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TRABALHO_DOLO

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
De acordo com o artigo 104 do código civil de 2002, para um negócio jurídico ter validade, é necessário: agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, e forma prescrita ou não defesa em lei (grifo nosso). Porém, qualquer negócio jurídico é anulável ou nulo se este for viciado pelos defeitos indicado nos artigos 138 a 165 do mencionado código.
Os defeitos supracitados são: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores.
Segundo Ramis (2016), os chamados pelo Código de 1916 de vícios de consentimento (erro, dolo e coação) e vícios sociais (simulação e fraude contra credores), “os atuais defeitos do negócio jurídico, tornam a vontade mal dirigida, mal externada”.
Deste feito, pode-se concluir que o dolo é um defeito do negócio jurídico, que o torna anulável, e por isto, o presente trabalho tem como objetivo conceituar e exemplificar o vício de consentimento: dolo através de pesquisas bibliográficas e jurisprudências.
Este trabalho se divide em 5 capítulos:
No primeiro capítulo é apresentada a introdução do trabalho desenvolvido, onde é informado o tema, objetivo do trabalho e metodologia utilizada.
No segundo capítulo é descrita a definição de dolo e suas características.
	No terceiro capítulo são conceituados e exemplificados os tipos de dolo.
No quarto capítulo é descrita a Lei do acordo ortográfico, determinada pelo Decreto 6.583 de 29 de setembro de 2008.
	No quarto capítulo é descrita jurisprudência referente ao tema.
 
	E por fim, com base em todos os capítulos anteriores, é apresentada no quinto capítulo a conclusão do nosso trabalho de pesquisa.
CAPÍTULO 2 – CONCEITO 
Para Gonçalves, “Dolo é o artificio ou expediente astucioso, empregado para induzir alguém à prática de um ato que o prejudica, e aproveita ao autor do dolo ou a terceiro”. (2011, p.415)
Dentre os defeitos do negócio jurídico, pode-se diferenciar o objeto do nosso estudo – o dolo – do erro, pois este último acontece espontaneamente, ou seja, sem a intenção de prejudicar o outro. Gonçalves (2011, p.415) diz que no [...] “erro a vítima se engana sozinha, enquanto o dolo é provocado intencionalmente pela outra parte ou por terceiro”.
	Correa (2009) ratifica o entendimento de Gonçalves citado supra ao dizer que:
O erro mostra-se à vista de todos, da mesma forma que o dolo, ou seja, como representação errônea da realidade. A diferença reside no ponto que no erro o vício da vontade decorre de íntima convicção do agente, enquanto no dolo há o induzimento ao erro por parte do declaratário (sic) ou de terceiro. Como costumeiramente diz a doutrina: o dolo surge provocado, o erro é espontâneo.(grifo nosso)
Há de se destacar que o dolo civil não deve ser confundido com o dolo criminal, que é a intenção de praticar um ato que já é de conhecimento do agente que é adverso à lei, e, portanto, este agente teve o desejo e assumiu o risco de praticar o referido ato. 
Em tese, por existir erro ou dolo no negócio jurídico, este deveria ser anulável. No entanto, menciona Gonçalves (2011) que pelo erro ser de natureza subjetiva e muito difícil de ser identificado o que realmente o autor da declaração pretendia dizer, as ações anulatórias costumam ser fundadas no dolo.
Pode-se distinguir também o dolo da simulação, que é quando a vítima é lesada sem participar do negócio. Gonçalves (2011, p.416) define como a situação em que “as partes fingem ou simulam uma situação visando fraudar a lei ou prejudicar terceiros” 
Como, por exemplo, um vendedor que faz constar da escritura de compra e venda de um imóvel, o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), quando a venda foi feita, realmente, por R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). O ato em questão é nulo, pois não condiz com a realidade da operação, e é confessado em cláusula contratual.
Art.167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
§1° Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
§2° Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. (CÓDIGO CIVIL, 2002, grifo nosso)
No caso do dolo, a vítima participa diretamente do negócio, porém somente a outra parte que sabe dos atos maliciosos e age com má fé. 
Uma importante diferença é que o dolo acarreta na anulabilidade do ato e a simulação e a fraude, por exemplo, acarretam na nulidade do ato. 
A fim de esclarecer a diferença entre ambos os atos, nulos e anulados, há de se mencionar que o ato nulo é aquele que “não produz nenhum efeito jurídico, isto porque não chega sequer a se formar, por ausência de um de seus elementos essenciais” (Moraes, 2016). Já o ato anulado é aquele que fora praticado em desconformidade aos preceitos legal, e que fora judicialmente anulado. 
Ademais, segundo Moraes (2016), “fica a cargo da parte interessada solicitar a anulação ou não do mesmo”, e enquanto o ato não for declarado anulado, ele produzir normalmente todos os efeitos, pois ainda é considerado como um ato válido.
Segundo Gonçalves apud Espinola, para que o dolo seja considerado como vício de consentimento é necessário:
a) que haja intenção de induzir o declarante a realizar o negócio jurídico, b) que os artifícios fraudulentos sejam graves; c) sejam a causa determinante da declaração de vontade; d) procedam do outro contratante, ou sejam conhecidos, se procedentes de terceiro.
	
CAPÍTULO 3 – TIPOS DE DOLO
Há vários tipos de dolo, dentre eles: o principal, o acidental, o bonus, o malus, o comissivo, o omissivo, o de terceiros, o do representante, o bilateral e o de aproveitamento. 
3.1- Dolo principal e Dolo Acidental
	Segundo Gonçalves (2011), a classificação mais importante de dolo é justamente a de dolo principal e de acidental, pois o principal (dolus causam dans contractui) é o que tem o dolo como a causa determinante da declaração de vontade, e por isto, vicia o negócio jurídico. Fato este, taxativo no artigo 145 do código civil de 2002: “ São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.”
Para Maria Helena Diniz, “o dolo principal é aquele que dá causa ao negócio jurídico, sem o qual ele não se teria concluído (CC, art. 145), acarretando, então, a anulabilidade daquele negócio” (2004, p. 418).
Por isto, pode-se dizer que sem o dolo, este negócio não se concretizaria, e, portanto, a anulação do negócio é válida nesse caso.
Já no caso do dolo acidental (dolus incidens) existe a intenção de enganar, porém, o negócio não seria inviabilizado pelo dolo, ou seja, ele aconteceria com ou sem dolo; o que acontece é que o negócio é concluído de forma mais onerosa ou menos vantajosa para a vítima. Ele não tem influência para a finalização do ato, conforme dita o artigo 146 do código civil de 2002: “É acidental o dolo, quando a seu despeito o ato se teria praticado, embora por outro modo”. O dolo acidental não acarreta a anulação do negócio jurídico, porém obriga o autor do dolo a satisfazer perdas e danos da vítima.
Um exemplo de dolo acidental vem de Stolze Gagliano e Pamplona Filho (2008):
O sujeito declara pretender adquirir um carro; escolhendo um automóvel com cor metálica, e, quando do recebimento da mercadoria, enganado pelo vendedor, verifica que a coloração é, em verdade, básica. Neste caso, não pretendendo desistir do negócio poderá exigir compensação por perdas e danos.
No exemplo supracitado, pode-se compreender que o autor do negócio já tinha intenção de comprar um automóvel, e foi enganado apenas na cor deste, que suponhamos que não era de suma importância para a vítima. No entanto, um exemplo de dolo principal, dos mesmosautores:
Diferente, seria, porém, a situação em que ao sujeito somente interessasse comprar o veículo se fosse da cor metálica – hipótese em que este elemento faria parte da causa do negócio jurídico. Nesse caso, tendo sido enganado pelo vendedor para adquirir o automóvel, poder-se-ia anular o negócio jurídico com base em dolo.
Verifica-se, portanto, que a cor metálica era uma condição básica para a efetivação do negócio jurídico, e tal declaração de vontade já havia sido expressa pelo comprador.
Para Ramis (2016) Diferenciar dolo essencial de dolo acidental é uma tarefa trabalhosa e complicada, que cabe ao juiz durante a averiguação e avaliação das provas.
3.2- Dolo bom e Dolo mau
Esta classificação de dolo bom (dolus bonus) e dolo mau (dolus malus) vem do direito romano. Segundo Gonçalves (2011, p.419) “Dolus bonus seria o dolo tolerável, que não teria gravidade suficiente para viciar a manifestação de vontade”
É comumente encontrado no comércio em geral, onde comerciantes exageram nas qualidades de suas mercadorias. Isso não torna o negócio jurídico anulável, pois a outra parte deve ter o bom senso de não se deixar influenciar por tais menções exageradas.
O dolus bonus não “permite o exagero, até porque tal matéria é amparada pelo código de defesa do consumidor, ao proibir a propaganda enganosa, porém, tal fato apenas será considerado como um vicio de consentimento quanto induzir o consumidor em erro.
Já o dolo mau (dolus malus) é formado pelo emprego de manobras astuciosas com intenção de prejudicar alguém. Segundo Diniz, “é desse dolo que trata nosso Código Civil, erigindo-o em defeito do ato jurídico, idôneo a provocar sua anulabilidade, dado que tal artifício consegue ludibriar pessoas sensatas e atentas” (2004, p. 417 e 418).
	Para Gonçalves (2011,p.419), o dolo mau “pode consistir em atos, palavras e até mesmo no silêncio maldoso”.
Diniz também dita que “não há normas absolutas que possibilitem diferenciar essas duas espécies de dolo, cabendo ao órgão judicante, em cada caso concreto, levar em conta a inexperiência e o nível de informação da vítima” (2004, p. 418). Isto quer dizer que, cabe ao julgador averiguar provas e o caso concreto, e também analisar as partes do negócio para diferenciar qual espécie de dolo seria existente.
3.3- Dolo comissivo e Dolo omissivo 
Para Ramis (2016), quanto à atuação do agente, o dolo poderá ser positivo (comissivo) ou negativo (omissivo). 
Pode-se dizer que na atuação comissiva houve a atuação ativa, ou ainda, positiva do agente, em enganar a outra parte, Venosa diz que “é comissivo o dolo do fabricante de objeto com aspecto de ‘antiguidade’ para vendê-lo como tal” (2008, p. 397).
Já o dolo negativo, decorre de uma omissão, uma ausência maliciosa juridicamente relevante, ou ainda uma atuação passiva do agente, como dispõe o artigo 147 do código civil de 2002: “nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado”. 
Segundo Stolze Gagliano e Pamplona Filho, “é o caso do silêncio intencional de uma das partes, levando a outra a celebrar negócio jurídico diverso do que pretendia realizar” (2008, p. 354).
Um exemplo de dolo omissivo é quando alguém omite dados importantes à seguradora do seu automóvel, que fatalmente elevariam o valor do seguro a ser pago no caso de eventual sinistro.
Segundo Ramis, há o costume em certa parte de doutrinadores de acreditar que o dolo omissivo só verdadeiramente existe quando alguma das partes tem o dever de informar. Conforme Venosa, “tal dever, quando não resulta da lei ou da natureza do negócio, deve ser aferido pelas circunstâncias” (2008, p. 397 e 398). 
Pode se dar de exemplo um vendedor, que não deve se omitir diante de um erro do comprador sobre as qualidades de determinado produto que, obviamente, conhece melhor. Pode-se dizer que é a boa-fé que deve guiar os contratantes e ser a base que o julgador deve pautar-se.
3.4- Dolo de terceiro 
	Gonçalves (2011, p.421) menciona que o “dolo pode ser proveniente do outro contratante ou de terceiro, estranho ao negócio”. 
	O artigo 148 do código civil ratifica isto:
Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.
	O dolo de terceiro, portanto, somente ocasionará na anulação do negócio se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento. Se o beneficiado pelo dolo de terceiro não informa a outra parte, está tacitamente aderindo ao ato, agindo assim como cúmplice e com má fé.
Uma hipótese de dolo de terceiros pode ser: um indíviduo pretende comprar uma jóia, imaginando-a de ouro, quando na verdade não é. O fato de não ser de ouro não é comentado pelo vendedor e muito menos pelo comprador. Um terceiro que nada tem a ver com o negócio, dá sua opinião dizendo que o objeto é de ouro. Com isso o comprador efetua a compra. Fica claro, portanto, o dolo de terceiro. O fato, porém, de o vendedor ter ouvido a manifestação do terceiro e não ter alertado o comprador é que permitirá a anulação do negócio jurídico. Por isso o atual Código especifica que o ato é anulável se a parte a quem aproveite tivesse conhecimento do dolo ou dele devesse ter conhecimento. 
Segundo Correa (2009), quando o eventual beneficiado não toma conhecimento do dolo – no exemplo supracitado, caso o vendedor não tivesse escutado o terceiro falar que o produto era de ouro, em tese o negócio persistiria, mas o autor do dolo, por ter praticado ato ilícito, responderia por perdas e danos (art. 186 do Código Civil; antigo, art. 159). O vigente Código Civil é específico ao determinar essas perdas e danos ao terceiro nesse caso, em seu art. 148.
Vale ressaltar ainda, que em qualquer caso de dolo, como se trata de ato ilícito haverá o direito à indenização por perdas e danos, com ou sem a anulação do negócio.
3.5- Dolo do representante 
Conforme Gonçalves (2011,p.422) , o representante de uma das partes não pode ser considerado terceiro, pois ele age como se fosse o próprio representado. 
O artigo 149 do código civil dita que "O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve. Se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos".
Para Gonçalves (2011, p.422) um exemplo desta situação é quando o 
[...] tutor, curador, pai ou mãe no exercício do poder familiar são representantes impostos pela lei. Se esses representantes atuam com malícia na vida jurídica, é injusto que a lei sobrecarregue os representados pelas consequências de atitude que não é sua e para a qual não concorreram. O mesmo não se pode dizer da representação convencional, onde existe a vontade do representante na escolha de seu representado. O representado, ao assim agir, cria risco para si. Assim, a culpa in eligendo ou in vigilando do representado deve ter por consequência responsabilizá-lo solidariamente pela reparação do dano, nos termos do art. 1.518, e não simplesmente, como diz o Código antigo no tópico analisado, limitar sua responsabilidade ao proveito que teve. Mesmo que não estivesse vigente o texto do atual Código, em cotejo com o art. 1.518, parte final, do Código Civil de 1916 (atual, art. 942), poderia ser adotada, na prática, a solução da lei nova, que faria melhor justiça.
3.6- Dolo bilateral ou de ambas as partes 
	O dolo bilateral é disciplinado no artigo 150 do código civil de 2002, que proclama: “se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização”.
Portanto, à luz do artigo mencionadoacima, e conforme mencionado por Ramis (2016) “há empate, igualdade na torpeza. A lei pune a conduta de ambas, não permitindo a anulação do ato”.
A lei trata com diferença os tipos de dolo em ambas as partes que foram maliciosas, punindo-as com a impossibilidade de anular o negócio, pois ambos os partícipes agiram de má-fé. 
	Uma hipótese em que se configura dolo bilateral seria: uma pessoa vende um carro e omite o fato de ter um problema na parte elétrica deste, e o comprador concorda com o preço, porém, tenta negociar um desconto alegando que o carro foi batido, porém, ele apenas alega isto com o único intuito de ter um benefício próprio e não que de fato o carro tenha sido batido. 
3.7- Dolo de aproveitamento 
Dolo de aproveitamento significa que a situação de necessidade deve ser conhecida da parte beneficiada pelo negócio que se está celebrando. 
Quanto à sua aplicabilidade, há divergência na doutrina, havendo aqueles que entendem ser aplicável à lesão - que é a necessidade de algo e por isto há uma relação onerosa em relação à parte hipossuficiente – que é o entendimento de Gonçalves (2011), e há outros juristas que entendem que deve ser aplicada ao estado de perigo, em que há a onerosidade à uma pessoa por conta de situação grave que afeta a família ou a pessoa em questão. 
Em suma, entende-se que o dolo de aproveitamento é quando uma parte se aproveita de outra, tendo o conhecimento da necessidade desta.
	
CAPÍTULO 4 – JURISPRUDÊNCIA 
Na jurisprudência abaixo, vê-se um caso de um negócio jurídico viciado por dolo. No caso em questão, o apelante ludibriou a apelada e seu pai, pegando os documentos do caminhão para verificar a possibilidade de financiamento, devolvendo-os sem realizar a compra, e nesse meio tempo, utilizou estes documentos para alienar o veículo e obter a quantia de setenta mil reais.
Apelação cível n. 2004.032539-9, de Joinville.
Relator: Des. Trindade dos Santos.
DECLARATÓRIA. Nulidade de ato jurídico. Veículo. Alienação. Assinaturas falsificadas. Litígio envolvendo pessoas físicas. Câmaras de Direito Comercial. Incompetência recursal. Redistribuição determinada.
A sentença que reconhece a ocorrência de fraude em transação de compra e venda de veículo, declarando a nulidade do respectivo ato jurídico, mormente quando envolve pessoas físicas, expressa matéria de cunho nitidamente civil. Desta forma, são incompetentes recursalmente para reexaminá-la as Câmaras de Direito Comercial.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de apelação cível n. 2004.032539-9, da comarca de Joinville (1ª Vara Cível), em que é apelante Rodrigo Luiz Cizeski, sendo apelada Fabiana Salomão Mazzi:
ACORDAM, em Segunda Câmara de Direito Comercial, por votação unânime, não conhecer do recurso, determinando a sua redistribuição a uma das Câmaras de Direito Civil deste Tribunal.
Custas de lei.
 I -RELATÓRIO:
Inconformado com a sentença que julgou procedente o pedido formulado por Fabiana Salomão Mazzi, na ação declaratória de nulidade de ato jurídico, sendo determinada a nulidade do ato de transmissão de propriedade do caminhão marca Scania, modelo T 113, placas BYD 8603, determinando que o Detran/SC expeça Certificado de Registro de Veículo em nome da autora, cancelando-se aquela operada com fraude, ordenando, ainda, que o Banco do Brasil S/A expeça Carta de Liberação do cargueiro em nome de Fabiana, condenando o réu, também, ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, Rodrigo Luiz Cizeski interpôs recurso de apelação.
Sustentou o recorrente inexistirem provas nos autos de ter sido ele o autor do ato dito fraudulento, assinando o recibo de transferência do caminhão em questão. Além disso, afirmou inexistir informação precisa de quem detinha o recibo de compra e venda do veículo, muito menos que referido documento encontrava-se em suas mãos, resumindo-se a meras alegações a ocorrência da apontada falsificação.
Alegou que a recorrida pretendeu, em verdade, apenas dar um golpe, pois além de locupletar-se com o produto do financiamento, também ficou com o caminhão transacionado, ao passo que o apelante experimentou a totalidade do prejuízo.
Asseverou que a perícia apenas constatou que a assinatura da apelada não partiu de seu próprio punho. Contudo, também não há prova alguma de que a transferência tenha sido feita por meio de uma assinatura efetuada pelo recorrente, o que certamente poderia ter sido feito por alguém das relações da autora.
Disse que seu prejuízo é total, pois além de ter pago o financiamento junto ao banco, também ficou sem o mencionado veículo, mesmo sabendo que o adquiriu de boa-fé, merecendo que o recibo a ser emitido pela autoridade policial competente seja feito em seu nome.
Requereu, por fim, a reforma da sentença vergastada e a inversão dos ônus sucumbenciais.
Houve resposta.
II -VOTO:
A princípio, esclarece-se que a presente demanda tem por objeto a declaração de nulidade da transferência de propriedade do caminhão Scania, modelo T 113, placas BYD 8603, que pertencia a autora, mas restou transferido ao réu, mediante a falsificação da assinatura da proprietária.
Já em suas razões de recurso o apelante restringe suas alegações à inexistência de provas de que tenha sido ele a realizar a falsificação da assinatura da recorrida no documento de Autorização para Transferência de Veículo, pleiteando a reforma da decisão para que o caminhão envolvido permaneça na sua propriedade.
Não se pode conhecer do recurso interposto, em razão da manifesta incompetência desta Câmara de Direito Comercial para elucidar as controvérsias que integram a presente lide.
As avenças versantes sobre ações relativas à nulidade de ato jurídico são de natureza essencialmente civil.
Consoante a regra insculpida no art. 6º, inciso II - publicado no Diário da Justiça n. 10.519, em 11.08.2000, pág.1/2 -, as 3ª e 4ª Câmaras Civis (hodiernamente denominadas 1ª e 2ª Câmaras de Direito Comercial) ficam competentes para conhecer dos recursos e feitos originários de Direito Privado, relacionados com o Direito Comercial, inclusive Direito Falimentar e todas as causas relativas a obrigações ativas ou passivas de interesse de instituições financeiras subordinadas à fiscalização do Banco Central, bem como os feitos relacionados a questões processuais das matérias previstas neste item.
Ademais, conforme a definição conjunta tomada pelos membros das quatro primeiras Câmaras Civis deste Tribunal de Justiça, de 18.12.2000, ficou expressamente decidido que as ações estribadas em compra e venda civil e, em conseqüência, a discussão acerca da nulidade dessa negociação, devem ser analisadas pelas Câmaras especializadas em Direito Civil, tendo o Ato Regimental n. 41/2000 estipulado quais as ações que seriam da competência daqueles colegiados:
"I - As 1ª e 2ª Câmaras Civis, competentes em matéria de Direito Civil, julgarão os recursos de ações envolventes de: (...)
30. Compra e Venda - Civil (Rescisão de Contrato - Execução - Cobrança)."
Em situações análogas, disse esta Corte:
"Ação de nulidade de ato jurídico c/c perdas e danos. Contrato de compra e venda de linha telefônica. Incompetência recursal de Câmara de Direito Comercial. Ato Regimental n. 57/02-TJ, art. 3º. Redistribuição a uma das colendas Câmaras de Direito Civil." (Ap. Cív. n. 00.010222-9, de Blumenau, rel. Des. NELSON SCHAEFER MARTINS).
"APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO DE COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA - INCOMPETÊNCIA DAS CÂMARAS DE DIREITO COMERCIAL - EXEGESE CONJUNTA DO ART. 6º, II, DO ATO REGIMENTAL N. 41/00 E ART. 3º, CAPUT, DO ATO REGIMENTAL N. 57/02 DO TJSC - NÃO CONHECIMENTO." (Ap. Cív. n. 2003.026769-7, de Joinville, rel. Des. GASTALDI BUZZI)
Considerada, pois, a natureza da relação posta à apreciação judicial, subtraída a questão do âmbito da especialização das Câmaras de Direito Comercial, evidencia-se a incompetência deste órgão para o julgamento do reclamo sob enfoque, razão pela qual determina-se a remessa dosautos a uma das Câmaras de Direito Civil deste egrégio Tribunal para análise.
III -DECISÃO:
Nos termos do voto do relator, não se conhece do recurso e determina-se a remessa dos autos à Diretoria Judiciária, para fins de redistribuição a uma das Câmaras de Direito Civil deste Tribunal.
Participaram do julgamento, com votos vencedores, os Exmos. Srs. Des. Nelson Schaefer Martins e Sérgio Roberto Baasch Luz.
 Florianópolis, 12 de maio de 2005.
Trindade dos Santos
PRESIDENTE E RELATOR”
12. Considerações Finais
Pode-se dizer que o dolo é um dos artifícios mais utilizados para se viciar um negócio jurídico, principalmente no Brasil, onde enganar os outros para se tirar proveito próprio já é algo do cotidiano do povo brasileiro, infelizmente já se tornou parte da cultura brasileira.
Também é bastante utilizado para se anular o negócio jurídico no lugar do erro, já que, como visto anteriormente, é muito menos trabalhoso alegar e comprovar o dolo do que erro.
Também cabe ressaltar que nosso novo Código Civil inovou em diversos aspectos do dolo, principalmente ao se falar de dolo de terceiro e dolo de representante, no qual existiam algumas falhas no antigo Código de 1916.
CAPÍTULO 5 – CONCLUSÃO
	Através da presente pesquisa foi possível entender que dolo é um dos artifícios mais utilizados para se viciar um negócio jurídico e que tal vicio de consentimento por ter como objetivo ter benefícios ou enganar a outra parte, é um ato anulável.
Cabe ressaltar, que para um ato ser passível de anulação, deve ter ocorrido o dolo principal, de modo que sem o dolo o negócio jurídico não teria acontecido. Se enquadra nisto também, o silêncio intencional, ou seja, uma das partes omite algum fato relevante ao negócio jurídico de modo que sem tal omissão, este negocio jurídico não seria efetivado.
REFERÊNCIAS
CÓDIGO CIVIL. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm> acesso em 09 mar.2016
CORREA. Disponível em <http://www.leonildocorrea.adv.br/curso/civil32.htm> acesso em 19 fev.2009
DAMIS, DIOGO DIAS.Disponível em <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6243 – > acesso em 09 mar. 2016
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro – Teoria Geral do Direito Civil. 21. Ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
NULIDADE OU ANULABILIDADE. Disponível em <http://www.saladedireito.com.br/2011/01/negocio-juridico-nulidade-e.html> acesso em 03 mar.2016.
STOLZE GAGLIANO, Pablo; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso De Direito Civil. 10. Ed. São Paulo: Saraiva, 2008. v. 1.
VENOSA, Silvio de Salvo. Comentários Direito Civil, Parte Geral. 8. Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
VICIOS DE CONSENTIMENTO. Disponível em <http://www.webartigos.com/artigos/dolo-direito-civil/28826/ > acesso em 09 mar.2016

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