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Exames bioquímicos

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EXAMES BIOQUÍMICOS
Os exames bioquímicos (biomarcadores) podem auxiliar na avaliação 
de risco, no diagnóstico e no acompanhamento nutricional de 
crianças e adolescentes. Outro papel importante diz respeito à 
identificação e seguimento de morbidades associadas ao excesso de 
peso, como dislipidemias e alterações do metabolismo glicídico.
É importante ressaltar que a interpretação dos resultados dos 
exames laboratoriais deve sempre levar em conta a condição clínica 
da criança, a condição nutricional prévia e a presença de resposta 
inflamatória (Tabela 1) e equilíbrio hídrico.
PROTEÍNAS
A avaliação do estoque de proteínas pode ser realizada por 
meio da dosagem sérica de algumas proteínas viscerais, 
como albumina, pré-albumina, proteína transportadora de 
retinol, entre outras. Alguns cuidados devem ser 
considerados em relação à interpretação dos valores 
obtidos:
 Conhecer a meia-vida de cada uma das proteínas para que seja possível 
realizar a interpretação correta dos resultados obtidos (produção –
degradação).
 Identificar se a criança está em fase aguda da resposta inflamatória, o 
que modifica a interpretação dos resultados na avaliação da condição 
nutricional. Por exemplo: independentemente do estado nutricional do 
indivíduo (desnutrido ou obeso), na fase aguda de um processo 
inflamatório grave os níveis séricos de albumina estão diminuídos.
 Dosagens sequenciais associadas à mensuração de proteínas de fase 
aguda são mais esclarecedoras do que avaliações isoladas.
Avaliar se há alterações em relação à distribuição hídrica e à hidratação.
VITAMINAS, OLIGOELEMENTOS E 
MINERAIS
As alterações das dosagens bioquímicas de vitaminas e oligoelementos
antecedem o aparecimento dos sinais clínicos de carência e excesso nas crianças 
e adolescentes. Nesse sentido é pertinente a avaliação, por exames bioquímicos, 
do possível aparecimento de distúrbios em grupos de risco (com antecedentes 
familiares positivos ou com anamnese nutricional sugestiva), como anemia 
(lactentes) e deficiência de vitaminas lipossolúveis (p. ex. fibrose cística), entre 
outros, para permitir a intervenção e o tratamento precoces, antes mesmo dos 
primeiros sinais clínicos (ou seja, na fase de deficiência subclínica). A resposta 
inflamatória e a má distribuição hídrica podem interferir na interpretação dos 
resultados obtidos.
PERFIL LIPÍDICO
Pode ser realizado em crianças a partir de 2 anos, idade em que já estão 
estabelecidos pontos de corte, especialmente nas que apresentam excesso de 
peso e/ou risco cardiovascular familiar. Considera-se risco cardiovascular familiar 
se houver em pais, avós, tios e tias história de doença cardiovascular antes dos 
55 anos para os homens e dos 65 anos para as mulheres. Também devem ser 
incluídas informações sobre obesidade, hipertensão arterial, dislipidemias, 
diabetes e tabagismo. O perfil lipídico deve contemplar a avaliação do colesterol 
total e frações (HDL-C, LDL-C, VLDL-C) e dos triglicerídeos. Para a correta 
interpretação dos valores (Tabela 6), a coleta deve ser realizada respeitando-se 
jejum de 12 horas.
METABOLISMO GLICÍDICO
A avaliação do metabolismo glicídico tem sido bastante utilizada para 
identificação da intolerância a glicose e do diabetes, especialmente 
em crianças e adolescentes com excesso de peso, com sintomas 
sugestivos de diabetes (poliúria (micção excessiva), polidipsia (sede 
excessiva), emagrecimento, etc) e forte histórico familiar de diabetes. 
A resistência insulínica é o mecanismo central responsável pelo 
desenvolvimento de diversas morbidades associadas à obesidade. 
Existem diversas possibilidades de avaliação de alterações do 
metabolismo glicídico na faixa etária pediátrica, entretanto preferiu-
se adotar o proposto pelo Departamento Científico de Nutrologia
da SBP, que preconiza a glicemia de jejum (de 8 a 12 horas) e o teste 
de tolerância oral a glicose (GTTo) em dois pontos, inicial e após 120 
minutos (Quadro 1). Em adolescentes deve-se considerar na 
interpretação dos resultados o estadiamento puberal (Anexo 34).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os exames bioquímicos em associação com métodos 
dietéticos e exame clínico enriquecem o diagnóstico do 
estado nutricional da criança e do adolescente em situações 
de saúde e doença, e sua análise deve levar em conta a 
condição clínica do indivíduo e outros fatores que podem 
influenciar a sua interpretação.

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