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Universidade Estácio de Sá PSICOLOGIA EM DESENVOLVIMENTO DE APRENDIZAGEM CASO OTÁVIO AUGUSTO: ADOÇÃO TARDIA E APRENDIZAGEM Nome(s) do(s) autor(es): Jaqueline dos Santos Domício Barcellos Matrícula:201908655321 E-mail(s): jacdomicio@gmail.com Resumo Este documento tem como objetivo fazer um estudo relatando os aspectos psicossocial, biossocial e cognitivo do aluno Otávio Augusto de Brito Soares, de 12 anos, aluno do sexto ano do ensino fundamental. . Introdução Teórica O trabalho em questão visa relatar, a visão, psicossocioal, biossocial, e cognitiva do aluno Otávio Augusto de Brito Soares, nascido em Patos de Minas-Minas Gerais, residente hoje em Belford Roxo- Rio de Janeiro. Metodologia Relatório tomando por base, uma dissertação argumentativa, bem como trabalho de campo e pesquisa bibliográfica. 1- Introdução Desde a Antiguidade, praticamente todos os povos acolhiam crianças como seus filhos naturais, assim nascia a adoção. Na Roma Antiga a adoção foi “regularizada”, vedando- a aos que já possuíam filhos naturais e exigindo a idade mínima de 60 anos. Na idade Média, a adoção acabou caindo em desuso por imposição da igreja. Napoleão a ressuscitou em 1804 autorizando-a para maiores de 50 anos sem filhos. No Brasil inicialmente incorporamos as leis portuguesas, relativas a esse ponto, até 1916 com a criação do Código Civil, com a exigência de que os adotantes fossem casados e sem filhos. Todo o processo era feito de forma simples através de escrituras públicas, mas mesmo assim as adoções ocorriam “à brasileira” de forma livre, leve e solta. Hoje, o volume das adoções ilegais diminuiu bastante, bem como os perfis dos adotantes, muitos podem gerar filhos, mas não o desejam, preferem grupos de irmãos, aceitam crianças negras e maiores de 7 anos de idade, o que chamamos de adoções tardias. O nosso objeto de estudo é fruto de uma adoção tardia, de pais que podem gerar, mas optaram pela adoção como forma de aumentar a família. Ele possui um histórico de violência e evasão escolar muito forte que impactou significativamente em seu aprendizado. E essa mudança de hábitos ocorrida há um ano, trouxe bastante aprendizado e material para estudo. Inicialmente falaremos na reversão Biossocial e para maior entendimento, há a junção do Psicossocial e do Cognitivo, além da conclusão e toda a referência bibliográfica. 1-Biossocial Residiu na primeira infância com sua genitora, uma irmã adolescente e um irmão poucos anos mais velho em uma área rural. A adolescente ,possuía dois filhos, o mais velho com a mesma idade do Otávio Augusto. Ele possuía pouco contato com o seu genitor que o registrou após um exame de DNA (feito após cinco anos do seu nascimento). Na segunda infância iniciaram-se os processos de acolhimento, com algumas idas e vindas em uma Casa de Acolhida. Foi adotado na adolescência e permanece com os novos pais desde então, estes não possuem outros filhos até o momento. 2-Psicossocial e Cognitivo Segue o estudo psicossocial e cognitivo: 2.1- Aspectos Emocionais e de Afeto: É um menino muito carinhoso, respeita os professores e coordenadores, entretanto têm dificuldade em obedecer ordens. 2.2- Formação de Hábitos e Atitudes: O aluno têm bons hábitos de higiene, está sempre limpo e bem arrumado, com o uniforme escolar impecável. Possui uma grande dificuldade de atenção e concentração, pois, possui alto grau de dispersão, acaba não participando das aulas, pois, “se perde” nas brincadeiras e conversas paralelas com os colegas em sala. 2.3- Aspectos Relacionados ao Social: O aluno possui bom relacionamento com os professores, entretanto devido a regressão pós- adoção e imaturidade, não posssui bom relacionamento com os pares, culminando em advertências devido a brigas e brincadeiras de mal gosto. 2.4- Aspectos Psicomotores: Ao entrar no Colégio, no ano anterior, possuía grande dificuldade em manusear o lápis, lentidão ao copiar, caligrafia de difícil entendimento. Hoje, possui caligrafia compatível a sua idade, e iniciou a escrita à caneta. 2.5- Aspectos Relacionados a Aprendizagem: Iniciou com leitura muito abaixo do padrão para a série (quinto ano) e dificuldade de interpretação. Após um trabalho intensivo de “re-alfabetização” hoje, ele consegue escrever, ler, e interpretar corretamente, entretanto a dispersão o impede de alçar vôos mais altos. 2.6- Aspectos Relacionados ao Acompanhamento Familiar: Esqueceu muitas vezes de fazer os trabalhos enviados para casa, e trazer os materiais escolares pertinentes à aula, pouco ou nenhum cuidado com o material. Os pais são presentes constantes na escola e o auxiliam em todas as tarefas. Entende-se que o comportamento exposto acima, ocorre devido a imaturidade e a questão do pertencimento e cuidado com as coisas, uma vez que o mesmo não possuiu tal aprendizado na primeira e segunda infância. Espera-se que com o trabalho escolar e todo o suporte dos pais, o aluno melhore consideravelmente nos próximos anos. 3- Conclusão: Quando falamos em adoção, as experiências de privação e negligência familiares são definidas como fatores de risco ao desenvolvimento. No caso do Otávio Augusto não foi diferente, uma vez que a família genitora não considerava a educação como algo secundário, e o mesmo possuía um alto grau de evasão escolar além de passar por diversas escolas na primeira e segunda infância. Rutter (1989) afirma que: “Discórdia e descontinuidade nas relações têm efeito maior sobre o funcionamento socioemocional e comportamental, enquanto oportunidades para a aprendizagem ativa parecem ter maior impacto sobre o desenvolvimento cognitivo, mesmo que a superposição desses acontecimentos e seus efeitos não possam ser completamente negados”. Tal fato impacta muito a relação do aluno hoje, mesmo após a adoção, pois, ele não está acostumado com a permanência por mais de um ano na mesma escola, e bem como a carga de estudos e a maturidade escolar dos demais alunos que estão juntos há mais de 5 anos. Reprová-lo hoje poderá gerar um impacto muito grande em sua auto estima, provocando danos maiores, uma vez que o mesmo conseguiu a pontuação suficiente para passar de série, mesmo com todas as questões expostas abaixo. Será preciso, manter o trabalho de amadurecimento, em conjunto com os seus pais e o terapeuta para que em breve ele possua maturidade similar a de seus colegas de sala. Bibliografia, BALONE, G. Crianças adotadas e de orfanato. Disponível em: www.psiqweb.med.br/infantil/adoc.html. Acesso em: 23 jan. 2003 BERTHOUD, C. M. E. Filhos do coração. Taubaté: Cabral, 1997. CUNHA, J. A.; NUNES, M. L. T. Teste das fábulas: forma verbal e pictórica. Porto Alegre: Centro Editor de Testes e Pesquisas em Psicologia, 1993. DOLTO, F. Dialogando sobre crianças e adolescentes. Campinas: Papirus, 1989. FERNANDEZ, A. A Inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da criança WEBER, L. N. D. Pais e filhos por adoção no Brasil. Curitiba: Juruá, 2003. WOILER, E. A Condição afetivo-emocional da criança adotada: concessões na aprendizagem, em especial na aprendizagem escolar. São Paulo, 1987. Dissert. (mestr.) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. ZAVASCHI, M. L. S.; ARAÚJO, M. S. Ansiedades pré-edípicas num menino adotado. Revista Brasileira de Psicanálise, v.22, n.4, p.611-620, 1988. Rio de Janeiro 2020