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Processos Grupais (7º Semestre Psicologia 2020) Conteúdo Online UNIP

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PROCESSOS GRUPAIS
Módulo 1: O PROCESSO GRUPAL
 
Leitura Obrigatória: 
BARRETO, M. F. M. Dinâmica de grupo: história, 
práticas e vivências. Campinas: Alínea, 2006.
Leitura para Aprofundamento:
 
BOCK, A. M. B. (Org.). Psicologias: uma introdução 
ao estudo de Psicologia. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 
1999
LANE, S.M. O processo grupal. In: LANE, S.M.; 
CODO, W. (Orgs.) Psicologia Social: o homem em 
movimento. São Paulo: Brasiliense, 1986.
LE BON, G. Psicologia das multidões. São Paulo: 
WMF Martins Fontes, 2008.
MAILHIOT, G. B. Dinâmica e Gênese dos Grupos. 
Petrópolis:  Vozes, 2013.
MINICUCCI, A. Dinâmica de Grupo, Teorias e 
Sistemas. São Paulo: Atlas, 2007.
 
 
O conceito de grupo e o processo grupal 
 
Todos nós pertencemos a grupos. Determinadas 
concepções da Psicologia Social chegam a afirmar que 
só “somos”, efetivamente, em grupo. E você? 
Consegue se ver “sendo” a partir dos grupos, ou seria 
suficiente dizer que “somos” singulares, únicos, 
autônomos e, então, podemos pertencer a grupos 
humanos, especialmente aqueles dos quais 
escolhemos participar?
Sabemos que ninguém vive isolado e, ainda, que não 
se pode compreender o comportamento do indivíduo 
sem considerar a influência de outras pessoas. 
Estabelecemos relações onde há, naturalmente, uma 
intenção particular de cada uma das pessoas 
envolvidas. A nossa formação individual depende 
então, necessariamente, desse relacionamento, seja ele 
em qualquer tipo de grupo ao qual pertencemos, 
família, trabalho, clube, futebol, entre outros. A 
identidade historicamente construída tem como um de 
seus elementos mais importantes a ligação a grupos 
sociais.
Se pensarmos sobre a origem da palavra grupo, 
observamos que ela remonta a um termo técnico 
italiano das Artes Plásticas (groppo, gruppo), que 
designa vários indivíduos, pintados ou esculpidos, 
compondo um tema (ANZIEU; MARTIN, 1975). 
Somente no século XVIII, a palavra grupo vai 
designar um ajuntamento de pessoas. Além da 
“novidade” do conceito, Anzieu e Martin (1975), ao 
apresentarem diferentes concepções sobre grupos, 
indicam também que, até há pouco tempo, nas 
Ciências Sociais, havia um preconceito bem-
estabelecido contra a ideia do grupo, do pequeno 
grupo. Esse mal-estar em relação ao conceito estaria 
presente porque seria entendido como categoria para o 
entendimento do social, e esta supostamente 
comportaria a negação do indivíduo. Para outros, esse 
incômodo se estenderia ao próprio fenômeno grupo, 
como perturbador da personalidade – os grupos de 
jovens e os grupos partidários, por exemplo.
Contemporaneamente, podemos reconhecer grupos 
definidos a partir de uma metáfora biológica (o grupo-
organismo) ou mecânica (o grupo-maquina), ou 
simplesmente pelo ajuntamento de pessoas, nas 
multidões, nos bandos, nas aglomerações. A ideia de 
grupo também está presente em grupos nos quais os 
indivíduos se encontram face a face, os pequenos 
grupos sociais, ou nas organizações das quais todos 
participamos e por meio das quais temos um papel no 
jogo social.
Para discutir qual ou quais os sentidos de um grupo 
social e tentar traçar uma dinâmica dos grupos, isto é, 
o movimento de uns em relação a outros, é necessário 
descrever algo da história dos estudos sobre grupos a 
partir das maneiras como eles têm sido definidos. 
Algumas das referências para essas definições tem 
sido a quantidade de membros (se são pequenos 
grupos, categorias sociais, a “massa”), a medida da 
sua organização (aglomerados, categorias sociais, 
grupos estruturados, organizações, instituições) ou a 
medida do relacionamento entre seus membros (face a 
face ou não).
Bock (1999) explica que a instituição consiste em um 
valor ou regra social que reproduzimos em nosso 
cotidiano, enquanto um guia básico de 
comportamento e de padrão ético. Ela atravessa de 
forma sutil as nossas relações sociais (organização 
social e grupo social). Organização consiste na base 
concreta da sociedade, um aparato que reproduz o 
quadro de instituições no cotidiano da sociedade. 
Podemos identifica-la em um complexo 
organizacional (ministério da saúde ou igreja católica, 
por exemplo); uma grande empresa (como a 
Volkswagen do Brasil) ou mesmo em uma pequena 
creche. Percebemos que as instituições sociais serão 
mantidas e reproduzidas nas organizações. Por fim:
 
“O elemento que completa a 
dinâmica de construção da 
realidade é o grupo – o lugar 
onde a instituição se realiza. Se a 
instituição constitui o campo de 
valores e das regras (portanto, 
um campo abstrato) e se a 
organização é a forma de 
materialização destas regras 
(portanto, um campo abstrato), e 
se a organização é forma de 
materialização destas regras 
através da produção social, o 
grupo, por sua vez, realiza as 
regras e promove valores. O 
grupo é o sujeito que reproduz e 
que, em outras oportunidades, 
reformula tais regras. É também 
o sujeito responsável pela 
produção dentro das 
organizações e pela 
singularidade – ora controlado, 
submetido de forma crítica a 
essas regras e valores, ora sujeito 
da transformação, da rebeldia, da 
produção do novo.” (BOCK, 
1999, p.217)
 
Geralmente, quando falamos em grupos, pensamos 
nos pequenos, aqueles dentro dos quais seus membros 
tem contato face a face, grupos que são estruturados, 
organizados por regras e com objetivos definidos, cuja 
ação está delimitada no espaço – por uma sala, um 
campo, uma instituição. Menos comum é chamarmos 
de grupos os agregados mais ou menos numerosos de 
indivíduos que não tem propriamente nenhum contato 
entre si, os amontoados percebidos por Sartre numa 
fila a espera do ônibus (uma serie) que não estão 
sujeitos a normas claras de comportamento comum, 
conjuntos que compreendem meros aglomerados ou 
categorias sociais que indicam um relacionamento de 
ordem simplesmente distributiva.
Estes últimos são aqueles das nacionalidades, da cor 
da pele, dos matizes ideológicos, do sexo ou da opção 
sexual. Contudo, mesmo nessa outra ordem de 
agrupamentos que se constitui a partir de sua simples 
nomeação, por um critério burocrático, filosófico, 
político e mesmo biológico ou étnico, tendemos a 
dizer dos indivíduos a eles pertencentes que se 
“comportam como um grupo”.
Ao nos referirmos a grupos, sabemos que a Psicologia 
Social tem ampla contribuição no tema, por iniciar os 
estudos nesta área. Os primeiros estudos sobre grupos 
foram iniciados no século XIX (“Psicologia de 
Massas”, por Gustav Le Bon, por exemplo), em que 
muitos pesquisadores foram influenciados pela 
revolução francesa. Nesta época se perguntava no 
campo da Psicologia: o que levaria uma multidão a 
seguir a um líder mesmo com risco a sua própria 
vida?.
No debate sobre a Psicologia dos Grupos, a literatura 
psicológica e sociológica trata dos grandes conjuntos 
humanos nas sociedades contemporâneas como 
“massa”, isto é, um agregado informe de indivíduos 
que não se conhecem pessoalmente, sem vínculos, 
sem objetivos comuns, entre os quais não se pode 
reconhecer autonomia, mas apenas a sujeição a ideias 
e opiniões produzidas em outros lugares e impostas a 
esses conjuntos, usualmente, pela mídia. De fato, 
quando falamos “massa”, normalmente tratamos dela 
com desdém – afinal, nesse caso, as pessoas não têm 
nomes nem ligações e, ainda mais, são 
necessariamente dominadas, controladas.
Seu comportamento, segundo cientistas sociais como 
Le Bon (2008), pode ser entendido como o de uma 
“manada”, sujeita a interferências sem a mediação da 
razão. A multidão reunida em grandes eventos ou em 
situações cotidianas nas ruas, nos terminais de 
transporte público ou nos estádios de futebol, por 
exemplo, teria comportamento imprevisível, que se 
caracterizaria pela possibilidade de os indivíduos 
realizarem atos de que, em outras situações, sem a 
presença da multidão, não seriam capazes. A violência 
de um quebra-quebra e de um linchamento seria a 
marca desse comportamento coletivo marcado pela 
diminuição do funcionamento intelectual, a razão, e 
pelaampliação da afetividade.
Freud, em Psicologia das Massas e Análise do Ego 
(2011), entra nesse debate a partir da discussão sobre a 
obra de Le Bon. Para ele, a psicologia individual não 
poderia ser separada da social, e toda psicologia é, 
num certo sentido, social, na medida em que se 
verificam nos indivíduos os traços recolhidos das suas 
relações sociais. Freud também considera entre os 
seres humanos um instinto gregário, chave para algo 
como uma mente grupal, cujo estudo da razão que 
sustenta o funcionamento dos grupos e parte desse 
trabalho. Reconhece também como as massas são 
influenciadas pela presença “fascinante”, hipnotizante, 
de um líder. As dimensões inconscientes envolvidas 
na constituição do grupo e sua incidência no indivíduo 
ajudam a compreender fenômenos já descritos por Le 
Bon, como a potência do indivíduo quando se vê 
pertencente ao grupo, ou mesmo a submissão, no 
grupo, a entendimentos até mesmo contrários às 
crenças individuais.
A suposição fundamental de Freud formulada nesse 
texto é de que as relações amorosas (laços 
emocionais) constituem a essência da mente grupal, e 
é nesse suporte que está, por exemplo, a importância 
do líder.
Você pode perceber a diversidade de conceitos e a 
complexidade que existe na literatura com relação a 
grupos.
Neste sentido, parece haver concordância entre alguns 
dos diversos autores quanto a haver um objetivo 
comum para duas ou mais pessoas. As concepções 
tradicionais sobre grupos usualmente os caracterizam 
como um conjunto de pessoas que compartilham um 
objetivo comum. Entretanto, numa perspectiva social 
critica, a melhor definição do processo grupal 
corresponde à sua inevitável sujeição à passagem do 
tempo e a inserção social.
Vale aqui indicar o entendimento de Lane (1986) 
sobre os grupos, para os quais ela reivindica a mesma 
preocupação quanto à importância da história na sua 
instituição. Lane (1986) insiste em tratar o grupo 
como processo ao caracterizá-lo como uma unidade 
que não se faz como permanente, que se constitui 
fundamentalmente de pessoas e relações e que está 
inserida num determinado contexto histórico e social. 
Ora, tudo isso que irá compor a concepção e a 
materialidade dos grupos é sujeito a passagem do 
tempo, isto é, muda, transforma-se, por conta dessa 
passagem. É por isso que se poderá, assim, falar em 
processo, porque o grupo só existe sendo; não é coisa 
que possa ser abstraída de sua condição histórica.
Assim, é importante considerar que a ideia de grupo 
dá conta de uma variedade importante de conjuntos de 
indivíduos. Se ela se presta a caracterização de uma 
categoria social que compreende determinada 
identidade profissional (o grupo de psicólogos, por 
exemplo), a ideia de grupo também estará presente 
quando falamos de pequenos grupos, quando os 
indivíduos estão face a face, envolvidos em uma 
pratica social determinada, como numa empresa (os 
funcionários da empresa X), na escola (os alunos ou 
os professores) ou em uma ação de assistência social 
(educadores, técnicos, gestores).
 
Dentre os diferentes entendimentos sobre os grupos e 
as tradições históricas e filosóficas as quais estão 
vinculados, uma chave para sua apresentação é 
percorrer a incidência do imaginário nesses universos. 
Destacamos, inicialmente, a Psicologia dos Grupos 
voltada para as questões individuais, marcadamente 
ideológicas, de ordem funcionalista, uma Psicologia 
Social dos pequenos grupos naturais. Esta se verifica 
mais intensamente no âmbito da Psicologia Social 
americana, com autores como Lewin, Newcomb, 
Asch, Stoessel e Maisonnave, e é voltada para os 
problemas de produção e de eficiência, seja num 
grupo de soldados ou de operários, seja num grupo 
terapêutico, estudando os relacionamentos intragrupo, 
a liderança e a motivação.
Na outra ponta, na Psicologia Social das categorias 
sociais, estão os estudos sobre grupos que colocam em 
jogo os elementos da história e da cultura nas quais os 
grupos estão inseridos. Alinhados a Psicologia Social 
“sociológica”, que veio se desenvolvendo 
principalmente na Europa do Pós-guerra, esses 
estudos que privilegiam os fatores históricos, 
ideológicos e políticos identificam a Psicologia Social 
europeia e os trabalhos de autores como Tajfel, Doise 
e Moscovici.
Numa posição intermediaria em relação a essas duas 
vertentes, no que diz respeito aos estudos sobre 
grupos, estariam os trabalhos sobre Psicoterapia de 
Grupo, sejam ou não de inspiração freudiana, mais ou 
menos próximos da vertente americana, como 
Moreno, ou da vertente europeia, como Guattari, e os 
desenvolvidos por psicólogos sociais sul-americanos, 
como Baremblitt, Bauleo, Bleger e Pichon-Riviere.
Em qualquer das vertentes da Psicologia Social – a 
Psicologia Social dos pequenos grupos naturais, a 
Psicoterapia de Grupo ou a Psicologia Social das 
categorias sociais –, a presença do imaginário como 
elemento para identificação e mediação entre os 
grupos traz, de maneira indiscutível, a tensão entre a 
ordem e a desordem no âmbito dos grupos.
É importante ressaltar que a representação que se tem 
de um grupo social compreende aquilo que se “vê” e o 
que se espera dele numa determinada circunstância. 
Assim, é preciso estar atento não apenas ao que está 
sendo representado e em qual contexto, mas também a 
quem representa, para se poder compreender, na 
história das ideias sobre grupo, as explicações que se 
oferecem a como e por que os indivíduos se associam, 
classificam e categorizam uns aos outros, assim como 
os efeitos dessas associações nos relacionamentos que 
ocorrem dentro dos grupos e entre eles.
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça uma leitura criteriosa do texto obrigatório, 
observando as abordagens e etapas históricas definidas 
pelos autores e sua relação com os conceitos de grupo.
2) A partir da leitura, procure elaborar um quadro, 
estabelecendo as diferenças entre os diversos 
conceitos de grupo.
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Na perspectiva da Psicologia Social sócio histórica, o 
grupo é compreendido a partir de sua inserção no 
espaço e no tempo, o que o caracteriza como processo 
ao invés de “coisa”. Nestas condições, as relações 
entre os membros do grupo devem ser estudadas 
porque:
(a)  definem lugares pré-estabelecidos e prontos;
(b)  explicam o porquê do comportamento dos 
indivíduos;
(c)  estão submetidas a mudanças com o passar 
do tempo;
(d)  organizam as funções dentro do grupo;
(e)  são perturbadoras do bom funcionamento do 
grupo.
 
Se você compreendeu adequadamente a proposta 
relativa ao conceito de grupo na perspectiva sócio 
histórica, assinalou a alternativa c. As afirmações a-b-
d-e não partem do princípio de que o grupo é visto 
como processo, mas como uma unidade estanque e 
sem considerar sua história. A visão sócio histórica 
caracteriza o grupo como uma unidade que não se faz 
como permanente, que se constitui fundamentalmente 
de pessoas e relações e que está inserida num 
determinado contexto histórico e social. Ora, tudo isso 
que irá compor a concepção e a materialidade dos 
grupos é sujeito a passagem do tempo, isto é, muda, 
transforma-se, por conta dessa passagem. É por isso 
que se poderá, assim, falar em processo, porque o 
grupo só existe sendo; não é coisa que possa ser 
abstraída de sua condição histórica.
 
 
A instituição do grupo 
 
Leitura Obrigatória: 
BARRETO, M. F. M. Dinâmica de grupo: história, 
práticas e vivências. Campinas: Alínea, 2006.
Leitura para Aprofundamento:
 
ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Temas básicos 
da sociologia. São Paulo: Cultrix, 1973.
BOCK, A. M. B. (Org.). Psicologias: uma introdução 
ao estudo de Psicologia. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 
1999
LANE, S.M. O processo grupal. In: LANE, S.M.; 
CODO, W. (Orgs.) Psicologia Social: o homem em 
movimento. São Paulo: Brasiliense, 1986.
MAILHIOT, G. B. Dinâmica e Gênese dos Grupos. 
Petrópolis:  Vozes, 2013.
MINICUCCI, A. Dinâmica de Grupo, Teorias e 
Sistemas. São Paulo: Atlas,2007.
 
Você já percebeu que muitas vezes nos colocamos 
diante de grupos com que não tínhamos nenhum 
contato? Por exemplo, quando você entrou para a 
faculdade e passou a fazer parte de uma turma de 40 
ou 50 pessoas desconhecidas e teve que realizar 
atividades em pequenos grupos. A este tipo de 
convívio podemos chamar de solidariedade mecânica, 
quando a filiação a algum grupo independe de nossa 
vontade. No entanto, a solidariedade orgânica 
consiste no convívio com nossos pares, pessoas 
escolhidas por nós. É o caso das ditas “panelinhas” da 
sala de aula.   Quando os fenômenos grupais passam a 
atuar sobre os indivíduos e sobre o grupo, chamamos 
isto de processo grupal.  Neste sentido, a coesão 
grupal é uma forma que os indivíduos têm para que 
seus membros sigam as regras estabelecidas e se 
obtenha a fidelidade dos mesmos. Os grupos podem 
apresentar maior ou menor coesão, de acordo com 
suas características, bem como a fidelidade ao grupo 
dependerá do tipo de pressão exercida. (BOCK,1999).
 
Então, o que faz com que o indivíduo queira se 
agregar a um grupo? 
Se considerarmos que as pessoas vão gradativamente 
descobrindo uma forma mais simples e econômica de 
desempenhar suas atividades cotidianas, começam por 
estabelecer regularidades comportamentais. Um 
hábito estabelecido por razões concretas, com o passar 
do tempo e gerações, transforma-se em tradição, onde 
as bases estabelecidas não são mais questionadas. 
Quando a regra social estabelecida após a passagem 
de gerações perde sua referência de origem, dizemos 
que ela foi institucionalizada. Na verdade, vivemos 
imbuídos de instituições. De acordo com Berger e 
Luckmann (apud BOCK,1999), o processo de 
institucionalização se inicia com o estabelecimento de 
regularidades comportamentais.
No entanto, segundo Schutz (apud BERGAMINI, 
2006), todo o indivíduo tem três necessidades 
interpessoais: Inclusão, Controle e Afeição e, ao 
associar-se a um grupo, cada pessoa passará por 
diferentes formas de atendimento de suas 
necessidades.
De acordo com Borges e Albuquerque (apud 
ZANELLI; BORGES-ANDRADE; BASTOS, 2004), 
o processo de socialização, implica sempre em certo 
conformismo porque o indivíduo se insere em um 
contexto de normas e costumes previamente definidos 
por outros. Realmente, para melhor compreensão do 
funcionamento dos grupos precisamos entender a 
natureza da influência social, pois:
 
As pressões para uniformidade 
se exercem mediante a interação 
social na qual os membros 
tentam modificar suas crenças, 
atitudes e ações de forma mútua 
(...). Surgem processos similares 
sempre que um grupo tenta 
tomar uma decisão sobre metas a 
escolher ou sobre a maneira de 
alcançá-las. Coordenar as 
atividades de grupo exige que a 
conduta de cada membro se 
ajuste a dos outros, e se efetue a 
liderança mediante o processo de 
influência sobre os demais. 
(ZANELLI; BORGES-
ANDRADE; BASTOS, 2004, p.
53)
 
Na maioria das vezes, os grupos são formados de 
acordo com similaridades naquilo que as pessoas 
fazem ou produzem. Podem ser agrupadas de acordo 
com as tarefas que executam – agrupamento por 
função - ou de acordo com o fluxo de trabalho desde o 
início até a conclusão – agrupamento por fluxo de 
trabalho.
Neste contexto, Bergamini (2006) distingue dois tipos 
de pequenos grupos: o sociogrupo – aquele que se 
organiza e se orienta em função da execução ou 
cumprimento de uma tarefa; e o psicogrupo – 
estruturado em função da polarização dos seus 
próprios membros.
Adorno e Horkheimer (1973) apresentam uma 
classificação de grupos, diferenciando microgrupos de 
macrogrupos. Os microgrupos, ou grupos primários, 
como a família, são importantes para a produção da 
subjetividade e para a manutenção de ideias e ideais 
sociais. Sua presença é praticamente universal, porque 
estes se encontram ao longo de toda a história 
civilizatória. Esses grupos estão vinculados a 
aprendizagem de uma “natureza humana”, mais 
propriamente – o que significa que os microgrupos 
estão associados a socialização dos indivíduos desde a 
infância. A ênfase nesses microgrupos justifica-se pela 
sua função psicossocial: o contato direto entre aqueles 
que pertencem a tais grupos permite a identificação 
entre seus membros e com o próprio grupo. Nos 
microgrupos, os indivíduos têm experiências de si 
simultaneamente vinculadas às presenças de outras 
pessoas.
Macrogrupos ou grupos secundários são grupos de 
outra ordem e não se diferenciam dos microgrupos 
necessariamente pelo tamanho. Neles, a privacidade 
dos membros é mais preservada.
Outra fórmula para tentar classificar os grupos é toma-
los a partir de alguns elementos básicos. Um grupo 
pode ser considerado de acordo com a maneira como 
está organizado, os seus objetivos compartilhados, a 
quantidade de pessoas que o compõem e o contato e 
vínculo entre seus participantes, assim como quanto a 
sua duração.
Vejamos alguns exemplos de grupos conforme essa 
classificação. Numa extremidade, encontramos nas 
sociedades contemporâneas grandes conjuntos 
humanos, formados por milhares ou mesmo milhões 
de pessoas, que podem ser caracterizados como 
grupos. Pouco organizados, neles, as pessoas não se 
conhecem pessoalmente e mal compartilham objetivos 
comuns; mas, ainda assim, são reconhecidas como 
possuidoras de uma mesma identidade. Não nos 
recusamos a prever seus comportamentos, as maneiras 
pelas quais podem e irão resolver as situações 
cotidianas. São as categorias sociais, como “as 
mulheres”, “os psicólogos”, “os playboys”, ou “os 
moradores da zona leste”.
No outro extremo, estão os pequenos grupos, os 
grupos de interação face a face, em que todos se 
conhecem e se relacionam a partir de alguma 
organização, pelo exercício de determinadas funções 
dentro do grupo. Uma variável importante no que diz 
respeito ao seu funcionamento é o vínculo, isto é, as 
relações simbólicas e afetivas que se constroem ao 
longo da existência do grupo. O vínculo também é 
dependente da história e do contexto, atualizado nas 
posições exercidas dentro do grupo. O psicólogo 
social Pichon-Riviere (2009) propõe que se deva 
entender a interação dos membros de um grupo como 
um vaivém de determinações que ele representa como 
uma espiral dialética, em que tanto sujeito quanto 
objeto realimentam-se mutuamente, num processo que 
pode ser compreendido, por exemplo, nas relações 
entre profissional e cliente.
 
 Pensando no processo grupal na visão da Psicologia 
Social Crítica, apesar de haver uma consistente crítica 
aos modelos teóricos existentes, percebe-se um 
resguardo dos aspectos funcionais da dinâmica de 
grupos concordantes com Lewin e uma consideração 
positiva sobre o enquadramento psicanalítico por levar 
em conta a dinâmica interna dos grupos. A crítica 
prevalece sobre a visão a-histórica ou a maneira 
estática como alguns teóricos enquadram o grupo. 
(BOCK, 1999).
Na perspectiva sócio histórica da psicologia social 
(Silvia Lane) chega-se a afirmar que só “somos”, 
efetivamente, em grupo. Mas este entendimento não é 
“natural”. Ou ao menos é tão natural quanto dizer 
exatamente o contrário. Isto é, que “somos” 
singulares, únicos, autônomos e, então, podemos 
pertencer a grupos humanos, especialmente àqueles 
dos quais escolhemos participar.
As concepções tradicionais sobre os grupos 
usualmente os caracterizam como um conjunto de 
pessoas que compartilham um objetivo comum. Silvia 
Lane (1984) ao falar sobre os grupos sociais, 
reivindica a importância da história e das relações na 
sua instituição. Assim, numa perspectiva social crítica, 
se define o processo grupal em função da sua 
inevitável sujeição à passagem do tempo e à inserção 
social.
Nesta visão, considera-se fundamental que não existe 
grupo abstrato mas sim um processo grupal que se 
reconfigura a cada momento. Assim, Silvia Lane 
(apud BOCK, 1999, p. 224) detecta 3 categorias de 
produção grupal:
 
Categoria de produção: a 
produção das satisfações de 
necessidades do grupo está 
diretamenterelacionada com a 
produção das relações grupais. 
O processo grupal caracteriza-
se como atividade produtiva de 
caráter histórico. 
Categoria de dominação: os 
grupos tendem a reproduzir as 
formas sociais de dominação. 
Mesmo um grupo de 
características democráticas 
tende a reproduzir certas 
hierarquias comuns ao modo de 
produção dominante (no nosso 
caso, o modo de produção 
capitalista). 
Categoria grupo-sujeito (de 
acordo com Lourau): trata-se do 
nível de resistência à mudança 
apresentada pelo grupo. Grupos 
com menos resistência à 
autocrítica e, portanto, com 
capacidade de crescimento 
através da mudança, são 
considerados grupos-sujeitos. 
Os grupos que se submetem 
cegamente às normas 
institucionais e apresentam 
maior dificuldade para a 
mudança, são os grupos-
sujeitados. 
 
 
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto obrigatório, 
observando as abordagens e teorias definidas pelos 
autores quanto a instituição do grupo.
2) A partir da leitura, procure elaborar um quadro, 
estabelecendo as diferenças entre as diversas 
abordagens e configurações da instituição de um 
grupo.
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
O ser humano é um ser social que busca satisfazer sua 
necessidade de relacionar-se, formando ou agregando-
se a grupos. Com relação a instituição de um grupo, 
analise as afirmativas a seguir.
 
I – Há concordância entre vários autores quanto a um 
grupo ser formado pela união de pessoas que 
interagem umas com as outras visando objetivos inter-
relacionados
II – A interação das pessoas no grupo permite que as 
pessoas que o compõe não influenciem uns aos outros
III – Os grupos se constituem apenas pela necessidade 
de compartilhar conhecimentos
 
Sobre grupos podemos afirmar que:
A. Os itens I e III estão incorretos
B. Apenas o item III está incorreto
C. Os itens II e III estão incorretos
D. Os itens I e II estão incorretos
E. Os itens I, II e III estão incorretos
Se você compreendeu adequadamente a proposta 
relativa a instituição de um grupo, assinalou a 
alternativa c. As afirmações II está incorreta pois as 
relações sociais pressupõem a influência de uns sobre 
os outros, bem como a III está incorreta pois as 
necessidades de afiliação não residem apenas no 
objetivo de compartilhar conhecimentos mas também 
de afeição, controle e inclusão, como afirma Schutz 
(1994) por exemplo. 
 
Módulo 2: A DINÂMICA GRUPAL E SEUS 
FUNDAMENTOS
 
Leitura Obrigatória: 
BARRETO, M. F. M. Dinâmica de grupo: história, 
práticas e vivências. Campinas: Alínea, 2006.
Leitura para Aprofundamento:
BOCK, A. M. B. (Org.). Psicologias: uma introdução 
ao estudo de Psicologia. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 
1999
MAILHIOT, G. B. Dinâmica e Gênese dos Grupos. 
Petrópolis:  Vozes, 2013.
MINICUCCI, A. Dinâmica de Grupo, Teorias e 
Sistemas. São Paulo: Atlas, 2007.
ZANELLI, J.C.; BORGES-ANDRADE, J.E.; 
BASTOS, A.V. (Orgs.) Psicologia, Organizações e 
trabalho no Brasil. Porto Alegre, Artmed, 2004.
 
 
A dinâmica grupal
 
Neste momento, além de compreender as 
classificações possíveis de um grupo, você deve estar 
refletindo sobre como se apresentam os estudos sobre 
os estágios de um grupo e/ou como pode se apresentar 
o seu desenvolvimento. Diversos autores apontaram 
as fases de desenvolvimento de um grupo, tais como 
Buchanan e Huczynski,1985; Greenberg e Baron,
1995; Ivancevich e Matteson,1999; Tosi, Rizzo e 
Carroll,1994, (apud ZANELLI,2004) e Lacoursiere,
1980 (apud ROTHMANN e COOPER, 2009)
 
Segundo Scholtes (1992), uma equipe passa por 
estágios razoavelmente previsíveis:
Estágio 1 – Formação ou iniciação
Fase em que se inicia a formação da equipe, em que 
seus membros pesquisam as fronteiras do 
comportamento adequado ao grupo. Estágio da 
transição da condição de indivíduo para membro.
Estágio 2 - Turbulência ou diferenciação
Fase em que os membros da equipe começam a 
perceber a quantidade de trabalho que têm à frente e é 
comum entrarem em estado de pânico. É o estágio 
mais difícil para a equipe.
Estágio 3 - Normas ou integração
Fase do restabelecimento do propósito central da 
equipe. À medida que os membros da equipe se 
acostumam a trabalhar em conjunto, sua resistência 
inicial vai desaparecendo.
Estágio 4 - Atuação ou maturidade
Neste estágio, a equipe já definiu seu relacionamento 
e suas expectativas.
 
Entretanto, Albuquerque e Puente-Palacios (2004) se 
referem aos estágios de desenvolvimento do grupo 
como sendo: formação, conflito, normatização, 
desempenho e desintegração. Esta última fase de 
desenvolvimento dos grupos (desintegração) ocorre 
quando objetivos que levaram á criação da equipe são 
atingidos e não há mais motivo para ela continuar a 
existir. Também é possível que o grupo nunca atinja o 
estágio final ou faça o possível para não atingi-lo.
A seguir, observamos a Figura 1 com a exemplificação 
dos diversos estágios de um grupo.
 
 
Figura 1: as etapas de desenvolvimento dos grupos e 
equipes de trabalho
Fonte: ZANELLI; BORGES-ANDRADE; BASTOS, 
2004, p. 374.
 
E neste momento você deve estar se perguntando: por 
que é importante identificar tais fases para a 
psicologia? A importância em identificar tais estágios 
do desenvolvimento do grupo consiste em reconhecer 
que certos períodos de turbulência fazem parte do 
processo grupal, sendo necessário identificar em qual 
momento será interessante e prudente uma 
intervenção externa. Os autores ressaltam a 
importância de reconhecer estas fases consiste 
justamente em saber quando intervir externamente 
com prudência, visto que certa turbulência também 
faz parte do grupo. 
 
Além de analisarem os estágios de um grupo, alguns 
autores buscam entender em que sentido as formas de 
comunicação podem influenciar a relação grupal.
 
Wagner e Hollenbeck (1999) citam a estrutura de 
comunicação de um grupo como fator crucial para a 
eficácia de um grupo, pois se os membros não 
conseguem trocar informações entre si, o grupo não 
consegue funcionar eficazmente. Segundo eles, para 
uma boa gestão de um grupo é importante conhecer os 
diferentes tipos de estrutura de comunicação grupal e 
ser capaz de implementar aqueles que estimulem a 
maior produtividade do grupo.
 
Em pesquisas realizadas sobre comunicação e 
produtividade do grupo, cinco estruturas têm recebido 
especial atenção: redes de comunicação radiais, em Y, 
encadeadas, circulares e de conexão total. As três 
primeiras são mais centralizadas (um membro pode 
controlar os fluxos de informação no grupo) e nas 
redes descentralizadas circulares e de conexão total, 
todos os membros são igualmente capazes de enviar e 
receber mensagens. A rede de conexão total, por 
exemplo, coloca cada pessoa do grupo em contato 
com todas as outras.
 
Podemos visualizar melhor as redes de comunicação a 
partir da figura 2 a seguir, a qual apresenta cada uma 
de acordo com os aspectos de velocidade, precisão, 
saturação, e satisfação dos membros.
 
Figura 2: Redes de comunicação e trabalho em equipe
Fonte: Wagner III e Hollenbeck, Comportamento 
Organizacional, Ed. Saraiva: São Paulo, 1999, p. 225.
 
 A composição do grupo também pode exercer a 
influência sobre o mesmo, tanto como grupo 
homogêneo quanto heterogêneo. Um grupo 
homogêneo é considerado mais útil para tarefas 
simples e sequenciais, que exijam cooperação e 
requeiram rapidez. Um grupo heterogêneo é mais útil 
para tarefas complexas, coletivas, que exijam 
criatividade e que não dependam de rapidez 
(GRIFFIN; MOORHEAD, 2006).
Além da influência da disposição e comunicação do 
grupo, também existe a influência do tamanho do 
grupo sobre seu desempenho.
Sobre isto, Griffin e Moorhead (2006) apontam que 
uma equipe com muitos membros tem mais recursos 
disponíveis e completa um grande número de tarefas 
relativamente independentes, com interações e 
comunicações provavelmente mais formais e, 
consequentemente, uma grande parcela do tempo é 
utilizada para questões administrativas. Os autores 
sugeremque o tamanho mais adequado a um grupo é 
determinado pela capacidade de seus membros 
interagirem uns aos outros de modo eficaz.
Entretanto, Robbins (2004) sugere que as equipes 
mais eficazes são justamente nem muito pequenas e 
nem muito grandes, com cerca de 4 a 12 pessoas:
 
“As muito pequenas costumam 
apresentar diversidade de pontos 
de vista. No entanto, quando 
possuem mais de 10 ou 12 
membros, torna-se difícil 
realizar alguma coisa. Os 
membros sentem dificuldade de 
interagir construtivamente 
enquanto para chegar a um 
consenso, e muitas pessoas não 
conseguem desenvolver a 
coesão, o comprometimento e a 
responsabilidade mútua, 
necessários para um bom 
desempenho.” (ROBBINS, 
2004, p.112).
           
Considerando os aspectos que influenciam a estrutura 
de um grupo, também precisamos ressaltar a 
importância das normas, as quais consistem em 
padrões de comportamentos e desempenhos tolerados, 
aceitos e esperados, sustentados pelos membros do 
grupo. As normas regulamentam e estabelecem o que 
se pode e o que não se pode fazer, as quais são 
informalmente estabelecidas pelos membros do grupo. 
Elas se apresentam mais explícitas do que implícitas, 
pois é comum que os membros do grupo entendam o 
que se espera deles, como por exemplo, o tipo de 
vestimenta ou conduta social de cooperação. Cada 
grupo desenvolve as normas através da comunicação 
com os outros e podem evoluir através de um 
processo interpessoal de negociação, construindo 
historicamente o que é um comportamento aceitável. 
(ZANELLI, BORGES-ANDRADE E BASTOS, 
2004; GRIFFIN; MOORHEAD, 2006; ROTHMANN 
e COOPER, 2009).
 
Diante da diversidade de aspectos pesquisados sobre o 
processo grupal, consideramos que apesar da 
Psicologia Social ter surgido com a pesquisa das 
massas, podemos observar como as pesquisas de 
grupos menores é que se constitui então seu objeto, 
particularmente por terem objetivos claramente 
definidos.  Historicamente, foi com as pesquisas de 
Kurt Lewin (professor alemão refugiado do nazismo) 
em Massachusetts Institute of Technology – MIT, que 
se desenvolveu a primeira teoria consistente sobre 
grupos, principalmente contribuindo para aplicação e 
estudo das relações humanas no trabalho. (BOCK,
1999). 
 
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto obrigatório, 
observando os aspectos que influenciam o 
funcionamento de grupos.
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
 
Para Wagner III e Hollenbeck apud Fiorelli (2000, p.
41) “grupo é um conjunto de duas ou mais pessoas 
que interagem entre si de tal forma que cada uma 
influencia e é influenciada pela outra”. Nesta relação 
social ZANELLI; BORGES-ANDRADE; BASTOS 
(2004) apresentam a existência de fases no caminho 
de um grupo. Indique a alternativa incorreta quanto 
as etapas de desenvolvimento de grupos:
 
a) Iniciação ou Formação
b) Diferenciação ou Conflito
c) Integração ou Normatização
d) Incorporação ou anexação
e) Maturidade ou desempenho.
 
Se você compreendeu adequadamente a proposta 
relativa a etapas de desenvolvimento de um grupo, 
assinalou a alternativa d. As demais alternativas 
correspondem as etapas descritas por ZANELLI et al 
(2204): formação, conflito, normatização, 
desempenho e desintegração. A alternativa (d) não 
corresponde a uma das fases apontadas pelos autores 
pois não se percebe uma fase específica em que exista 
a incorporação ou anexação do grupo a outro grupo ou 
de um indivíduo ao grupo.
 
 
 
Fundamentos teóricos em Dinâmica de Grupo: 
Kurt Lewin.
 
Kurt Lewin tem como uma das principais 
contribuições de sua Psicologia Social as 
investigações sobre a solução de conflitos nos 
pequenos grupos, por elaborar conceitos e uma 
metodologia que pudesse ampliar o entendimento dos 
pequenos grupos para também intervir nos grupos 
sociais.
Os estudos sobre a dinâmica dos pequenos grupos 
realizados por Lewin buscariam responder a duas 
perguntas relativas ao funcionamento dos grupos 
sociais nesse contexto tão decisivo da nossa história: 
como se pode produzir o nazismo como fenômeno 
psicológico? Qual a prevenção psicológica contra ele? 
Temas de seu grande interesse – ele próprio judeu e 
egresso da Europa durante a guerra.
De acordo com BOCK (1999) a teoria dos grupos 
desenvolvida por Lewin abordou temas como coesão 
do grupo (condições necessárias para a sua 
manutenção); pressões e padrão do grupo (argumentos 
reais ou imaginários, manifestos ou velados utilizados 
para garantia de fidelidade); motivos individuais e 
objetivos do grupo; liderança e realização do grupo e, 
por fim, as propriedades estruturais dos grupos (forma 
de comunicação, papéis, dentre outros).
Kurt Lewin (apud BERGAMINI, 2006) considera que 
a dinâmica do grupo é determinada pelo conjunto de 
interações existentes no interior de um espaço 
psicossocial. O comportamento dos indivíduos ocorre 
em função dessa dinâmica grupal, independente das 
vontades individuais. Portanto, foram por ele 
elaborados quatro pressupostos:
• A interação do indivíduo no grupo depende de uma 
clara definição de sua participação no seu espaço vital;
• O indivíduo utiliza-se do grupo para satisfazer às 
suas necessidades próprias;
• Nenhum membro de um grupo deixa de sofrer o 
impacto do grupo e não escapa à sua totalidade;
• O grupo é considerado como um dos elementos do 
espaço vital do indivíduo.
 
O espeço vital psicológico ou espaço de vida 
corresponde a um conceito desenvolvido por Kurt 
Lewin que designa “a totalidade de fatos que 
determinam o comportamento de um indivíduo em um 
certo momento” (Lewin,1973, p.28). O autor se refere 
a totalidade de fatos como situação e, portanto, o 
comportamento do indivíduo é determinado em 
função da situação.
Nas pesquisas com grupos de crianças em que se 
variava o clima das relações com um monitor 
(autoritário, democrático, laissez-faire), ele procurou 
identificar o efeito do ambiente político e de suas 
mudanças sobre a capacidade dos indivíduos de 
realizarem tarefas, assim como suas repercussões 
sobre a satisfação e a agressividade.
Com relação ao desempenho de um grupo, observa-se 
que apresenta características situacionais, dinâmicas e 
evolutivas, modificando suas estratégias e 
comportamentos para ajustá-los às circunstâncias. Por 
exemplo, uma orquestra sinfônica possui certas 
características no momento de desempenho perante a 
plateia e outras bem diferentes durante os ensaios. 
Mais do que isso, a orquestra muda o comportamento 
dependendo da plateia.
A importância alcançada por Lewin na Psicologia 
Social americana pode também ser encontrada no seu 
linguajar físico, ao tratar do confronto de forças 
intragrupos e intergrupos, o que conferiria um maior 
reconhecimento cientifico as suas teorias. Com seu 
interesse aumentado pelo fascínio que o 
desenvolvimento de tecnologia, inclusive para a 
manipulação de seres humanos, produziu a partir das 
Grandes Guerras, como “arma” contra literalmente 
quaisquer problemas, inclusive os sociais, as teorias 
de Lewin viriam a reafirmar as concepções sobre 
pequenos grupos, que, desenvolvidos em ambiente de 
guerra, serviriam para a otimização de seus 
comportamentos. É importante reconhecer que Lewin 
foi inovador ao abordar aspectos da personalidade 
como referidos ao contexto cultural e, mais do que 
isso, político, ao tratar da presença da democracia, 
dando status cientifico a essas considerações. Também 
é importante considerar o contexto em que são feitas 
suas pesquisas: em meio as Grandes Guerras, num 
ambiente em que parecia ser preciso marcar a 
diferença entre o “povo alemão” e o “povo 
americano” – de sua nova pátria. Ainda assim, mesmo 
reconhecendo os aspectos históricos dos fenômenos 
grupais, herança notável de sua formação cientifica 
europeia, Lewin elabora nessa mesma tradição um 
entendimento sobre grupos tratando daquilo que e 
“visível”, ainda que seja seu efeito, como as forças de 
atração e de repulsão interindividuais. Nas suas 
considerações, emque pese a importância da 
valoração dos grupos e de suas diferenças, elementos 
essencialmente simbólicos, o grupo continua 
mantendo uma existência natural. Portanto, não são 
consideradas as dimensões imaginarias (isto é, 
afetivas, sócio históricas) nos fenômenos grupais, as 
quais poderiam auxiliar na explicação do que produz e 
sustenta essas valorações e diferenças.
 
Como você pode perceber, o ideário de Kurt Lewin 
torna-se referência indispensável nos estudos 
relacionados a dinâmica de grupo, pois suas pesquisas 
praticamente marcaram o aparecimento desse campo. 
Foi a partir desta referência que vários pesquisadores 
puderam contribuir para a construção desse saber, tais 
como Moreno, Piaget, Bales, Mucchielli, entre outros. 
Moreno trouxe uma abordagem baseada em  uma 
conotação psicanalítica, criando os grupos de 
psicodrama, sociograma, role-playing e outras 
técnicas. Piaget criou a corrente da epistemologia 
genética, na psicologia do desenvolvimento, 
enfatizando o grupo como elemento fundamental na 
educação do pensamento lógico. Bales, na 
comunicação no grupo, desenvolveu um referencial 
acerca do chamado grupo de trabalho.  Nestes 
referenciais, as definições de relações humanas estão 
ligadas à experiência vivencial dos indivíduos, que se 
desempenham dentro dos roles correspondentes a seus 
agrupamentos biológicos (sexo, idade), e a sua 
adaptação social, adquirida através de seu crescimento 
e capacitação. (MINICUCCI, 2001).
 
“Os acontecimentos mais 
significativos para a vida dos 
indivíduos e dos grupos estão 
vinculados ao esclarecimento 
dessas diferenças funcionais e 
biológicas, referentes a cada ser 
humano. As comparações, 
imitações, rivalidades, 
satisfações e desilusões de cada 
um constituem o drama dos seres 
humanos, que convivem e que se 
empenham em encontrar a 
maneira de manter sua posição 
individual num mundo que 
pertence aos demais. As inter-
relações existentes dos grandes e 
dos pequenos, dos jovens e dos 
velhos, dos homens e das 
mulheres satisfazem a esta 
descrição universal das 
diferenças possíveis com uma 
significação dinâmica para cada 
ser humano.”  Fonte: https://
psicologado.com/psicologia-
geral/desenvolvimento-
humano/dinamica-de-grupo-e-
https://psicologado.com/psicologia-geral/desenvolvimento-humano/dinamica-de-grupo-e-sua-contribuicao-para-a-qualidade-de-vida-na-terceira-idade
https://psicologado.com/psicologia-geral/desenvolvimento-humano/dinamica-de-grupo-e-sua-contribuicao-para-a-qualidade-de-vida-na-terceira-idade
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sua-contribuicao-para-a-
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idade © Psicologado.com, 
acessado em 01/02/2016
 
É importante reconhecer que Lewin foi inovador ao 
abordar aspectos da personalidade como referidos ao 
contexto cultural e, mais do que isso, político, ao 
tratar da presença da democracia, dando status 
científico a essas considerações. Mesmo reconhecendo 
os aspectos históricos dos fenômenos grupais, herança 
de sua formação científica europeia, Lewin elabora 
dentro dessa mesma tradição um entendimento sobre 
grupos tratando daquilo que é “visível”, ainda que seja 
seu efeito, como as forças de atração e de repulsão 
interindividuais.
Assim, na perspectiva sócio histórica, a teoria de 
Lewin não considera as dimensões afetivas e sócio 
históricas nos fenômenos grupais, as quais poderiam 
auxiliar na explicação do que produz e sustenta essas 
valorações e diferenças.
 
 
https://psicologado.com/psicologia-geral/desenvolvimento-humano/dinamica-de-grupo-e-sua-contribuicao-para-a-qualidade-de-vida-na-terceira-idade
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https://psicologado.com/psicologia-geral/desenvolvimento-humano/dinamica-de-grupo-e-sua-contribuicao-para-a-qualidade-de-vida-na-terceira-idade
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto obrigatório, 
observando as origens históricas dos estudos sobre 
grupos e a relevância do escopo teórico desenvolvido 
por Kurt Lewin.
2)  Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
 
A proposta de trabalho com grupos de Kurt Lewin, a 
partir da compreensão e intervenção sobre sua 
dinâmica, abre uma nova frente de atuação para a 
psicologia. A novidade desta proposta pode ser 
reconhecida:
(a)  na compreensão do grupo como lugar de forças 
e interações;
(b)  na concepção de grupos numa perspectiva 
positivista;
(c)  na tentativa de construir um teoria psicológica 
de forte concepção matemática e física;
(d)  no desafio às concepções humanistas em 
psicologia;
(e)  na submissão de Lewin aos fundamentos da 
psicologia social americana.
 
 
Se você compreendeu adequadamente a proposta 
teórica apresentada por Kurt Lewin, assinalou a 
alternativa a. As demais alternativas não 
correspondem ao arcabouço teórico proposto por 
Lewin pois o autor não corresponde a uma corrente 
positivista e, apesar de ter se utilizado de conceitos da 
matemática e física, não se constituiu o foco da 
construção de sua teoria. Apesar de Lewin dar um 
status científico a essas considerações, tão pouco 
elaborou uma teoria especificamente para contrapor as 
concepções humanistas ou foi submisso a psicologia 
social americana, visto seu caráter inovador, ao 
abordar aspectos da personalidade como referidos ao 
contexto cultural e, mais do que isso, político, ao 
tratar da presença da democracia.
 
Módulo 3: ABORDAGENS TEÓRICAS SOBRE 
GRUPOS-1
 
Leitura Obrigatória:
BARRETO, M. F. M. Dinâmica de grupo: história, 
práticas e vivências. Campinas: Alínea, 2006.
MINICUCCI, A. Dinâmica de Grupo, Teorias e 
Sistemas. São Paulo: Atlas, 2007.
 
Leitura para Aprofundamento:
MAILHIOT, G. B. Dinâmica e Gênese dos Grupos. 
Petrópolis:  Vozes, 2013.
PICHON-RIVIÈRE, E. O processo grupal. São 
Paulo: Martins Fontes, 1994. (Capítulo 13)
 
Neste momento vamos identificar algumas das 
principais abordagens teóricas que estudaram e 
desenvolveram um compêndio teórico e prático sobre 
a dinâmica grupal.
Dentre eles, nos ateremos neste módulo a: Moreno, 
Piaget e Pichón-Revière.
 
Contribuições teóricas: Moreno
 
Jacob Levy Moreno, o criador do Psicodrama, nasceu 
em 6 de maio de 1889, na cidade de Bucareste, na 
Romênia e morreu em Beacon, em 14 de maio de 
1974, aos 85 anos de idade. Era de origem judaica 
(sefardim) e sua família veio da península ibérica e 
radicou-se na Romênia na época da Inquisição. Aos 
cinco anos de idade mudou-se com a família para 
Viena e foi neste local que vivenciou a brincadeira de 
ser deus, que ele, com humor, relaciona a sua ideia de 
espontaneidade como centelha divina que existe em 
cada um de nós.
Até 1920, Moreno teve uma intensa vida religiosa, 
fazendo parte de um grupo que fundou a "Religião do 
Encontro". Eles expressavam sua rebeldia diante dos 
costumes estabelecidos usando barbas, vivendo pelas 
ruas à maneira dos mais pobres e procurando novas 
formas de interação com o povo. Neste período, ele ia 
aos jardins de Viena e criava jogos de improviso com 
as crianças, favorecendo-lhes a espontaneidade, e 
participou, no ano de 1914, em Amspittelberg, 
juntamente com um médico venereologista e um 
jornalista, de um trabalho com prostitutas vienenses 
através do qual, utilizando técnicas grupais, 
conscientizou-as de sua condição, o que proporcionou 
que organizassem uma espécie de sindicato.  Formou-
se em medicina em 1917. Interessou-se pelo Teatro, 
fundando, em 1921, o Teatro Vienense da 
Espontaneidade, experiência que constituiu a base de 
suas ideias da Psicoterapia de Grupoe do Psicodrama. 
A proposta do Teatro da Espontaneidade consistia na 
criação de uma representação espontânea, sem texto 
pronto e decorado, com os atores criando no momento 
e assim relacionando-se com a plateia. A partir daí ele 
criou o "jornal vivo", em que dramatizava as notícias 
do jornal diário junto com o grupo participante, 
lançando naquele momento as raízes do Sociodrama. 
Ao trabalhar com os pacientes do hospital psiquiátrico 
usando o "Teatro da Espontaneidade", criou o Teatro 
Terapêutico, que depois foi chamado "Psicodrama 
Terapêutico".  Em 1925 emigrou para os EUA, onde, 
dois anos depois, fez a primeira apresentação do 
Psicodrama fora da Europa. Em 1931 introduziu o 
termo Psicoterapia de Grupo e este ficou sendo 
considerado o ano verdadeiro do início da 
Psicoterapia de Grupo científica, embora as 
fundamentações e experiências tenham iniciado em 
Viena. (ALMEIDA, GONÇALVES e WOLFF, 1988)
 
A palavra "Drama" significa "ação" em grego e, neste 
sentido, o. Psicodrama pode ser definido como uma 
via de investigação da alma humana mediante a ação. 
O Psicodrama consiste em um método de pesquisa e 
intervenção nas relações interpessoais, nos grupos, 
entre grupos ou de uma pessoa consigo mesma. O 
objetivo se relaciona a mobilizar para vivenciar a 
realidade a partir do reconhecimento das diferenças e 
dos conflitos e facilita a busca de alternativas para a 
resolução do que é revelado, expandindo os recursos 
disponíveis. Tem sido amplamente utilizado na 
educação, nas empresas, nos hospitais, na clínica, nas 
comunidades.
 
O Psicodrama é uma parte de uma construção muito 
mais ampla, criada por Jacob Levy Moreno, a 
Socionomia. Na verdade, a denominação da parte foi 
estendida para o todo e, quando as pessoas usam o 
termo Psicodrama, estão, geralmente, se referindo à 
Socionomia - ciência das leis sociais e das relações, 
que se caracteriza fundamentalmente por seu foco na 
intersecção do mundo subjetivo, psicológico e do 
mundo objetivo, social, contextualizando o indivíduo 
em relação às suas circunstâncias. Divide-se em três 
ramos: a Sociometria, a Sociodinâmica e a Sociatria, 
que guardam em comum a ação dramática como 
recurso para facilitar a expressão da realidade 
implícita nas relações interpessoais ou para a 
investigação e reflexão sobre determinado tema.
            A Sociometria, através do teste sociométrico, 
mensura as escolhas dos indivíduos e expressa-as 
através de gráficos representativos das relações 
interpessoais, possibilitando a compreensão da 
estrutura grupal.
            A Sociodinâmica investiga a dinâmica do 
grupo, as redes de vínculos entre os componentes dos 
grupos.
            A Sociatria propõe-se à transformação social, 
à terapia da sociedade.
 
A Sociodinâmica e a Sociatria têm objetivos 
complementares e utilizam-se das mesmas técnicas: o 
Psicodrama, o Sociodrama, o Role Playing, o Teatro 
Espontâneo, a Psicoterapia de Grupo. Enquanto 
técnicas, a diferença entre o Psicodrama e o 
Sociodrama consiste em que no primeiro o trabalho 
dramático focaliza o indivíduo - embora sempre visto 
como um ser em relação - e no segundo focaliza o 
próprio grupo.
 
De acordo com a FEBRAP – Federação Brasileira de 
Psicodrama (http://www.febrap.org.br, 2016), a 
transformação social e o trabalho com a comunidade 
era o grande sonho de Moreno. No começo do século 
XX, ele buscava relacionar-se com crianças e adultos 
nas praças e ruas de Viena, estimulando-os a 
descobrirem novas formas de estar no mundo. A 
filosofia do momento, que embasa a teoria e a prática 
psicodramática, foi sendo configurada através de sua 
observação do potencial criativo do ser humano. 
Desde então, o Psicodrama vem se transformando, 
desenvolvendo-se como teoria e como prática. 
Profissionais da área clínica adaptaram-no para o 
atendimento processual em consultório, muitas vezes 
num enquadre de psicoterapia individual, trazendo 
novas contribuições para a teoria psicodramática do 
desenvolvimento emocional e para a compreensão da 
psicopatologia, assim como para a configuração de 
modelos referenciais na compreensão da experiência 
emocional humana e dos grupos. Neste contexto, mais 
comumente, a expressão dos impedimentos e conflitos 
http://www.febrap.org.br/
envolve tensão, agressividade e, principalmente, o 
reconhecimento e acolhimento da dor psíquica.
 
 A prática psicodramática, em suas inúmeras 
modalidades, começa pelo envolvimento das pessoas 
com o tema ou com a experiência a ser vivenciada, 
através de lembranças ou histórias do cotidiano dos 
indivíduos e/ou das organizações. Cabe ao diretor 
manejar as técnicas psicodramáticas, como recursos 
de ação, para garantir o envolvimento do grupo e a 
escolha da cena protagônica, que refletirá a 
experiência dos presentes. Ele vai convidando todos 
para participarem na criação conjunta do enredo, 
favorecendo a emergência da realidade grupal.
 
Neste sentido, o Psicodrama é facilitador da 
manifestação das ideias, dos conflitos sobre um tema, 
dos dilemas morais, impedimentos e possibilidades de 
expressão em determinada situação. Fundamentado na 
teoria do momento e no princípio da espontaneidade, 
promove a participação livre de todos e estimula a 
criatividade na produção dramática e na catarse ativa. 
Finaliza-se com os comentários, inicialmente dos 
participantes da cena e depois do grande grupo, com a 
identificação da realidade que acaba de ser vivenciada 
e com o levantamento de soluções possíveis para as 
questões abordadas.
 
Nas atividades desenvolvidas no âmbito social, 
buscam-se soluções práticas e reais para os problemas, 
contribuindo para a descoberta de alternativas que 
promovam o desenvolvimento sustentável nas 
comunidades.
 
O principal objetivo da ação dramática é favorecer aos 
membros do grupo a descoberta da riqueza inerente 
em vivenciar plenamente o status nascendi da 
experiência grupal, participando com a maior 
honestidade possível no momento. Desta maneira, os 
participantes recriarão no grupo seus modelos de 
relacionamento, confrontando e sendo confrontados 
com as diferenças individuais, condição necessária 
para apreenderem a distinção entre sua experiência 
emocional e a dos outros, sendo cada um deles agente 
transformador dos demais. O Psicodrama vem 
expandindo suas fronteiras, ampliando a diversidade 
de experiências de intervenção psicossocial. 
Acompanhando esta expansão, a produção científica 
tem procurado aprofundar as questões provocadas por 
esta prática renovada. (http://www.febrap.org.br/
psicodrama/default.aspx?idm=20, acessado em 
01/02/2016).
 
 
 
Contribuições teóricas: Piaget
 
Jean Piaget nasceu em 1896 e faleceu em 1980, 
renomado psicólogo e filósofo suíço, conhecido por 
seu trabalho pioneiro no campo da inteligência 
infantil. Piaget passou grande parte de sua carreira 
profissional interagindo com crianças e estudando seu 
processo de raciocínio, obtendo com isso um 
significativo impacto sobre os campos da Psicologia e 
Pedagogia.  Piaget aos 11 anos de idade publicou seu 
primeiro trabalho sobre sua observação de um pardal 
albino, estudo que é considerado o início de sua 
brilhante carreira científica. Ele frequentou a 
Universidade de Neuchâtel, onde estudou Biologia e 
Filosofia, recebendo seu doutorado em Biologia em 
1918, aos 22 anos de idade.
http://www.febrap.org.br/psicodrama/default.aspx?idm=20
http://www.febrap.org.br/psicodrama/default.aspx?idm=20
http://www.febrap.org.br/psicodrama/default.aspx?idm=20
Após formar-se, Piaget foi para Zurich, onde 
trabalhou como psicólogo experimental. Lá ele 
frequentou aulas lecionadas por Jung e trabalhou 
como psiquiatra em uma clínica, experiências que 
muito o influenciaram em seu trabalho. Ele passou a 
combinar a psicologia experimental, que é um estudo 
formal e sistemático, com métodos informais de 
psicologia: entrevistas, conversas e análises de 
pacientes. Em 1919, Piaget mudou-se para a França, 
onde foi convidado a trabalhar no laboratório de 
AlfredBinet, um famoso psicólogo infantil que 
desenvolveu testes de inteligência, padronizados para 
crianças. Piaget notou que crianças francesas da 
mesma faixa etária cometiam erros semelhantes 
nesses testes e concluiu que o pensamento lógico se 
desenvolve gradualmente. Foi então em 1919 que 
Piaget iniciou seus estudos experimentais sobre a 
mente humana e começou a pesquisar também sobre o 
desenvolvimento das habilidades cognitivas. Seu 
conhecimento de Biologia levou-o a enxergar o 
desenvolvimento cognitivo de uma criança como 
sendo uma evolução gradativa. Jean Piaget 
revolucionou as concepções de inteligência e de 
desenvolvimento cognitivo partindo de pesquisas 
baseadas na observação e em entrevistas que realizou 
com crianças. Buscando analisar as relações que se 
estabelecem entre o sujeito que conhece e o mundo 
que tenta conhecer, considerou-se um epistemólogo 
genético porque investigou a natureza e a gênese do 
conhecimento nos seus processos e estágios de 
desenvolvimento. Em 1921, Piaget voltou à Suíça e 
tornou-se diretor de estudos no Instituto J. J. Rousseau 
da Universidade de Genebra, buscando observar 
crianças brincando e registrando meticulosamente as 
palavras, ações e processos de raciocínio delas. As 
teorias de Piaget foram, em grande parte, baseadas em 
estudos e observações de seus filhos que ele realizou 
ao lado de sua esposa. Piaget lecionou em diversas 
universidades europeias, dentre elas a Universidade de 
Sorbonne (Paris, França), onde permaneceu de 1952 a 
1963. Até a data de seu falecimento, Piaget fundou e 
dirigiu o Centro Internacional para Epistemologia 
Genética. Ao longo de sua brilhante carreira, Piaget 
escreveu mais de 75 livros e centenas de trabalhos 
científicos. Piaget desenvolveu diversos campos de 
estudos científicos: a psicologia do desenvolvimento, 
a teoria cognitiva e o que veio a ser chamado de 
epistemologia genética, as quais tinham o objetivo de 
entender como o conhecimento evolui. Piaget parte do 
pressuposto de que o conhecimento evolui 
progressivamente por meio de estruturas de raciocínio 
que substituem umas às outras por meio de estágios. 
Isso significa que a lógica e formas de pensar de uma 
criança são completamente diferentes da lógica dos 
adultos.
A essência do trabalho de Piaget ensina que ao 
observarmos cuidadosamente a maneira com que o 
conhecimento se desenvolve nas crianças, podemos 
entender melhor a natureza do conhecimento humano. 
Em sua teoria identifica os quatro estágios de 
evolução mental de uma criança, sendo que cada 
estágio é um período onde o pensamento e 
comportamento infantil é caracterizado por uma forma 
específica de conhecimento e raciocínio: sensório-
motor, pré-operatório, operatório concreto e 
operatório formal.
A capacidade de adaptar-se para Piaget é o processo 
de funcionamento do organismo a uma nova situação, 
e como tal, implica a construção contínua do modo 
como as partes ou elementos se relacionam, e que 
determina as características ou o funcionamento do 
todo. Essa adaptação refere-se ao mundo exterior, 
como toda adaptação biológica. De tal forma, 
indivíduos progridem intelectualmente a partir do ato 
de exercitar e estímulos oferecidos pelo meio que os 
cercam. Ramozzi-Chiarottino citado por Chiabal 
(1990) diz que o que vale igualmente dizer que a 
inteligência humana pode ser praticada, buscando um 
aperfeiçoamento de potencialidades, que passam 
gradativamente de um estado a outro desde o nível 
mais primitivo da existência, caracterizado por trocas 
bioquímicas até o nível das trocas simbólicas.
    Para Piaget o comportamento dos seres vivos não é 
inato, nem resultado de condicionamentos. Para ele o 
comportamento é construído numa interação entre o 
meio e o indivíduo, sendo caracterizada como uma 
teoria interacionista. A inteligência do indivíduo, 
como adaptação a situações novas, portanto, está 
relacionada com a complexidade desta interação do 
indivíduo com o meio. Em outras palavras, quanto 
mais complexa for esta interação, mais “inteligente” 
será o indivíduo. As teorias piagetianas abrem campo 
de estudo não somente para a psicologia do 
desenvolvimento, mas também para a sociologia e 
para a antropologia, além de permitir que os 
pedagogos tracem uma metodologia baseada em suas 
descobertas.  A adaptação intelectual constitui-se 
então em um "equilíbrio progressivo entre um 
mecanismo assimilador e uma acomodação 
complementar". Piaget situa o problema 
epistemológico no âmbito de uma interação entre o 
sujeito e o objeto. E de acordo com Piaget (1982) essa 
dialética resolve todos os conflitos nascidos das 
teorias, associacionistas, empiristas, genéticas sem 
estrutura, estruturalistas sem gênese, e permite seguir 
fases sucessivas da construção progressiva do 
conhecimento.
O construtivismo piagetiano analisa os processos de 
desenvolvimento e aprendizagem como resultados da 
atividade do homem na interação com o ambiente. E 
para explicar tal interação Piaget citado em Goulart 
(1983) propõe alguns conceitos centrais como: 
assimilação, acomodação e adaptação.
A assimilação é considerada como a incorporação dos 
dados da realidade nos esquemas disponíveis no 
sujeito, ou seja, o indivíduo assimila tudo o que ouve, 
transformando isso em conhecimento próprio. “No 
processo de acomodação o sujeito modifica os 
esquemas para internalizar os elementos novos. Do 
equilíbrio desses dois processos ocorre uma adaptação 
ao mundo cada vez mais adequada e uma consequente 
organização mental”. (GOULART, 1983).
Piaget (1982) apresenta o pressuposto de que a 
inteligência humana somente se desenvolve no 
indivíduo em função de interações sociais que são, em 
geral, negligenciadas. Porém, apesar de tal afirmação, 
Piaget não se deteve sobre essa questão do papel dos 
fatores sociais no desenvolvimento humano e sim, das 
influências e determinações dessa mesma interação 
sobre a inteligência do ser humano.
 
As observações de Piaget põem em foco as condições 
intelectuais que tornam a pessoa capaz de cooperar e 
explicam o efeito da cooperação na formação de sua 
mente. A estruturação do pensamento em 
agrupamentos e em grupos móveis permite que cada 
indivíduo adote múltiplos pontos de vista. Outro tipo 
de comportamento que a atividade grupal desenvolve, 
segundo a linha de Piaget, é chamado de 
reciprocidade. No momento em ocorre contribuições 
de ajuda mútua, colaboração. O indivíduo raciocina 
com mais lógica quando discute com os outros, em 
reciprocidade. (MINICUCCI, 1997). Para o autor o 
indivíduo raciocina com mais lógica quando discute 
com outro, pois, frente ao companheiro, a primeira 
coisa que procura é evitar a contradição. Por outro 
lado, a objetividade, o desejo de comprovação, a 
necessidade de dar sentido ás palavras e ás idéias são 
não só obrigações sociais, como também condições de 
pensamento operatório. (MINICUCCI, 1997).
 
Mediante experiências em grupo, o indivíduo aprende 
que, ante algo objetivo, pode - se adotar diferentes 
pontos de vista correlatos e que as diversas 
observações extraídas não são contraditórias, mas 
complementares. O indivíduo que intercambia em 
grupo suas idéias, com seus semelhantes, tende a 
organizar de maneira operatória seu próprio 
pensamento, portanto, o grupo favorece o 
desenvolvimento do chamado pensamento operatório. 
(MINICUCCI, 1997).
Considerando estes conceitos centrais, o educador 
deve tornar a atividade grupal proporcional ao nível 
de desenvolvimento cognitivo dos alunos, não 
podendo ir além das suas capacidades, nem deixá-los 
agindo sozinhos, uma vez que, busca-se que o sujeito 
seja capaz de formar esquemas conceituais de 
conteúdos com flexibilidade de pensamento, 
estimulando-se a reflexão e construção de conceitos e 
princípios ao interagir com o outro.
 
 
Contribuições teóricas: Pichón-Revière
 
Enrique Pichon Rivière nasceu em Genebra (1907) 
tendo migrado para Buenos Aires em 1977, sendo um 
médico psiquiatra e psicanalista suíço, nacionalizado 
argentino.A técnica dos grupos operativos começou a 
ser sistematizada por Enrique Pichon-Rivière, a partir 
de uma experiência no hospital de Las Mercedes, em 
Buenos Aires, por ocasião de uma greve de 
enfermeiras. Esta greve inviabilizaria o atendimento 
aos pacientes portadores de doenças mentais no que 
diz respeito à medicação e aos cuidados de uma 
maneira geral. Diante da falta do pessoal de 
enfermagem, Pichon-Rivière propõe, para os 
pacientes “menos comprometidos”, uma assistência 
para com os “mais comprometidos” e a experiência 
foi muito produtiva para ambos os pacientes, os 
cuidadores e os cuidados, por ter havido maior 
identificação entre eles e pôde-se estabelecer uma 
parceria de trabalho, uma troca de posições e lugares, 
trazendo melhor integração. Pichon-Rivière começou 
a trabalhar com grupos na medida em que observava a 
influência do grupo familiar em seus pacientes. Sua 
prática psiquiátrica esteve subsidiada principalmente 
pela psicanálise e pela psicologia social, sendo ele o 
fundador tanto da Escola Psicanalítica Argentina 
(1940) como do Instituto Argentino de Estudos 
Sociais (1953). Para o autor, o objeto de formação do 
profissional deve instrumentar o sujeito para uma 
prática de transformação de si, dos outros e do 
contexto em que estão inseridos, defendendo a ideia 
de que aprendizagem é sinônimo de mudança, na 
medida em que deve haver uma relação dialética entre 
sujeito e objeto e não uma visão unilateral, 
estereotipada e cristalizada.
 
A aprendizagem centrada nos processos grupais 
coloca em evidência a possibilidade de uma nova 
elaboração de conhecimento, de integração e de 
questionamentos acerca de si e dos outros. A 
aprendizagem é um processo contínuo em que 
comunicação e interação são indissociáveis, na 
medida em que aprendemos a partir da relação com os 
outros. A técnica de grupo operativo consiste em um 
trabalho com grupos, cujo objetivo é promover um 
processo de aprendizagem para os sujeitos envolvidos, 
através de uma leitura crítica da realidade, uma atitude 
investigadora, uma abertura para as dúvidas e para as 
novas inquietações. Neste conceito, a constituição do 
sujeito é marcada por uma contradição interna: ele 
precisa, para satisfazer as suas necessidades, entrar em 
contato com o outro, vincular-se a ele e interagir com 
o mundo externo. Deste sistema de relações vinculares 
emerge o sujeito, sujeito predominantemente social, 
inserido numa cultura, numa trama complexa, por 
meio da qual internalizará vínculos e relações sociais 
que vão constituir seu psiquismo.
 
Para Pichon-Rivière (1988), a teoria do vínculo tem 
um caráter social na medida em que compreende que 
sempre há figuras internalizadas presentes na relação, 
quando duas pessoas se relacionam, ou seja, uma 
estrutura triangular. O vínculo é bi-corporal e 
tripessoal, isto é, em todo vínculo há uma presença 
sensorial corpórea dos dois, mas há um personagem 
que está interferindo sempre em toda relação humana, 
que é o terceiro. Neste sentido, vínculo é uma 
estrutura psíquica complexa. O circuito vincular tem 
direção e sentido, tendo um porquê e um para quê. 
Quando somos internalizados pelo outro e 
internalizamos o outro dentro de nós, podemos 
identificar o estabelecimento do vínculo de mútua 
representação interna. Considera-se que este vínculo 
consiste em uma estrutura complexa de relação que 
vai sendo internalizada e que possibilita ao sujeito 
construir uma forma de interpretar a realidade própria. 
Na vivência com os outros nós nos constituímos por 
meio de uma história vincular que vai se tecendo 
nessa relação. Assim, o grupo operativo é considerado 
como uma estrutura operativa que possibilita aos 
integrantes meios para que eles entendam como se 
relacionam com os outros (GAYOTTO, [1992]).
 
 
Atividades recomendadas:
 
1. Faça uma leitura criteriosa do texto obrigatório, 
observando as origens históricas dos estudos de 
Moreno, Piaget e Pichón-Revière sobre grupos e a 
relevância do escopo teórico desenvolvido por 
eles.
2. Procure identificar as nuances diferenciais entre 
os autores.
3.  Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
“Todo conjunto de pessoas, ligadas entre si por 
constantes de tempo e de espaço e articuladas por sua 
mútua representação interna, se coloca explícita ou 
implicitamente na tarefa que constitui sua finalidade”.
Essa síntese constitui um pensamento do autor:
 
a) Levy Moreno
b) Félix Guattari
c) Pichon-Rivière
d) Jean Piaget
e) Gregorio Baremblit
 
 
 
Se você compreendeu adequadamente a proposta 
teórica apresentada por Kurt Lewin, assinalou a 
alternativa c. As demais alternativas não 
correspondem a definição de grupo apresentada no 
enunciado. A definição faz menção a tarefa enquanto 
finalidade do grupo, fator explicitamente ressaltado 
por Pichón-Revière e não pelos demais autores. 
 
Módulo 4: ABORDAGENS TEÓRICAS SOBRE 
GRUPOS-2
 
Leitura Obrigatória:
BARRETO, M. F. M. Dinâmica de grupo: história, 
práticas e vivências. Campinas: Alínea, 2006.
MINICUCCI, A. Dinâmica de Grupo, Teorias e 
Sistemas. São Paulo: Atlas, 2007.
 
Leitura para Aprofundamento:
MINICUCCI, A. Técnicas do trabalho de grupo. 3ª 
ed. São Paulo: Atlas, 2001.
 
Neste momento vamos identificar algumas das 
principais abordagens teóricas que estudaram e 
desenvolveram um compêndio teórico e prático sobre 
a dinâmica grupal.
Dentre eles, nos ateremos neste módulo às 
contribuições teóricas de Schutz e à Avaliação dos 
fenômenos da interação humana em grupos de Bales.
 
Contribuições teóricas: Schutz
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/catalogo/busca.asp?parceiro=105441&nautor=68159&refino=1&sid=2261172499830550211918760&k5=18D48DB&uid=
 
Will C. Schutz foi um estudioso das dinâmicas de 
grupos e desenvolveu ao longo de 30 anos suas 
pesquisas sistemáticas, realizando novas experiências 
sobre o fenômeno estudado por Kurt Lewin.
Schutz (1958) destacou as implicações de suas 
descobertas como a interdependência e a estreita 
correlação que existe em todo grupo de trabalho entre 
seu grau de integração e seu nível de criatividade. O 
autor também considera as dimensões de dependência 
e interdependência como fatores centrais de 
compatibilidade de grupo, indicando que o 
determinante estratégico de compatibilidade é a 
dosagem específica de orientações para autoridade 
com orientações para intimidade pessoal. A concepção 
de compatibilidade de grupo é importante na 
constituição de equipes de trabalho, que tem metas 
bem definidas a alcançar, que poderia, ou deveria, 
funcionar adequadamente pela competência técnica de 
seus integrantes, mas que, por vezes, não rendem o 
esperado, certamente pelas dificuldades interpessoais 
no trabalho grupal.
No desenvolvimento do grupo, portanto, precisam 
também ser considerados os aspectos de personalidade 
de seus membros com relação as dimensão de 
dependência (autoridade) e interdependência 
(intimidade) além da dimensão tempo e outros 
fatores,  tais como: objetivos do grupo, contexto 
físico-social, dentre outros. Esta formulação permite a 
Schutz a elaboração de um teste chamado FIRO 
(Fundamental Interpessoal Relations Orientations), 
capaz de medir conflitos e/ou independência em 
relação a cada uma das dimensões, bem como o grau 
com que o indivíduo fará sentir os seus pontos   de 
vista   ao expressar-se em um grupo. O autor inova o 
fenômeno grupal com sua teoria das “Necessidades 
Interpessoais” na formação e desenvolvimento de um 
grupo, conceito usado para especificar que a 
integração dos membros de um grupo acontece 
quando certas necessidades fundamentais são 
satisfeitas, pois só em grupo e pelo grupo essas 
necessidades podem ser satisfeitas, sendo 
fundamentais porque são vivenciadas por todo ser 
humano em um grupo qualquer.
Schutz (1958) nota 3 zonas de necessidades 
interpessoais existentes em todos os grupos:
 
·         NECESSIDADE DE INCLUSÃO; que significa 
a necessidade de se sentir considerado pelos outros, de 
suaexistência no grupo ser de interesse para o outros. 
Cada membro do grupo procura seu lugar através de 
tentativas para encontrar e estabelecer os limites de 
sua participação no grupo, o quanto vai dar de si, o 
quanto espera receber, como se mostrará ou que papel 
desempenhará primordialmente. É uma fase de 
introdução do grupo de forma ativa e experimental.
A necessidade de inclusão é o sentir-se aceito, 
integrado e valorizado totalmente pelo grupo, além de 
procurar provas de que não é ignorado, isolado ou 
rejeitado. Em todas as três etapas, a maturidade social 
(o nível de socialização), e a necessidade de inclusão, 
condicionarão e determinarão atitudes mais ou menos 
adultas, evoluídas. Logo, os menos socializados nesta 
fase, comportam-se como membros infantis, com 
atitudes de dependência ou como membros da fase 
típica da revolta adolescente com atitudes de contra-
dependência, forçando a inclusão. Esta fase refere-se 
ao significado que cada pessoa pensa ou sente ter para 
as outras pessoas que compõem o grupo. Assim, 
aquelas que se sentem com autoestima baixa 
comportam-se de maneiras extremadas e ansiosas, 
sendo sub-social com atitudes retraídas e afastando-se 
das pessoas, ou ultra social com atitudes extrovertidas, 
não suportando ficar sozinhas.
 
Os sentimentos inconscientes são iguais tanto no 
comportamento do sub-social quanto no 
comportamento do ultra social, mesmo que manifestos 
e opostos, a técnica sutil utilizada por ambos é de ser 
querido e poderoso. Os mais socializados podem 
participar muito ou pouco numa situação de grupo 
sem sentir-se ansioso, tendo atitudes de autonomia e 
interdependência e encontram satisfação pelos laços 
que estabelecem entre os membros do grupo. Para 
Schutz (1958), somente estes se tornam capazes de 
dar e receber afeição e estabelecem suas relações em 
nível autenticamente interpessoal. Os problemas 
apontados nesta fase de inclusão é o da decisão, ficar 
dentro ou fora do grupo. As interações de inclusão 
concentram-se nos encontros e a ansiedade da 
inclusão é de ser insignificante.
 
 
·         NECESSIDADE DE CONTROLE: significa 
respeito pela competência e responsabilidade dos 
outros e consideração dos outros pela competência e 
responsabilidade do indivíduo.  Encontrado o seu 
lugar, cada membro passa a interessar-se pelos 
procedimentos que levem às decisões, ou seja, pela 
distribuição do poder no grupo e controle das 
atividades dos outros. É uma fase de jogo de forças, 
competição por liderança, discussões sobre metas e 
métodos, atuação no grupo e formação de normas de 
conduta dentro do grupo. Cada um busca atingir um 
lugar satisfatório às suas necessidades de controle, 
influência e responsabilidade.
A necessidade de controle faz referência ao poder, 
influência, autoridade, como também os indivíduos 
definirão para si mesmo suas próprias 
responsabilidades e as de cada membro dentro do 
grupo. Surgem então, questões como o grupo está 
controlado e por de quem? Quem tem autoridade 
sobre quem, em que momento e por quê? Respostas a 
estas perguntas trazem segurança para o indivíduo e 
vai delineando as estruturas do grupo e da autoridade.
A socialização determinará os comportamentos assim 
como o seu grau, sendo que os menos socializados 
permanecerão com atitudes infantis e dependentes 
procurando livrar-se das responsabilidades e 
passando-as, por exemplo, para aqueles que 
denominam como mais carismáticos. O desejo de 
controle varia entre desejo de ser controlado, 
isentando-se de responsabilidade e o desejo de 
controlar, que é ter autoridade sobre os outros com 
objetivo de ter controle sobre o próprio futuro.  O 
comportamento de controle não implica em destacar-
se como na inclusão.  pois está subjacente à 
competência, ou seja, sentir-se competente ou sentir-
se incapaz. Aqueles que se sentem incapazes têm 
comportamentos extremados e ansiosos com atitudes 
autocratas, pois tentam dominar, sendo fanático pelo 
poder e competidor. Os de atitudes abdicrata afastam-
se de posições de poder e responsabilidades. A 
sensação latente tanto no autocrata quanto no 
abdicrata é a mesma, a incapacidade de se 
desincumbir de obrigações; não ser competente. 
Aqueles que se sentem capazes, denominados como 
democrata, que teve o seu problema de controle 
resolvido na infância, sentem-se confiável, dando ou 
recebendo. Pensa e quer o controle do grupo em 
termos de responsabilidades partilhadas. O problema 
do controle é estar por cima ou por baixo. A interação 
primária do controle é o confronto devido papéis 
diversificados e as lutas pelo poder. Competição e a 
influência passam a ter uma importância central e a 
ansiedade do controle corresponde a de ser 
incompetente.
 
·         NECESSIDADE DE AFETO: significa 
sentimentos mútuos ou recíprocos de amar os outros e 
ser amado, ou seja, sentir-se amado. Uma vez 
resolvidos razoavelmente os problemas de controle, os 
membros começam a expressar e buscar integração 
emocional. Surgem abertamente manifestações de 
hostilidade direta, ciúmes, apoio, afeto e outros 
sentimentos. Cada um procura conhecer as 
possibilidades de intercâmbio emocional, estabelecer 
limites quanto à intensidade e qualidade das trocas 
afetivas. O clima emocional do grupo pode oscilar 
entre momentos de grande harmonia e momentos de 
insatisfação, hostilidade e tensão. A tendência é o 
estabelecimento de um clima afetivo positivo dentro 
do grupo e que traz satisfações a todos, mas que não 
perdura muito tempo, passando ao polo oposto.  
Esta é a fase dos vínculos emocionais que se refere às 
proximidades pessoais e emocionais entre as pessoas. 
É a última fase a emergir no desenvolvimento de uma 
relação humana ou de um grupo. Os indivíduos 
querem obter provas de serem totalmente valorizados. 
Desejam ser percebidos como insubstituíveis e 
aspiram ser respeitados por suas competências, aceitos 
como seres humanos não apenas pelo que têm, mas 
também pelo que são. De acordo com a maturidade 
social haverá variação de comportamentos, sendo que 
os indivíduos dependentes tentam satisfazer suas 
necessidades de afeto através de relações 
privilegiadas, exclusivas e geralmente possessivas, 
desejam relações hiperpessoais. Para esses indivíduos, 
os comportamentos estão classificados como 
subpessoal. Esse comportamento é o de evitar elos 
íntimos com as pessoas. Inconscientemente, temem 
não ser amados e sentem dificuldades de gostar das 
pessoas, além de desconfiarem dos sentimentos das 
mesmas. Enquanto, os indivíduos com o 
comportamento superpessoal procuram estar 
extremamente próximo das pessoas, 
inconscientemente ser querido é essencial como 
tentativa de aliviar a ansiedade de ser rejeitado. Usam 
a manipulação e a possessividade como técnicas sutis 
de relacionamento.
Os indivíduos mais socializados, denominados de 
pessoal, que tiveram as relações de afeto bem 
resolvidas na infância e interação íntima com outras 
pessoas, são capazes de dar e receber afeto genuíno. O 
problema de afetividade é estar próximo ou distante. A 
interação afetiva será o abraço e a ansiedade: é de ser 
ou não capaz de ser amado.
Alguns anos depois, Schutz retoma estes conceitos, 
ampliando com mais dois: A ciclagem e a separação. 
Para ele, a ciclagem representa o momento em que 
forças externas podem se impor ao funcionamento do 
grupo, chegando a fase de separação, o grupo se 
desfaz resolvendo suas relações de forma oposta, ou 
seja, do afeto para a inclusão.  O comportamento 
individual é uma combinação de 4 tipos de 
comportamentos nestas zonas (e fases): o 
comportamento deficiente, o excessivo, o patológico e 
o ideal, na medida em que as necessidades são 
ativadas e satisfeitas.
O grupo passa pelas fases de inclusão, controle e 
afeção, em que há oportunidades para os membros 
satisfazerem suas necessidades interpessoais e o ciclo 
das pode repetir-se várias vezes durante a vida de um 
grupo, independente da sua situação.
 
Schutz (1958) relata ainda que cada dimensão pode

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