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Aprendendo em 5 minutos_ Direito das Obrigações

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jusbrasil.com.br
1 de Outubro de 2019
Aprendendo em 5 minutos: Direito das Obrigações
Modalidades das obrigações e classi�cação
A coluna desta semana é sobre um assunto recorrente no Exame de
Ordem dos Advogados do Brasil e nos concursos públicos na matéria
de Direito Civil: Direito das Obrigações.
A parte especial do Código Civil de 2002 é inaugurada pelo livro de
Direito das Obrigações, sendo reservado do artigo 233 ao 420 para o
exaurimento da matéria.
As obrigações podem ser conceituadas como relações jurídicas
estabelecidas de forma transitória pelo sujeito ativo (credor) e pelo
sujeito passivo (devedor), tendo como objeto uma prestação econômica
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que pode ser positiva (obrigações de dar e de fazer) ou negativa
(obrigação de não fazer) e que se inadimplida terá como garantia o
patrimônio do devedor.
A prestação econômica, denominada o elemento objetivo da obrigação,
é o objeto da obrigação e deve ser lícito, possível e
economicamente apreciável e pode constituir-se em: dar,
fazer e não fazer.
A fonte da obrigação pode ser um contrato, um ato ilícito ou um ato
unilateral de vontade, que caracterizam o vínculo jurídico, ou seja, o
liame legal que une os sujeitos da obrigação.
O ponto crucial da matéria muito cobrado nos exames da Ordem e
concursos públicos são as modalidades de obrigações, levando em
consideração a classificação e distinção de cada uma delas. As
obrigações dividem-se em: obrigação de dar coisa certa, obrigação de
dar coisa incerta, obrigações de fazer e não fazer, e seus
desdobramentos: obrigação divisível e indivisível e obrigações
solidárias.
Passemos a analisar as principais características de cada uma das
modalidades de obrigações:
Obrigação de dar coisa certa:
Previsão legal: Artigo 233 a 242 do Código Civil.
A obrigação de dar coisa certa se caracteriza pela entrega de coisa
certa, ou seja, o devedor deverá entregar ao credor coisa
individualizada. Dispondo expressamente o CC que a obrigação
abrange também os acessórios dela embora não mencionados, salvo se
o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso (artigo
233).
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Cumpre destacar que para se desonerar o devedor deve entregar ao
credor exatamente a coisa determinada, o que significa dizer que o
credor não será obrigado a receber outro bem, ainda que mais valioso.
Outro ponto importante acerca da matéria é o relacionado ao
pertencimento da coisa até que seja efetuada a tradição. O artigo 237 é
pontual ao estabelecer que a coisa, juntamente com os seus
melhoramentos e acréscimos, bem como os frutos percebidos são do
devedor até a tradição desta, podendo o devedor inclusive exigir o
aumento do preço pelos melhoramentos e acréscimos e ante a recusa
do credor, resolver a obrigação.
Perda ou deterioração da coisa:
A regra equivale a res perit domino (a coisa perece para o dono). Deste
modo, se a coisa certa for perdida sem culpa do devedor antes da
tradição, sofrerá o credor a perda e a obrigação se resolverá.
Na hipótese de culpa do devedor pela perda da coisa, este responderá
pelo equivalente em dinheiro e perdas e danos experimentados pelo
credor.
Se tratando da deterioração da coisa, sem culpa do devedor, o credor
poderá resolver a obrigação ou aceitar a coisa com o devido abatimento
do preço, levando em consideração o valor perdido em face de
deterioração. Já na hipótese de deterioração da coisa por culpa do
devedor pode o credor exigir o equivalente em dinheiro, ou aceitar a
coisa no estado em que se acha, reservando a lei o direito do credor em
ambos os casos de requerer indenização das perdas e danos
suportados.
Obrigação de dar coisa incerta:
Previsão legal: Artigos 243 a 246 do CC.
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Nesta modalidade de obrigação, o objeto constitui algo indeterminado,
sendo indicado apenas pelo gênero e quantidade, ou seja, sendo
indeterminada a qualidade da coisa.
Um dos pontos principais da matéria diz respeito à escolha do objeto,
já que para o cumprimento da obrigação a coisa deverá ser
determinada, individualizada através da escolha que competirá a quem
foi determinado no contrato ou no caso de omissão ao devedor.
Importante frisar que no momento desta escolha é que se aperfeiçoa a
obrigação, transformando-se a obrigação de dar coisa incerta em
obrigação de dar coisa certa e uma vez cientificado o credor quanto a
escolha, as regras atinentes a obrigação de dar coisa certa são as que
passam a reger a obrigação.
Antes da escolha não pode o devedor ainda que por força maior ou caso
fortuito alegar a deterioração ou perda da coisa, tendo em vista a
ausência da individualização e consequente aperfeiçoamento da
obrigação que consoante mencionado se dá com a efetiva escolha da
coisa, ou seja, determinação e individualização.
Por fim, o devedor não poderá dar coisa pior e nem tão pouco ser
obrigado a dar coisa melhor.
Obrigação de fazer:
Previsão legal: Artigo 247 a 249.
A obrigação de fazer constitui um ato ou serviço do devedor,
envolvendo uma atividade humana, tendo em vista que o devedor
obriga-se a realização do ato ou serviço, podendo ser realizada
pessoalmente por este (obrigação de fazer infungível) ou realizada
por terceiro (obrigação de fazer fungível).
Quando do inadimplemento da obrigação for por impossibilidade sem
culpa do devedor a obrigação será considerada resolvida. Já na
hipótese de recusa voluntária do devedor, incorrerá este na obrigação
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de indenizar o credor em perdas e danos.
Importante destacar que se tratando de obrigação de fazer fungível, ou
seja, quando couber a execução por um terceiro, o credor poderá
mandar executar a obrigação às custas do devedor, sem prejuízo da
indenização cabível. Agora, se a obrigação foi infungível, isto é, quando
não couber a execução por pessoa se não o devedor, o Código de
Processo Civil estipula medidas que podem ser adotadas pelo Juiz que
afetam ao patrimônio do credor na busca de incentivá-lo honrar com a
obrigação, como as chamadas astreintes (multas periódicas).
Obrigações de não fazer:
Previsão legal: Artigos 250 e 251 do CC.
O objeto desta modalidade de obrigação constitui uma abstenção do
devedor, isto é, uma ausência de comportamento, a qual se
comprometeu a não fazer, restando inadimplente quando da execução
do ato que se devia abster. O Código Civil prevê que o credor poderá
exigir do devedor que desfaça o ato, sob pena de se desfazer à sua
custa, sem prejuízo da indenização por perdas e danos, podendo o
credor, por expressa autorização da lei, em caso de urgência, desfazer
ou mandar desfazer o ato, independentemente de autorização judicial,
sem prejuízo do ressarcimento devido.
Classificação das obrigações:
Obrigações alternativas:
As obrigações podem ser simples ou compostas. Sendo que a obrigação
simples é aquela em que há apenas um credor, um devedor e uma
prestação, isto é, caracteriza-se pela existência de apenas um de cada
tipo de elemento da obrigação. No caso de haver a faculdade de troca
de uma prestação por outra, teremos uma obrigação facultativa.
Importante destacar que a prestação prevista desde o inicio é uma só,
havendo apenas a eventual possibilidade de troca.
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Ao contrário, a obrigação composta é aquela em que pode haver não só
a pluralidade de objeto (prestações), como também de sujeitos
(credores e devedores).
Quando há a pluralidade de objetos, ou seja, mais de uma prestação. A
obrigação poderá ser: cumulativa ou também chamada de conjuntiva,
neste caso para o adimplemento da obrigação deverá o credor cumprir
as duas ou mais prestações cumulativamente; ou, alternativa ou
disjuntiva, em que o devedor para cumprir a obrigação deverá adimplir
com uma ou outra prestação prevista desde o início pelos sujeitos da
obrigação.
Vale para as obrigações alternativas as mesmas regras pertinentes à
escolha da coisa se tratando de obrigação de dar coisa incerta, ou seja,caberá a escolha dentre as prestações devidas aquele a quem foi
incumbido no contrato firmado entre as partes e se esse for omisso, a
escolha caberá ao devedor que não poderá obrigar o credor a receber
parte em uma prestação e parte em outra.
Obrigações divisíveis e indivisíveis:
As prestações divisíveis são aquelas que pode haver o fracionamento da
prestação ou do próprio objeto da prestação, sendo que nesta hipótese
havendo mais de um credor ou mais de um devedor de uma obrigação
divisível, esta será dividida em obrigações iguais e distintas de acordo
com o número de credores ou devedores.
Já as obrigações indivisíveis como o próprio nome aduz a prestação é
única, não podendo ser dividida entre seus credores e devedores, seja
pela própria natureza do bem, por motivo de ordem econômica ou
dada a razão determinante do negócio jurídico. Neste caso, quando da
existência de dois ou mais devedores e ante a impossibilidade de
divisão da prestação, cada um dos devedores será obrigado pela dívida
inteira, sendo que sub-rogara-se no direito do credor aquele que pagar
a divida integralmente, ou seja, podendo exigi-la dos outros
coobrigados.
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Se a pluralidade for de credores a estes também caberá exigir a divida
toda, hipótese em que o devedor deverá pagar todos conjuntamente ou
apenas um, exigindo deste que dê caução de ratificação dos demais
credores, desobrigando-se o devedor e em contrapartida obrigando o
credor que recebeu a prestação por inteiro a parte devida aos demais
credores.
No caso de um dos credores remitir a dívida, ou seja, perdoar, não há
que se falar na extinção de obrigação para os demais credores, que
poderão exigir a prestação mediante o desconto da quota pertencente
ao credor remitente.
Obrigações solidárias:
Quando em uma obrigação concorrer mais de um devedor ou mais de
um credor, haverá a solidariedade, sendo que cada um destes estará
obrigado ou com direito, respectivamente, à dívida toda.
A lei é expressa ao determinar que a solidariedade não se presume,
apenas resulta da lei ou da vontade das partes.
A solidariedade ativa é aquela em que há a pluralidade de credores,
podendo estes receberem o pagamento na integralidade. O código civil
traz no bojo dos artigos 267 a 274 algumas regras importantes nesse
sentido:
a) Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o
cumprimento da prestação por inteiro (art. 267);
b) Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o
devedor comum, o devedor poderá pagar a qualquer um deles (art.
268);
c) O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até
o montante do que foi pago (art. 269);
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d) Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um
destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que
corresponder ao seu quinhão hereditário (a não ser que a obrigação
seja indivisível e não possa ser cindida) (art. 270);
e) Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos
os efeitos, a solidariedade (art. 271);
f) O credor que tiver perdoado (remitido) a dívida ou recebido o
pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba (art. 272);
g) O devedor não pode opor, a um dos credores solidários, as exceções
pessoais oponíveis aos outros (art. 273);
h) O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os
demais; já o julgamento favorável lhes aproveita (a não ser que esteja
fundado em exceção pessoal ao credor que o obteve) (art. 274).
Necessária se faz também a análise das regras cabíveis quando da
solidariedade passiva, em que há a pluralidade de devedores, sendo
que poderá o credor exigir, que um devedor, individualmente, honre
com a totalidade da dívida. Neste sentido, os artigos 275 a 285 do
Código Civil:
a) O credor tem o direito de exigir e receber de um ou de alguns dos
devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum (art. 275);
b) Se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores
continuam obrigados solidariamente pelo resto (art. 275);
c) Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo
credor contra um ou alguns dos devedores (art. 275, parágrafo único);
d) Se um dos devedores solidários morrer deixando herdeiros, nenhum
destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu
quinhão hereditário (salvo se a obrigação for indivisível); mas todos
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reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação
aos demais devedores (art. 276);
e) O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele
obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência
da quantia paga ou relevada (art. 277);
f) Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre
um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição
dos outros sem consentimento destes (art. 278);
g) Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores
solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente – mas
pelas perdas e danos só responde o culpado (art. 279);
h) Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a
ação tenha sido proposta somente contra um – mas o culpado
responde aos outros pela obrigação acrescida (art. 280);
i) O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe
forem pessoais e as comuns a todos, não lhe aproveitando as exceções
pessoais a outro codevedor (art. 281);
j) O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns
ou de todos os devedores (art. 282);
k) Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores,
subsistirá a dos demais (art. 282, parágrafo único);
l) O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de
cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por
todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as
partes de todos os codevedores (art. 283);
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m) No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão também os
exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação
incumbia ao insolvente (art. 284);
n) Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores,
responderá este por toda ela para com aquele que pagar (art. 285).
O tema é extenso, as regras são pontuais e a melhor forma de assimilar
o conteúdo é, sem dúvida, após o estudo do tema e a leitura da
legislação atinente a matéria, praticar a resolução de questões de
provas anteriores, seja da prova da Ordem ou de concursos públicos.
Vejamos alguns exemplos de como o assunto é abordado em provas:
(OAB – 2010) Acerca das obrigações de dar, fazer e não fazer, assinale
a opção correta.
a) No caso de entrega de coisa incerta, se houver, antes da escolha,
perda ou deterioração do bem, ainda que decorrente de caso fortuito ou
força maior, a obrigação ficará resolvida para ambas as partes.
b) Em caso de obrigação facultativa, o perecimento da coisa devida não
implica a liberação do devedor do vínculo obrigacional, podendo-se
dele exigir a realização da obrigação devida.
c) É divisível a obrigação de prestação de coisa indeterminada.
d) Tratando-se de obrigação de entrega de coisa certa, a
obrigação será extinta caso a coisa se perca sem culpa do
devedor, antes da tradição ou mediante condição suspensiva.
Parte inferior do formulário.
(OAB – 2009) No que se refere às modalidades de obrigações, assinale
a opção correta.
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a) O compromisso de compra e venda configura obrigação de dar
quando o promitente vendedor se obriga a emitir declaração de
vontade para a celebração do contrato definitivo, outorgando a
escritura pública ao compromissário comprador, depois de pagas todas
as prestações.
b) Caracteriza obrigação de meio o ato de o advogado assumir defender
os interesses dos clientes, empregando seus conhecimentos para
obtenção de determinado resultado; nesse tipo de obrigação, o
advogado não fará jus aos honorários advocatíciosquando não vencer a
causa.
c) Nas obrigações solidárias passivas, se a prestação se perder,
convertendo-se em perdas e danos, o credor perderá o direito de exigir
de um só devedor o pagamento da totalidade das perdas e danos.
D) A obrigação de dar coisa certa confere ao credor simples
direito pessoal, e não real, havendo, contudo, no âmbito do
direito, medidas destinadas a persuadir o devedor a cumprir
a obrigação.
Andressa Garcia - garcia.andressa@live.com
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Disponível em: https://endireitados.jusbrasil.com.br/noticias/240477119/aprendendo-em-5-
minutos-direito-das-obrigacoes

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