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AULA 5 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS Prof.ª Edicreia Andrade dos Santos 02 CONVERSA INICIAL Os sistemas de informação objetivam instrumentalizar os processos da organização visando aumentar o controle, a precisão de suas atividades, a produtividade, além de fornecer suporte à tomada de decisão. Para isso, são utilizados sistemas que possuem como finalidade o processamento das informações e a geração de informações gerenciais. Esses sistemas possuem bancos de dados próprios, que normalmente são independentes e não se comunicam. Isso ocorre porque normalmente os sistemas são utilizados de forma setorial, o que pode ser a causa de diversos problemas, como: a) a redundância de dados, ou seja, dados repetidos; b) o retrabalho, ou seja, quando a falta de integralização faz como que um mesmo dado precise ser lançado mais de uma vez; e c) a falta de integridade de uma informação, ou seja, quando a informação fornecida não é verdadeira. Dentre os sistemas de integração dos ciclos de operação das organizações, destacam-se: SCM (Gestão da Cadeia de Suprimentos), CRM (Gestão de Relacionamento com o Cliente), MRP (Planejamento de Necessidade de Materiais), MRP II (Planejamento dos Recursos de Manufatura ou Planejamento dos Recursos de Produção) e ERP (Sistema Integrado de Gestão Empresarial). O objetivo desta aula é o estudo dos principais métodos de sistemas de informações básicas, que contribuem para a geração de informações para a tomada de decisão organizacional. CONTEXTUALIZANDO O que torna os sistemas de informação tão importantes? É o mesmo que faz com que as empresas invistam cada vez mais no desenvolvimento de tecnologias. O uso desses sistemas é de grande relevância para que os objetivos organizacionais sejam alcançados, pois permitem que novos produtos sejam desenvolvidos, que as operações das empresas sejam otimizadas, além de garantir a continuidade e a sobrevivência da entidade. Como existem diferentes interesses dentro da organização, também existem diferentes sistemas. De forma isolada, eles não são capazes de fornecer 03 as informações que a entidade precisa. Além disso, é muito complicado estabelecer como eles se inter-relacionam, já que até mesmo pequenas empresas utilizam uma série de sistemas para o controle de contas bancárias, pagamento de fornecedores etc. Dessa forma, é importante a utilização de sistemas que reflitam a realidade da empresa como um todo. Na aula passada, conhecemos como são automatizados os processos dos sistemas de informação pela perspectiva dos níveis organizacionais, por meio do estudo dos sistemas de processamento de transação (SPT), de informações gerenciais (SIG) de apoio à decisão (SAD) e de informações estratégicas (SIE). Nesta aula, vamos estudar os sistemas empresariais criados para a resolução de problemas de integração: ERP (Enterprise Resource Planning), SCM (Supply Chain Management), CRM (Customer Relationship Management), MRP II (Manufacturing Resources Planning) e MRP (Material Requirement Planning). TEMA 1 – SCM (CADEIA DE SUPRIMENTOS) A cadeia de suprimentos de negócios, tradução de Supply Chain Management (SCM) corresponde à rede de organizações e processos para escolher a matéria-prima, transformá-las e distribuir os produtos acabados, resultantes dessa transformação, aos clientes. Além da linha de produção, a cadeia liga fornecedores, clientes, redes de distribuição, instalações, com a finalidade de fornecer produtos e serviços desde a sua origem até o ponto de consumo (Laudon; Laudon, 2010). Em muitos casos, alguns eventos causam problemas na gestão de suprimentos devido à imprevisibilidade de sua ocorrência. Por exemplo, a demanda incorreta, o atraso de fornecedores, a ausência de matéria-prima, a capacidade ociosa da produção, o estoque em excesso, panes no processo de produção etc. Visando lidar com eventos não previstos, muitas vezes os fabricantes mantêm o chamado “estoque de segurança”, que funciona como um nível de estoque suficiente para evitar que a empresa fique sem produtos diante da variação de demanda. Caso a empresa saiba exatamente quando e quantos produtos seus clientes desejam e em qual período esses produtos precisam ser fabricados, ela pode utilizar o sistema just in time, que determina que tudo deve ser comprado, produzido e transportado no momento certo, como estratégia. 04 Saiba mais Um problema comum na gestão de suprimentos é o efeito “chicote”. Ele ocorre quando uma informação é distorcida, e o erro é perpetuado ao longo da cadeia de suprimentos. Ele pode ser diminuído quando as informações disponíveis estão atualizadas, reduzindo, assim, as incertezas sobre a oferta e a procura. Atualmente, a gestão da cadeia de suprimentos é realizada por meio de sistemas de controle. Normalmente, dois tipos de softwares são utilizados: os que ajudam a empresa a planejar a cadeia de suprimentos e os que ajudam a executar esse planejamento. Quadro 1 – Sistemas de controle Sistemas de ... Descrição planejamento da cadeia de suprimentos Permite à empresa gerar previsões de demanda para um produto e desenvolver planos para a compra de matéria-prima desse mesmo produto. Ele possibilita a empresa tomar decisões operacionais sobre níveis de estoque, logística e armazenamento. execução da cadeia de suprimentos Permite o gerenciamento do andamento de produtos pelos centros de distribuição, visando garantir que eles sejam entregues no local certo, da melhor maneira possível. São exemplos o monitoramento da situação física de produtos, a gestão de materiais e operações de armazenamento e transporte. Fonte: Laudon; Laudon, 2010. Assim como outros sistemas de informações gerenciais, a cadeia de suprimentos também faz uso da tecnologia da internet para a integração de dados. Ela utiliza intranets e extranets: o primeiro, para integração dos processos internos; e o último, para a integração com parceiros de negócios. Tais metodologias contribuem para a atualização instantânea de informações sobre logística, produção, compras etc. No próximo tema conheceremos o sistema de gestão do relacionamento com o cliente: o CRM. 05 Assista ao vídeo “O que é o SCM?” Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=uAJMcs7yvDE>. TEMA 2 – CRM Após compreender as cadeias dos suprimentos da organização, vamos a mais um tópico relevante, a importância do cliente, que é identificada pelo CRM (Customer Relationship Management, que pode ser traduzido como Gestão de Relacionamento com o Cliente). É muito comum que as empresas possuam informações desencontradas. Um dado em relação a determinado cliente pode estar armazenado nas contas a receber, e ao mesmo tempo, esse cliente pode ter dados relacionados aos produtos adquiridos, sem que esses dados estejam integrados. Quando a organização é de grande porte, a integralização das informações é ainda mais complicado. Qual seria a solução para desenvolver um sistema que garanta um relacionamento longevo e eficiente com o cliente? Nesse momento é que entra em cena o sistema de gestão de relacionamento com o cliente – CRM (Customer Relationship Management). O CRM busca consolidar as informações sobre os clientes de toda empresa e posteriormente os distribui entre vários sistemas e pontos de contato, que consistem em canais de interação com os clientes, como o e-mail, espalhados pela entidade. Isso contribui para melhorar tanto as vendas como o atendimento. Assim como outros sistemas de informações gerenciais, o CRM também utiliza pacotes comerciais de softwares. Segundo Laudon e Laudon (2010, p. 267): Esse sistema pode abranger desde ferramentas de nicho que executem apenas algumas funções, como a personalização de sites para determinados clientes, como também aplicativos mais sofisticados queconsigam realizar análises mais refinadas de informações que contribuam para a manutenção e conquista de clientes. Na Figura 1 é apresentada a síntese do CRM. 06 Figura 1 – Gestão das Relações com o Clientes – CRM Fonte: Laudon; Laudon, 2010, p. 267. De acordo com Laudon e Laudon (2010, p. 267), “os pacotes de CRM mais abrangentes contêm módulos para a gestão do relacionamento com o parceiro (Partner Relationship Management – PRM) e a gestão do relacionamento com o funcionário (Employee Relationship Management – ERM)”. O PRM é basicamente igual ao sistema de relacionamento com o cliente, a principal diferença encontra-se no objetivo: o PRM busca melhorar a colaboração entre a entidade e seus parceiros de vendas. É importante destacar que esses parceiros podem ser tanto os clientes finais como os varejistas, que acabam funcionado como uma espécie de intermediário para a empresa. O PRM fornece uma gama de dados relevantes, por exemplo: a indicação de preços, promoções e configurações de pedidos. No caso dos varejistas, ele ajuda no canal de vendas diretas, além de buscar avaliar seu desempenho, visando contribuir para que eles consigam efetuar um número maior de vendas. Nessa direção, percebe-se que o PRM é focado na área externa da entidade, diferentemente do ERM, que é focado na parte interna da organização. O ERM lida com assuntos dos recursos humanos relacionados ao CRM, tais como o estabelecimento de objetivos, gestão e remuneração com base no desempenho dos colaboradores e treinamento. Os principais softwares da gestão de relacionamento com o cliente são o Siebel e o Peoplesoft (que pertence atualmente ao Oracle), SAP e Salesforce.com. Alguns dos componentes desses sistemas são (Laudon; Laudon, 2010, p. 268): 07 Automação da força de vendas: São exemplos o gerenciamento de contas, de vendas, de pedidos etc. Atendimento ao cliente: São exemplos os atendimentos por telefone, e-mail, sistema de call center etc. Marketing: São exemplos o gerenciamento de campanhas, de eventos, de promoções etc. Todas as informações apresentadas até aqui fazem parte do CRM operacional, que se relaciona com a criação e manutenção de canais de tecnologia. Além dele, existe o CRM analítico, que busca analisar os dados gerados pelo CRM operacional, visando avaliar o desempenho da empresa nessa área e o valor do cliente ao longo do tempo. Além dos dois tipos citados, temos ainda: a) o CRM estratégico, que se relaciona com a análise de mercado e a orientação das estratégias da empresa; e b) o CRM colaborativo, que envolve todas as formas de disseminação das informações. Terminamos esse tema mencionando os benefícios e as limitações desse sistema. Como ponto positivo, podemos destacar a maior satisfação dos clientes, menores gastos com marketing, além da diminuição dos custos de manutenção dos clientes (Laudon; Laudon, 2010). Como limitações, além do alto custo e o longo período para a implantação, podemos destacar a complexidade de instalar um sistema como esse, que envolve mudanças drásticas na forma de trabalhar da empresa. No próximo tema, vamos conhecer mais um sistema: o MRP. Vamos lá? Saiba mais Assista ao vídeo “O que é CRM – CBR Consultoria”. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fpBG5fYMFnk>. TEMA 3 – MRP O cálculo do sistema MRP (Material Requirement Planning, tradução de “planejamento das necessidades de materiais”) é simples, além de ser um dos métodos mais conhecidos. Ele parte do princípio de que se sabe de todos os componentes do produto e o período que leva para obter cada um deles. A partir disso, o próximo passo é estabelecer quais serão as necessidades futuras de disponibilidade do produto, definindo quando e quantas quantidades serão indispensáveis para sua confecção sem que sobre ou falte tempo ou matéria- prima. 08 O sistema MRP foi criado na década de 1960, e de forma geral, busca programar as atividades para o período mais tarde possível, minimizando o volume dos estoques. Ele estabelece uma visão de necessidade futuras e depois vai “explodindo” de nível a nível para períodos anteriores. Em linhas gerais, a lógica do MRP é “programação para trás” (backward scheduling). Normalmente, uma entidade possui mais de um produto, o que cria a necessidade da utilização de um algum sistema que leve em consideração essa característica do negócio. Diante disso, é preciso que a empresa crie critérios ou padrões os quais permitam que elementos sem as características esperadas sejam identificados pelo sistema (Corrêa; Gianesi; Caon, 2014). Os parâmetros fundamentais do MRP são: políticas e tamanho do lote, estoques de segurança e os lead times. Quadro 2 – Parâmetros Parâmetros Descrição Políticas e tamanho do lote Visam determinar o valor de compra, além de buscarem reduzir os custos fixos de produção e aquisição desses lotes. Também são definidas as quantidades mínimas e máximas de lotes, ademais, é estabelecido o valor de lotes fixos, em que são calculadas as necessidades futuras por um prazo determinado, concentrando no início desse período o recebimento planejado das necessidades futuras estabelecidas. Estoques de segurança Objetivam diminuir as incertezas no processo de transformação. Eles são usados no fornecimento de dados para os algoritmos de cálculo do MRP, para que esse sistema determine as ordens de compra e produção visando à manutenção dos estoques nos níveis definidos. Lead times Correspondem ao tempo decorrente entre a liberação de uma ordem (de compra ou produção) e o momento a partir do qual o material está disponível para uso. Estão incluídas, nessa etapa, o tempo de emissão física da ordem, o tempo de transmissão da ordem, o tempo de transporte de materiais, o tempo de processamento etc. Fonte: Corrêa; Gianesi; Caon, 2014. Agora que já sabemos sua conceituação e os parâmetros necessários, vamos ao seu funcionamento. Partindo do ponto em que as necessidades de todos os itens que compõem o produto foram calculadas, desde o nível superior até as matérias-primas, o próximo passo é estruturar os produtos. O MRP é formado por dois componentes, denominados pais e filhos. Os pais são uma espécie de componente matriz e os filhos são elementos oriundos diretamente desses elementos. Esses dois itens podem ser ordenados em uma espécie de organograma denominado “estrutura do produto” ou “árvore do produto”. Quando não for possível criar a estrutura do produto, é utilizada uma lista de materiais “indentada”. Uma espécie de lista, em formato de quadro, também 09 é utilizada para a representação dos tempos de obtenção para cada um dos itens. Esse tempo normalmente é dividido em semanas. O cálculo ou “explosão” de necessidades líquidas de materiais também deve ser realizado nessa fase. Ele permite saber com antecedência quais são as quantidades a serem obtidas com base na liberação com antecedência. Ele é calculado deduzindo-se as necessidades brutas das quantidades projetadas com antecedência naquele período (Corrêa; Gianesi; Caon, 2014). Por fim, temos o registro do MRP, representado na Figura 2: Figura 2 – Exemplo de Registro básico do MRP Fonte: Corrêa; Gianesi; Caon, 2014, p. 92. Na Figura 2, podemos notar que as linhas representam as necessidades brutas, as chegadas esperadas de material, o estoque disponível projetado, ou seja, o estoque ao final do período, o recebimento de ordens planejadas que representam a quantidade de material disponível no início do período correspondente à liberação das ordens disponíveis. As colunas são a representação numérica de cada um desses itens. No próximo tema, conheceremos um sistema de informações gerenciais que lembra muito o método que acabamos de estudar. Afinal, ele é uma evolução desse tema: o MRP II. TEMA 4 – MRP II Com a popularização do MRP (Material Requirement Planning, traduçãode “planejamento das necessidades de materiais”), que, como o próprio nome diz, consiste em um sistema de cálculo das necessidades de materiais, estudado no item anterior, os pesquisadores perceberam que a mesma lógica poderia ser 010 aplicada no planejamento de recursos de produção. Expandindo-se os conceitos do MRP, surgiu o MRP II. Entretanto, o que motivaria essa adoção? A resposta é simples. Uma empresa que utiliza apenas o MRP está focada apenas na compra do que é necessário no momento certo, visando eliminar os estoques. No entanto, a organização não é um sistema fechado, muitas vezes os materiais chegam antes ou depois do que era esperado, o que se reflete na produção. Essas mudanças refletem a capacidade de planejamento por meio de custos adicionais, seja pelo custo de manter um estoque excessivo ou pelas consequências do atraso da entrega dos produtos. A evidência prática desses problemas foi o que motivou o desenvolvimento do MRP II. Com esse novo cálculo, foi possível identificar com certa precisão problemas relacionados à falta de capacidade ou ao excesso de recursos com alguma antecedência. Ademais, tornou possível a redução de custos com ociosidade e a manutenção dos níveis de confiabilidade de entrega de mercadorias (Corrêa; Gianesi; Caon, 2014). Na Figura 3 é apresentada a evolução do antigo método para o novo. Figura 3 – Abrangência do MRP e do MRP II Fonte: Corrêa; Gianesi; Caon. 2014, p. 134. De acordo com a Figura 3, pode-se observar que o MRP II é mais do que um cálculo de capacidade do MRP. Ele vai muito além, consistindo em um sistema mais complexo e mais abrangente que o MRP. O MRP II é formado por uma série de procedimentos de planejamento que são reunidos em funções. Normalmente, para sua implementação, a empresa adquire softwares comerciais, em pacotes formados por módulos. No entanto, também é possível executar as funções do sistema de maneira manual, por meio de ferramentas computacionais (Corrêa; Gianesi; Caon, 2014). 011 Podemos definir o MRP II como um sistema de hierárquico da administração da produção, em que os planos de produção gerais são agrupados até chegar em níveis de planejamento operacional menores. Para garantir a eficácia do MRP II, é de suma importância que exista uma base de dados central, que seja formada por módulos os quais, apesar de fazerem parte de um todo, também funcionam de forma independente. O MRP II é formado por: Cadastro básico, MRP (planejamento de necessidade de materiais), CRP (planejamento de requisitos de necessidade), MPS (programa mestre de produção), RCCP (planejamento de capacidade), Gestão da demanda, SFC (controle de chão de fábrica) e Compras S&OP (vendas e planejamento das operações) (Corrêa; Gianesi; Caon, 2014). O cadastro básico é responsável pelo registro das informações necessárias para o funcionamento do sistema. Sua composição é apresentada a seguir. Quadro 3 – Cadastros necessários Tipo de Cadastro Descrição Cadastro mestre de item Contendo informações, como código, descrição, unidade de medida, data de efetividade, política de ordem, lead time, estoque de segurança, entre outros. Cadastro de estrutura de produto Contendo as ligações entre itens “pais” e itens “filhos”, quantidades necessárias de itens “filhos” por unidade do item “pai, unidades de medida, código de mudança de engenharia, datas de início e término de validade, entre outros. Cadastro de locais Nele são definidos os locais de armazenagem dos itens, incluindo unidades fabris, departamentos, corredores, prateleiras, entre outros. Cadastro de centros produtivos Inclui código, descrição, horário de trabalho, índices de aproveitamento de horas disponíveis, entre outros. Cadastros de calendários Faz a conversão do calendário de fábrica para o calendário de datas do ano e armazena informações de feriados, férias, entre outros. Cadastro de roteiros Incluindo a sequência de operações necessárias para a fabricação de cada item, os tempos associados de emissão de ordem, fila, preparação, processamento, movimentação, ferramentas necessárias, entre outros. Fonte: Corrêa; Gianesi; Caon, 2014. Os demais módulos que formam o MRP II são descritos a seguir. Quadro 4 – Módulos Módulo Descrição MRP Módulo responsável pela verificação da viabilidade do plano de produção e das compras, calculando a necessidade de matérias em relação ao número e ao tempo que eles precisam estar disponíveis. CRP Utiliza informações dos centros produtivos, roteiros e tempos, calculando as necessidades de capacidade de cada centro, de tempos em tempos MPS, RCCP e Gestão de Demanda Para a elaboração do plano de produção de produtos (itens e período), é utilizado o módulo de planejamento mestre de produção (MPS) e o planejamento grosseiro de produção (RCCP). No que tange às informações referentes às vendas, ficam a cargo da gestão de demanda fornecer esses dados. 012 SFC e Compras Também temos o módulo de controle de chão de fábrica (SFC) e módulo de compras, que são responsáveis por garantir que o plano de materiais estipulado seja cumprido da maneira com o foi estruturado. S&OP Responsável pelo planejamento de decisões que envolvem visão de longo prazo da organização, ele é utilizado pelo alto escalão. Fonte: Corrêa; Gianesi; Caon, 2014. Dessa forma, sua estruturação fica da seguinte maneira. Figura 4 – Sistema MRP II Fonte: Corrêa; Gianesi; Caon, 2014, p. 151. Na Figura 4, pode-se notar que o comando abrange o nível mais alto de planejamento (S&OP/Gestão de Demanda/MPS/RCCP), responsável pelas decisões estratégicas da organização, enquanto o motor é composto pelo nível mais baixo de planejamento (MRP/CRP), em que são tomadas decisões específicas em relação às decisões gerais do nível mais alto. Por fim, as rodas referem-se à execução e ao controle das decisões determinadas pelo “motor” (Compras/SFC). Para eficácia da implantação do MRP II, é preciso que a empresa estabeleça de forma clara o objetivo do sistema e os instrumentos para medir seu desempenho. 013 Em relação aos pontos positivos, podemos destacar a natureza dinâmica do sistema, que permite que sejam realizadas o número de mudanças necessárias para adaptação ao ambiente competitivo. Por sua vez, quanto às limitações, podemos destacar a complexidade do sistema devido ao grande volume de dados. Além disso, muitas vezes sua estrutura de tomada de decisão, que é muito centralizada, pode dar pouca margem e ação para quem executa as operações. No próximo tema, conheceremos um dos sistemas de integração de dados mais famosos: o ERP. TEMA 5 – ERP As operações da empresa são suportadas por sistemas. Normalmente, a estrutura funcional da entidade não permite que diferentes áreas se inter- relacionem. Dessa forma, os dados setoriais (financeiros, operacionais, vendas etc.) são incluídos em sistemas isolados, o que na integração pode resultar no retrabalho, em repetições e na falta de integridade da informação. Um dos maiores benefícios trazidos pela integração dos sistemas é acabar com os obstáculos entre diferentes setores, evitando a duplicação de esforços. Muito benefícios são trazidos com essa integração: Quadro 5 – Benefícios da integração Benefícios tangíveis Benefícios intangíveis Redução de pessoal Aprimoramento de processos Aumento de produtividade Padronização de processos Aumento de receitas/lucros Flexibilidade Entregas pontuais Agilidade Fonte: Caiçara Junior, 2015. Como solução para a integração dos sistemas e resolução de problemas, existem duas opções. A primeira consiste na construção de interfaces entre os sistemas que já existem na empresa, por meio da compreensão da arquitetura e da identificação das linguagens de programação. Para isso, é preciso saber que tipo de banco de dados é utilizado, além de outras característicastécnicas relevantes (Caiçara Junior, 2015). Uma segunda solução são os sistemas integrados de gestão, chamados de ERP (Enterprise Resource Planning, em português, “planejamento de recursos da empresa”), uma ferramenta com a finalidade de desenvolver uma empresa com áreas funcionais interligadas. 014 Antes de conhecer o sistema propriamente dito, é importante conhecer sua criação. No ano de 1972, a empresa SAP (Systeme, Anwendungen, Produkte, em português, “Sistema de desenvolvimento de programas”) foi fundada. Essa empresa foi responsável pelo desenvolvimento do conceito inicial do ERP, que inicialmente foi lançado como R/2 e atualmente é um dos líderes de mercado dos sistemas. Em sua criação, o propósito principal dessa metodologia era a integração de todos os sistemas da organização. Ele consiste em uma evolução dos MRPs (Material Requirement Planning, tradução de “planejamento das necessidades de materiais”), e dos MRPs II (Manufacturing Resource Planning, tradução de “planejamento de recursos de manufatura”), que já foram estudados nesta aula. A evolução do ERP levou ao lançamento do ERP2, que além de integrar os sistemas internos, passou a utilizar a internet para conectar processos e sistemas de duas ou mais organizações. Ao invés da necessidade de estar na empresa para acessar dados, o usuário podia estar em qualquer lugar do mundo e ainda assim poder acessar o sistema de forma remota. No início da década de 1990, o ERP começou a ser utilizado em escala mundial. No Brasil, isso ocorreu por volta dos anos de 1997/1998, no entanto, na época, somente grandes corporações tinham acesso devido ao alto valor de sua implementação. Ao longo dos anos, a conceituação desse sistema passou por modificações. Ele pode ser definido como um sistema de informação adquirido na forma de pacotes comerciais de software que possibilitam a integração entre os dados dos sistemas de informação transacionais e dos processos de negócios de uma empresa (Caiçara Junior, 2015). O ERP é um pacote comercial de software, ou seja, ele é adquirido pronto no mercado, apesar de algumas entidades buscarem soluções internas que imitem modelos existentes. Por isso, a empresa que o adquire precisa se adaptar às funcionalidades do produto e adequar seus processos à modelagem imposta por esse sistema. O Quadro 6 traz algumas das suas principais características (Caiçara Junior, 2015): Quadro 6 – Principais características do ERP Característica Descrição Pacote comercial de software O desenvolvimento do ERP não é simples, visto que são necessários anos de estudo e observação das rotinas organizacionais para que se construa uma estrutura a qual possa ser adaptada a qualquer organização. 015 Banco de dados único Essa foi considerada uma das principais evoluções em relação aos sistemas tradicionais, pois são integradas a diversas áreas funcionais em um único sistema “central”. Constituído de módulos Com o ERP, as áreas funcionais passaram a ser chamadas de módulos. Dessa forma, a empresa passou a ser constituída por um conjunto de módulos que compartilham informações em um mesmo banco de dados. Dessa forma, a empresa pode optar pela escolha dos modelos que lhe interessem, já que os módulos funcionam de forma independente, permitindo, assim, vendas parciais. (continua) (Quadro 6 – conclusão) Característica Descrição Formado com base nas melhores práticas de mercado Na construção do ERP, são identificadas as principais práticas aplicadas a cada segmento de mercado, visando identificar o que há de melhor para o tipo de empresa que está implementando o sistema, com vistas sempre ao desenvolvimento da vantagem competitiva. Dessa forma, o ERP vai além de um simples sistema, funcionando como uma espécie de consultoria. Elimina a redundância Como existe um banco de dados único, a duplicação de dados e o retrabalho são evitados. Integridade da informação Como existe apenas um sistema de armazenamento de dados, assim que uma mudança é realizada em um módulo, automaticamente há integração entre os outros módulos em tempo real. Aumenta a segurança entre os processos de negócios Os sistemas de ERP utilizam controles e permissões de acesso, ou seja, os usuários possuem login e senha, aumentando, assim, a segurança. Permite a rastreabilidade das informações Devido ao uso de login e senha, visando à segurança das operações, esse sistema também permite a identificação de quem realizou os lançamentos. Fonte: Adaptado de Caiçara Junior, 2015. De forma geral, esse sistema visa organizar, padronizar e integrar, permitindo o acesso em tempo real a informações confiáveis em um banco de dados central. A imagem a seguir exemplifica o sistema. 016 Figura 5 – Exemplificação do sistema ERP Fonte: Caiçara Junior, 2015, p. 98. Com base na Figura 5, podemos perceber que o ERP visa diminuir a distância entre os setores, unificando as informações com o objetivo de transformar a entidade em um sistema “uno”. Consequentemente, isso traz economia, praticidade, segurança e maior confiabilidade. Saiba mais Conheça um pouco mais a respeito do ERP assistindo ao vídeo “ERP – O que é?”. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2ujdn5G7W20>. FINALIZANDO De acordo com o conteúdo apresentado nesta aula, foi possível conhecer os principais sistemas de informações gerenciais utilizados nas organizações, desde sua conceituação aos fundamentos e características, além de seu papel na tomada de decisão e na integração das informações. Tais sistemas são intitulados como SCM, CRM, MRP, MRP II e ERP. O estudo dessa temática ainda buscou a ampliação do conhecimento sobre os sistemas de informações, além do aprofundamento do conteúdo visando dar uma visão geral sobre o assunto. Porém, é importante destacar que esse tema é muito extenso, criando a necessidade de que novas pesquisas sejam realizadas posteriormente. 017 REFERÊNCIAS CAIÇARA JUNIOR, C. Sistemas integrados de gestão: ERP. 2. ed. Curitiba: InterSaberes, 2015. CAMPOS, R. R.; CAZARINI, E. W. Sistemas ERP de código aberto: uma opção para as pequenas indústrias? In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE GESTÃO DA TECNOLOGIA E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO, 2., 2005, São Paulo. Anais... São Paulo: TECSI/EAC/FEA/USP, 2005. 1 CD-ROM. CORRÊA, H. L.; GIANESI, I. G. N.; CAON, M. Planejamento, programação e controle da produção: MRP II/ERP. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2014. LAUDON, K. C.; LAUDON, J. P. Sistemas de informações gerenciais. 9. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.