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UNIVERSIDADE TIRADENTES - UNIT CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO A RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO POR JUSTA CAUSA DO EMPREGADOR – UM BREVE ESTUDO DO ARTIGO 483 DA CLT Sidnei Barbosa do Nascimento Prof. Ariel Salete de Moraes Júnior (Professor Orientador) Aracaju-SE 2019 SIDNEI BARBOSA DO NASCIMENTO A RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO POR JUSTA CAUSA DO EMPREGADOR – UM BREVE ESTUDO DO ARTIGO 483 DA CLT Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Tiradentes – UNIT, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito. Aprovado em: ____/____/____. Banca Examinadora: _________________________________________ Prof. Ariel Salete de Moraes Júnior Universidade Tiradentes _________________________________________ Professor Examinador Universidade Tiradentes _________________________________________ Professor Examinador Universidade Tiradentes 3 A RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO POR JUSTA CAUSA DO EMPREGADOR – UM BREVE ESTUDO DO ARTIGO 483 DA CLT TERMINATION OF EMPLOYMENT CONTRACT FOR JUST CAUSE OF EMPLOYER – A BRIEF STUDY OF CLT ARTICLE 483 Sidnei Barbosa do Nascimento1 RESUMO O presente artigo tem por objetivo discorrer brevemente sobre a rescisão do contrato de trabalho por justa causa do empregador prevista no Art. 483 da CLT, as hipóteses de cabimento estabelecidas no texto consolidado, bem como os reflexos desta sobre o empregado e o empregador na esfera jurídica, demonstrar o tratamento diferenciado conferido pela legislação, em desfavor do trabalhador quando da rescisão por justa causa e, por fim, destacar a suma relevância do tema para os futuros operadores do Direito, aos profissionais já atuantes na área trabalhista e para a sociedade, visando não somente a contribuição para a aquisição do conhecimento acerca do instituto, como também levando o leitor à reflexão e conscientização desses elementos e seus reflexos sobre as partes envolvidas, de forma a manter a continuidade e harmonização das relações de convivência social, objeto precípuo do Direito. Palavras-chave: Direito do Trabalho. Empregado. Empregador. Justa Causa. Rescisão de Contrato de Trabalho. 1 Graduando em Direito pela Universidade Tiradentes – UNIT. E-mail: sidbnasc@hotmail.com 4 ABSTRACT The purpose of this article is to briefly discuss the termination of the employment contract for just cause of the employer for in Art. 483 of CLT, it’s assumptions of propriety established in the consolidated text, as well as the consequences of this on the employee and the employer in the legal sphere, demonstrate the differential treatment conferred by the legislation, in detriment of the employee upon termination for just cause, and highlight the this work is of great relevance for future law operators, as well as for professionals already active in the labor area and for the whole society, aiming not only to contribute to the acquisition of knowledge about this institute, but also to bring the reader to the reflection and awareness of these elements and their reflections on the part of those involved, aiming in this way, the continuity and harmonization of social coexistence relations, the primary object of Law.. Keywords: Labor Law. Employer. Employee. Just Cause. Termination of the Employment Contract. 5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 2 DA RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO POR JUSTA CAUSA DO EMPREGADOR 2.1 Definição e Natureza Jurídica 2.2 Fundamentação Legal 2.3 Hipóteses da Justa Causa segundo o Art. 483 da CLT 2.4 Empregado Menor 2.5 Situações Especiais (Art. 483, §§ 1º a 3º, CLT) 2.6 Assédio Moral e Assédio Sexual 2.7 Formalização 2.8 Verbas Rescisórias 3 DO TRATAMENTO DIFERENCIADO EM DESFAVOR DO TRABALHADOR QUANDO DA RESCISÃO DO CONTRATO POR JUSTA CAUSA 4 CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA 6 1 INTRODUÇÃO Atualmente o mercado de trabalho passa por grandes turbulências, gerando efeitos nocivos na economia nacional, aos empregadores, bem como à parcela hipossuficiente da relação trabalhista, o empregado. Os constantes reflexos ocasionados por sucessivas crises econômicas, má administração, corrupção, desvios de recursos, além da inescrupulosa ação de grupos criminosos em todas as escalas do poder, tem levado muitas empresas ao prejuízo, fechando suas portas por não mais poderem arcar com inúmeras exigências, burocracia, sem contar é claro, com a abominável carga tributária imposta pelo governo e da qual são obrigadas a suportar, gerando dessa forma, a escassez de postos de trabalho, contribuindo para a elevação das desigualdades sociais, do desemprego, da miséria e da criminalidade. Diante disso, muito se tem feito e ainda se faz para minimizar esses efeitos nefastos, que destroem a economia, impedem o crescimento do país e penalizam a parcela mais humilde da população e que realmente faz o Brasil acontecer: os trabalhadores. Entretanto, mesmo com todas as ações colocadas em prática pelo Poder Público, com o intuito de auxiliar no desenvolvimento das empresas e aliviar a penosa carga tributária que é imposta a todas elas, algumas insistem em burlar a legislação, desrespeitando direitos constitucionalmente assegurados e subjugando àqueles em situação mais desfavorável. Assim, tornou-se necessário criar mecanismos de proteção ao trabalhador, com o intuito de resguardá-lo contra possíveis arbitrariedades por parte das empresas que descumprem suas obrigações na relação trabalhista. Esses mecanismos de proteção atualmente estão assegurados não somente na Constituição Federal de 1988, nossa Lei Maior, como também está materializada no Decreto Lei nº 5.452 de 01 de maio de 1943, que aprovou a Consolidação das Leis do Trabalho, a nossa CLT. Um desses mecanismos de proteção à disposição do trabalhador contra as arbitrariedades do empregador, ainda desconhecido por sua maioria e objeto de 7 estudo do presente trabalho está consubstanciado no Art. 483 do referido diploma normativo e que dispõe sobre o instituto da rescisão do contrato de trabalho por justa causa do empregador, também conhecida rescisão indireta ou despedida indireta, que é aquela originada de uma falta grave cometida pelo empregador, dentro das hipóteses de cabimento ali elencadas e que serão brevemente estudadas. Com isso, espera-se ter alcançado a finalidade primordial deste trabalho que é a de fomentar a pesquisa e contribuir de forma positiva para a aquisição do conhecimento acerca desse importante tema da seara trabalhista e na defesa dos interesses do trabalhador. Por fim, a metodologia utilizada para a realização do presente estudo foi a pesquisa exploratória, através do levantamento bibliográfico disponível sobre o tema, bem como por meio de artigos disponibilizados pela internet. 2 DA RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO POR JUSTA CAUSA DO EMPREGADOR De acordo com Maurício Godinho Delgado: os dois tipos de resolução contratual mais importantes existentes na teoria e prática do Direito do Trabalho são, como visto, a ruptura por ato culposo do empregado (chamada dispensa por justa causa) e a ruptura por ato culposo do empregador (chamada rescisão indireta). (DELGADO, 2017, p. 1382). Estesegundo tipo de rescisão contratual é o objeto do presente estudo. 2.1 Definição e Natureza Jurídica Na ruptura por ato culposo do empregador, a definição para a rescisão do contrato de trabalho por justa causa do empregador vem de Jorge Neto como sendo: o término do contrato de trabalho por decisão do empregado, tendo em vista justa causa que o atingiu e que foi praticada pelo empregador. Isto significa que o empregado pode considerar o contrato rescindido e solicitar a indenização. (JORGE NETO, 2019, p. 947). 8 Em referência à natureza jurídica, a definição fornecida por Octávio Bueno Magano parece ser a mais adequada quando afirma que: a natureza jurídica deste instituto é hibrida, pois mescla demissão e despedida. Assemelha-se à demissão por ser ato unilateral de iniciativa do empregado, mas dela se distancia por não implicar qualquer ideia de renúncia. Ao contrário, o empregado denuncia o contrato o contrato com fundamento em falta grave do empregador. E por aí a figura em exame se aproxima da despedida sem justa causa. (MAGANO, 1991, p. 330). Dessa forma, quando o patrão comete alguma falta grave contra o empregado no ambiente de trabalho, dentre aquelas previstas no diploma legal trabalhista, a relação de emprego se fragiliza, não sendo mais suportável a manutenção do vínculo laboral, o que acarreta a quebra do contrato de trabalho e consequentemente a punição da parte infratora por meio do pagamento de indenização. Corroborando essa afirmação é que o presente trabalho discorrerá brevemente sobre cada das infrações cometidas pelo empregador, no abuso do seu poder diretivo e disciplinar e que se encontram elencadas no Art. 483 do Decreto Lei nº 5.452/43 (CLT), bem como do seu devido processo de formalização. Em seu artigo, Rosane Monjardim da Fonseca Almeida assevera que “o empregador tem o poder de mando sobre o empregado, porém esta autoridade não lhe dá o direito para tratar este com excessivo rigor, falta de educação ou com discriminação”.(ALMEIDA, 2015). 2.2 Fundamentação Legal O Art. 483 da CLT dispõe que o empregado poderá considerar rescindido o contrato o contrato e pleitear a devida indenização quando enquadrado em uma ou mais das hipóteses cabíveis, sendo elas: a) Forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes e alheios ao contrato; b) For tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo; c) Correr perigo manifesto de mal considerável; 9 d) Praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama; e) O empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; f) O empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários. As situações descritas acima constituem embasamento legal para justificar o instituto da rescisão por justa causa do empregador, embora existam outras situações que ensejam a ruptura do contrato de trabalho e sua aplicabilidade e que podem estar incorporadas em uma ou mais das hipóteses de cabimento do dispositivo citado. O mesmo ocorre quando o empregador doméstico comete algum dos atos previstos no parágrafo único do Art. 27 da Lei Complementar nº 150/2015, que nada mais são do que as disposições já consagradas no Art. 483 da CLT, porém, com a inclusão de mais uma agravante no que se refere ao trabalho doméstico, ou seja, o inciso VII que trata da prática da violência doméstica ou familiar, em qualquer das suas formas, contra as mulheres de que trata o Art. 5º da Lei nº 11.340/2006, a Lei Maria da Penha: Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; II – no âmbito da família, compreendida como a unidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III – em qualquer relação intima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. 2.3 Hipóteses da Justa Causa segundo a Art. 483 da CLT 10 Nas palavras de Jorge Neto (2019), estas são as hipóteses extintivas da relação laboral previstas no texto legal consolidado: a) Forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato. (Art. 483, a, CLT). O termo “forças” não deve ser analisado de forma restrita, ou seja, para indicar que se trata de força muscular. A expressão engloba as acepções de força muscular, aptidão para a tarefa, capacidade profissional. Serviços defesos por lei envolvem as atividades proibidas pela lei penal ou que oferecem risco à vida do trabalhador ou do próximo. Trabalhos contrários aos bons costumes são aqueles ofensivos à moral pública. Serviços alheios ao contrato representam a realização de tarefas exigidas pelo empregador que são contrárias aos serviços pelos quais o trabalhador foi contratado. b) For tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo. (Art. 483, b, CLT). Compreende a presença de repreensões ou medidas punitivas sem razoabilidade, configurando, assim, uma perseguição ou intolerância ao empregado. É comum a implicância na emanação de ordens ou na exigência de tarefas anormais na execução dos serviços. Deve ser respeitado o princípio da proporcionalidade entre a natureza da falta e a penalidade aplicada ao trabalhador. Se o empregado atrasa por alguns minutos, não sendo rotinas tais atrasos, e vem a sofrer uma suspensão de 10 (dez) dias, denota-se o rigor excessivo. c) Correr perigo manifesto de mal considerável. (Art. 483, c, CLT). O perigo de mal considerável ocorre quando o empregado é compelido a executar suas tarefas sem que a empresa faça a adoção das medidas necessárias para que o local de trabalho esteja dentro das normas de higiene e segurança do trabalho. 11 d) Não cumprir o empregador as obrigações do contrato. (Art. 483, d, CLT). O descumprimento patronal das obrigações do contrato representa que o empregador está descumprindo tanto as normas legais como as contratuais. Os exemplos podem ser: salários, horários, natureza do trabalho, local da prestação etc. A hipótese mais comum é quando o empregador está em atraso quanto ao pagamento dos salários (mora salarial). É importante ressaltar que o pagamento dos salários atrasados em audiência não é motivo para elidir a rescisão do contrato de trabalho (Súmula nº 13 – TST). Outras hipóteses de descumprimento por parte do empregador das obrigações contratuais podem ser inseridas neste campo como a falta de antecipação do pagamento das férias, bem como sua concessão irregular, o não recolhimento do FGTS, não pagamento de horas extras, não cumprimento do horário de almoço integral etc. e) Praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama (Art. 483, e, CLT). Envolve as hipóteses de injúria, calúnia e difamação. A ocorrência da legítima defesa exclui a justa causa do empregador. A expressão “injúria” deriva do latim injuria, dein + jus: injustiça, falsidade. É fato típico que ofende a honra, a dignidade ou o decoro da vítima. Pode ser verbal, por escrito ou física (injúria real). A honra pode ser objetiva ou subjetiva. A primeira é caracterizada pela sua reputação, ou seja, tudo aquilo que os outros pensam a respeito do cidadão, quanto aos seus atributos físicos, intelectuais, morais etc. A segunda reflete o sentimento de cada um a respeito de seus atributos físicos, intelectuais, morais etc. É a avaliação que o indivíduo faz de suas qualidades como ser humano. A injúria ataca a honra subjetiva, ferindo a dignidade ou o seu decoro (Art. 140, CP). A injúria pode ser concretizada pelas palavras, como também por gestos e, algumas circunstâncias, por meio de atos físicos (bofetadas, empurrões etc.). A calúnia e a difamação (Arts. 138 e 139, CP) atingem a honra objetiva. 12 Na calúnia, atribui-se à vítima a prática de um crime, porém, de forma falsa. A expressão “difamação” deriva do latim diffamare, de fama, desacreditar. O objetivo jurídico a ser tutelado é a honra objetiva, a reputação da vítima. Na difamação, o sujeito procura imputar à vítima fatos que atinjam os seus atributos morais. Não se confunde com a calúnia. Nesta, o que se procura imputar são fatos que atinjam os seus atributos morais, porém, que são falsa notícia de crime. É a atribuição falsa à vítima de um fato definido como crime. Na calúnia e difamação são atribuídos fatos à vítima, enquanto na injúria o que se atribui é uma qualidade negativa, ofendendo-se a sua honra subjetiva. As seguintes afirmações confirmam as distinções: “Fulano é um peculatário!” (calúnia), “Beltrano é um depravado!” (difamação), “Sicrano é um boçal!” (injúria). f) O empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem (Art. 483, f, CLT). Com a exclusão da legítima defesa própria ou de outrem, as ofensas físicas praticadas pelo empregador ou seus prepostos contra o empregado ou outrem, no recinto da empresa ou fora dele, caracteriza justa causa patronal, justificando a rescisão indireta do contrato de trabalho. Um claro exemplo de ofensa física é a agressão tentada ou consumada, ferindo a integridade física, pessoal ou corpórea do empregado, praticada no ambiente de trabalho. g) O empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários (Art. 483, g, CLT). Esta é relativa à redução do trabalho, quando o empregado recebe por peça ou tarefa. Se houver a diminuição sensível de seus ganhos, sem qualquer outra forma de compensação, admite-se a rescisão do contrato de trabalho. 2.4 Situações Especiais (Art. 483. §§ 1º a 3º, CLT). Homero Batista Mateus da Silva, em sua CLT Comentada 2018, nos ensina sobre as disposições contidas nos parágrafos 1º a 3º do Art. 483. 13 Sobre o § 1º nos ensina que: Situações excepcionais autorizam o empregado a suspender os trabalhos – melhor: interromper, pois ele pretende que os salários sejam pagos – quando houve risco iminente ou obrigações incompatíveis com o serviço, dispõe o Art. 483, § 1º. Lembramos que esse raciocínio aparece em normas de saúde e segurança do trabalho, como o Art. 161, § 6º, CLT, o item 9.6.3 da NR 9 – PPRA – e, ainda, o Art. 13 da Convenção nº 155 da OIT. Usa-se a expressão greve ambiental quando a paralisação for coletiva. Ou, então, a depender da gravidade da situação o empregado pode partir diretamente para a rescisão indireta. (SILVA, 2018, pp. 220). A respeito do § 2º pondera que: O empregado pode pedir demissão em caso de morte de seu patrão pessoa física, diz o Art. 483, § 2º. Mas ele já não podia pedir demissão em qualquer caso, com morte ou sem morte, com pessoa física ou jurídica? Qual seria, então, a razão de ser desse dispositivo? A morte do patrão não pode representar uma forma de justa causa da empresa, ou seja, não é um caso de rescisão indireta, a exigir que os herdeiros paguem aviso prévio e multa de 40% do fundo de garantia ao empregado que se sentia afetivamente ligado ao empregador e que entende inconveniente prosseguir com outro proprietário ou arrendatário do estabelecimento, como ocorre com ofícios metódicos, barbearias, marcenarias e demais atividades de convivência entre mestres e aprendizes. Portanto, se não é rescisão indireta, o § 2º está mal alocado no Art. 483. Entendemos que a única interpretação viável a esse peculiar dispositivo é considerar que o empregado pode pedir demissão sem o ônus do pedido de demissão, quer dizer, sem necessidade de cumprimento de aviso prévio ou desconto do aviso prévio não cumprido. Seria um pedido de demissão “justificado”, com o pagamento das parcelas básicas de férias, 13º salário e saldo de salários, mas sem levantamento de fundo de garantia e seguro-desemprego. A situação é única na legislação trabalhista. (SILVA, 2018, p. 220). Sobre o § 3º, o autor enfatiza que: 14 Confirmando a tese de que a tolerância do empregado é mais elástica do que a do empregador, o legislador admite que o empregado aguarde, em serviço, a tramitação do processo judicial sobre rescisão indireta, ou seja, ele não será acusado de ter perdoado o empregador se o acionar e prosseguir trabalhando enquanto a Justiça do Trabalho decide se o ato do empregador foi grave o bastante. Claro que a situação é incômoda para ambos os lados. Suficiente pensar num caso de agressão física do empregador contra o empregado, ou de xingamento de pessoas de sua família, e este continuar na empresa como se nada houvesse acontecido, pela premência de continuar a receber seus salários. O Art. 483, § 3º, autoriza que o empregado saia imediatamente no caso de descumprimento das principais obrigações contratuais ou naquele caso de rebaixamento indireto de salário. A opção pertence ao empregado. (SILVA, 2018, pp. 220/221). Por fim, complementa que: Na eventualidade de o empregado deixar o trabalho sob alegação de rescisão indireta e, depois, vir a perder o processo trabalhista, por não ter sido deferido seu pleito, entendemos que a melhor solução é considera-lo como um demissionário, quer dizer, que seu desligamento foi um pedido de demissão, não justificado por conduta abusiva da parte contrária. Como tal, ele ainda conserva o direito ao 13º salário e às férias, mas perde o direito ao aviso prévio e ao levantamento do fundo de garantia e do seguro-desemprego. Há forte corrente jurisprudencial que reputa a ato como um abandono de emprego, porque o empregado não seguiu as formalidades do pedido de demissão, mas, no caso, ele também não saiu furtivamente, sem motivos e sem notícias: ele acreditava estar certo seu passo de sair por maus tratos do empregador, mas não conseguiu convencer. 2.5 Empregado Menor 15 Quando o empregador não cumprir com as medidas possíveis e recomendadas pela autoridade competente, para que o menor seja alterado na função, caso exerça atividade prejudicial à saúde, prevê também uma hipótese de rescisão indireta do contrato de trabalho, conforme prediz o artigo 407 da CLT que determina que verificado pela autoridade competente que o trabalho executado pelo menor é prejudicial à sua saúde, ao seu desenvolvimento físico ou à sua moralidade, poderá ela obriga-lo a abandonar o serviço, devendo a respectiva empresa, quando for o caso, proporcionar ao menor todas as facilidades para mudar de funções. O parágrafo único do citado artigo também determina que quando a empresa não tomar as medidas possíveis e recomendadas pela autoridade competente para queo menor mude de função, configurar-se-á a rescisão do contrato de trabalho, na forma do Art. 483. Por fim, o Art. 426 que é dever do empregador, na hipótese do Art. 407, proporcionar ao menor todas as facilidades para mudar de serviço. 2.6 Assédio Moral e Assédio Sexual. Esta é a definição dada por Delgado para o assédio moral: O assédio moral é a conduta reiterada seguida pelo sujeito ativo (o empregador) no sentido de desgastar o equilíbrio emocional do sujeito passivo ( o empregado), por meio de atos, gestos e silêncios significativos que visem ao enfraquecimento e diminuição da autoestima da vítima ou a outra forma de desequilíbrio tensão emocionais graves. (DELGADO, 2017, p. 1392). Segundo o autor, no âmbito empregatício o assédio moral tende a ocorrer de maneira vertical no sentido descendente – das chefias em direção ao chefiado. Esta é a modalidade tida como mais usual no mundo do trabalho. Há também, é claro, outra via relevante de assédio moral, que ocorre no sentido horizontal, deflagrado por colegas em direção a outro colega. Não é tão comum, ao revés, o assédio vertical ascendente, embora, é claro possa ocorrer, qual seja, de chefiado(s) em direção à chefia. Sendo cometido por colegas de trabalho contra outro trabalhador, pode ser capitulado na alínea “b”, in fine (mau procedimento), ou na alínea “j” (ato lesivo da 16 honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa...) do Art. 482 da CLT, constituindo infração do(s) trabalhador(es) assediador(es). O assédio moral, caso configurado, em especial contando com a participação ou conivência das chefias do empregador, atinge o cerne do contrato de trabalho da vítima empregada, propiciando a ruptura contratual por infração do empregador (Art. 483, alíneas “a”, “b” ou “e”, da CLT). Em face da gravidade da conduta do ofensor e do malefício que provoca no patrimônio moral da vítima, pode ensejar também indenização por dano moral. Com relação ao assédio sexual, Delgado o define como sendo: a conduta de importunação reiterada e maliciosa, explícita ou não, com interesses e conotações libidinosos, de uma pessoa física com relação à outra, sendo de natureza essencialmente emocional, psicológica, embora podendo ter também dimensão física. (DELGADO, 2017, p. 1394). Nesse sentido, Delgado lembra que o assédio sexual decorrente de comportamento ilícito do empregador ou de seus prepostos pode conduzir à rescisão indireta do contrato de trabalho (Art. 483, “e”, CLT). Vale ressaltar também que a possibilidade de indenização por dano moral está assegurada respectivamente pelos artigos 186, 927, 932, III, do Código Civil Brasileiro, combinado com os artigos 223-A a 223-G da CLT, que foram introduzidos pela Lei Federal nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista). Assim sendo, os assédios moral e sexual lesam os direitos da personalidade da pessoa nas relações de trabalho, pois violam, ofendem, denigrem a imagem do trabalhador, lembrando que são muitas as hipóteses para a sua ocorrência. Violam a proteção à vida, o direito ao nome, a proteção à intimidade, direitos esses cuja proteção encontra-se assegurada na nossa Constituição, Art. 5º, X, que dispõe sobre a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, sendo assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente dessa violação. Essas violações à proteção intimidade nas relações de trabalho são exemplificados por Bezerra Leite (2019, p. 78), quando trata das revistas íntimas 17 previstas no Art. 373-A da CLT, utilização de câmeras em vestiários ou banheiros, o assédio moral e o assédio sexual, sendo estes dois últimos os mais corriqueiros no ambiente de trabalho. Assim, a Lei Federal nº 13.185/2015 veio instituir no Brasil o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (o chamado bullying), aplicado em qualquer relação jurídica, inclusive na relação de trabalho ou emprego. De acordo com o § 1º do Art. 1º da referida lei a intimidação sistemática, conhecida como bullying é tida como todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. Em relação ao Art. 2º da Lei Federal nº 13.185/2015 enfatiza que bullying se caracteriza quando há violência física ou psicológica em atos de intimidação, humilhação ou discriminação e, ainda quando das seguintes ocorrências: I – ataques físicos; II – insultos pessoais; III – comentários sistemáticos e apelidos pejorativos; IV – ameaças por quaisquer meios; V – grafites depreciativos; VI – expressões preconceituosas; VII – isolamento social consciente e premeditado; VIII – pilhérias. Quando ocorre via internet, chamamos de ciberbullying, quando se usam os instrumentos que lhe são próprios para depreciar, incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de constrangimento psicossocial. Ainda mais, de acordo com o Art. 3º da referida lei, a intimidação sistemática (bullying) pode ser classificada, conforme as ações praticadas, como: 18 I – verbal: insultar, xingar e apelidar pejorativamente; II – moral: difamar, caluniar, disseminar rumores; III – sexual: assediar, induzir e/ou abusar; IV – social: ignorar, isolar e excluir; V – psicológica: perseguir, amedrontar, aterrorizar, intimidar, dominar, manipular, chantagear e infernizar; VI – físico: socar, chutar, bater; VII – material: furtar, roubar, destruir pertences de outrem; VIII – virtual: depreciar, enviar mensagens intrusivas da intimidade, enviar ou adulterar fotos e dados pessoais que resultem em sofrimento ou com o intuito de criar meios de constrangimento psicológico e social (ciberbullying). 2.7 Formalização. A rescisão indireta do contrato de trabalho tende a passar por um rito formal específico, o processo judicial trabalhista, também chamada de reclamação trabalhista. No contexto desse processo, por meio da sentença prolatada, é que irá firmar-se a data de resolução culposa do contrato, com o consequente pagamento das verbas rescisórias que lhe são próprias: aviso prévio, com projeção no período contratual (inclusive a parcela da proporcionalidade se for o caso), férias proporcionais com 1/3, 13º salário proporcional, liberação do FGTS, com acréscimo pecuniário de 40% em favor do empregado, indenizações rescisórias especiais, entre elas as previstas nos Arts. 467 e 477, § 8º da CLT, se houver. Tudo isso acrescido das parcelas já vencidas anteriormente à ruptura (férias vencidas com 1/3) ou cujo vencimento foi antecipado com a rescisão (férias simples, saldo de salários etc.), se for o caso. O empregado, ao considerar insustentável a continuidade do vínculo, em decorrência de infrações cometidas pelo empregador, propõe ação trabalhista nesse sentido, informando os fundamentos fáticos-jurídicos de sua pretensão e aduzindo o 19 pleito resolutório do contrato. Regra geral, somente a partir daí é que se afasta do emprego. Isso significa que a propositura da ação é instrumento comum à pretensão rescisória indireta, o qual tende a anteceder ou, pelo menos, ser realmente contemporâneo à saída do obreiro do emprego. Esta é, de fato, a regra geral que ocorre na prática trabalhista. Em decorrência dessa regra geral, entende-se, normalmente, que a propositura da ação muito tempo após o efetivo afastamento do labor compromete, de plano, o sucesso da pretensãoobreira, em vista da falta de imediaticidade em sua insurgência. Aqui deve ser esclarecido, inicialmente, que a data de afastamento do serviço demarca a data final do contrato de trabalho, se a sentença reconhecer a falta do empregador, decretando a extinção do respectivo pacto empregatício. Pode-se dizer, neste caso, que a sentença terá efeito ex tunc, desde a data da real cessação da prestação laborativa. Se não tiver havido afastamento obreiro, a data extintiva do pacto será fixada pela sentença, seja com base no dia da publicação da decisão judicial, seja com suporte no trânsito em julgado do decisum, seja por outro critério específico eleito pelo julgador. O efeito sentencial neste caso dependerá da data escolhida pela decisão judicial, laborando o empregado até o dia de término do contrato estabelecido na sentença. Não se tratando de trabalhador que tenha estabilidade ou garantia de emprego, a cessação da prestação de serviços coloca ponto final ao contrato entre as partes, cabendo ao Poder Judiciário decidir, somente, se o término se deu por culpa empresarial ou por resilição do contrato em face de iniciativa do empregado (pedido de demissão). Não há dúvida de que o obreiro considerou, em decorrência dos fatos que alega ocorridos, difícil, constrangedora ou, até mesmo, insustentável a relação empregatícia entre as partes, decretando o seu rompimento, porém vindo a juízo pleitear que ruptura seja tida como rescisão indireta. Não obtendo sucesso em seu intento, a extinção do contrato prevalece, mas por simples pedido de demissão do empregado. É claro que se trata de uma modalidade especial de resilição unilateral por ato obreiro, em que este fica isentado da concessão do aviso prévio: a 20 própria ação trabalhista já cumpriu o papel de notificar o empregador da intenção de ruptura contratual. Ou seja, em tal situação figurada, o término do contrato é fixado na data do afastamento do trabalhador, que receberá de seu empregador as verbas do pedido de demissão, liberado, porém, da concessão do aviso prévio. São elas: 13º salário proporcional e férias proporcionais com 1/3. É claro que as parcelas vencidas ou que se vencem com a terminação do contrato também deverão ser pagas, se existentes: saldo salarial, férias simples com 1/3, férias vencidas, dobradas com 1/3, por exemplo. É, portanto, equívoco grave considerar que o afastamento do trabalhador, em exercício de prerrogativa conferida pela ordem jurídica, convole-se em justa causa, caso o pedido de rescisão indireta seja considerado improcedente. Não existe, no Direito, infração gravíssima que resulte do simples exercício regular de uma prerrogativa assegurada pela própria ordem jurídica. Além do mais, não poderia haver justa causa obreira sem comprovação de dolo ou culpa do correspondente empregado. Também não tem suporte jurídico a solução diametralmente oposta, ou seja, determinar-se a reintegração ou readmissão do empregado, se seu pedido rescisório for julgado improcedente. Afinal, seu contrato não está revestido de estabilidade ou de garantia de emprego, que torne solene seu pedido de demissão (Art. 500, CLT). Em consequência, a readmissão do empregado (isto é, o retorno ao trabalho, considerando-se o tempo de afastamento como mera suspensão contratual) somente caberá em situações de trabalhadores protegidos por estabilidade no emprego ou, no mínimo, estabilidade temporária. Rosane Silva Monjardim da Fonseca Almeida ressalta que: o empregado que pleitear a despedida indireta necessariamente terá que provar o ato grave e faltoso do empregador, seja por meio de provas documentais ou testemunhais. Uma vez comprovado, terá direito a todas as verbas como se fosse demitido sem justa causa. É necessário que haja uma análise do caso, a fim de verificar em que circunstâncias circunscrevem quais os procedimentos a serem 21 tomados, para caracterizar-se justa causa como ato faltoso ou infração grave, praticada pelo empregador. O empregado estável, com garantia de emprego, poderá optar pelo ajuizamento da ação trabalhista, visando à condenação do empregador à reposição do contrato. Reforce-se que, para justificar a rescisão do contrato, é necessário provar a justa causa contida no Art. 483, ou seja, de cada caso. 2.8 Verbas Rescisórias Os direitos do empregado referentes às verbas rescisórias na ocasião da rescisão indireta estão abaixo relacionadas: a) Saldo de salários, inclusive horas extras e outros adicionais; b) Aviso prévio (de acordo com o inciso XXI do Art. 7º da Constituição Federal; Arts. 481 e 487, § 4º da CLT; Art. 11 da IN SRT nº 15/2010); c) Salário-família (Lei nº 8.213/91, Arts. 65 a 68); d) 13º salário (Lei nº 4.090/62; IN SRT nº 15/2010); e) Férias proporcionais, férias vencidas, acrescidas de 1/3 (Arts. 130, 146 e 147 da CLT; IN SRT nº 15/2010; Súmula nº 328, TST); f) Direito de sacar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) acrescido da multa de 40% paga pelo empregador sobre o saldo da conta vinculada (Arts. 18 e 20, I, da Lei nº 8.036/90, ressaltando que, caso o empregador não efetue os referidos depósitos na conta vinculada, a homologação será feita com ressalva, relatando-se o fato no Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT); g) Poderá também requerer Seguro Desemprego, devendo-se ressaltar também que o objetivo do benefício é prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado, em virtude de dispensa sem justa causa, incluindo-se, neste caso, a rescisão indireta. 22 3 DO TRATAMENTO DIFERENCIADO EM DESFAVOR DO TRABALHADOR QUANDO DA RESCISÃO POR JUSTA CAUSA. Quando falamos em tratamento diferenciado em desfavor do trabalhador, é importante frisar que as situações previstas no Art. 483 da CLT visam à proteção do empregado, a parte mais frágil da relação trabalhista e que, pela sua hipossuficiência, sem dúvida é mais suscetível a arbitrariedades, desmandos e descumprimentos das normas legais vigentes, cometidos pelo empregador, sendo essa a quem mais perde nesse jogo de interesses. Verifica-se, portanto, que durante a vigência do contrato de trabalho, podem ocorrer situações que, na maioria das vezes, geram desconfortos e decepções, bem como reflexos negativos ao empregado, dentre eles a baixa autoestima, rendimento insatisfatório, medo, insegurança e total descrença na justiça. Como resultado, muitos trabalhadores optam pelo pedido de demissão, instituto altamente desfavorável aos empregados, pois há renúncia de direitos que lhes são constitucionalmente assegurados, ao passo que para o empregador este seja o mais satisfatório, pois levam o empregado ao prejuízo não somente sob o ponto de vista econômico-financeiro, como também emocional, moral e social. Acreditamos que o maior obstáculo nessa questão seja a falta de conhecimento por parte daqueles em situação mais vulnerável do instituto da rescisão indireta, uma vez que, se todos os trabalhadores efetivamente soubessem da existência dessa possibilidade prevista na lei, não estaríamos presenciando tantas arbitrariedades e injustiças sendo cometidas por muitos empregadores, que se aproveitam da ingenuidade daqueles que estão nessa situação de vulnerabilidade e que realmente fazem a empresa crescer, sendo, portanto, responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento do nosso país. Outra situação que surge em desfavor do trabalhador e, porque não, a mais sofrível, é aquela em relação ao nível econômico-financeiro de ambas as partes. O empregador, uma que possui o capital e os meios de produção a seu favor, tem a seu dispor uma estrutura capaz de contratargrandes escritórios de advocacia prestando consultoria, com profissionais altamente qualificados e experientes, verdadeiros especialistas, sem contar que muitas vezes dispõe de redes de 23 contatos, conhecidos pelo empregador, bem como a utilização do famoso jeitinho brasileiro, através de amizades entre os titulares e prepostos do empregador com advogados, juízes e servidores dos tribunais. Por outro lado, os empregados, pelo total desconhecimento acerca dessa importante ferramenta legal que possuem, ingenuidade e hipossuficiência, ficam à mercê da astúcia, ganância, preconceito e injustiça praticada pela parte mais forte da relação trabalhista, não tendo voz, nem vez para pleitear aquilo que por jus e direito lhe cabem. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS. O presente trabalho procurou não somente fazer um breve estudo do instituto da justa causa do empregador presente no Art. 483 do diploma legal consolidado, como também visou oferecer à comunidade acadêmica e á sociedade mais uma contribuição para a aquisição do conhecimento, tão necessário nas relações humanas, ainda mais de um dispositivo legal de tão grande valia para a defesa dos direitos do trabalhador e cujo dispositivo é colocado à sua disposição na lei. Em suma, acreditamos fielmente que o maior prejudicado é o trabalhador em todas as suas necessidades, uma vez que, sendo o maior interessado na preservação de seus direitos mais sagrados, é desrespeitado, humilhado e cético quanto às instituições que, antes de tudo, deveriam protegê-lo. Ainda mais, com as modificações recentemente introduzidas na Legislação Trabalhista através das Leis Federais nº 13.429 de 31 de março de 2017, que trata da terceirização e 13.467 de 13 de julho de 2017, que promoveu a reforma trabalhista, acreditamos que em nada trará benefícios, em nada resolverá o problema do desemprego, não criarão novos postos de trabalho, tampouco garantirá algo de bom aos trabalhadores, pelo contrário, darão margem ao cometimento de mais arbitrariedades, explorações e injustiças, prejudicando ainda mais o já sofrido trabalhador brasileiro, frente às dificuldades surgidas em decorrência da ganância inescrupulosa pelo dinheiro e pela retirada de direitos que, ao custo de muitas lutas e sacrifícios, foram conquistados. 24 Aos futuros operadores do Direito, bem como aos profissionais já atuantes na esfera trabalhista caberá não somente o estudo e atualização constante dos preceitos trabalhistas, como também a reflexão sobre o futuro das relações de trabalho, frente às constantes mudanças, para pior e a conscientização desses profissionais quanto ao seu papel na sociedade de efetivos defensores daqueles que infelizmente não podem dispor de bons advogados que os assistam em suas necessidades e que se veem privados de seus direitos fundamentais e sagrados, sendo estes o direito ao trabalho justo e bem remunerado, o direito à segurança e a melhores condições de trabalho, o direito ao respeito e á dignidade da pessoa humana, consagrados na Constituição Federal e tão vilipendiados pela ação de empresários e dos detentores do capital e do poder, que só visam retirar direitos, enriquecendo-se à custa da desgraça dos menos favorecidos e conduzindo-nos à condição de verdadeiros escravos. Só o conhecimento da lei, o respeito e a igualdade entre as pessoas e a prática da honestidade em todos os campos da vida humana serão de fundamental relevância para a garantia do direito todos os cidadãos, entretanto, o dever de cumprir e fazer cumprir essas leis cabe a todos nós, pois somente assim acreditaremos nesse País e teremos efetivamente contribuído para a continuidade e harmonia das relações de convivência social, objeto precípuo do Direito. BIBLIOGRAFIA BRASIL. Constituição (1998). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 24 de março de 2019. MAGANO, Octávio Bueno. Manual de Direito do Trabalho: direito individual do trabalho. – 4ª Ed. – v. 2 – p. 330. São Paulo: LTr, 1991. RODRIGUES, Auro de Jesus. Metodologia Científica / Auro de Jesus Rodrigues; co- autoras: Hortência de Abreu Gonçalves, Maria Balbina de Carvalho Menezes, Maria de Fátima Nascimento. – 4ª Ed. rev. e ampl. – Aracaju: UNIT, 2011. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho/Maurício Godinho Delgado. – 16ª Ed. rev. e ampl. – São Paulo: LTr, 2017. 25 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho/ Carlos Henrique Bezerra Leite. – 9ª Ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018. SILVA, Homero Batista Mateus da. CLT Comentada/Homero Batista Mateus da Silva. – 2ª Ed. – São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2018. JORGE NETO, Francisco Ferreira. Direito do Trabalho/Francisco Ferreira Jorge Neto, Jouberto Ferreira de Quadros Pessoa Cavalcante. – 9ª Ed. – São Paulo: Atlas, 2019. ALMEIDA, Rosane Silva Monjardim da Fonseca. Razões para Rescisão Indireta do Contrato de Trabalho. Disponível em: <http://rmonjardim.jusbrasil.com.br/artigos/183315550/motivos-para-rescisao- indireta-do-contrato-de-trabalho.htm.>. Acesso em: 02/04/2019.
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