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CARBOIDRATOS Bioquímica dos alimentos – NP1 • A designação inicial de carboidratos ocorreu por serem hidratos de carbono (C, H e O); • Carboidratos como biomoléculas na natureza → fontes de energia; • Armazenamento de energia (ATP); • Formação de componentes estruturais (celulose vegetal); • Comunicação intra e extracelular; • Podem ser chamados de glicídios, amido ou açúcar. FUNÇÕES Fonte de energia • Combustível energético para o corpo, utilizados para acionar a contração muscular, assim como todas as outras formas de trabalho biológico; • São armazenados no organismo humano sob a forma de glicogênio e nos vegetais como amido. ➢ GLICOGÊNIO ▪ Principal carboidrato de armazenamento energético nas células animais – produção de ATP; ▪ Estoque de glicose para futuras necessidades energéticas - glicogênio; ▪ Encontrado no fígado (glicogênio hepático) – controle da glicemia; ▪ E no músculo esquelético (glicogênio muscular) – essencial para a contração muscular. ▪ Rigor mortis – rigidez da carne – aumento de ácido lático pelo glicogênio e redução do Ph 5,5. Outras funções: • Nutrição Humana e Animal; • Constituintes de Glicolipídeos e Glicoproteínas • Constituintes dos ácidos nucléicos (Desoxirribose e Ribose). CLASSIFICAÇÕES Monossacarídeos: ▪ Compostos simples de carboidratos. ▪ Possuem sabor doce. ▪ São solúveis em água. ▪ Podem conter até seis átomos de carbono, e os mais conhecidos são as pentoses e hexoses. ▪ Grupos Funcionais: aldeídos (terminação ose) ou cetonas (terminação ulose), com dois ou mais grupos hidroxilas (-OH) e pelo menos três carbonos (trioses). ➢ PENTOSES • Ribose – inserida na molécula de RNA. • Desoxirribose – inserida na molécula de DNA. ➢ HEXOSES • Glicose - Principal fonte de energia para os seres vivos. Fabricada pelos vegetais na fotossíntese e utilizada por todos os outros seres vivos na alimentação. Presente em frutas, milho, doces, mel, etc. • Frutose – Presente nas frutas e com função energética. É o mais doce dos açúcares. • Galactose - Possui função energética. Participa da composição de dissacarídeos da lactose, junto com a glicose. Presente em leites, carnes (vísceras) e algumas leguminosas. OLIGOSSACARÍDEOS: ▪ Formados por 2 até 10 unidades de monossacarídeos. ▪ Ligações O-glicosídicas (carbonila-oxigênio). POLISSACARÍDEOS: ▪ Formados por mais de 20 monossacarídeos. ▪ Funções: armazenamento de energia e elementos estruturais. ▪ Tipos: amido, celulose, glicogênio, dextrina, gomas e mucilagens, pectinas. Divisão com Base na Complexidade Divisão com Base na Digestibilidade CARBOIDRATOS DIGERÍVEIS NÃO DIGERÍVEIS AÇUCARES AMIDO SOLÚVEIS INSOLÚVEIS Sacarose Cereais Pectina Celulose Frutas Batatas Gomas Hemecelulose Mel Raízes Mucilagem Geleia Vegetais Refrigerantes Leite AMIDO • Molécula complexa formada por várias moléculas de glicose – Grânulos; • Encontrado nos vegetais, desempenhando a função de reserva de energia; • Constituição: amilose e amilopectina; • Encontrado em batatas, arroz, trigo, milho. • Insolúvel em água fria; • O amido, quando proveniente de partes subterrâneas das plantas (mandioca, batata, etc.) também é chamado de fécula. Estrutura das moléculas de amido Molécula Linear Molécula Ramificada ▪ A mistura de moléculas lineares (amilose) e ramificadas (amilopectina) estão associadas em paralelo, existem associações entre as cadeias lineares e ramificadas que são mantidas juntas por pontes de hidrogênio, resultando em regiões CRISTALINAS OU MICELAS. Fontes de Amido Batatas, arroz, pão, Milho, Aveia, Trigo, Centeio, Bolachas, Macarrão, Pipoca, Feijão... Gelatinização do amido 1 - Aquecimento 2 - Quebra das pontes de hidrogênio 3 - Hidratação dos grupos hidroxilas das glicoses 4 - Inchaço dos grânulos 5 - Aumento da viscosidade ▪ Pode ser transformado pela enzima digestiva amilase em glicose, sendo absorvido pelo organismo. ▪ Os amidos apresentam diferentes temperaturas de gelatinização. ▪ Em 120°C todos os grãos estarão dissolvidos / pode ocorrer destruição dos grãos. ▪ A velocidade da transformação, a temperatura em que ocorre e a viscosidade do produto, são características de cada amido. Intervalo de T°C de gelatinização de alguns amidos AMIDO T°C Gelatinização Batata 56-66 Mandioca 58-70 Milho 62-72 Trigo 52-63 Arroz 61-67 Milho ceroso 63-72 Retrogradação do amido ▪ Termo dado às transformações que ocorrem durante o resfriamento e armazenamento das pastas de amido gelatinizado (reassociação das cadeias de amido). ▪ Processo de cristalização das moléculas de amido, que ocorre pela forte tendência a formação de pontes de hidrogênio. ▪ Sinérese → expulsão da água existente entre as moléculas. ▪ Na prática, ocorre o aumento da firmeza e opacidade (gel), resistência a hidrólise, baixa solubilidade em água. ▪ Evidenciada em temperaturas baixas. ▪ OBS: Redução da força do gel → diminuição da viscosidade: presença de sais, açúcares, lipídios, ácidos. Amido Modificado ▪ Foram modificados química ou fisicamente; ▪ Formação de géis mais fracos e menos viscosos; ▪ Bastante utilizados na produção de balas de goma, doces, sopas de bebês. Amido Resistente ▪ Todo amido ingerido nem sempre consegue ser digerido pelas enzimas e absorvido no intestino delgado → amido resistente. ▪ Tem propriedades semelhantes as fibras, benefícios fisiológicos e podem prevenir doenças. ▪ É um prebiótico, fermentado no intestino grosso por bifidobactérias (formação de ácidos graxos de cadeia curta). ▪ É encontrado em alimentos não processados como grãos, batata crua, banana verde. CELULOSE ▪ Semelhante ao amido → moléculas de glicose. ▪ Compõem a estrutura celular das plantas. ▪ Derivados da celulose: CMC (carboximetilcelulose) e MC (metilcelulose). ➢ CMC – age como uma goma, ajudando a solubilizar proteínas comuns dos alimentos como gelatina, caseína e proteínas da soja. Aumenta a viscosidade → pudins, requeijão, cremes, formando produtos estáveis entre pH 5 a 10. ➢ MC – geleificação térmica. ➢ Hemicelulose – fontes de fibras. DEXTRINA ▪ Produto intermediário que ocorre na hidrólise ácida do amido; ▪ Sofre a ação de ácidos, enzimas ou calor seco; ▪ Podem ser utilizadas como fibras alimentares; ▪ Solúveis em água Ex.: Xarope de milho – alto teor de dextrina. MALTODEXTRINA ▪ Carboidrato complexo de absorção rápida; ▪ É derivado do milho ou da mandioca; ▪ É possível obter glicose na corrente sanguínea de 10 a 15 minutos após o seu consumo; ▪ Apresenta um índice glicêmico alto, contribuindo para a liberação de insulina no organismo, mantendo os índices glicêmicos normais; ▪ O consumo deve ser antes, durante ou depois de uma sessão de treinamento ou em qualquer momento do dia para aumentar a ingestão de carboidratos. DEXTROSE X MALODEXTRINA ▪ DEXTROSE - Monossacarídeo, formado por somente uma molécula de glicose. ▪ Suplemento de absorção ainda mais rápida que a maltodextrina. ▪ É absorvida no intestino e de lá vai para a circulação, a maltodextrina precisa passar pelo fígado, o que torna a sua absorção um pouco mais lenta (ainda que maisrápida que boa parte dos demais carboidratos). ▪ Digestão é quase imediata e o pico de insulina é ainda maior que a maltodextrina. ▪ Dextrose - fornece muita energia em muito pouco tempo, enquanto a maltodextrina fornece a mesma quantidade de energia, mas em um intervalo de tempo maior – energia gradual. ▪ Dextrose - Pico instantâneo de insulina - pode causar um acúmulo de gordura abdominal. ▪ Maltodextrina - efeito menos acentuado nas taxas de glicose - menor liberação de insulina – menor risco de acúmulo de gordura no tecido adiposo. PECTINAS ▪ Polissacarídeo não celulósico → constitui a lamela média de vegetais; ▪ Formados por unidades de um derivado de galactose; ▪ Capacidade de formar géis na presença de sacarose – meio ácido ou básico → absorve água; ▪ Utilizada como agente espessante, geleificante e emulsionante de doces, geleias e gelatinas. GOMAS ▪ Similares à pectina; ▪ Encontradas em sementes ou secreções de plantas e solúveis em água; ▪ São utilizadas como agentes espessantes em diversas indústrias; ▪ Tipos de gomas naturais: ✓ Goma guar (galactomanana): aumenta a viscosidade e provoca a sinérese nos alimentos. Ex: queijos, molhos, etc. ✓ Carragena: derivada de algas marinhas. Utilizada em água ou leite para estabilizar suspensões; age sinergisticamente com outras gomas para aumentar a viscosidade, força e elasticidade do gel em alimentos. Ex: balas, confeitos, doces, etc. MUCILAGENS ▪ São fibras solúveis → polissacarídeos complexos; ▪ Extraídos dos vegetais; ▪ Formam géis em soluções aquosas; ▪ Indigeríveis pelas enzimas do Trato Gastrointestinal Humano. ▪ Benefícios: ✓ Redução do colesterol; ✓ Controle da glicemia; ✓ Redução do risco de alguns tipos de câncer; ✓ Diminuição dos sintomas de constipação; ✓ Prevenção da incidência de hemorroidas. CARBOIDRATOS - Tipos de açucares • O açúcar é um termo genérico para carboidratos cristalizados comestíveis, principalmente a sacarose, lactose e frutose. • Açúcar mascavo ou açúcar mascavado (açúcar bruto): açúcar petrificado, de coloração variável entre caramelo e marrom, resultado da cristalização da cana de açúcar e com grande teor de melaço. • Açúcar demerara: açúcar granulado de coloração amarela, resultante da purgação do açúcar mascavo e ainda com teor de melaço em sua composição. • Açúcar refinado amorfo: com baixa cor, dissolução rápida, granulometria fina e brancura excelente. Pode ser utilizado no consumo doméstico, em misturas sólidas de dissolução instantânea, bolos e confeitos, caldas transparentes e incolores. • Açúcar cristal: com cristais grandes e transparentes, difíceis de serem dissolvidos em água. Depois do cozimento passa apenas por um refinamento leve, que retira 90% dos sais minerais. Aparece com frequência em receitas de bolos e doces. • Açúcar refinado granulado: puro, sem corantes, sem umidade ou empedramento e com cristais bem definidos e granulometria homogênea. Muito utilizado na indústria farmacêutica, em confeitos, bolos. • Glaçúcar: o conhecido "açúcar de confeiteiro", com grânulos bem finos, cristalinos, produzido diretamente na usina, sem refino e destinado à indústria alimentícia, que o utiliza em massas, biscoitos, confeitos e bebidas. • Xarope invertido: Com 1/3 de glicose, 1/3 de frutose e 1/3 de sacarose, solução aquosa com alto grau de resistência à contaminação microbiológica, que age contra a cristalização e a umidade. É utilizado em frutas em calda, sorvetes, balas e caramelos, licores, geleias, biscoitos. • Xarope simples ou açúcar líquido: transparente e límpido, é também uma solução aquosa, usada quando é fundamental a ausência de cor, caso de bebidas claras, balas, doces e produtos farmacêuticos. • Açúcar orgânico: produto de granulação uniforme, produzido sem nenhum aditivo químico, tanto na fase agrícola como na industrial. Pode ser encontrado nas versões clara e dourada. Seu processamento segue princípios internacionais da agricultura orgânica e é anualmente certificado pelos órgãos competentes. Propriedades físico-químicas Higroscopicidade • Relacionada diretamente com a presença de grupos hidroxila (açúcares impuros x açúcares puros); • Capacidade de absorver água através de seus grupos hidroxilas, dando a sensação de pegajosidade. Ex: frutose. • Pode ser favorável (ex: bolo) ou desfavorável (ex: leite em pó). Mutarrotação • Reação catalisada por ácidos e bases, chegando a um ponto de equilíbrio. • Fatores que influenciam: ação de ácidos, bases, temperatura e enzimas. • Ex.: açúcar invertido – sacarose: inversão em glicose e frutose. Utilizado em bolos, sorvetes, doces, etc. Inversão dos açúcares • Sacarose hidrolisada por enzimas (invertase) ou ácidos. • Encontrado de forma natural no mel. • sabor, solubilidade, concentração de açúcares em uma solução. • O termo invertido decorre de uma característica física da sacarose, que se altera durante o processo de hidrólise: raio de luz polarizada que incide sobre a sacarose, é desviado para a direita, ou seja, a sacarose é uma molécula dextrógira (D, +). Após o processamento de inversão, a glicose e a frutose resultantes têm a propriedade conjunta de desviarem a luz para a esquerda; ou seja, o açúcar invertido é levogiro. • Ex: balas, licores, sorvetes, geleia, frutas em calda... Xarope de açúcar invertido • Água; • Ácido cítrico (suco de limão – 20g de suco por quilograma de açúcar). • Fervura em temperatura de 114ºC. • Conversão da sacarose em glicose e frutose. Estado Vítreo • Estado amorfo: viscosidade → impede a cristalização; • Pouco estável (higroscopicidade); • Formas de obtenção: congelamento, concentração rápida ou desidratação, fusão térmica e resfriamento bruto. • Ex.: Caramelos duros. Cristalização • Principal característica dos açúcares; • Resfriamento de soluções açucaradas; • Fatores que influenciam: grau de saturação, temperatura, natureza e concentração das impurezas, tempo. • Ex.: Açúcar e leite condensado. Poder edulcorante • Composto por mono e dissacarídeos. • Não está relacionado com a concentração dos açúcares. • Referência do poder adoçante é baseada na sacarose 100x e glicose 74x. • Intensidade e qualidade do sabor → estrutura, temperatura, pH e presença de outras substâncias. • Edulcorantes naturais: stévia, lactose, manitol, xilitol, maltodextrina, etc. • Edulcorantes artificiais: acessulfame K (ácido acético), aspartame (aminoácidos), ciclamato (petróleo), sacarina (petróleo). Transformações dos Carboidratos – Processos tecnológicos – CARAMELIZAÇÃO: • Conjunto de reações complexas provenientes do aquecimento da sacarose e de outros açúcares na ausência de compostos nitrogenados; • O aquecimento (termólise) provoca reações de desidratação dos açúcares → introdução de ligações duplas (absorvem luz e provocam o aparecimento de cor) e formação de anéis insaturados (se condensam e produzem polímeros de cor e aroma); • Velocidade de formação depende: pH, temperatura e da estrutura do polímero; • Sabor do caramelo - inclui diacetil, ácidos acéticos e fórmico. ➢ Tipos de pigmentos ▪ Caramelo de cor parda (bebidas tipo cola e xaropes, pH 2,0 a 4,5) sacarose com bissulfito de sódio. ▪ Caramelo avermelhado (produtos deconfeitaria e xaropes pH 4,2 a 4,8) glicose em presença de sais de amônio / solução aquosa. ▪ Caramelo de cor pardo avermelhada (elaboração de cerveja e outras bebidas alcoólicas, pH 3,0 a 4,0) aquecimento do açúcar sem sais de amônio. ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO – REAÇÃO DE MAILLARD • Também chamado de Reação de Maillard; • Série de reações complexas, mediante determinadas condições, açúcares redutores reagem com as proteínas (aminoácidos), produzindo pigmentos de cor pardo-escura, modificando o sabor e odor dos alimentos (pigmentos de melanoidina); • Desejáveis (frituras e assados) e indesejáveis (armazenamento); • Principal fator que acelera o escurecimento: calor; • Demais fatores: pH, atividade de água, presença de íons metálicos, natureza do açúcar e tipo de açúcar. • Vantagens: Proporciona a cor escura dos assados, das frituras, dos chocolates, da casca do pão e de produtos de confeitaria. • Desvantagens: Perda do valor nutritivo (ocorre a destruição dos aminoácidos essenciais, perda de ácido ascórbico e vitamina K). Produção de substâncias tóxicas → pré- melanoidinas – que podem contribuir para a formação de nitrosaminas (caráter mutagênico) e alteram cor (escura), sabor e aroma. ➢ Fatores que influenciam o escurecimento não enzimático ▪ pH - Valores < 6,0 diminui a velocidade da reação; - Meios fortemente ácidos ou alcalinos impedem a transformação direta dos açúcares. ▪ Atividade de água - A velocidade do escurecimento é maior à medida que aumenta o conteúdo de água. - Máximo: Aw entre 0,60 a 0,85 ▪ Presença de íons metálicos - Cobre (Cu) e Ferro (Fe) favorecem o escurecimento. ▪ Natureza do açúcar - Depende da conformação e estrutura. - Açúcares redutores (principais envolvidos). ▪ Temperatura - Baixas temperaturas: não ocorre escurecimento; - Elevadas temperaturas: o escurecimento aumenta significativamente; - Quanto mais alta a temperatura, mais alta é a energia de ativação que se aplica nas etapas do processo. ➢ Controle do escurecimento ▪ Mantendo baixos os níveis de umidade no alimento; ▪ Evitar altas temperaturas; ▪ Baixar o pH; ▪ Eliminar substratos reativos; ▪ Incorporar agentes químicos (sulfitos).
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