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Caracterização de Dispositivos Elétricos Vitor Souza Premoli Pinto De Oliveira Física exp. II – Licenciatura em Física – CCA Universidade Federal do Espírito Santo – UFES 2019/02 - Alegre-ES Resumo. O presente relatório tem como objetivo a caracterização de dispositivos elétricos através da identificação da relação de curvas características corrente-tensão (I x V). O estudo terá como ênfase a classificação quanta a condutividade dos aparatos bem como sua ligação a lei de ohm, devido ao caráter linear ou não dos gráficos. Palavras chave: Curva característica corrente-tensão, dispositivos eletrônicos, condutividade _______________________________________________________________________________________ Introdução Curva característica corrente-tensão (I x V) é um gráfico que representa a relação entre corrente elétrica(I) que segue pelo componente pela tensão(V) aplicada no mesmo. Em geral, o gráfico age na função de modelar e entender o comportamento de um componente ou dispositivo na presença de um circuito elétrico. A curva característica da corrente elétrica (I) que circula através de um dispositivo pela tensão (V) estabelecida entre os terminais, pode ser obtida experimentalmente com o uso de um circuito. Para que ocorra o valor da tensão deve ser medido diretamente nos terminais desse aparato, utilizando um voltímetro. A corrente elétrica que passa pela componente é medida com um amperímetro em série no circuito. Assim, aplicando valores diversos de tensão (na utilização de uma fonte ajustável), é possível agrupar pares de pontos (I, V) e assim fornecer uma curva característica do elemento analisado. No presente relatório usaremos como objetos de análise: Resistor: resistores são componentes que tem por finalidade ora converter energia potencial elétrica em energia térmica por colisões entre os elétrons de condução e os átomos do resistor como também oferecer uma oposição a passagem de corrente elétrica. A essa oposição, damos o nome de resistência elétrica. O mesmo causa uma queda de tensão em alguma parte do circuito elétrico, porém jamais causam quedas de corrente elétrica, apesar de limitar a corrente. Dessa forma, a corrente elétrica que sai de um terminal de um resistor é a mesma que sai pelo outro terminal, porém com uma queda de tensão; Diodo: É “um pequeno dispositivo eletrônico que atua como se fosse uma válvula unidirecional, que permite o fluxo eletrônico em apenas um sentido” [1]; Lâmpada: dispositivos responsáveis por transformar energia potencial elétrica em luz visível. No presente experimento usaremos a lâmpadas de filamento, que na passagem de corrente elétrica, um fio metálico condutor, torna-se incandescente, que no processo acaba emitindo radiação eletromagnética; LED: do inglês Light-Emitting Diode (diodo emissor de luz), é um diodo construído de forma a emitir luz visível ou infravermelha sob tensão direta. Curvas Ôhmicas e não ôhmicas Todos os dispositivos que seguem a lei de ohm apresentam curvas I x V lineares. A analise de um dispositivo ôhmico nos fornecerá um resultado semelhante à de uma reta cuja inclinação é determinada pela resistência elétrica(Ω) de um dispositivo. Porém, “todos os dispositivos que não seguem a lei de ohm são chamados de não ôhmicos e as curvas I-V resultantes da análise desse tipo de dispositivos podem assumir uma grande variedade de formas” [4] Adiante no relatório, esse coeficiente linear será apresentado na forma Onde V é tensão, I a corrente elétrica e R a resistência elétrica, O na formula [1] se deve pelo uso da Lei de Ohm, que nesse caso é dado por Condutores, semicondutores, supercondutores e isolantes “Alguns materiais possibilitam a migração da carga elétrica de uma região para outra, enquanto outros impedem o movimento das cargas elétricas” [2], e com isso podem ser classificados de acordo com a facilidade que ocorre essa migração de cargas. Temos eles os condutores onde as cargas elétricas se movem com facilidade e os isolantes onde as cargas não se movem. Com relação aos condutores, temos subgrupos formados. Os semicondutores, o qual são “materiais que podem se comportar algumas vezes como isolantes e algumas vezes como condutores” [3] e os supercondutores que são condutores perfeitos, materiais nos quais as cargas se movem sem encontrar nenhuma resistência elétrica (Ω). Procedimento Experimental A prática se deu na utilização dos seguintes materiais: Multímetro (Amperímetro, voltímetro); Fonte de alimentação ajustável; 3 Resistores(120 Ω,68 Ω e 56) ; Lâmpada 6 Volts; Diodo; LED. O primeiro processo consistiu na preparação da placa de montagem. Assim como é mostrado na figura 1, foi montado o circuito na placa de modo que foi deixado pontos de conexão reservados para o dispositivo a ser testado. Figura 1 [1] Fonte de alimentação ajustável, [2] Resistor, [3] amperímetro, [4] voltímetro e [5] posição reservada para o dispositivo a ser testado. Foram conectados tanto amperímetro quanto o voltímetro no circuito de modo que o primeiro ficasse em série com a placa, e o segundo em paralelo com o sistema. Ligado a fonte de tensão variável e ajustado no valor mínimo de tensão, foi dado início o experimento. Inicialmente, ajustando as escalas do amperímetro para 20 mA e Voltímetro para 2000 mV, foi inserido dois resistores (68 Ω e 56 Ω respectivamente, os mesmos foram escolhidos de tal forma pudessem substituir um resistor de 120 Ω) na posição reservada para o dispositivo a ser testado. Logo em seguida, com o auxílio da fonte, variou-se entre 0 e 5 Volts, de 500 em 500 mV, e conseguinte, anotado os valores obtidos pelo intermédio de uma tabela. Desligado a fonte, inverteu-se a polaridade da mesma e novamente foi repetido o mesmo procedimento, só que, porém, para valores entre 0 e -5 Volts. O procedimento descrito foi repetido tanto para o LED, diodo e lâmpada. É importante ressaltar que ao longo do experimento foi necessário fazer a troca das escalas dos medidores, sendo no fim, obrigatório para a lâmpada, já que o amperímetro na utilização deveria estar na escala de 10 A. Resultados e Discussão Oriunda da prática, foi possível produzir tabela a medida que os equipamentos eram medidos pelos auxilio do multímetro (voltímetro e amperímetro). Tabela 1: Dados de corrente e tensão de um diodo Corrente (I) e tensão (V) elétrica do circuito com diodo. Fonte Ajustável Corrente (A ± ΔA) Tensão (V ± ΔV) 0 V 0 0 0,5 V (7 ± 2) .10-5 (4,5±0,02).10-4 1,0 V (33 ± 1) .10-4 (6,3±0,02).10-4 1,5 V (73 ± 1) .10-4 (6,6±0,02).10-4 2,0 V (118 ± 1) .10-4 (6,9±0,02).10-4 2,5 V (159 ± 2) .10-4 (7,0±0,02).10-4 3,0 V (217 ± 5) .10-4 (7,1±0,02).10-4 3,5 V (266 ± 5) .10-4 (7,2±0,02).10-4 4,0 V (31 ± 1) .10-3 (7,3±0,02).10-4 4,5 V (36 ± 1) .10-3 (7,4±0,02).10-4 5,0 V (40 ± 1) .10-3 (7,4±0,02).10-4 < Inversão de polaridade > -5,0 V -(5,6±0,3).10-6 -(5,0±0,02).10-³ -4,5 V -(5,1±0,3).10-6 -(4,47±0,02).10-³ -4,0 V -(4,6±0,2).10-6 -(4,01±0,02).10-³ -3,5 V -(4,0±0,2).10-6 -(3,50±0,02).10-³ -3,0 V -(3,4±0,2).10-6 -(3,04±0,02).10-³ -2,5 V -(2,8±0,2).10-6 -(2,49±0,02).10-⁴ -2,0 V -(2,2±0,2).10-6 -(1,96±0,02).10-⁴ -1,5 V -(1,7±0,3).10-6 -(1,50±0,02).10-⁴ -1,0 V -(1,1±0,2).10-6 -(0,98±0,02).10-⁴ -0,5 V -(0,6±0,2).10-6 -(0,54±0,02).10-⁴ 0 V 0 0 Na utilização do diodo, podemos visualizar que a partir do momento que a polaridade do circuito é invertida, apenas uma ínfima parte da corrente elétrica é revelada. Demonstrando que ora o dispositivo comporta-se como condutor (ou seja, em apenas em um sentido flui corrente) ora ele comporta-se como isolante. Isso nos ajuda a validar a característica de um diodo tanto como provar que o mesmo é um semicondutor, visto que apresenta o mesmo padrão de um. Figura 2 curva característica de um dispositivo não ôhmico - DiodoPela curva característica desse diodo, podemos identificar facilmente seu comportamento, através do ajuste exponencial, tendo sua curva tendendo a zero à medida que sua polaridade é revertida. Podemos ver pela tabela 2 que o LED possui o mesmo comportamento que o diodo, visto que o próprio possui uma corrente elétrica ínfima a medida que sua polaridade é trocada, ou seja, o mesmo não suporta tensão reversa. Tabela 2: Dados de corrente e tensão de um LED Corrente (I) e tensão (V) elétrica do circuito com LED. Fonte Ajustável Corrente (A ± ΔA) Tensão (V ± ΔV) 0 V 0 0 0,5 V (5 ± 25) .10-8 (5,2±0,02).10-4 1,0 V (1 ± 3) .10-7 (10,2±0,03).10-4 1,5 V (2 ± 4) .10-7 (14,6±0,03).10-4 2,0 V (2 ± 4) .10-7 (20,2±0,03).10-4 2,5 V (2 ± 2) .10-6 (24,5±0,03).10-4 3,0 V (2 ± 2) .10-3 (27,2±0,03).10-4 3,5 V (5 ± 5) .10-3 (28,4±0,03).10-4 4,0 V (9 ± 9) .10-3 (29,4±0,03).10-4 4,5 V (1 ± 1) .10-2 (30,3±0,04).10-4 5,0 V (2 ± 2) .10-2 (31,0±0,04).10-4 < Inversão de polaridade > -5,0 V -(1±1).10-6 -(50,2±0,1).10-4 -4,5 V -(1±1).10-6 -(44,8±0,04).10-4 -4,0 V -(5±7).10-7 -(40,4±0,04).10-4 -3,5 V -(4±6).10- -(34,5±0,04).10-4 -3,0 V -(3±5).10-7 -(30,3±0,04).10-4 -2,5 V -(3±5).10-7 -(25,2±0,03).10-4 -2,0 V -(2±4).10-7 (20,1±0,03).10-4 -1,5 V -(2±4).10-7 -(15,0±0,03).10-4 -1,0 V -(1±3).10-7 -(0,95±0,02).10-4 -0,5 V -(1±3).10-7 -(0,51±0,02).10-4 0 V 0 0 De fato, isso ocorre visto que o LED é nada mais que um diodo, que diferente desse último, o próprio possui como função extra emitir luz visível ou infravermelha sob tensão direta; fato esse dos valores de tensão e corrente serem menores se compararmos ao diodo, visto que grande parte é convertida em energia luminosa. Figura 3 curva característica de um dispositivo não ôhmico - LED Comparando a figura 3 com a figura 2, é possível validar a afirmação acima. Assim como acontece com o diodo, sua curva tende a zero à medida que sua polaridade é invertida e crescente exponencialmente a partir do momento que a tensão segue no sentido positivo da corrente. Características semelhantes a de um semicondutor e consequentemente de um diodo. Com os registros do resistor, foi possível comprovar sua linearidade e assim poder classifica-lo como um dispositivo ôhmico. Tabela 3: Dados de corrente e tensão para o par de resistores (68 Ω e 56 Ω). Corrente (I) e tensão (V) elétrica do circuito com resistores. Fonte Ajustável Corrente (A ± ΔA) Tensão (V ± ΔV) 0 V 0 0 0,5 V (2,65±0,23).10-³ (18,0±0,02).10-⁴ 1,0 V (4,86±0,23).10-³ (33,0±0,02).10-⁴ 1,5 V (7,4±0,3).10-³ (50,0±0,02).10-⁴ 2,0 V (1,04±0,21).10-² (70,0±0,02).10-⁴ 2,5 V (1,29±0,21).10-² (86,0±0,02).10-⁴ 3,0 V (1,51±0,22).10-² (10,1±0,02).10-³ 3,5 V (1,77±0,22).10-² (11,8±0,02).10-³ 4,0 V (2,12±0,23).10-² (14,2±0,02).10-³ 4,5 V (2,39±0,23).10-² (16,0±0,02).10-³ 5,0 V (2,69±0,23).10-² (18,0±0,02).10-³ < Inversão de polaridade > -5,0 V -(2,69±0,23).10-² -(18,0±0,02).10-³ -4,5 V -(2,43±0,23).10-² -(16,3±0,02).10-³ -4,0 V -(2,17±0,23).10-² -(14,5±0,02).10-³ -3,5 V -(1,86±0,22).10-² -(12,4±0,02).10-³ -3,0 V -(1,63±0,22).10-² -(1,09±0,02).10-³ -2,5 V -(1,35±0,21).10-² -(90±0,03).10-⁴ -2,0 V -(1,06±0,21).10-² -(72,0±0,02).10-⁴ -1,5 V -(7,8±0,3).10-³ -(52,0±0,02).10-⁴ -1,0 V -(5,90±0,23).10-³ -(37,0±0,02).10-⁴ -0,5 V -(2,80±0,23).10-³ -(19,0±0,02).10-⁴ 0 V 0 0 Sua linearidade é demonstrada com maior clareza através de sua curva característica, assim como é indicada na figura 4. Figura 4 curva característica de um dispositivo ôhmico - Resistores Por se tratar de um dispositivo ôhmico, devido a sua linearidade apresentada no gráfico, logo pela razão entre a tensão aplicada e a intensidade de corrente que o atravessa de certa forma deve ser constante em todo ponto da reta, ou seja, a resistência R do elemento resistivo deve ser constante, a medida que a curva característica é linear. Pelo uso do software Scidaves, podemos ver que de antemão ocorre, levando em consideração que o coeficiente linear da reta é dado aproximadamente como 1,47, obtida através do ajuste linear obtida pelo programa, e levando em consideração a expressão [1], é visto que o valor da resistência é dado como aproximadamente 68 Ω. Nos registros da lâmpada, também foi possível realizar a produção de uma tabela. Tabela 4: Dados de corrente e tensão para uma lâmpada de filamento (incandescente). Corrente (I) e tensão (V) elétrica do circuito com lâmpada. Fonte Ajustável Corrente (A ± ΔA) Tensão (V ± ΔV) 0 V 0 0 0,5 V 0,06±0,02 0,38±0,02 1,0 V 0,09±0,02 0,80±0,02 1,5 V 0,11±0,02 1,26±0,02 2,0 V 0,13±0,02 1,72±0,02 2,5 V 0,15±0,02 2,23±0,03 3,0 V 0,17±0,02 2,69±0,03 3,5 V 0,18±0,02 3,16±0,04 4,0 V 0,20±0,02 3,68±0,04 4,5 V 0,21±0,02 4,09±0,04 5,0 V 0,22±0,02 4,57±0,04 < Inversão de polaridade > -5,0 V -0,22±0,02 -4,58±0,04 -4,5 V -0,21±0,02 -4,08±0,04 -4,0 V -0,20±0,02 -3,65±0,04 -3,5 V -0,18±0,02 -3,19±0,04 -3,0 V -0,17±0,02 -2,73±0,03 -2,5 V -0,15±0,02 -2,25±0,03 -2,0 V -0,13±0,02 -1,74±0,02 -1,5 V -0,11±0,02 -1,27±0,02 -1,0 V -0,09±0,02 -0,81±0,02 -0,5 V -0,06±0,02 -0,35±0,02 0 V 0 0 Com ela é possível identificar que o dispositivo de antemão, não é um dispositivo ôhmico. Isso implica, assim como é mostrada na figura 5, em que a sua curva I x V característica não é uma reta. Figura 5 curva característica de um dispositivo ôhmico - Lâmpada Este comportamento de não linearidade da curva se deve pela mudança constante da resistividade do sistema, que muda à medida que a temperatura varia. O processo ocorre devido ao filamento presente na lâmpada que aquece cada vez mais a proporção que o dispositivo recebe uma diferença de potencial. Podemos ver claramente por ambas a tabela 4 e figura 5 que o aparato é de caráter condutor; levando em consideração a faixa de valores e suas respectivas incertezas, a mesma corrente e tensão que flui em um sentido é a mesma que ocorre no outro. Demonstrando ser um material os quais suas cargas elétricas se deslocam de maneira relativamente livre. Conclusão Com o presente experimento foi possível comprovar a lei de ohm nos dispositivos resistivos, demonstrando sua linearidade através de gráfico e tabela, assim como revelado no resistor. Pelos cálculos obtidos da resistência do aparato, é revelado que apenas um resistor foi reconhecido, nesse caso, dos dois, 68 Ω e 56 Ω respectivamente, apenas o primeiro se fez presente; esse erro gerado leva a crer que o os resistores foram mal alocados no circuito, porém apesar da desavença a veracidade de ser um “dispositivo ôhmico” ainda esteve presente, pois assim como é visto no gráfico da figura 4, a resistência R do elemento resistivo ainda permaneceu constante a medida que a curva característica era apresentada. Através do diodo e LED, foi possível visualizar que apesar de serem semicondutores, mesmo que ínfimo ainda havia a presença de corrente elétrica no sentido inverso; demonstrando dessa forma não serem totalmente ideais. Referências [1][3] P. G Hewitt. (2015). FÍSICA Conceitual. Porto Alegre. 12ª edição. [2] H. D. Young, R. A Freedman., F. W. Sears, & M. W Zemansky. (2009). Sears e Zemansky física III: eletromagnetismo. Pearson. 12° edição. [4] HAYT JR, William H.; KEMMERLY, Jack E.; DURBIN, Steven M. (2008). Análise de Circuitos em Engenharia. McGraw-Hill Brasil, 7º edição.