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Reabilitação cardiovascular Micheli Biasibetti Reabilitação Cardiovascular Conceito da OMS: “O conjunto das intervenções necessárias para fornecer ao doente cardíaco uma condição física, psicológica e social tão elevadas quanto possível, de forma que os doentes com patologia crônica ou pós aguda possam, pelos seus próprios meios, preservar ou retomar o seu lugar na sociedade”. Reabilitação Cardiovascular Relatos de Pryor e Weber (2002): “Nos Anos 50 os programas de reabilitação envolviam principalmente pacientes com doença arterial coronariana acometidos pelo Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). Nessa época, baseados no pressuposto de que a inércia facilitaria o processo de cicatrização, os médicos recomendavam repouso de três semanas” Reabilitação Cardiovascular Reabilitação Cardiovascular Panorama atual: Saída precoce do leito, retorno para o domicílio de 7 a 10 dias após o evento; Reabilitação Cardíaca atinge todos os acometimentos cardíacos, desde os mais graves aos mais brandos; Objetivo: Retornar o quanto antes a vida produtiva e ativa; restaurar sua melhor condição fisiológica, social e laborativa; prevenir a progressão reduzindo a morbi-mortalidade (Sociedade Brasileira de Cardiologia). Reabilitação Cardiovascular Início da Reabilitação: Definido pela equipe médica; Baseado na Classificação de Killip-Kimball (Gravidade baseada em evidências). Reabilitação Cardiovascular Reabilitação Cardiovascular Reabilitação Cardiovascular Reabilitação Cardiovascular Reabilitação Cardiovascular Fase 1 – Hospitalar: Tem início ainda dentro da Unidade Coronariana; Consiste em exercícios de baixa intensidade; Exercícios Metabólicos de Extremidades Exercícios Respiratórios Exercícios Ativos Treino de Marcha Reabilitação Cardiovascular –Fase I Dados de Avaliação (Anamnese, Exame Físico e IOA); Exames Complementares; Duração total da intervenção fisioterapêutica: 20 minutos (2 x ao dia); Objetivos da Reabilitação nesta fase: Reduzir o tempo de permanência hospitalar; Diminuir a hipotrofia muscular; Manejar a Hipotensão Postural; Reduzir a deterioração circulatória geral; Hipotensão Arterial: Contra-indicação para realização Reabilitação Cardiovascular-Fase I Exercícios Metabólicos: Realização de exercícios em extremidades inferiores e superiores; Melhora no Retorno Venoso; Diminuição da Resistência vascular periférica; Melhora da perfusão tecidual; Reabilitação Cardiovascular-Fase I Exercícios Respiratórios: Também conhecidos como Padrões Ventilatórios; Aumentam a ventilação pulmonar por meio do grau de participação dos músculos respiratórios, diminuíndo trabalho cardíaco; São empregados em pacientes colaborativos e que apresentam condições de mobilizar volumes pulmonares. Reabilitação Cardiopulmonar Ambulatorial – Fase II Estratégias Básicas “Exercise-Only” Condicionamento Físico “Comprehensive Care Rehabilitation” Condicionamento físico, remoção do tabagismo, reformulação de hábitos alimentares e controle do estresse Arquivo Brasileiro de Cardiologia-Vol 86, Nº 1, Janeiro de 2006 15 Reabilitação Cardiopulmonar Ambulatorial Objetivos Gerais Redução da Morbi-Mortalidade Melhora Qualidade de Vida Arquivo Brasileiro de Cardiologia-Vol 86, Nº 1, Janeiro de 2006 16 Reabilitação Cardiopulmonar Ambulatorial-Fase II Aplicabilidade e Indicações: Doenças Cardiovasculares: - Insuficiência Coronariana - Insuficiência Cardíaca e/ ou Vascular Periférica Doenças Pulmonares: - Distúrbios de caráter obstrutivo ou restritivo. Doenças Metabólicas: - Diabetes, Dislipidemias e Obesidade 17 Contraindicações da Reabilitação Cardiopulmonar Ambulatorial Contraindicações para participar da Reabilitação – Fase II Sinais/Sintomas de Isquemia Angina Instável EG: Depressão de ST ≥ 3mm Respostas Anormais da PA PA > 200/100 mmHg Hipotensão Ortostática Arritmias Extra-sístoles ventriculares complexas Taquicardia ventricular ou sinusal FC >120 bpm Bloqueio AV completo (3 grau) Sinais de baixo débito cardíaco Insuficiência cardíaca descompensada Hipotensão Comprometimento gerado por Debilidade Estado Febril Outros fatores limitantes 18 Reabilitação Cardiopulmonar Ambulatorial-Fase II Métodos de Avaliação: - Caminhada dos 6 minutos - AVD’S - Teste Incremental de Membros Inferiores e Superiores - Teste de Endurance - SF-36 - Manovacuometria - Ergoespirometria - Espirometria 19 Teste de Caminhada de 6 minutos Intolerância ao exercício + alterações funcionais Doenças respiratórias e/ou cardíacas crônicas Guidelines for Pulmonary Rehabilitation programs., 2007 Teste de Caminhada de 6 minutos Avaliação do exercício: Quantificar capacidade antes iniciar programa; Estabelecer base para documentação resultados; Auxiliar na prescrição de exercícios; Detectar hipoxemia induzida e auxiliar suplementação O2; Avaliar limitações não-pulmonares; Auxiliar detecção de anormalidades cardíacas; Rastrear Broncoespasmo. Guidelines for Pulmonary Rehabilitation programs., 2007 Teste de Caminhada de 6 minutos Seleção Teste Exercício: Estado individual; Objetivos do programa; Questões avaliação inicial; Tipo programa treinamento; Recursos laboratoriais; Custo. Teste de Caminhada de 6 minutos TC 6’ ou “Six-Minute Walk Test”: - Teste prático e simples; - Requer poucos recursos laboratoriais; “Caminhar representa uma atividade realizada diariamente por todos, porém tal gesto funcional encontra-se geralmente prejudicado em pacientes debilitados” ATS Statement: Guidelines for the Six-Minute Walk Test., 2002 Teste de Caminhada de 6 minutos Teste corrida 12 minutos (Cooper., 1968) Teste caminhada 12 minutos ( McGavin et al., 1978) Teste caminhada 6 minutos (Butland et al., 1982) Teste de Caminhada de 6 minutos Indicações: - Medir resposta a intervenções; - Avaliar estado funcional; - Preditor morbi/mortalidade; Teste de Caminhada de 6 minutos Contra- Indicações absolutas: - Angina instável durante o mês anterior - IAM durante o mês anterior. Contra-indicações relativas: Pressão sistólica > 180 mm Hg Pressão diastólica >100 mm Hg. ATS Statement: Guidelines for the Six-Minute Walk Test., 2002 Teste de Caminhada de 6 minutos Realização do teste: Preferencialmente em local fechado, em superfície plana; Corredor marcado com faixa vísivel, totalizando 30metros(volta=60); Pontos de rotação marcados com cone; Equipamento Necessário: Cronômetro; Contador de voltas; Cones e cadeira; Planilhas em prancheta; Fonte de oxigênio; Medidor de PAS e oxímetro; Desfibrilador e telefone. ATS Statement: Guidelines for the Six-Minute Walk Test., 2002 Teste de Caminhada de 6 minutos Preparação Paciente: - Roupas confortáveis; - Calçados adequados para caminhadas; - Órteses de apoio usuais; - Ausência de exercício vigoroso dentro de 2 horas antes do teste. Teste de Caminhada de 6 minutos Equação de referência para adultos saudáveis: Homens: 6MWD=(7,57 x alturacm) – (5,02 x idade) – (1,76 x pesoKg) – 309 m Mulheres: 6MWD=(2,11 x alturacm) – (2,29 x pesoKg) – (5,78 x idade) + 667 m Paul L. Enright and Duane L. Sherrill., 1998 Teste de Caminhada de 6 minutos Considerações: Repetição do teste deve ser realizada no mesmo horário; Paciente sentado por 10 minutos antes do início; SsVs (PA, Borg dispnéia, Borg cansaço em MsIs, FR e saturação de oxigênio aferidos no início e ao final do teste); Oximetria de pulso durante é opcional; Teste de Caminhada de 6 minutos Objetivo do Teste: Andar, na medida dopossível, durante 6 minutos Explicação adequada ao paciente; Aviso do tempo restante a cada minuto; Monitorização de sinais clínicos de esforço; Encorajamento verbal moderado. Teste de Caminhada de 6 minutos Questões de Segurança: - Terapeuta treinado em suporte básico de vida; - Equipamento de Ressucitação de fácil acesso; - Suporte suplementar de oxigênio. - Parada imediata do teste: - Dor no peito; - Dispnéia intolerável; - Cãibras em MsIs e/ou diaforese; - Cianose ou palidez excessiva. Avaliação das Pressões Respiratórias Máximas Estáticas Manovacuometria 33 33 Manovacuometria O transporte de ar através das vias aéreas depende da permeabilidade dos tubos, assim como da consistência dos pulmões e da força dos músculos respiratórios. Os músculos respiratórios são forçados a contraírem regularmente por toda vida para sustentá-la; Pryor & Webber, 2002 34 34 Manovacuometria As propriedades mecânicas do pulmão tem papel importante no volume pulmonar, bem como nas exigências de força da musculatura respiratória Manutenção de Ventilação Alveolar Adequada Irwin & Tecklin, 1994 35 35 Manovacuometria Avaliação força da musculatura respiratória Pressão Inspiratória Máxima (Pi Máx) Pressão Expiratória Máxima (Pe Máx) Manovacuômetro Diretrizes para teste de Função Pulmonar., 2002. 36 36 Manovacuometria 37 37 Manovacuometria Pi Máx Pe Máx Medida a partir da posição de expiração máxima, quando o volume de gás contido nos pulmões é o volume residual,podendo ser aferida a partir do final de uma expiração calma, quando o volume de gás contido nos pulmões é a capacidade residual funcional. Medida a partir da posição de inspiração máxima, quando o volume de gás contido nos pulmões é a capacidade pulmonar total, mas também pode ser aferida a partir do final de uma expiração calma. Diretrizes para teste de Função Pulmonar., 2002. 38 38 Manovacuometria Avaliação: - Indivíduo costuma ser testado na posição sentado, estando o tronco num ângulo de 90° com as coxas; - Devem ser afrouxadas ou removidas peças de vestuário que possam interferir com os esforços respiratórios máximos, tais como cintos apertados, faixas elásticas abdominais, cintas e espartilhos; - Lábios pressionados contra o bocal; - Clipes Nasais - Intenso encorajamento Verbal Diretrizes para teste de Função Pulmonar., 2002. 39 39 Manovacuometria Teste Volitivo e Cansativo; Cinco manobras, intervalo de 30 à 40 segundos; Três manobras aceitáveis, duas reproduzíveis; Valores não superiores à 10% diferença. Valor habitualmente expresso em cmH2O. Diretrizes para teste de Função Pulmonar., 2002. 40 40 Manovacuometria “Ponha o ar para dentro, ponha o ar para fora, ENCHA O PEITO DE AR, SOPRE COM FORÇA” (PE máx); “Ponha o ar para fora, ponha o ar para dentro, PONHA TODO O AR PARA FORA, ENCHA O PEITO DE AR” (PI máx); 41 41 Manovacuometria Neder et al.,1999 42 42 Manovacuometria Pi máx - Mulheres: y= -0,49 (idade) + 110,4; erro-padrão da estimativa = 9,1 - Homens: y= -0,80 (idade) + 155,3; erro-padrão da estimativa = 17,3 Pe máx - Mulheres: y= -0,61 (idade) + 115,6; erro padrão da estimativa =11,2 - Homens: y= -0,81 (idade) + 165,3; erro-padrão da estimativa = 15,6 Neder et al.,1999 43 Black & Hyatt., 1969 44 44 Manovacuometria Black & Hyatt., 1969 45 45 Manovacuometria Limitações: - Teste dependente da compreensão do paciente; - Esforços submáximos podem gerar valores baixos. Vantagens: - Teste rápido e não invasivo; - Passível de realização à beira do leito. 46 46 Teste de Atividades de Vida Diária FC(bpm) PA(mmHg) BorgDisp BorgMsIs Realização da Atividade Repouso Tomar Banho Tirar Sapato Colocar Sapato Deitar na cama Levantar da Cama Pentear Cabelo Escovar Dentes Deambulação Teste Incremental de MsIs Teste Incremental de MsSs Teste de Endurance Qualidade de Vida IPAQ SF-36 Teste ergométrico Ergoespirometria Reabilitação Cardiopulmonar Ambulatorial Equipe: Médicos Fisioterapeuta Técnica de Enfermagem Nutricionista Psicólogo 55 Reabilitação Cardiopulmonar Ambulatorial Programa de Exercício: Freqüência 3 sessões semanais Duração 90 min Intensidade Período de Adaptação Esteira / Cicloergômetro 65 – 75 % FC máx avaliada Exercícios do Programa de Reabilitação Esteira / Cicloergômetro 60 – 70% FC de Reserva (FC máxima-FC de repouso ) Exercício Resistidos MMSS 50% Carga do Teste Incremental de Membros Superiores 56 Reabilitação Fase III e IV - Estas fases têm uma duração indefinida. A diferença entre ambas está, principalmente, no fato de que a Fase 4 se consegue com controle a distância, também conhecida como reabilitação sem supervisão. - A prescrição destas duas fases é muito similar porque os exercícios são parte da vida cotidiana, esta deve ser atualizada periodicamente para adaptar-se ao perfil e comorbidades de cada paciente. Reabilitação Fase III e IV Sugere-se, para iniciar a terceira fase, uma reavaliação, que se pode ser repetida a cada 6 a 12 meses. Exercício aeróbico: Em pacientes assintomáticos, a FC de treinamento deve estar entre 70% a 90% da FC máxima alcançada no teste ergométrico, entre 50% a 80% da FC de reserva ou entre o primeiro e o segundo limiar obtido no TCP. Sinais e Sintomas Súbitos mais comuns durante ou após o exercício Durante os exercícios Após os exercícios Angina Insônia Desconforto torácico Excitação Excessiva Palpitação Vômitos Dispnéia Fraqueza Incoordenação Fadiga Cefaléialeve Rigidez Muscular Desmaio / Síncope Dor muscular esquelética Suor frio Náusea Dor muscular Fadiga 59 Reabilitação Cardiopulmonar Ambulatorial Paciente masculino, 62 anos, branco, ex-tabagista, hipertenso controlado, com história de infarto agudo do miocárdio (1988), angioplastia coronariana (1990) e cirurgia de revascularização miocárdica com ponte mamária para ADA e safenas para ACx e ACD (2005), encontra-se em classe funcional II para ICC (NYHA). 60 Reabilitação Cardiopulmonar Ambulatorial Programa de reabilitação cardíaca 3 sessões semanais com 15 min de aquecimento, 36 minutos de esteira (65-75% da FC máx avaliada), 15 min de treinamento de força dos membros superiores (50% da carga máx) e ao final 10 min de alongamento. Realizou, pré e pós-programa Ergoespirometria Teste de caminhada de 6 minutos (TC6) Teste de endurance (TEnd = 75% da FC máx avaliada) Testes de atividades de vida diária (AVDs) Pressão inspiratória máx: PI máx Pressão expiratória máxima: PE máx 61 Reabilitação Cardiopulmonar Ambulatorial Após 12 sessões: O consumo de oxigênio pico (15,97 vs 20,73 ml/Kg. min-1) A Distância máxima percorrida no TC6 (501 vs 547 m) A distância máxima percorrida no Tend (1.350 vs 2.770 m) O tempo de subir/descer 3 lances de escada (23 vs 16s) Andar acelerado 50m (32 vs 29s) Andar acelerado 200m com 3Kg em cada mão (131 vs 125s) A PI máx aumentou (73 vs 100 cmH2O) 62 Reabilitação Cardiopulmonar Ambulatorial 63 Reabilitação Cardiopulmonar Ambulatorial Uso de imagem previamente autorizado 64 Reabilitação Cardiopulmonar Ambulatorial * Uso de imagem previamente autorizado 65 Reabilitação Cardiopulmonar Ambulatorial *Uso de imagem previamente autorizado 66