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Capítulo 1 Criatividade no contexto das AH-Sd

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Capítulo 1 
Criatividade no contexto das AH/SD 
 
Este capítulo tem como objetivo apresentar conceitos no 
campo das AH/SD que permeiam as complexas dimensões 
presentes no fenômeno da Criatividade. Para tanto, apresentará as 
características presentes nesse constructo e estratégias de 
identificação. Tem como desafio ainda, fazer com que o leitor compreenda a 
importância de se investir no desenvolvimento do potencial criativo de nossas crianças e 
jovens, recurso esse, pouco valorizado e muitas vezes reprimido em nossas escolas. 
Conhecer as características que compõe o construto da Criatividade é 
imprescindível quando se estuda o fenômeno da superdotação. A legislação brasileira 
preconizada pela Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação 
Inclusiva evidencia essa ênfase quando define como característica das AH/Sd a elevada 
criatividade: 
Os que demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, 
isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade 
e artes. Também apresenta elevada criatividade, grande envolvimento na 
aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse. (BRASIL, 
2008,p.15) 
De acordo com Alencar e Fleith 2009, muitos são as propostas de conceituação para a 
Criatividade, não havendo consenso entre os autores quanto às características que a 
constituem. Há perspectivas que enfatizam que a Criatividade se manifesta através de 
idéias divergentes, outros que ela se manifesta pela elaboração de um produto original, e 
também os que a consideram com um fenômeno presente apenas nas áreas artísticas. 
Uma das definições mais aceitas é a de que a Criatividade é o processo que resulta 
em um produto novo, que é aceito como útil e/ou satisfatório por um número 
significativo de pessoas em algum ponto no tempo (Stein, 1974). 
É sabido que todo se humano apresenta um certo grau de habilidades 
criativas, que podem ser desenvolvidas e aprimoradas pela prática e pelo 
treino. Para tanto, seriam necessários condições ambientais favoráveis e o 
domínio de técnicas adequadas. Na maioria das pessoas, porém, o 
desenvolvimento e a expressão dessas habilidades têm sido bloqueados e 
inibidos por um ambiente que estimula o medo do ridículo e da crítica, no 
qual a fantasia é vista como perda de tempo e no qual predomina uma 
atitude negativa com relação ao arriscar e ao criar. Alencar e Fleith, pg. 09, 
2009. 
Para Alencar e Fleith (2009), a Criatividade não é um constructo absoluto, e 
muitos são os fatores que a influenciam, sendo alguns de ordem individual (traços de 
personalidade) e outros dizem respeito a fatores externos, como o ambiente e período 
histórico-cultural em que eles se manifestam. Criatividade é um fenômeno 
multifacetado, interativo, sistêmico e evolutivo, que engloba atributos pessoais, 
condições ambientais, fatores antecedentes, conhecimento. 
Compreendendo que a Criatividade é um fenômeno multifacetado Alencar (2009) 
apresenta algumas características do pensamento criativo: 
FLUÊNCIA: abundância de ideias diferentes sobre o mesmo 
assunto; 
FLEXIBILIDADE: capacidade de aceitar novos pontos de vistas 
e alterar ou ampliar o pensamento; 
ORIGINALDADE: respostas incomuns, novas e pouco usuais; 
ELABORAÇÃO: riqueza de detalhes em um conceito ou idéia; 
AVALIAÇÃO: processo de decisão, julgamento e seleção de uma 
ou mais ideias dentre outras. 
Segundo Csikszentmihalyi (1996:23), a criatividade resulta da interação entre a 
capacidade cognitiva e fatores ambientais. Dessa forma a Criatividade deve ser 
compreendida como um processo sistêmico, influenciada por fatores intrapessoais bem 
como, o contexto sociocultural. 
A engenhosa obra de Csikszentmihalyi, criatividade é o resultado da 
interação de três elementos distintos: (1) um indivíduo criador (potencial), 
com seus talentos, suas ambições e fraquezas; (2) um âmbito de realização 
existente numa cultura; e (3) o campo, um conjunto de indivíduos ou 
instituições que julgam a qualidade das obras produzidas na cultura. 
(GARDNER, 2001,p.146) 
 
Para Feldhusen (1995), na produção criativa estão presentes três amplos 
elementos do funcionamento humano: (a) um conjunto de estratégias cognitivas para 
processar novas informações; (b) uma ampla bagagem de conhecimento e habilidades 
em um domínio específico; e (c) um conjunto de atitudes, características e motivações 
que predispõe o indivíduo a procurar novas alternativas, novas configurações e soluções 
apropriadas. 
O conhecimento científico compreende a Criatividade e a Inteligência como 
constructos que se relacionam, e que embasam o conceito da Superdotação. A 
Criatividade tem sido elevada a um patamar de valorização semelhante a que foi dada a 
Inteligência nos primórdios dos estudos da área da Supedotação. A criatividade é hoje 
compreendida como um dos mais importantes recursos da mente humana, com um papel 
decisivo na evolução cultural e tecnológica de qualquer época (Huang, 2009; DeLisle, 
2009; Reis & Renzulli, 2009). 
Joseph Renzuli (1986), renomado psicólogo e pesquisador do Centro Nacional 
de Pesquisa sobre Superdotação e Talento da Universidade de Connecticut nos EUA ao 
formular o Modelo dos Três Anéis, atribui aos alunos identificados com AH/SD um 
conjunto de três características: Habilidade Acima da Média, Alta Criatividade e Grande 
Envolvimento com a Tarefa, evidenciando a Criatividade como um dos traços presentes 
no fenômeno da superdotação. 
O comportamento superdotado consiste em comportamentos que refletem 
uma interação entre três grupamentos básicos de traços humanos - 
capacidade acima da média, elevados níveis de comprometimento com a 
tarefa e elevados níveis de criatividade. Os indivíduos capazes de 
desenvolver comportamento superdotado são aqueles que possuem ou são 
capazes de desenvolver esse conjunto de traços e aplicá-los a qualquer área 
potencialmente valiosa do desempenho humano. As pessoas que manifestam 
ou são capazes de desenvolver uma interação entre os três grupamentos de 
traços exigem uma ampla variedade de oportunidades e serviços 
educacionais que normalmente não são oferecidos nos programas regulares 
de ensino. (RENZULLI e REIS, 1997, p. 8). 
Essas características (Anéis de Renzulli) se entrelaçam e precisa haver uma 
interseção entre eles para que se afirme que o comportamento de AH/SD esta presente. 
 
 
Modelo Triádico de Superdotação de Renzulli 
 
Em suas pesquisas Renzulli (1992) buscou agrupar características presentes no 
perfil da pessoa com AH/Sd, e para tanto, analisou a biografia de expoentes nas 
ciências, artes e esportes, o que o fez definir a Superdodação em 2 tipos: Superdotação 
Acadêmica e Superdotação Criativo-Produtiva. A seguir, vejamos, resumidamente, os 
aspectos que podem auxiliar na identificação de cada uma das categorias. 
1. Superdotação Acadêmica – Mais facilmente identificada pelos testes de QI. O 
aluno, além de boas notas, apresenta QI elevado. A ênfase nessa habilidade são os 
processos de aprendizagem dedutiva, treinamento estruturado nos processos de 
pensamento e aquisição, estoque e recuperação da informação: 
2. Superdotação Criativo-produtiva – Desenvolvimento de materiais e produtos 
originais. A ênfase é dada no uso e aplicação da informação/conteúdo e processos de 
pensamento de forma integrada, indutiva e orientada para os problemas reais. O aluno 
costuma ser visto como um “aprendiz em primeira mão”, no sentido de que ele trabalha 
nos problemas que têm relevância para ele e são considerados desafiadores. O educando 
que apresenta superdotação desse tipo pode apresentar as seguintes características. 
É importante ressaltar que Renzulli se preocupava com a necessidade de se 
investir na identificação e valorização dos alunos com Superdotação Criativo - 
Produtiva. Dentre as duas categorias identificadas porRenzulli, o autor demonstrou 
maior interesse pelo 2º Tipo, a Superdotação Criativo - Produtiva, pois além de ser a 
que esta mais sujeita a invisibilidade, pelos mitos que norteiam a Criatividade e as 
dificuldades de se estabelecer um processo de avaliação, há também a necessidade 
urgente de se identificar e valorizar os alunos com potencial criador, pois esses jovens 
são catalisadores do conhecimento, impulsionando a humanidade para o novo. 
Segundo Virgolim (2007) a Superdotação produtivo - criativa envolve aspectos 
tanto cognitivos quanto de personalidade, e assim sendo é impossível de ser totalmente 
apreendidas apenas pela noção de QI. Portanto, a superdotação resulta diretamente do grau 
em que uma determinada habilidade é apreendida, interiorizada e expressa; do nível de 
motivação que o indivíduo revela ao desempenhar tarefas específicas; e do alcance que a 
originalidade de suas idéias pode trazer ao campo. 
 [...] os programas para superdotados que confiam nos procedimentos 
tradicionais de identificação podem estar atendendo alunos certos, mas, sem 
dúvida, estão excluindo um grande número de alunos bem acima da média 
que, se receberem oportunidades, recursos e incentivo, também são capazes 
de produzir bons produtos. (RENZULLI,2004. p.90) 
Preocupada com a necessidade de se identificar e atender alunos com indicadores de 
AH/S Produtivos – Criativas Renzulli (2005) reflete que: ―(...) a história nos mostra que as 
pessoas criativas e produtivas do mundo foram os produtores, e não os consumidores do 
conhecimento, os reconstrutores de pensamento em todas as áreas do esforço humano e que 
foram reconhecidos como indivíduos ―realmente superdotados (...) A história não se lembra 
das pessoas que meramente obtiveram boas pontuações em testes de QI, ou aqueles que 
aprenderam bem as lições, mas não aplicaram seus conhecimentos de formas inovadoras e 
práticas.‖ (p. 256, tradução livre) 
Apesar de nós educadores considerarmos que a criatividade deve ser valorizada 
e estimulada, muitos são as idéias equivocadas que dificultam o 
seu desenvolvimento. O sistema escolar brasileiro utiliza um 
método de ensino rígido, que privilegia a transmissão e 
reprodução do conhecimento científico, e pouco se ocupa de 
estimular o potencial criativo de nossas crianças e jovens. 
Compreender as características singulares presentes na 
Criatividade é imprescindível para que possamos identificá-la, estimulá-la e desenvolvê-
la em nossos alunos. 
 
Mitos sobre a Criatividade Fleith (2007): 
� Criatividade é um dom presente em alguns poucos indivíduos. 
� A criatividade consiste em um lampejo de inspiração. 
� Criatividade depende de características do próprio indivíduo. 
� A criatividade manifesta-se exclusivamente em atividades 
artísticas. 
� Existe uma relação entre criatividade e loucura. 
� Criatividade pode ser comparada a uma estrutura 
cristalizada. 
� Criatividade inclui predominantemente aspectos intelectuais. 
� Criatividade desenvolve-se muito mais na infância do que em 
qualquer outra fase do desenvolvimento humano. 
 
Os alunos com indicadores de AH/SD necessitam de serviços educacionais 
especializados que acolham suas especificidades, respeitem suas assincronias e 
promovam o desenvolvimento acadêmico, artístico, psicomotor e social. É 
imprescindível que nosso país invista em estudos pesquisas e serviços na área, e abra 
suas portas às modernas evidências de pesquisa sobre o indivíduo com de altas 
habilidades, e que considere seu potencial como promotor do desenvolvimento 
tecnológico, cultural e educacional da nossa nação. Não podemos desperdiçar nossas 
inteligências; há por toda parte um rico manancial de jovens esperando por melhores 
oportunidades e desafios às suas capacidades. Virgolim (2007) 
Muitos educadores questionam se a criatividade pode ser ensinada. Para essa 
pergunta á resposta é Sim, a criatividade pode ser estimulada, ensinada e aprendida 
através de um ambiente propício e estratégias enriquecedoras. 
Segundo a Dra. Ângela Virgolim ( 2014 ) pesquisas na área apontam que 
podemos ensinar as pessoas a usarem a criatividade, assim como a inteligência de forma 
mais efetiva. Todos os seres humanos nascem com um determinado grau de criatividade 
e inteligência, cabendo aos educadores ensinar estratégias criativas que estimulem o uso 
da imaginação, da flexibilidade, da originalidade e da autonomia, encorajando-os a 
desenvolver o seu potencial criativo. 
A prof. Dra. Eunice Alencar no seu livro “Como desenvolver o potencial 
criador: um guia para a liberação da criatividade em sala de aula” nos presenteia com 
reflexões que ampliam nosso horizonte acerca do tema. Segundo a autora a 
compreensão que grande parte dos educadores tem acerca do tema criatividade esta 
contaminada por idéias equivocadas, preconceitos, que dificultam a valorização do 
potencial criador de nossos alunos. Se estudarmos as pesquisas recentes da área, 
claramente descartaremos esses mitos. Desde o final do século passado, o fenômeno da 
criatividade passou a ser examinado sob uma perspectiva sistêmica, sendo considerado 
um processo dinâmico e contínuo, resultante de fatores intraindividuais e ambientais. 
Para desenvolver o potencial criador de nossas crianças e jovens é preciso para 
além da técnica, um ambiente estimulante e acolhedor, onde as críticas sejam positivas, 
tendo como função orientar e encorajar o desenvolvimento das idéias e projetos 
inovadores. Porém, infelizmente, o que na pratica se observa em muitas situações é que 
nossos alunos sofrem com um currículo extenso e rígido, que não privilegia a 
autonomia do pensar, o pensamento divergente e as idéias originais são reprimidos, não 
havendo tempo nem espaço para o novo. 
Fatores que Contribuem para o Processo Criativo 
 
De acordo com Alencar (2009), para que uma sala de aula tenha uma atmosfera criativa 
é necessário que ela oportunize aos alunos as seguintes condições: 
1. Dar chances ao aluno para levantar questões, elaborar e testar hipóteses, 
discordar, propor interpretações alternativas, avaliar criticamente fatos, 
conceitos, princípios, idéias. Além disso, o professor deve ter uma atitude de 
respeito pelas questões levantadas, independentemente de serem elas banais e 
irrelevantes ou “inteligentes” e bem formuladas. 
2. Dar tempo para o aluno pensar e desenvolver as suas idéias criativas, pois 
nem toda idéia mais criativa ocorre imediata e espontaneamente. 
3. Criar um ambiente de respeito e aceitação mútuas, onde os alunos possam 
compartilhar, desenvolver e aprender tanto uns com os outros e com o 
professor com também independentemente. 
4. Estimular no aluno a habilidade de explorar conseqüências para 
acontecimentos imaginários e para outros que já ocorreram no passado ou 
que poderão ocorrer no futuro. Alguns exemplos de problemas que poderão 
ser propostos são: 
� O que aconteceria se a terra tivesse vários satélites naturais? 
� Como seria o Brasil se o mesmo tivesse sido colonizado pelos 
espanhóis? 
� Quais serão as conseqüências do desmatamento indiscriminado das 
florestas brasileiras? 
� Como seria o mundo hoje, caso os nazistas tivessem vencido a 2ª 
Guerra Mundial? 
5. Encorajar os alunos a refletir sobre o que eles gostariam de conhecer melhor, 
ou temas sobre os quais gostariam de realizar estudos e pesquisas. 
6. Desenvolver nos alunos a habilidade de pensar em termos de possibilidade, de 
fazer julgamentos, de sugerir modificações e aperfeiçoamentos para suas 
próprias idéias e proposições. 
7. Diante de um problema, deve permitir que os alunos sigam as diversas etapas 
do processo criativo, explorando e analisando os diferentes aspectos de um 
problema em um primeiro momento, seguido por leituras, discussões, 
formulações de diferentes soluções propostas. Isto permitirá a emergênciade 
uma possível solução mais adequada, a qual será, então, novamente testada e 
avaliada. 
8. Neste clima, o sentimento de ameaça e temor, tão freqüente em nossas escolas, 
deva dar lugar a um desejo de arriscar, de experimentar e de manipular; o 
medo do fracasso e da crítica, tão comuns entre nossos alunos, não deve 
existir. Ele implica em uma sensação de liberdade para inovar e explorar, sem 
medo de avaliação. 
9. Deve-se valorizar o trabalho do aluno, as suas contribuições e suas idéias. De 
modo geral, em nosso meio, a tendência maior é no sentido de tecer 
comentários negativos, comunicando ao aluno apenas a extensão de seus 
erros, salientando os seus fracassos e a sua incompetência. Muito raramente, 
ouve-se um professor dizer para um aluno: “Como você é capaz!” “Como sua 
idéia é original!” “Como você é habilidoso!” “Como você escreve bem!” Por 
outro lado, sabemos que todo o ser humano, seja criança, adolescente ou 
adulto, tem uma necessidade básica de ser aceito, de ser estimado, de ser 
valorizado, de ver as suas contribuições, os seus esforços, o seu ponto de vista, 
reconhecidos e valorizados; de perceber-se como tendo alguma habilidade 
especial. 
10. Encorajar o aluno a escrever poemas, histórias, trabalhos artísticos, criando 
um espaço para divulgação desta produção. 
11. Proteger o trabalho criativo do aluno da crítica destrutiva e das gozações dos 
colegas. 
12. Usar dos recursos mais adequados à manifestação da criatividade, condizentes 
com o que se está ensinando no momento. Se a matéria for “Comunicação e 
Expressão”, não se estimula à criatividade simplesmente solicitando aos 
alunos para escrever sobre determinados temas e desenvolvendo 
posteriormente as redações com comentários positivos ou negativos. Para 
facilitar redações criativas, o professor deve fazer uso dos mais variados 
recursos, possibilitando as crianças trabalhar com idéias antes de colocá-las 
no papel. Alguns desses recursos seriam: 
� Dar oportunidade aos alunos para desenvolver sua imaginação e para 
elaborar idéias imaginativas com relação a um determinado tema proposto 
pelo professor ou pelo aluno. 
� Estimular a aplicação de princípios para gerar novas idéias, como pensar 
em outros usos; adaptar; modificar; substituir; rearranjar; combinar etc. 
� Encorajar a criação de idéias que sejam de toda a classe, antes de partir 
para um trabalho individual, onde as idéias do grupo possam ser 
aproveitadas. 
� Não considerar disciplina com alunos sentados, quietos e de boca fechada. 
Aceitar a espontaneidade, a iniciativa, o senso de humor e a capacidade 
criadora como traços universais do homem, que não devem ser prescritos 
da sala de aula, mas devem ser cultivados. 
� Não se deixar vencer pelas limitações do contexto em que se encontra, mas 
fazer uso dos próprios recursos criativos para contornar as barreiras e 
dificuldades encontradas. 
 
Já as condições consideradas desfavoráveis a Criatividade na escola são aquelas que 
inibem ou reprimem a espontaneidade e não valorizam pensamentos originais e 
divergentes. Para Alencar 2001, as principais condições desfavoráveis são: 
1. Ênfase do ensino na memorização e reprodução do conhecimento; 
2. Baixas expectativas do professor quanto ao potencial criador do 
aluno; 
3. Tempo de permanência na escola reduzido; 
4. Conteúdo e extensão do programa curricular (sem desafios e com 
muita repetição); 
5. Desconhecimento do professor de técnicas para desenvolver o 
potencial criador dos alunos. 
 
 
 
 
Para auxiliar nesse processo selecionamos atividades que poderão 
servir de inspiração para esse novo paradigma do qual agora vocês, 
educadores, também fazem parte. 
 
 
 
 
 
 
I – Exercício (proposto por ALENCAR, 2009) 
Sugestões de atividades para serem utilizadas pelo professor nas salas de aula do ensino 
regular e também nas salas de Atendimento Educacional Especializado AEE AH/SD. 
Para cada questão deve-se dar 10 minutos para que o aluno desenvolva sua resposta, 
lembrando que se deve exercitar o não julgamento, valorizando todas as idéias, não 
havendo boas ou más, certas ou erradas. A proposta é justamente liberar o potencial 
criador. 
Exercícios para o desenvolvimento das habilidades do pensamento 
criativo: 
� Imagine que você tenha uma varinha de condão com a qual 
pode mudar o tamanho de todas as coisas. 
O que você tornaria menor? 
 E maior? 
 
� Imagine que, de repente, você se tornasse invisível. 
O que faria? 
 
� Imagine tudo o que ocorreria caso fosse possível ler os 
pensamentos de qualquer pessoa. 
 
� Imagine que voe pudesse voar. 
 O que faria? 
 
� Imagine o maior número de usos para um velho prédio 
abandonado. 
 
� O que aconteceria se não houvesse mais escolas? 
 
� O que aconteceria se, de repente, todos os telefones 
desaparecessem? 
 
� O que aconteceria se todas as pessoas se tornassem surdas? 
 
� O que aconteceria se todos nós tivéssemos quatro braços ao 
invés de dois? 
 
� O que aconteceria se todos os livros desaparecessem da 
face da terra? 
 
� O que aconteceria se plantas falassem? 
 
� Como você se sentiria se fosse o arco-íris? 
 
� Como você se sentiria se fosse a primeira flor a 
desabrochar na primavera? 
 
� Como você se sentiria se fosse transformado em um 
gigante? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
II – Exercício (versão modificada do proposto por CANFIELD & WELLS, 1976) 
SE EU FOSSE O DEUS DO UNIVERSO 
Se Eu fosse o Deus do Universo, Eu 
Aceitaria ____________________________________________________________ 
 
Desistiria de _________________________________________________________ 
 
Entenderia__________________________________________________________ 
 
Continuaria_________________________________________________________ 
 
Esqueceria__________________________________________________________ 
 
Mudaria ____________________________________________________________ 
 
Lembraria___________________________________________________________ 
 
Criaria_____________________________________________________________ 
 
III – Exercício ( proposto por ALENCAR, 2009) 
Dar o maior número de títulos diferentes para a 
seguinte história: 
Havia um cientista (possivelmente um psicólogo) interessado em 
realizar um estudo sobre a vida do maior General existente na 
face da terra. Após muito tempo de procura, este pesquisador foi 
informado que essa pessoa havia morrido. Foi ele, então, até o 
céu, onde pediu a São Pedro para mandar vir até ele a pessoa 
sobre a qual necessitava de informações para sua pesquisa. 
Quando a suposta pessoa chegou, o pesquisador imediatamente 
retrucou: 
- Não é esta pessoa com quem desejo falar. Esta, São Pedro, eu 
a conheci por anos. Foi um simples sapateiro na cidade onde 
vivi. 
São Pedro, porém, respondeu: 
- Teria sido, porém, o maior de todos os generais, se tivesse tido 
as oportunidades e as condições ambientais adequadas para o 
seu desenvolvimento. 
 
. 
 
IV – Exercício 
INVERTENDO AS COISAS 
� O McDonald’s decidiu parar de vender sanduíches e 
passou a vender apenas saladas de chuchu, repolho 
roxo, cebola e quiabo, servidas com leite quente. Cite 
três coisas boas sobre essa notícia. 
 
 
� É o verão mais quente do planeta e você ganhou 
umas férias naquela praia quevocê tanto sonhou. Dê 
três bons motivos para você detestar essa notícia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
V – Exercício 
Semelhanças e Diferenças: 
 
Liste o maior número possível de semelhanças e diferenças 
que pode haver entre: 
 
� O Jornal Nacional e a novela das oito. 
 
� O repórter e o médico. 
 
� O lobo mau e o patinho feio. 
 
 
 
 
 
VI – Exercício 
 
Há muitos anos atrás, uma grande fábrica 
americana de sapatos enviou dois representantes 
de vendas à Austrália a fim de verificar a 
possibilidade de fechar negócios com tribos 
aborígines. Algum tempo mais tarde, a companhia 
recebeu dois telegramas. O primeiro dizia: 
“Impossibilidade de fechar negócios... Os nativos 
não usam sapatos”. 
 
O segundo dizia: 
 “Grande oportunidade de negócios por aqui... Os 
nativos não usam sapatos”. 
 
 
 
 
 
 
VII – Exercício 
 007 NÃO É O ÚNICO INVESTIGADOR DO MUNDO 
 
James Bond, Mrs. Marple, Dick Tracy e Sherlock Holmes possuem uma coisa em 
comum: todos eles são detetives famosos que amam o desafio de investigar e solucionar 
um bom mistério. Trabalhar em um produto criativo também requer investigação. Mas 
existe uma enorme diferença entre criar um produto e criar um produto criativo. 
Considere a lista de profissões abaixo. Pense o que uma pessoa criativa e 
solucionadora de problemas faria se ela estivesse trabalhando em uma dessas áreas. 
Descreva um problema que possa ser investigado e um produto que possa ser 
desenvolvido. O primeiro já está feito para você. 
 COMPORTAMENTO OU 
ATIVIDADE TÍPICA 
PROBLEMA PRODUTO CRIATIVO 
1. Bombeiro Investigar incêndios premeditados 
(criminosos) 
Incêndios criminosos são difíceis 
de serem identificados 
Livro sobre investigação de incêndios 
criminosos 
2. Médico- -pesquisador 
 
 
 
3. Administrador 
 
 
 
4. Arquiteto 
 
 
 
5. Artista 
 
 
 
6. Repórter 
 
 
 
7. Presidente de uma empresa 
 
 
 
8. Meteorologista 
 
 
 
9. Ator 
 
 
 
10. Cientista 
 
 
 
 Burns, D.E. (2014). Altas Habilidades/Superdotação: Manual para guiar o aluno desde a definição de 
um problema até o produto final (Trad. Brasileira: Angela Virgolim). Curitiba: Juruá Editora. 
VIII – Exercício 
 
O QUE REALMENTE ESTÁ INCOMODANDO VOCÊ? 
COMO ACHAR UM VERDADEIRO PROBLEMA DO 
MUNDO REAL! 
Nome ________________________________ Data___________ Série __________ 
Professor (a) ___________________________________ Escola ________________ 
 
O mundo está cheio de problemas incontáveis, dilemas e situações 
imperfeitas que precisam de uma pessoa com energia, ambição e a 
habilidade para melhorar as situações atuais. Use as frases incompletas 
abaixo para refletir sobre as situações em sua vida que precisam ser 
melhoradas. 
O que o mundo realmente necessita é 
 
a. __________________________________ b.___________________________________ 
 
c. _________________________________ d. ______________________________________ 
 
Se alguém me desse um milhão de reais para ajudar pessoas eu 
 
a. _________________________________ b. ____________________________________ 
 
c. _________________________________ d. __________________________________ 
Se eu tivesse todo o poder nessa cidade eu 
 
a. _______________________________ b. ____________________________________ 
 
c. ________________________________ d. ____________________________________ 
 
 
A maioria das pessoas não nota, mas existe realmente algo errado com 
 
a. _______________________________ b. ___________________________________ 
 
c. ________________________________ d. __________________________________ 
 
Eu desejo 
 
a. ________________________________ b. ___________________________________ 
 
c. _______________________________ d. ____________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
Burns, D.E. (2014). Altas Habilidades/Superdotação: Manual para guiar o aluno desde a definição de 
um problema até o produto final (Trad. Brasileira: Angela Virgolim). Curitiba: Juruá Editora. 
REFERÊNCIAS 
ALENCAR, Eunice Soriano de – Criatividade: múltiplas perspectivas Eunice Soriano 
de Alencar; Denise de Souza Fleith. – 3. Ed. – Brasília: Editora Universidade de 
Brasília, 2003, 2009. (reimpressão) 
ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de – Como desenvolver o potencial criador: um 
guia para a liberação da criatividade em sala de aula / Eunice Soriano de Alencar. 11. 
Ed.Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. 
ANTUNES, Celso. Inteligências Múltiplas e seus jogos: inteligência lingüística, vol. 5, 
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