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Disciplina: Teorias Psicanalíticas Profa. Dra. Alessandra Dilair Formagio Martins “SOBRE A TEORIA DA ANSIEDADE E DA CULPA” (1948) Para Freud a origem da ansiedade deriva de uma transformação direta da libido (Inibições, sintomas e angústia). Ao tratar das manifestações de ansiedade em crianças pequenas, afirma que é causada pelo fato da criança sentir falta de quem a ama e por quem anseia; num outro texto Freud refere que a ansiedade surge de uma transformação da libido não- satisfeita. A partir das afirmações de Freud, M. Klein chega a duas conclusões: Em crianças pequenas, é a excitação libidinal não- satisfeita que se converte em ansiedade; O conteúdo mais arcaico da ansiedade é a sensação de perigo experimentada pelo bebê de que suas necessidades não sejam satisfeitas porque a mãe está “ausente”. Com relação à origem da culpa, Freud sustentava que ela tem origem no Complexo de Édipo e surge em decorrência deste, relacionado a isso o que se transforma em sentimento de culpa é tão somente a agressividade, contra quem obstaculizou a satisfação que deve ser suprimida. Para Melanie Klein, a ansiedade tem origem no medo da morte, pelo perigo proveniente da pulsão de morte que ameaça o organismo. A teoria de que ansiedade se origina no medo de aniquilamento provém da experiência acumulada nas análises de crianças pequenas. O papel da frustração, interna e externa, desempenhada nas vicissitudes dos impulsos destrutivos. O segundo objeto parcial importante a ser introjetado é o pênis do pai, a que também são atribuídas tantas qualidades boas quanto más. Esses dois objetos perigosos – seio mau e pênis mau – são os protótipos dos perseguidores internos e externos. O superego é constituído a partir do seio (mãe) devorador, a que se acrescenta o pênis (pai) devorador. Essas figuras internas, cruéis e perigosas, tornam-se os representantes da pulsão de morte. Simultaneamente, forma-se o outro aspecto do superego arcaico, em primeiro lugar a partir do seio bom internalizado (que se acrescenta o pênis do pai), que é sentido como um objeto interno que nutre e ajuda. E como representante da pulsão de vida. O medo de ser aniquilado inclui a ansiedade de que o seio bom interno seja destruído, pois esse objeto é sentido como indispensável à preservação da vida. Freud abordou o problema da culpa sobre dois ângulos: a) A ansiedade e a culpa estão estreitamente interligadas; b) O termo culpa só é aplicável às manifestações de consciência resultantes do desenvolvimento do superego. Para Melanie Klein a ansiedade depressiva e a culpa surgiram com a introjeção do objeto como um todo. A ansiedade persecutória se relaciona predominantemente ao aniquilamento do ego; a ansiedade depressiva está vinculada predominantemente ao dano feito aos objetos amados, internos e externos, pelos impulsos destrutivos do sujeito. A ansiedade depressiva se acha estreitamente ligada à culpa e à tendência a fazer reparação. A base da ansiedade depressiva é o processo pelo qual o ego sintetiza os impulsos destrutivos e os sentimentos de amor por um único objeto. A essência da culpa, o sentimento de que o dano feito ao objeto amado é causado pelos impulsos agressivos do próprio indivíduo. A premência de desfazer ou reparar esse dano resulta do sentimento de que o próprio indivíduo o causou, ou seja, provém da culpa. Pode-se considerar, portanto, a tendência reparatória como uma consequência do sentimento de culpa. Parece provável que a ansiedade depressiva, a culpa e a tendência reparatória só sejam vivenciadas quando os sentimentos de amor pelo objeto predominam sobre os impulsos destrutivos. Inveja e gratidão A inveja de que Melanie Klein nos fala é a inveja inconsciente. Gratidão é um sentimento oposto a inveja, relacionado a um sentimento específico a um objeto que foi fonte de gratificação. Mecanismos de defesa contra a inveja: Fugir da mãe para outro objeto substitutivo Projeção da inveja no outro Confusão entre o bom e o mau Desvalorizar, denegrir, inferiorizar o objeto Idealização do objeto Desvalorização do Self Introjeção voraz do seio, posse do seio Reparação: fantasia inconsciente que a pessoa através dela própria repara, conserta, restaura os efeitos de sua agressividade sobre os objetos, relacionada a atos construtivos e com a criatividade. Repara os objetos do mundo externo para reparar os objetos do mundo interno, é uma tarefa difícil, exige tempo e esforço. Reparação maníaca: é mais uma tentativa de reparação de que uma verdadeira reparação. O objeto é desvalorizado, tratado com desdém, para não sentir amor e estima pelo mesmo e assim não entrar em contato com a culpa nos aspectos depressivos. Neste tipo de reparação a pessoa não se responsabiliza pelos seus ataques aos objetos. Reparação depressiva: esta é a verdadeira reparação. Nela a pessoa se responsabiliza pelos seus ataques ao objeto, sente culpa e por consideração, preocupação pelo objeto e vai repará-lo, restaurá-lo, consertá-lo e recriá-lo. Reparação obsessiva: é um tipo de reparação inútil, mágica, onipotente, mas não leva a reparação. Bibliografia: KLEIN, MELANIE. Inveja e gratidão e outros trabalhos: 1946-1963, Rio de Janeiro: Imago, 1991.
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