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Defeitos no fechamento do tubo neural Mielomeningocele e Meningocele Prof. Dr. Mauro Henrique Moraes Vargas Fisioterapia Tubo Neural Estrutura embrionária que dá origem ao cérebro e a medula espinhal. O desenvolvimento adequado desta estrutura é fundamental para que o sistema nervoso termine sua formação de modo completo. Malformações Extremidade superior: cérebro e calota craniana Extremidade inferior: coluna vertebral (espinha bifida) Tipos de espinha bífida Mielomeningocele Meningocele Espinha bífida oculta Definição Espinha bífida oculta Pode passar despercebida – como defeito ósseo ou normal durante o nascimento Ocorre pelo não fechamento do arco vertebral Não observa-se herniação nem deslocamento de tecido nervoso, sem defeitos associados Frequência L5 – S1 Ausência de sintomatologia Sinais indicativos: pequenas cavidades na pele; tufo de cabelos na região lombar ou por pigmentação diferenciada na pele. Incidência: 24 % da população Definição Meningocele Forma rara de espinha bífida cística As meninges estão distendidas, passam por entre as vértebras que estão abertas, formando um cisto no local da lesão. Não há comprometimento de raiz nervosa Dentro deste cisto: - meninges - líquido cefalorraquidiano Quadro funcional: - função motora preservada - pouco comprometimento das funções neurológicas. Definição Mielomeningocele Malformação congênita da coluna vertebral mais frequente em crianças (85% dos casos) Meninges, medula e as raízes nervosas estão expostas Maiores sequelas devido a exposição do sist. nervoso 80% dos casos região lombar ou lombosacra Observa-se uma bolsa externa nas costas do bebê (líquor) Sinônimos: disrafismo espinhal, espínha bífida cística É o tipo mais comum e também a mais grave de espinha bífida Definição Falha do fechamento do tubo neural entre a 3ª e 4ª semana de desenvolvimento (intra-útero). O tecido neural apresenta anormalidades extensas. Comprometimento sensorial e motor no nível de lesão e abaixo dela. O defeito pode ser grande com muitas vértebras envolvidas, ou pequeno envolvendo um ou dois segmentos. Incidência 1 / 1000 nascidos vivos Mais comum em meninas Fatores de complicação: Classe social baixa Falta de ácido fólico Falta de exames pré-natais Multifatoriais, que incluem: Genéticos Ambientais Nutricionais Causas Alterações Ortopédicas Contraturas musculares generalizadas Diminuição da força deformidades da coluna vertebral (cifose, escoliose) dores articulares Neurológicas Estão relacionadas a altura do nível da lesão Geniturinárias Incontinência urinária e fecal Sintomas mais relatados Paralisia flácida - Diminuição da força muscular, atrofia muscular - Diminuição ou abolição dos reflexos tendíneos - Diminuição ou abolição da sensibilidade exterioceptiva e proprioceptiva - Incontinência dos esfíncteres de reto e bexiga - Deformidades de origem paralíticas e congênitas Hidrocefalia Manifestações secundárias a mielomeningocele Úlceras de decúbito Alterações vasomotoras graves Osteoporose e com ela o aumento do risco de fraturas Atraso no desenvolvimento, físico e psíquico, devido a incapacidade da criança de se locomover e explorar seu ambiente e relacionar-se com outras crianças (casos mais severos) Contraturas dos tecidos moles Deformidades ósseas, devidas a falta de oposição à ação dos músculos, da gravidade e da postura. Possíveis complicações Hidrocefalia Disfunções urinárias e sexuais (85% acima de S2 possuem) Malformações ou alterações ortopédicas (presentes ao nascimento ou adquiridas por desequilíbrio muscular ou posições viciosas = contraturas) Paralisia sensitivo-motora de MMII Ausência sensibilidade para dor, temperatura e pressão (abaixo do nível da lesão) Hidrocefalia Aumento anormal do fluido cefalorraquidiano (LCR) dentro da cavidade craniana, acompanhado de: expansão (dilatação) dos ventrículos cerebrais alargamento ósseo, sobretudo da região frontal (testa) atrofia encefálica, de que resultam deficiência mental e convulsões. Hidrocefalia Está associada a 90% dos casos de mielomeningocele sendo a patologia associada mais frequente. Na maioria dos casos a hidrocefalia está associada a síndrome de Arnold-Chiari. Cerebelo e o tronco encefálico exercem um tamponamento sobre o forame magno dificultando a circulação do líquor promovendo a hidrocefalia obstrutiva Derivação ventrículo-peritoneal Procedimento cirúrgico que estabelece uma comunicação entre os ventrículos cerebrais e o peritônio por meio de um cateter. Objetivo: Desviar o líquor em excesso nos ventrículos para a cavidade abdominal, anulando a base fisiopatológica da hipertensão intacraniana. Disfunções urinárias Incontinência Urinária ausência de sensibilidade leva a criança a não sentir a bexiga repleta de urina ausência de controle motor faz com que ela não consiga contrair o esfincter externo e reter a urina. Infecção Urinária resíduos urinários na bexiga (bactérias e outras subst) Refluxo a urina retorna ao rim Malformações renais Malformações e/ou alterações ortopédicas Deformidades do tronco: cifose congênita escoliose hiperlordose lombar. Deformidades do quadril: Flexão-abdução-rotação externa Flexão-adução- rotação interna Luxação Malformações e/ou alterações ortopédicas Deformidades do joelho: Semi-flexão recurvado Deformidades do tornozelo e pé: Equinovaro Pé plano “chato” 23 Avaliação dos níveis da lesão A avaliação do nível funcional é feita facilmente a partir do exame motor e sensitivo permitindo assim a classificação do paciente em cada grupo funcional. 24 Níveis de lesão e deambulação TORÁCICO: ausência de movimento ativo nos quadris e abaixo. Deambulam na infância com órteses e muletas. Adultos usam cadeira de rodas LOMBAR ALTO: força flexora e adutora de quadris, às vezes de extensão de joelhos. Órtese longa para deambulação 26 Níveis de lesão e deambulação LOMBAR BAIXO: funcionalidade dos músculos psoas, adutores, quadríceps, flexores mediais dos joelhos, às vezes tibial anterior e glúteo médio. Bom prognóstico, órtese suropodálica e bengalas canadenses SACRAL: flexores plantares e extensores de quadril com déficit deambulação comunitária 27 CIRURGIA – reparação da mielomeningocele é necessário imediatamente (48h) ou dentro de algumas semanas de vida*. Tem como finalidade: - reduzir o risco de infecção - preservar os nervos espinhais, lesados por trauma ou pressão. - corrigir outros defeitos associados: fenda palatina, escoliose grave, luxação de quadril Fisioterapia Promover o desenvolvimento o mais próximo possível do normal Atingir o máximo de independência possível. Objetivos da fisioterapia: promoção das habilidades físicas que levam a independência aquisição da mobilidade independente, seja deambulando ou através de cadeira de rodas posicionamento correto das articulações (prevenção da instalação de deformidades) Informações aos pais para prevenção 29 Tratamento fisioterapêutico depende... Atividades Descreva um plano de tratamento para os três diferentes pacientes vistos anteriormente Cadeira de rodas Muletas Marcha independente Obrigado 32