Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DEZ 2019 N O V A S P E R S P E C T I V A S P A R A O T R A T A M E N T O D E E S T R I A S A T R Ó F I C A S PARA O B T E N Ç Ã O D E R E S U L TAD O S E F E T I V O S Dra. Pollyanna A. S. White Ft. Dra. em Ciências da Saúde Especialista em Dermatofuncional @dra_pollyanna_white /pwdermatofuncional DEZ 2019DESMISTIFICANDO ESTRIAS // E U G O S T A R I A D E P E R G U N T A R . . . Quantos casos de estria você já recebeu em consultório e quantos conseguiu solucionar com eficiência? Há muita bibliografia de valor, como também inúmeros professores incríveis falando sobre uma infinidade de assuntos importantes e indispensáveis para uma atuação de qualidade na área da estética. Mas quando o assunto é tratamento de estrias a situação muda um pouco de figura. Vemos na nossa prática clínica que existem mais tipos além dos dois preconizados na literatura científica, e isso acaba dificultando um pouco o tratamento, uma vez que são fisiopatologias diferentes e nem sempre o que serve para um, serve para o outro. Embora o aparecimento de estrias atróficas não provoque alguma condição grave à saúde física, são corriqueiros os relatos sobre perda da autoestima, da felicidade e da qualidade de vida em função dessa patologia. Por isso, me debrucei sobre o tema e preparei este e-book com informações valiosas sobre o assunto. Ele pode ajudar a compreender, a classificar e a identificar melhor os tipos de estrias existentes, bem como a elaborar a melhor conduta para cada caso, possibilitando, de fato, resultados efetivos. Se o seu objetivo é obter êxito em consultório através de resultados efetivos no tratamento de estrias, então você está no lugar certo. Sempre digo aos meus alunos que conhecimento é liberdade, como também a maior arma para o seu crescimento e sucesso. 2 DEZ 2019DESMISTIFICANDO ESTRIAS // As estrias atróficas (stretch marks ou striae distensae) são lesões manifestadas por cicatrizes dérmicas associadas ao estiramento da pele. São caracterizadas por atrofia da epiderme e hipoplasia da derme, com grande perda de colágeno e elastina, cujos feixes se apresentam paralelos à superfície. É uma condição relativamente comum, que não causa gravidade à saúde do indivíduo como um todo. É geralmente assintomática, com exceção do prurido que pode ocorrer em sua fase inicial. Contudo, apresenta grande preocupação estética, com problemas relacionados à autoestima [1, 2]. 1 . O Q U E S Ã O E S T R I A S A T R Ó F I C A S ? Estão comumente associadas a condições patológicas tratadas com o uso tópico ou sistêmico de corticosteroide, em especial à Síndrome de Cushing, assim como ao uso de medicamentos quimioterápicos, antibioticoterapia prolongada, contraceptivos e aos neurolépticos. Outras condições patológicas incluem processos infecciosos, como tuberculose e febre tifoide, além de doença hepática crônica [3, 4]. Condições de estiramento excessivo da pele, especificamente durante a gravidez, puberdade, obesidade, fisiculturismo e mamoplastia de aumento também estão associados [5, 6, 7, 8]. Ainda, as estrias atróficas podem ser observadas em condições de mutações gênicas, como nos casos da Síndrome de Marfan e Aracnodactilia Contratural Congênita [2]. 1.2 CAUSAS E CONDIÇÕES FAVORÁVEIS AO APARECIMENTO Relativo à sua incidência, as lesões ocorrem em até 86% dos adolescentes, duas vezes mais em mulheres do que homens. Sua prevalência é maior durante a puberdade e gravidez, acometendo de 43% a 88% das gestantes, em sua maioria no terceiro trimestre. Indivíduos obesos também apresentam alta incidência, são acometidos numa proporção de 43%. As lesões aparecem perpendicularmente à direção de tensionamento da pele e podem afetar abdômen, nádegas, coxas, seios, costas, panturrilha, axilas e virilha [4, 9]. 1.3 QUEM ESTÁ SUSCETÍVEL AO SEU APARECIMENTO? @dra_pollyanna_white /pwdermatofuncional 3 DEZ 2019DESMISTIFICANDO ESTRIAS // @dra_pollyanna_white /pwdermatofuncional Figura 1: Ilustração demonstrando as localizações anatômicas comuns afetadas pelas estrias atróficas. Fonte: Ud-Din et al. 2016. 4 De acordo com Oakley e Patel (2018), as estrias atróficas podem ser classificadas conforme sua epidemiologia ou aparência. Essa classificação, embora pareça um pouco diferente e mais complicada do que aquela que estamos acostumados a encontrar, acredito que seja a mais fidedigna. E, quanto mais informações a respeito, melhor a capacidade de identificar a patologia, e maior a chance de desenvolver uma conduta de tratamento eficaz, que realmente ofereça resultados significativos. Striae atrophicans – nomeclatura utilizada para abordar estrias observadas em função do adelgaçamento ou afinamento da pele em condições patológicas, seja por uso de determinados medicamentos, por processos infecciosos, por doença hepática crônica, ou derivadas de mutações genéticas, como na Síndrome de Marfan e Aracnodactilia Contratual Congênita. Nos pacientes em uso sistêmico de corticoides, o afinamento se dá em função da redução da síntese de colágeno pelos fibroblastos, induzindo à atrofia da pele. Já as condições genéticas são caracterizadas por uma mutação nos genes que codifica as proteínas da matriz extracelular fibrilina-1 e fibrilina-2, parte do sistema elástico presente na derme [4,2]. Striae gravidarum – específicas das lesões ocorridas durante a gravidez, essas estrias apresentam a influência hormonal como seu principal agente causador. Foi observado que durante esse período há um aumento na quantidade de receptores andrógenos e glicocorticoides, favorecendo a uma maior expressão desses hormônios, cujos efeitos estão associados à alteração dos componentes da matriz extracelular e à redução na produção de fibras elásticas e colágenas. Ainda, foi observada menor expressão dos receptores estrógenos, cujos níveis reduzidos desse hormônio estão relacionados ao adelgaçamento e à perda da elasticidade, do turgor e do enrugamento da pele [11]. Striae distensae – nomenclatura geral dada às estrias atróficas, mas que enfatiza o estiramento da pele como agente causador, o que de certa forma está presente na grande maioria dos casos dessa patologia. 2.1 SUBTIPOS DE ACORDO COM SUA EPIDEMIOLOGIA: 2 - C O M O S Ã O C L A S S I F I C A D A S DEZ 2019DESMISTIFICANDO ESTRIAS // @dra_pollyanna_white /pwdermatofuncional 5 DEZ 2019DESMISTIFICANDO ESTRIAS // 2.2 SUBTIPOS DE ACORDO COM SUA APARÊNCIA: A segunda classificação, pela aparência, é a mais comumente observada, porém, diferentemente de grande parte da literatura sobre o tema, cuja distinção se faz apenas em vermelha e branca, essa tipologia, originalmente descrita por Hermanns e Piérard (2006) envolve quatro subtipos (Figura 2): striae rubrae (vermelha), striae albae (branca), striae nigra (preta), striae caerulea (azul escura ou violácea). ALÉM DESSES, UM QUARTO TIPO É DESCRITO POR SCHUCK ET AL. (2019). Traumatic striae – essa nomenclatura se refere a estrias decorrentes de trauma induzido, exemplificado pelas estrias originadas pelo excesso de inflação em expansores de pele [13] ou estrias surgidas após mamoplastia de aumento [14]. Figura 2: Topologia proposta por Hermanns e Piérard (2006) - (a) striae nigra, (b) striae alba, (c) striae rubra e (d) striae caerulea. Fonte: Hermanns e Piérard 2006. @dra_pollyanna_white /pwdermatofuncional a b c d 6 DEZ 2019DESMISTIFICANDO ESTRIAS // Aparentemente essa diferença na coloração das estrias está relacionada a variações na microcirculação, assim como no tamanho e atividade dos melanócitos. Além disso, sua aparência clínica também é influenciada pelo fototipo do indivíduo, uma vez que o olho humano detecta a diferença de cor entre a estria e a pele ao redor [16]. Acredito que essa classificação seja mais fidedigna, uma vez que mostra diferenças no processo fisiopatológico de cada tipo, possibilitando intervenções mais específicas e com melhores resultados. Esses quatro tipos podem ser, provisoriamente, interpretados como diferentes fases da evolução da patologia. Estriasvermelhas A estria vermelha mostra-se como o primeiro estágio reconhecível (Figura 3). É possível identificar uma reação inflamatória local, caracterizada pelo eritema, edema e pelo aumento da temperatura. Seu eritema difuso, praticamente restrito aos limites da estria distendida, corresponde a um processo de vasodilatação, possivelmente ligado à angiogênese e à infiltração linfocitária perivascular superficial e profunda. Além de eritema, um edema parece estar presente entre queratinócitos e melanócitos. Estes, apesar da coloração vermelha da estria, mostram-se danificados com vacuolização das mitocôndrias e redução da melanogênese. Já as bandas de colágeno na derme reticular mostram-se distendidas e alinhadas paralelamente à superfície da pele, além de significativamente mais hidratadas em comparação à pele normal [12, 17, 15]. 2.3 POR QUE AS ESTRIAS DESENVOLVEM DIFERENTES COLORAÇÕES? @dra_pollyanna_white /pwdermatofuncional Figura 3: Estrias vermelhas em região de mama. Fonte: arquivo pessoal da autora. 7 DEZ 2019DESMISTIFICANDO ESTRIAS // Estrias pretas As estrias pretas ou negras estão relacionadas à etnia (Figura 4). Podem ser uma sobreposição das estrias vermelhas em indivíduos de fototipo alto. Caracterizam-se por um aumento na quantidade de melanina, particularmente nas cristas papilares distendidas e reorientadas. Nesta fase o eritema também está presente. A derme, por sua vez, se apresenta com hipoplasia local. Os melanócitos estão hiperresponsivos, provavelmente em função de forças mecânicas aplicadas aos mesmos, somadas a sinais bioquímicos emitidos por outras células em resposta ao estiramento. Além disso, citocinas como fator de crescimento de hepatócitos (HGF) e fator de célula-tronco (SCF) podem ser liberadas por células dérmicas e induzirem hiperpigmentação epidermal [15]. @dra_pollyanna_white /pwdermatofuncional Estrias azuis ou violáceas As estrias azuis, originalmente descritas por Simkin e Arce (1962), foram observadas em pacientes com Síndrome de Cushing, patologia caracterizada pelo excesso de cortisol, associada ao estiramento da pele em função do acúmulo de gordura. Em termos colorimétricos, se apresentam semelhantes à estria preta, porém em fototipos levemente mais claros [15] (Figura 5). Figura 4: Estrias negras em flancos. Fonte: arquivo pessoal da autora. 8 DEZ 2019DESMISTIFICANDO ESTRIAS // Estrias brancas Representam o último estágio da estria estabilizada (Figura 6). Nessa fase já não há eritema ou estimulação da vascularização. Seus melanócitos estão hiporresponsivos, culminando numa redução da quantidade de melanina. Há redução da firmeza, da elasticidade e da deformidade na pele estriada em comparação à pele normal adjacente, não havendo tensão mecânica. Não se observa alterações significativas em relação à hidratação, aos marcadores inflamatórios ou à quantidade de oxi e desoxihemoglobina. Consequentemente, a lesão se apresenta hipopigmentada e suas fibras frouxas e atrofiadas [15, 1, 18]. @dra_pollyanna_white /pwdermatofuncional Figura 5: Estrias violáceas em região axilar. Fonte: arquivo pessoal da autora. Figura 6: Estrias brancas em região glútea. Fonte: arquivo pessoal da autora. 9 DEZ 2019DESMISTIFICANDO ESTRIAS // Funciona mais ou menos assim: células dérmicas, sob a ação de hormônios específicos, cargas metabólicas de forças de tração, respondem por um mecanismo de feedback e traduzem as informações em sinais bioquímicos. Esses sinais promovem uma mudança na sua atividade secretora de citocinas e de componentes da matriz extracelular, deixando a derme com menor resistência. Uma vez enfraquecida, a biomecânica das fibras é alterada, levando à ativação de mensageiros secundários que afetam a expressão genética e o crescimento celular [15, 19]. Em seu estágio inicial, a estria vermelha apresenta um aumento na expressão gênica do pró-colágeno, assim como na expressão das proteínas de choque (HSP) 47, da prolil-4-hidroxilase (enzima necessária para a estabilização do colágeno I), dos fatores de crescimento transformadores (TGF) -β1 e -β3 e do fator de crescimento do tecido conjuntivo (CTGF), embora, sem aumento na expressão das enzimas degradadoras de colágeno, as metaloproteinases (MMP) 1 e 3. Assim, a síntese de colágeno tipo I está aumentada, mas não sua fragmentação enzimática [18]. Em relação às fibras elásticas, foi observado pequeno aumento das MMP-9, responsáveis por sua quebra enzimática. Entretanto, houve aumento na expressão da tropoelastina e do gene da fibrilina-1, induzindo aumento da síntese das fibras elásticas como um todo. Essas alterações seriam um mecanismo de defesa da pele na tentativa de reverter a lesão inicial, uma vez que ocorrem em meio à derme reticular, com a rede colágena e elástica já desorganizada e menos compactada. A vascularização, contrariamente à fase madura, se apresenta complexa, com numerosas ramificações, entrelaçamento e alargamento dos vasos, que tendem a se localizar nos espaços entre as bandas soltas de colágeno [18] (Figura 7). 3 - F I S I O P A T O L O G I A 10 Já em seu estágio maduro, as estrias brancas apresentam uma queda no metabolismo dos fibroblastos, com redução da expressão gênica do colágeno (pró-colágenos I e III), da elastina, da fibronectina e da fibrilina. Especialmente na derme reticular, em que essas alterações são mais visíveis, as bandas de colágeno mostram-se mais soltas ou menos compactadas, em menor quantidade e desorganizadas, com grandes espaços separando-as, preenchidos pela substância fundamental amorfa. A rede elástica também se mostra desorganizada, encurtada e afinada [21, 15, 18, 19]. Assim como as fibras e a microvascularização, a epiderme, incluindo os queratinócitos e os melanócitos, também sofre influência da alteração biomecânica, apresentando-se atrofiada com perda das extensões epiteliais na derme [15,19]. DEZ 2019DESMISTIFICANDO ESTRIAS // @dra_pollyanna_white /pwdermatofuncional 11 DEZ 2019DESMISTIFICANDO ESTRIAS // Figura 7: I) Ilustração das bandas de colágeno no estágio inicial de estrias gestacionais, demonstrando em a) pele normal (controle) retirada do quadril, em que as bandas de colágeno se referem às áreas esbranquiçadas; b) pele perilesional, aparentemente normal, retirada do abdômen; e c) pele estriada retirada do abdômen, com separação e menor compactação das bandas de colágeno, especialmente na derme reticular. II) Ilustração das células endoteliais vasculares (verde) em meio às bandas de colágeno (esbranquiçada), enfatizando em a) fibras colágenas compactadas e vasos sanguíneos finos entre as bandas colágenas na pele normal (controle); e em b) bandas colágenas marcadamente mais soltas e presença de múltiplas ramificações, alargadas e entrelaçadas de vasos localizados nos espaços entre as bandas de colágeno na pele estriada. Fonte: Wang et al., 2018. @dra_pollyanna_white /pwdermatofuncional I II I I II III 12 DEZ 2019DESMISTIFICANDO ESTRIAS // O tensionamento mecânico da pele durante a formação da estria também interfere em uma maior atividade dos receptores hormonais. Cordeiro et al. (2010) relatam que há um aumento significativo nos níveis de receptores estrogênicos, androgênicos e de glicocorticoides, sendo o primeiro ainda mais expressivo em estrias recentes. É sabido que os estrogênios aceleram a cicatrização, ao passo que os androgênios têm ação deletéria. Sendo assim, esse desbalanço na ação hormonal levaria a modificações específicas da matriz extracelular, comprometendo sua reorganização e reestruturação. Acredita-se também que essas alterações aconteçam num período bem definido na formação da estria, havendo, porém, diferentes funcionalidades dos receptores hormonais, de acordo com o estágio do desenvolvimento da lesão [3]. Além disso, alguns autores acreditam haver relação entre o polimorfismo de nucleotídeo único (SNP) em determinados genes e o desenvolvimento da estria. Estudo conduzido por Tung et al. (2013) revelou associação entre o SNP rs7787362 do gene da elastina (ELN), assimcomo entre o SNPrs35318931 do gene SRPX (Sushi SRPX proteína contendo repetição), e estrias gestacionais. Schuck et al. (2018) verificaram alteração em diversos genes, de acordo com a fase de desenvolvimento da estria, ocorrida por distensão da pele durante a adolescência. Em estrias vermelhas, observaram aumento na expressão de diversos genes colágenos e de outros genes envolvidos no remodelamento da matriz extracelular como as metaloproteinases, elastina, LUM, DPT e CYR61. Dentre esses, o gene da elastina foi o que apresentou maior correlação, corroborando com dados de Tung et al. (2013). As estrias brancas, por sua vez, se caracterizaram por redução na expressão de diversos genes associados à manutenção da homeostase celular e transporte de íons. Além disso, apresentaram redução na expressão das metaloproteinases e, ainda, de genes que codificam a queratina, implicando alterações na fisiologia dos queratinócitos [18]. @dra_pollyanna_white /pwdermatofuncional 13 DEZ 2019DESMISTIFICANDO ESTRIAS // Raras variações de estrias atróficas têm sido descritas: edematosas, ulcerativas, queloidianas e urticariformes. Essas variações se apresentam em estrias pré-existentes, porém, como complicações de condições patológicas ou alergênicas não associadas à sua formação. Agregam outros sinais e sintomas, bem como prognósticos distintos, podendo inclusive levar a outras morbidades. 4 - V A R I A Ç Õ E S D A S E S T R I A S A T R Ó F I C A S Edematosas Também denominadas de bolhosas [26], foram primeiramente descritas por Peterson et al. (1984). Essas estrias mostravam-se hiperedematosas, por vezes ulcerativas, com aumento da temperatura corpórea, dor e prurido local (Figura 8a e b). Foi identificada correlação do quadro com o diagnóstico de síndrome nefrótica, sugerindo que a estria edematosa seja uma complicação secundária da tríade representada pelo uso prolongado de esteroides em altas doses, pelo edema excessivo (anasarca) decorrente da síndrome e, ainda, pelo estresse mecânico durante a fase de estirão na adolescência. As estrias tendem a voltar ao aspecto original após tratamento da síndrome [28, 29, 30]. @dra_pollyanna_white /pwdermatofuncional Além desses fatores causais, alguns fatores de risco devem ser levados em consideração: índice de massa corpórea aumentado, baixo fototipo, gestações prévias, aborto, histórico familiar, ingesta aumentada de álcool e reduzida de água, redução dos níveis sanguíneos de vitamina C e parto pré-maturo [19, 22, 23, 24, 25]. 14 DEZ 2019DESMISTIFICANDO ESTRIAS // Figura 8: a) e b) Ilustrações das estrias edematosas. Fonte: Kumar e Iyengar 2012. Ulcerativas Observadas em pacientes portadores de tumores cerebrais em tratamento com dexametasona e bevacizumab, as estrias apresentam- se com ulcerações, microtrombos vasculares e regiões de necrose. Essas áreas, de difícil cicatrização, normalmente têm melhora após cessação da medicação e uso de pomadas hidratantes ou regeneradoras (Figura 9) [31]. Figura 9: Ilustração das estrias ulcerativas. Fonte: Farber et al. 2015. a b 15 DEZ 2019DESMISTIFICANDO ESTRIAS // Queloidianas Também denominadas de Elastose Focal Linear, são descritas como quelóides, cujas fibras elásticas se mostram hiperplásicas e agregadas. As fibras colágenas também se encontram hipertróficas e irregulares na derme reticular, contrariamente ao quadro típico da estria atrófica. Visualmente apresentam-se como lesões lineares amareladas em elevação e endurecidas. São comumente encontradas na região lombossacra de indivíduos do gênero masculino, geralmente originadas na adolescência, durante a fase de estirão. Nenhum tratamento, até o momento, é descrito para essa patologia. A figura 10 traz um comparativo da apresentação das estrias atróficas versus estrias queloidianas [32, 33]. Figura 10: Ilustração do comparativo entre estrias atróficas, representadas na seta preta, e elastosefocal linear (estria queloidiana), evidenciada na seta branca. Fonte: Jang et al. 2012. @dra_pollyanna_white /pwdermatofuncional 16 Urticariformes Observadas em estrias gestacionais após uso de diclofenaco [34] e após rápido ganho de peso [35], apresentam-se edemaciadas, com eritema localizado, podendo ou não estar associadas a prurido e dor. Histologicamente observa-se acantose e hiperpigmentação da camada basal da epiderme, além de espessamento e presença de infiltrado inflamatório linfocitário na derme. Nos casos descritos não foram necessários tratamentos, uma vez que os sinais desapareceram após suspensão do uso da medicação ou acomodação da pele ao novo estiramento (Figura 11a e b). DEZ 2019DESMISTIFICANDO ESTRIAS // Figura 11: a) e b) Ilustrações das estrias urticariformes. Fonte: Kanata et al. 2011. @dra_pollyanna_white /pwdermatofuncional a b 17 SOBRE A AUTORA Pollyanna Alves Secundo White é Fisioterapeuta formada pela Universidade Tiradentes – UNIT, Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Sergipe - UFS, com período intercalar na Universidade de IOWA – UIOWA / Estados Unidos, e Especialista em Dermatofuncional pela Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP. Há 14 anos atua na área clínica e há 4 anos como docente em cursos de graduação e pós-graduação. http://lattes.cnpq.br/1433728121691495 Mais informações: @dra_pollyanna_white /pwdermatofuncional 18 REFERÊNCIAS @dra_pollyanna_white /pwdermatofuncional 1- Stamatas, G. N., Lopes‐DaCunha, A., Nkengne, A., & Bertin, C. (2015). Biophysicalproperties of striae distensae evaluated in vivo using non‐invasive assays. Skin Research and Technology, 21(2), 254-258. 2- Tung, J. Y., Kiefer, A. K., Mullins, M., Francke, U., & Eriksson, N. (2013). Genome-wide association analysis implicates elastic microfibrils in the development of nonsyndromic striae distensae. The Journal of investigative dermatology, 133(11), 2628. 3- Cordeiro, R. C. T., Zecchin, K. G., & De Moraes, A. M. (2010). Expression of estrogen,androgen, and glucocorticoid receptors in recent striae distensae. International journal of dermatology, 49(1), 30-32. 4- Oakley, A, Patel, B. (2018). Stretch Marks (Striae). StatPearls, Disponível em:https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK436005/ 5- Simkin, B., Arce R. (1962). Steroid excretion in obese patients with colored abdominal striae. The New England Journal of Medicine, 266 (20): 1031-1035. 6- Rabinerson, D., Melzer, H., & Gabbay-Ben-Ziv, R. (2018). Striae gravidarum-etiology, prevalence and treatment. Harefuah, 157(12), 787-790. 7- Valente, D. S., Zanella, R. K., Doncatto, L. F., & Padoin, A. V. (2014). Incidence andrisk factors of striae distensae following breast augmentation surgery: a cohort study.PLoS One, 9(5), e97493. 8- Kasielska‐Trojan, A., & Antoszewski, B. (2018). Do body build and composition influence striae distensae occurrence and visibility in women?. Journal of cosmetic dermatology, 17(6), 1165-1169. 9- Ross, N. A., Ho, D., Fisher, J., Mamalis, A., Heilman, E., Saedi, N., & Jagdeo, J. (2017).Striae distensae: preventative and therapeutic modalities to improve aestheticappearance. Dermatologic Surgery, 43(5), 635-648. 10- Ud‐Din, S., McGeorge, D., & Bayat, A. (2016). Topical management of striae distensae (stretch marks): prevention and therapy of striae rubrae and albae. Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology, 30(2), 211-222. 11- Youssef, S. E. S., El‐Khateeb, E. A., Aly, D. G., & Moussa, M. H. (2017). Striae distensae: Immunohistochemical assessment of hormone receptors in multigravida and nulligravida. Journal of cosmetic dermatology, 16(2), 279-286. 12- Schuck, D. C., de Carvalho, C. M., Sousa, M. P., Fávero, P. P., Martin, A. A.,Lorencini, M., & Brohem, C. A. (2019). Unraveling the molecular and cellular mechanisms of stretch marks. Journal of cosmetic dermatology. 13- Ergün, S. S., Özcan, R. H., & Kural, Y. B. (2007). Striae distensae: a rare complicationresulting from overinflation of the tissue expander. Aesthetic plastic surgery, 31(5), 606-607. 14- Huang, G. J., York, C. E., & Mills, D. C. (2008).Striae distensae as a complication ofaugmentation mammaplasty. Plastic and reconstructive surgery, 122(2), 90e-93e. 19 15- Hermanns, J.F., Piérard, G.E. (2006). High-resolution epiluminescence colorimetry of striae distensae. Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology, 20:282–287. 16- Piérard-Frenchimont, C., Hermanns, J. F., Hermanns-Lê, T., Piérard, G. E. (2005).Striae distensae in darker skin types: the influence of melanocyte mechanobiology.Journal of Cosmetic Dermatology, 4: 174-178. 17- Elsaie, M. L., Baumann, L. S., & Elsaaiee, L. T. (2009). Striae distensae (stretchmarks) and different modalities of therapy: an update. Dermatologic Surgery, 35(4), 563-573. 18- Wang, F., Calderone, K., Do, T. T., Smith, N. R., Helfrich, Y. R., Johnson, T. R. B., ... &Fisher, G. J. (2018). Severe disruption and disorganization of dermal collagen fibrils inearly striae gravidarum. British Journal of Dermatology, 178(3), 749-760. 19- Farahnik, B., Park, K., Kroumpouzos, G., & Murase, J. (2017). Striae gravidarum: Risk factors, prevention, and management. International journal of women's dermatology, 3(2), 77-85. 20- Wang, F., Calderone, K., Smith, N. R., Do, T. T., Helfrich, Y.R., Johnson, T. R. B., ... &Fisher, G. J. (2015). Marked disruption and aberrant regulation of elastic fibres in earlystriae gravidarum. British Journal of Dermatology, 173(6), 1420-1430. 21- Lee, K. S., Rho, Y. J., Jang, S. I., Suh, M. H., & Song, J. Y. (1994). Decreased expression of collagen and fibronectin genes in striae distensae tissue. Clinical andexperimental dermatology, 19(4), 285-288. 22 - Kasielska‐Trojan, A., Pietrusiński, M., Borowiec, M., & Antoszewski, B. (2019). Collagen type III and elastin genes polymorphism and the risk of nonsyndromic striae. Journal of cosmetic dermatology, 18(1), 342-345. 23 - Yüksel, M., Aktun, H., Balevi, A., Çakıcı, Ç., & Ülfer, G. (2019). Investigation ofcoenzyme Q10 levels and predisposing factors in patients with striae gravidarum. Journal of cosmetic dermatology. 24- Findik, R. B., Hascelik, N. K., Akin, K. O., Unluer, A. N., & Karakaya, J. (2011). Striaegravidarum, vitamin C and other related factors. International Journal for Vitamin andNutrition Research, 81(1), 43-48. 25- Kelekci, K. H., Kelekci, S., Destegul, E., Aksoy, A., Sut, N., & Yilmaz, B. (2011).Prematurity: is it a risk factor for striae distensae?. International journal of dermatology, 50(10), 1240-1245. 26- Gupta, V., & Yadav, S. (2017). Bullous striae distensae. Postgraduate medicaljournal, 93(1096), 108-108. 27- Peterson, J. L., McMarlin, S. L., & Read, S. I. (1984). Edematous striae distensae.Archives of dermatology, 120(8), 1097-1098. 28- Lee, J. H., Lee, E. K., Kim, C. W., & Kim, T. Y. (1999). A case of edematous striaedistensae in lupus nephritis. The Journal of dermatology, 26(2), 122-124. 29- Choe, S. W., Yoon, Y. H., Seo, S. J., Hong, C. K., & Yu, S. H. (2004). A Case ofEdematous Striae Distensae by Corticosteroid and Generalized Edema in NephroticSyndrome. Korean Journal of Dermatology, 42(9), 1238-1240. 30- Kumar, V., & Iyengar, S. S. (2012). Edematous striae distensae. Internal andemergency medicine, 7(2), 159-160. @dra_pollyanna_white /pwdermatofuncional 20 31- Farber, S. A., Samimi, S., & Rosenbach, M. (2015). Ulcerations within striaedistensae associated with bevacizumab therapy. Journal of the American Academy ofDermatology, 72(1), e33-e35. 32- Hashimoto, K. (1998). Linear focal elastosis: keloidal repair of striae distensae.Journal of the American Academy of Dermatology, 39(2), 309-313. 33- Jang, W. S., Lee, J. W., Yoo, K. H., Park, K. Y., Han, T. Y., Li, K., ... & Hong, C. K.(2012). Could a growth spurt cause linear focal elastosis like striae distensae?. Annals of dermatology, 24(1), 81-83. 34- Cordeiro, R. C. T., & De Moraes, A. M. (2009). Urticariform striae distensae.Journalof the European Academy of Dermatology and Venereology, 23(3),340-341. @dra_pollyanna_white /pwdermatofuncional 21
Compartilhar