sentença. Características: a) Personalíssimo - Somente cabe à pessoa que tem direito ao alimento. b) Indisponível - Não se pode passar o direito a terceiros. c) Irrenunciável - Não se pode renunciar, tendo em vista que se estará renunciando ao próprio direito à vida. d) Imprescritível - Não há prazo prescricional para requerer o direito a alimentos. e) Irrepetível - Os alimentos são irrestituíveis, ou seja, se a pessoa recebe indevidamente, quem pagou os alimentos não pode requerer a restituição do valor pago. f) Mutável - Admite revisão, por meio de uma ação revisional, que pode visar à exoneração, redução ou aumento dos alimentos. g) Transmissível - tramite-se aos herdeiros do devedor. h) Não passível de cessão i) Impenhorável j) Incompensável l) Intransacionável m) Atual (o direito de alimentos baseia-se na necessidade presente e futura, jamais pretérita). n) Divisível (entre os parentes do necessitado, encarregados da prestação alimentícia) BINOMIO – NECESSIDADE X POSSIBILIDADE. B) Necessidade - Deve-se provar a necessidade do alimentando. C) Capacidade - Deve-se verificar se o alimentante possui condições financeiras de alimentar.
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