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CAPÍTULO III. DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE. 
	Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
        Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO
Bem jurídico 
saúde da pessoa humana. 
Trata-se de delito de perigo abstrato: basta a exposição a contágio de moléstia venérea para que o mesmo se perfaça.
“Presume-se de certo modo o perigo de contágio se o agente, contaminado por moléstia venérea, pratica ato libidinoso capaz de transmiti-la” luíz regis prado. 
Sujeitos do delito
Sujeito ativo: divergência
1ª corrente: Delito comum (regis prado e bitencourt). 
2ª corrente: Rogério Greco entende que “se trata de delito próprio, já que o legislador prevê a contaminação por alguém que seja portador de uma doença venérea, sendo esta uma qualidade especial do sujeito ativo”. 
sujeito passivo: qualquer pessoa
Consentimento é irrelevante para caracterização do delito.
Sem consentimento: caracterização de delito contra a dignidade sexual (art. 213 e ss., CP). 
Em tal caso, Se o contágio decorre de estupro, há concurso formal (art. 70, CP).
Tipicidade objetiva 
expor alguém a contágio de moléstia venérea, por meio de relações sexuais ou de qualquer outro ato libidinoso. 
Cópula ou equivalentes: Refere-se a lei à cópula (conjunção carnal normal) e a qualquer um de seus equivalentes fisiológicos (outras formas de relação sexual), heterossexuais ou homossexuais.
Uso de preservativo: Se o agente contaminado procura evitar a transmissão da moléstia, usando preservativos, por exemplo, estará, com certeza, afastando o dolo. 
Para regis prado “Com esse comportamento, se sobrevier eventual contaminação, em tese, não deverá responder sequer por lesão corporal culposa, pois tomou os cuidados objetivos requeridos nas circunstâncias”.
Consumação e tentativa:
Consuma-se com o contato sexual, independentemente do efetivo contágio (delito instantâneo). 
a transmissão da moléstia venérea é simples exaurimento.
Hipóteses de aplicação da consunção:
Se do contágio resulta lesão corporal de natureza grave dolosa é gravíssima art. 129, §§1º e 2º, CP; 
Se atuou culposamente: art. 129, § 6º, CP
Se a moléstia causa a morte da vítima: art. 129, § 3.º, CP (agente DEVE ATUAR com consciência e vontade de ofender a integridade pessoal da vítima (com a transmissão da moléstia) ou assumir o risco da produção do resultado lesivo;
Se agiu com animus necandi: art. 121, caput, CP 
contágio COMO resultado da inobservância do cuidado objetivamente devido: art. 121, § 3.º, CP
É admissível a tentativa
Classificação doutrinária:
Comum, de perigo abstrato, de ação única, unissubsistente, de forma vinculada, de mera atividade, instantâneo e doloso.
Forma qualificada – Parágrafo primeiro
    § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia.
agente atua com consciência e vontade de transmitir a moléstia. 
Sua intenção é contagiar a vítima, e não apenas criar situação de perigo.
São moléstias graves aquelas que afetam seriamente a saúde, perturbando o funcionamento regular do organismo”. 
Obs: Para Regis Prado trata-se de lesão corporal tentada, disciplinada, porém, como delito autônomo.
Indispensável que a moléstia grave – aguda ou crônica, curável ou incurável – seja transmissível por contágio;
Estão excluídas as doenças graves não transmissíveis por contágio (câncer) e as hereditárias.
a aferição do caráter contagioso da doença também depende de exame pericial.
Transmissão deliberada de HIV: DIVERGÊNCIA
1ª corrente: entendendo que Configura o delito do art. 131, CP já decidiu o STF: “Moléstia Grave. Transmissão. HIV. Crime doloso contra a vida versus o de transmitir doença grave. Descabe, ante previsão expressa quanto ao tipo penal, partir-se para o enquadramento de ato relativo à transmissão de doença grave como a configurar crime doloso contra a vida” (HC 98.712/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, 1ª T., julg. 05/10/2010)”.
Para Regis Prado “a respeito da AIDS – moléstia grave e contagiosa – configura-se o crime inscrito no artigo 131 do Código Penal sempre que o agente pratica com fim de transmiti-la.
2ª corrente: se trata de delito próprio (rogério greco)
a outrem, ato capaz de produzir o contágio.
Sendo o hiv moléstia cuja cura ainda não é possível, há Dolo de homicídio No caso de querer o agente transmitir deliberadamente o vírus HIV (greco e nucci). 
Nucci afirma que “quando o agente busca transmitir o vírus da AIDS, propositadamente, pela via da relação sexual ou outra admissível (ex.: atirando sangue contaminado sobre a vítima), deve responder por tentativa de homicídio ou homicídio consumado (conforme o resultado atingido)”.
Consumação e tentativa:
O momento consumativo ocorre com a prática da conduta capaz de transmitir a doença, independentemente do efetivo contágio. 
Não é necessário que ocorra a transmissão da moléstia, bastando a realização de ato com o fim de alcançá-la (delito de mera conduta). 
Sobrevindo o contágio, tem-se o exaurimento do crime.
É possível a configuração da tentativa, quando o agente não logra praticar a conduta dirigida à transmissão da doença por circunstâncias alheias à sua vontade.
Possibilidade de configuração de outros resultados e aplicação da consunção:
se transmite dolosamente a moléstia grave, dando lugar a qualquer dos resultados previstos no artigo 129, §§1º e 2º: lesão corporal grave ou gravíssima. 
Se age com consciência e vontade de ocasionar a morte da vítima (animus necandi): homicídio doloso (art. 121, caput, CP).
se contágio produz a morte da vítima: lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3.º, CP)
Se o contágio da pessoa visada implica também a criação de perigo comum (ex: propagação de epidemia): delitos dos artigos 131 e 267, §2º (epidemia culposa), ou 268 (infração de medida sanitária preventiva), em concurso formal (art. 70, CP).
Classificação doutrinária:
comum, de perigo concreto, de forma livre, de resultado cortado (exaurimento não depende da ação do agente), de ação única, instantâneo e doloso.
Tipicidade objetiva
A conduta típica consiste em expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente.
É suficiente, para a caracterização da conduta incriminada, que o agente crie – através de qualquer meio executivo (delito de forma livre) – uma situação de fato em que a vida ou a saúde alheia sejam expostas a perigo direto e iminente.
Perigo direto é o dirigido a pessoas determinadas, perfeitamente individualizadas; 
Perigo iminente é aquele que está prestes a acontecer, apresentando-se como realidade concreta, presente ou imediata. É insuficiente, portanto, o perigo futuro, remoto ou puramente presumido.
Trata-se de delito de perigo concreto, exigindo-se a demonstração do risco efetivo para sua caracterização.
concurso formal de delitos (art. 70, CP): Se por meio de uma única conduta o agente cria situação de perigo extensiva a várias pessoas determinadas;
Tipo subjetivo
Dolo. consciência e vontade de expor a vida ou saúde alheia a perigo direto e iminente. 
Dolo eventual: Perfaz-se mesmo que o agente não queira o resultado de perigo, mas considere como possível a realização do tipo legal e se conforme com ela.
Se atua com dolo de lesar ou matar: se o agente atua com consciência e vontade de ofender a integridade física ou a saúde da vítima ou provocar a sua morte, responde pelos crimes de lesão corporal ou homicídio doloso.
Inexiste a forma culposa, mas esta pode sobrevir se do perigo criado resulta lesão corporal ou morte.
A suspensão condicional do processo é também cabível (art. 89, Lei 9.099/1995), Ressalvada a hipótese de violência doméstica e familiar contra mulher (art. 41, Lei 11.340/2006. Vide art. 129, § 9.º, CP, supra).
A ação penal é pública incondicionada.
ABANDONO DE INCAPAZ – Art. 133, cp
	Art. 133 - Abandonarpessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
        Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Bem jurídico 
vida e a saúde da pessoa humana, em especial daqueles que não podem se defender do perigo oriundo da violação do dever de guarda, assistência e proteção (incapazes).
Sujeitos do delito
Sujeito ativo: aquele que possua uma especial relação de assistência para com a vítima, que se encontra sob seu cuidado, guarda, vigilância ou imediata autoridade (delito especial próprio).
Inexistindo qualquer vínculo entre sujeito ativo e passivo, pode o abandono configurar o delito de omissão de socorro (art. 135, CP).
Obs: O dever de proteção – consistente no cuidado, guarda, vigilância ou autoridade que incumbe ao agente em relação ao incapaz – pode resultar de lei, de contrato ou da própria situação fática, devendo ser necessariamente anterior à conduta delitiva.
Sujeito passivo é aquele que está sob a guarda ou assistência do agente. 
Obs: Não se trata somente de criança: todos os incapazes de se resguardarem dos riscos resultantes da situação de abandono criada pelo agente (ébrio, paralítico, cego, enfermo etc.). 
pessoas civilmente capazes: circunstancialmente impossibilitadas de oferecer resistência ao perigo advindo do abandono. 
Incapacidade relativa ou absoluta, durável ou transitória.
Obs: Não há abandono se é o próprio incapaz que se subtrai dos cuidados e da assistência que lhe é dispensada, ainda que o responsável por ele não o persiga.
Tipo subjetivo:
composto pelo dolo direito ou eventual:
Consumação e tentativa:
Consuma-se com o efetivo abandono, desde que deste resulte perigo concreto à vida ou à saúde da vítima. 
Indispensável, portanto, o advento do perigo, ainda que momentâneo. 
É cabível a tentativa
ex. comissivo: mãe é surpreendida quando se encaminha para um lugar remoto, onde abandonaria seu filho
Ex. omissivo impróprio: enfermeira abandona o plantão, omitindo os cuidados necessários para a recuperação do paciente, mas outrem ministra a medicação; a mãe distancia-se de casa, abandonando o filho, mas terceiro o salva.
Classificação doutrinária:
especial próprio, de perigo concreto, de resultado, comissivo ou omissivo impróprio, instantâneo e doloso.
Formas qualificadas – Parágrafos Primeiro e segundo
   § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
        Pena - reclusão, de um a cinco anos.
        § 2º - Se resulta a morte:
        Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave ou morte, são elevadas as margens penais (art. 133, §§ 1.º e 2.º, CP)
Preterdoloso: Configura-se delito qualificado pelo resultado, que deve ser imputado ao agente a título de culpa (art. 19, CP).
Mas se houver Dolo de ferir ou matar servindo-se do abandono como meio para alcançar tais resultados: lesão corporal (art. 129, §§ 1º ou 2º, CP) ou homicídio (art. 121, CP).
	Os atos libidinosos – dos quais a cópula é uma das espécies – são aqueles que se destinam à satisfação da concupiscência sexual.
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Indispensável contato corporal: delito de forma vinculada. 
Se o contágio se efetua indiretamente, ou por meio extrassexual: até 131 (perigo de contágio de moléstia grave).
Beijo lascivo: pode ser meio idôneo para o contágio;(chupão).
Infecção subsequente à terceiro provocado pelo sujeito passivo.
Moléstia venérea é elemento extrajurídico: São indicadas como doenças venéreas, ex. a sífilis, a blenorragia e o cancro mole;
Luíz regis prado Recomenda interpretação extensiva da expressão “moléstia venérea” com o propósito de abarcar outras doenças sexualmente transmissíveis (candidíase, herpes simples, escabiose pélvica).
HIV: A AIDS não é considerada moléstia venérea, ainda que passível de contágio através de relações sexuais ou de outros atos libidinosos.
Tipo subjetivo:
dolo, direto ou eventual. 
primeira parte: há dolo direto. O agente sabe, efetivamente, que está contaminado pela moléstia venérea e, através de relações sexuais ou de outro ato libidinoso, cria conscientemente o perigo de contágio. 
segunda parte: agente não sabe, mas devia saber que se encontrava contaminado. Embora não queira diretamente expor a vítima a perigo de contágio, prefere arriscar-se a produzir o resultado a renunciar à ação. Age, portanto, com dolo eventual.
Obs: A locução verbal “deve saber” indica tratar-se de dolo, e não de culpa.
 forma culposa deve ser expressamente prevista.
Pena e ação penal
Art. 130, caput: detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
Parágrafo primeiro: reclusão, de um a quatro anos, e multa.
O processo e o julgamento do crime previsto no artigo 130, caput, são de competência dos Juizados Especiais Criminais (art. 61, Lei 9.099/1995).
Admite-se a suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/1995), ressalvada a hipótese de violência doméstica e familiar contra a mulher (art. 41, Lei 11.340/2006).
A ação penal é pública condicionada à representação (art. 130, § 2º, CP). 
PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE – Art. 131, cp 
	Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
   Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Bem jurídico
Tutelam-se a vida e a saúde da pessoa humana. 
Sujeitos do delito
Sujeito ativo: divergência
1ª corrente: Delito comum (regis prado e bitencourt). 2ª corrente: se trata de delito próprio (rogério greco).
Sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, sem restrição. 
Hipóteses de crime impossível: sujeito ativo não contaminado e sujeito passivo já portador da moléstia;
**Tipicidade objetiva **
praticar ato capaz de transmitir moléstia grave de que o sujeito ativo está contaminado.
“Moléstia grave” constitui elemento normativo extrajurídico: delimitação é feita pelas ciências médicas, e averiguada por perícia. 
Conduta sexual (art. 130, §1º) e não sexual (art. 131): configura-se o delito do art. 131 se o agente pratica conduta não sexual com o fim de transmitir a moléstia venérea a outrem.
OBS: se o meio que ocasiona o perigo de contágio é de cunho sexual caracteriza-se o delito previsto no artigo 130, § 1º.
Forma livre: Admite qualquer meio de execução, desde que idôneo à produção do contágio. 
diretos: presente o contato corpóreo entre agente e vítima (aperto de mão, abraço, beijo não lascivo, aleitamento etc.) 
Indiretos: mediante o contato da vítima com objetos contaminados pela moléstia de que o sujeito ativo é portador (copos, talheres, roupas, seringas, alimentos etc.).
Obs: Exige-se o exame pericial para a comprovação da contaminação efetiva do agente pela moléstia e do caráter idôneo do meio utilizado.
**Tipo subjetivo**
dolo direto. 
vontade deve estar dirigida à realização da conduta apta a produzir o contágio.
Existência de Fim especial de agir: O sujeito ativo atua “com o fim de transmitir a outrem moléstia grave”.
A forma culposa não foi prevista explicitamente pela lei. 
Obs: A culpa pode ser verificada em delitos subsequentes: Se do contágio resulta moléstia grave, pode responder o agente por lesão corporal culposa (art. 129, § 6.º, CP); se provoca a morte da vítima, por homicídio culposo (art. 121, § 3.º, CP).
Pena e ação penal
As penas previstas são reclusão, de um a quatro anos, e multa (art. 131, CP). 
É cabível a suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/1995), exceto se a conduta resultar de violência doméstica.
A ação penal é pública incondicionada.
PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM – Art. 132, cp 
	Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
        Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Bem jurídico protegido
vida e a saúde, expostas a perigo direto e iminente. 
Sujeitos do delitodelito comum
Obs: É preciso que seja pessoa certa ou determinada. não significa restrição quanto ao número de vítimas, mas exigência de que estas se encontrem cabalmente individualizadas. 
Obs 2: Se a conduta do agente expõe a perigo direto e iminente contingente indeterminado de pessoas, configura-se delito de perigo comum (arts. 250 a 259, CP). Porém, se o perigo comum criado não está previsto como delito por nenhum dispositivo especial, é possível a aplicação supletiva do artigo 132.
O consentimento do sujeito passivo quanto à situação de perigo é irrelevante;;
Obs:se o sujeito passivo tem o dever legal de enfrentar o perigo (policial, bombeiro etc.) ou se este é inerente ao exercício da profissão (piloto de provas, operário de indústria química ou de armamentos, de fábrica de fogos de artifício, médico etc.), inexiste o crime previsto no artigo 132 do Código Penal.
Não há na hipótese concurso formal: dispositivo tem caráter subsidiário.
trata-se de delito expressamente subsidiário: “a proteção conferida ao bem jurídico pelo artigo 132 do Código Penal é auxiliar ou residual, ou seja, limita-se às hipóteses que não sejam objeto de proteção de outro dispositivo (principal)”.
Consumação e tentativa:
se consuma com a efetiva exposição da vida ou saúde da vítima a perigo direto e iminente: instalação da situação de risco. 
A tentativa é perfeitamente admissível.
Classificação doutrinária:
comum, de forma livre, de perigo concreto, subsidiário, de ação única, instantâneo e doloso.
Causa de aumento de pena – Parágrafo Único
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais.
Lei penal em branco: em desacordo com normas legais
Incluída pela Lei nº 9.777/98: dirigida a coibir comportamentos muito comuns, principalmente nas zonas rurais, de transporte clandestino e perigoso de trabalhadores (“boias-frias”).
estabelecimento de qualquer natureza: comercial, industrial, agrícola ou similar; público ou privado;
locais que não constituam “estabelecimento”, – propriedades rurais, lavouras etc. –, não se incluem no âmbito causa de aumento de pena.
Pena e ação penal
Caput: detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave (homicídio tentado, perigo de contágio de moléstia grave etc.). 
Parágrafo único: pena é aumentada de um sexto a um terço.
O processo e o julgamento incumbe aos Juizados Especiais Criminais (art. 61, Lei 9.099/1995).
Tipicidade objetiva
abandonar o incapaz, expondo a perigo concreto sua vida ou saúde.
Abandonar: Desamparar, deixar sem assistência a vítima, inapta a defender-se dos riscos resultantes da conduta do agente. 
Afastamento físico: Exige-se, em geral, o afastamento físico do incapaz, com quem o agente está ligado por vínculo especial de assistência. Situação de desamparo.
duração do abandono é indiferente: basta lapso hábil a permitir o delineamento de uma situação de perigo para o bem jurídico protegido.
Relação de cuidado: entre agente e vítima deve subsistir uma relação de cuidado, guarda, vigilância ou autoridade.
Cuidado: assistência conferida a quem, acidentalmente, encontra-se incapacitado de defender-se (enfermeiro em relação ao paciente);
Guarda: assistência permanente – e não apenas ocasional – prestada ao incapaz de zelar por si próprio e cuidar de sua defesa e incolumidade (pais, tutores e curadores em relação a filhos, tutelados e curatelados); 
Vigilância: assistência acautelatória, com vistas a resguardar a integridade pessoal alheia; 
Autoridade: poder, derivado de direito público ou privado, exercido por alguém sobre outrem.
Perigo concreto: indispensável para a caracterização do delito a existência – ainda que momentânea – de perigo concreto. Deve este ser efetivamente demonstrado.
Comissivo ou omissivo: embora a conduta proibida se refira a uma ação (abandonar), a vincula à infração de um dever de assistência;
Ex: É comissivo o delito quando o agente conduz a vítima a local perigoso, abandonando-a.
Causas de aumento de pena: aumento de 1/3
I) se o abandono ocorre em lugar ermo;
local habitualmente isolado, solitário e pouco frequentado. 
Privação de socorro; 
Obs: se o local está acidentalmente ermo (praça pública, rua no centro da cidade a certas horas da madrugada etc.) Afasta-se a agravante.
Obs: não incide a causa de aumento de pena se o lugar normalmente não frequentado encontra-se habitado por ocasião do abandono.
o local deve ser só relativamente solitário: se absolutamente isolado, é possível a configuração de homicídio, tentado ou consumado.
II) se o agente é ascendente, descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima;
agente infringe os deveres inerentes ao parentesco, ao matrimônio, à tutela ou à curatela.
A enumeração feita é taxativa, não admitindo ampliação.
Caso o abandono tenha sido feito em lugar ermo, por qualquer das pessoas elencadas no artigo 133, § 3º, II, pode o juiz limitar-se a um só aumento (art. 68, parágrafo único, CP).
III) se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.
Acrescido pela Lei 10.741/2003 – Estatuto do Idoso – que ampliou o antigo rol das agravantes, adicionando a expressão “pessoa maior de 60 (sessenta) anos”.
Pena e ação penal
caput: Detenção de seis meses a três anos
Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: Pena de reclusão, de um a cinco anos.
Se resulta morte: Reclusão, de quatro a doze anos (§ 2.º).
tipo penal básico (art. 133, caput, CP) e qualificadora permitem a suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/1995), ressalvada a hipótese de violência doméstica e familiar contra mulher (art. 41 lei 11.340/2006. Vide art. 129, § 9.º, CP, supra).
A ação penal é pública incondicionada.

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