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Aula 3 A lei da escassez de recursos

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FUNDAMENTOS DA ECONOMIA 
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Prof. Dr. Marcos Rambalducci 
 
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Aula 3 
 
A lei da escassez de recursos 
 
A Economia fundamenta sua existência na escassez de bens e serviços para 
consumo e uso no sistema produtivo. Se todos os bens fossem livres, o problema 
econômico fundamental de quanto, como e para quem produzir deixaria de existir. Mas 
os bens são econômicos, isto é, relativamente raros. Os conceitos de escassez e de 
abundância diferenciam-se pela intensidade: terras agriculturáveis nos cerrados e minério 
de ferro em Minas Gerais são recursos abundantes, mas alimentos e produtos 
siderúrgicos são bens escassos, porque sua obtenção é relativamente dispendiosa. 
 
Os recursos escassos são os insumos, ou fatores de produção utilizados no pro-
cesso produtivo para obter outros bens, destinados à satisfação das necessidades dos 
consumidores. Os fatores de produção são: 
 
a. terra, ou recursos naturais, incluindo água, minerais, madeiras, peixes, solo 
para as fábricas e terra fértil para a agricultura; 
b. trabalho, ou recursos humanos, englobando os trabalhadores 
qualificados e não qualificados, pessoal administrativo, técnicos, engenheiros, 
gerentes e administradores; 
c. capital, compreendendo o conjunto de bens e serviços, como máquinas, 
equipamentos, prédios, ferramentas e dinheiro, necessários para a produção 
de outros bens e serviços, O capital financeiro, necessário para a aquisição do 
capital fixo e o giro dos negócios (pagamento de salários e serviços e compra 
de matérias-primas), pode ser obtido em parte pelo crédito bancário; 
d. capacidade empresarial, envolvendo um segmento dos recursos humanos da 
economia, que assume riscos de perder seu capital, ou o capital tomado 
emprestado, ao empreender um negócio. O empresário é a pessoa que reúne 
capitais para adquirir recursos produtivos e produzir bens ou serviços 
destinados ao mercado, mediante determinada tecnologia, com o objetivo de 
realizar lucros. 
e. tecnologia, representado pelo conjunto de conhecimentos e habilidades que 
dão sustentação ao processo de produção. 
 
Um bem econômico, assim, é o que possui uma raridade relativa e, portanto, um 
preço. A escassez só existe porque há procura para o bem, que tem uma utilidade 
suscetível de atender a determinada necessidade dos consumidores. O produto é um 
bem, porque satisfaz uma necessidade humana. O fumo, embora faça mal à saúde, é 
considerado um bem econômico, porque satisfaz a necessidade do fumante. A Economia, 
como Ciência, não entra em considerações éticas ou de juízos de valor; ela não questiona 
o que é um bem ou um mal para o indivíduo e não determina quais as transações que 
devem ou não ser efetuadas. 
 
O consumidor é soberano e a ele cabe decidir qual será a composição de sua cesta 
de consumo, em função de suas preferências, necessidades e a renda de que dispõe. 
Alguns indivíduos preferem levar uma vida mais simples e gastar com viagens; outros 
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decidem trocar de carro todos os anos. A composição da cesta de consumo dos 
indivíduos depende também dos gostos e hábitos de consumo, que variam entre regiões 
e classes sociais. O desenvolvimento dos meios de comunicação, a publicidade, as 
facilidades de pagamento com o uso do crédito tendem a homogeneizar os hábitos de 
consumo da população e a criar novas necessidades a serem satisfeitas. 
 
Os bens econômicos são desejáveis porque são úteis e escassos (como a água e o 
diamante). Existem, porém, bens abundantes e úteis aos homens que se encontram fora 
da Economia. Estes são os bens livres, ou seja, os que se encontram disponíveis a custo 
zero. O ar atmosférico constitui um exemplo típico de bem livre e, de certo modo, a água 
dos rios. No entanto, em determinados casos, a água utilizada para a irrigação, por 
exemplo, pode ser taxada, deixando de ser um bem livre típico. 
 
Os bens econômicos classificam-se em bens de consumo final, bens de consumo 
intermediário e bens de capital. Os bens de consumo final são aqueles adquiridos pelas 
famílias e dividem-se em bens de consumo durável e não durável. Os bens de consumo 
durável são os utilizados durante um tempo relativamente longo, como um refrigerador ou 
um automóvel. Os bens de consumo não durável, como alimentos, são usados apenas 
uma vez, ou poucas vezes. 
 
Os bens de consumo intermediário, ou insumos, são aqueles utilizados pelas 
empresas, direta e indiretamente, para a fabricação de outros bens, como matérias-
primas, barras de ferro, peças de reposição, componentes e material de escritório. Esses 
bens têm ciclo curto no processo produtivo, enquanto os bens de capital, também 
empregados direta e indiretamente na geração de outros bens, têm ciclo longo. Exemplos: 
máquinas, equipamentos, prédios e material de transporte. Os bens de produção 
compreendem os bens de consumo intermediário e bens de capital. 
 
Como as necessidades são ilimitadas, as pessoas precisam estabelecer prioridades 
de gastos. Todos precisam de habitação, alimentação, vestuário, educação, saúde, lazer. 
Para ter acesso a esse conjunto de bens, segundo suas necessidades e preferências, 
elas precisam ter uma renda disponível em quantidades suficientes. 
 
Além disso, o setor produtivo precisa produzir os bens e serviços desejados. Pode 
ocorrer que não seja possível ofertar algum tipo de produto por falta de matéria-prima no 
mercado nacional. É possível ofertar determinado produto, importando-se a matéria-prima 
necessária de outros países. Pode ocorrer, no entanto, que o país não tenha as divisas 
necessárias para pagar as importações. Quando o preço do petróleo quadruplicou nos 
anos de 1970, o racionamento de combustíveis no País foi evitado pelo financiamento de 
importações mediante endividamento externo. 
 
Existem necessidades que não podem ser atendidas porque o setor produtivo ainda 
não sabe como produzir. Exemplo disso são os medicamentos para a cura definitiva do 
câncer e da Aids. Esse é outro exemplo de que apenas ter poder de compra não é 
suficiente para que as pessoas possam satisfazer determinadas necessidades. Após 
Fleming ter descoberto a penicilina, em 1929, o setor farmacêutico pôde produzir um 
medicamento capaz de curar doenças contagiosas, como a tuberculose. 
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O acesso a novas tecnologias permite grandes lucros para as empresas e isso as 
leva a gastar grandes somas de recursos financeiros na P&D de novos produtos e novos 
processos de produção. Novos produtos podem satisfazer necessidades ainda não 
satisfeitas, como novos medicamentos para combater o câncer, como atendem a 
necessidades novas ou de que os consumidores ainda não haviam se dado conta. 
Exemplos são o telefone celular, videocassete, microcomputador, televisão a cabo, 
comunicação via Internet etc. 
 
Nas economias desenvolvidas e nas classes sociais ricas dos países em 
desenvolvimento, na maior parte dos casos, o consumo ultrapassa as necessidades 
fisiológicas dos indivíduos. Isso se deve à publicidade e aos ditames da moda. A exceção 
fica por conta da economia japonesa, em que os indivíduos possuem grande propensão a 
poupar, consumindo menos do que a média dos países ricos. A solução encontrada pelas 
autoridades japonesas é promover campanhas de maior consumo interno e de incentivo 
às exportações, para absorver o excesso de bens produzidos e manter a economia em 
crescimento, ou, pelo menos, “aquecida”. 
 
Em síntese, devido à escassezde recursos produtivos, utilizados na produção de 
bens e serviços para o atendimento das necessidades dos consumidores, os agentes 
econômicos (produtores, consumidores, tomadores de decisão de órgãos do governo) 
precisam utilizá-los de forma mais racional e eficiente possível, de modo a obter os 
melhores resultados, em termos de quantidade e qualidade. 
 
A teoria econômica supõe que as firmas e os consumidores sejam racionais em suas 
decisões, isto é, que os empresários procurem o máximo lucro e os consumidores a 
máxima satisfação no consumo de bens e serviços. O produtor quer minimizar custos e 
vender seus produtos aos preços mais altos possível. O consumidor, pelo contrário, age 
no sentido de obter o máximo de produtos, segundo seus gostos, com um mínimo de 
dispêndio. Seguindo a idéia de racionalidade, ele não age por caridade ou capricho, mas 
visando ao interesse próprio.

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