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CONTRATO DE COMPRA E VENDA 1. Noções Gerais e Natureza Jurídica 2. Classificação do Contrato de Compra e Venda 3. Elementos Caracterizadores 3.1. Consentimento 3.2 Preço 3.3 Coisa 4. Efeitos da Compra e Venda 5. Situações Especiais de Compra e Venda 6. Cláusulas Acessórias Roteiro - É um contrato habitual, quotidiano, sendo o principal instrumento de circulação de riquezas. Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar‑lhe certo preço em dinheiro. Uma pessoa se obriga a transferir o domínio de certa coisa, se o preço ajustado for pago; A compra e venda trás consigo uma bilateralidade um sinalagma perfeito. COMPRADOR VENDEDOR Contrato de Compra e Venda Direito Real? Direito Obrigacional? Tutela Processual: ação reivindicátória ou tutela específica e perdas e danos? Teoria dos Riscos – “Res perit domino” Natureza Jurídica A transferência do domínio depende de outro ato: ■ a tradição, para os móveis (CC, arts. 1.226 e 1.267); ■ o registro, para os imóveis (arts. 1.227 e 1.245). Transferência do Domínio Classificação da Compra e Venda BILATERAL ONEROSO - Perfeita bilateralidade – é o mais bilateral de todos os contratos; Um paga; outro entrega; Gera vantagens econômicas para ambas as partes. Sendo onerosa admite-se a incidência dos vicíos redibitórios e da evicção; - Vício Redibitório Parcial – art. 503. A compra e venda se aperfeiçoa com o acordo de vontades das partes a respeito do preço e do objeto; Em regra: não há necessidade de forma/solenidade; Exceção: contrato de compra e venda de imóveis acima de 30 salários mínimos; CONSENSUAL e NÃO SOLENE COMUTATIVO - As partes conhecem previamente as vantagens; Excepcionalmente: poderá haver venda aleatória – safra - agrícola –venda de esperança; Emptio Spei (compra da esperança) - art. 458: “venda da esperança”: há a assunção de riscos por uma das partes no que tange à própria existência da coisa ex: pago cem reais a um pescador pelo que ele trouxer no barco ao final do dia; a depender da quantidade de peixe capturado, o comprador ou o pescador sairá ganhando, mas mesmo que não venha nada, o preço continua devido, tesouros de um navio afundado, contrato de seguro. Emptio Rei Speratae (compra da coisa esperada ) art. 459: “venda de expectativa de quantidade” Venda Aleatória Execução Instantânea : compra e venda a vista. Execução Diferida no tempo: compra e venda a prazo. - Somente será possível resolução do contrato por onerosidade excessiva nessa caso; ELEMENTOS CARACTERIZADORES - A vontade é da essência da compra e venda; Se houver vício de vontade => ANULÁVEL; A incapacidade das partes gera INVALIDADE (a depender do grau de invalidade); CONSENTIMENTO NECESSIDADE => autorização judicial ouvido MP; O interessado deverá requerer ao juiz da Vara de Família a autorização (alvará para venda) através de um procedimento de jurisdição voluntária; Exemplo: Casal em divórcio transfere o patrimônio para o nome dos filhos menores. - Haverá uma imobilização patrimonial; Quando futuramente for vender tais bens; O juiz irá analisar o caso concreto. VENDA DE BEM IMÓVEL DE INCAPAZ COMPRA E VENDA DE ASCENDENTE PARA DESCENDENTE Não confundir com doação de ascendente para descendente. Nesse caso há uma antecipação de legítima; Aqui não há vantagem para o descendente; - não é antecipação de herança/legítima; Exemplo: venda de bem de 100 mil reais por 20 mil reais. Art. 496: para evitar fraude => NECESSIDADE DO CONSENTIMENTO DOS DEMAIS INTERESSADOS; Casos Especiais Outros descendentes: Cônjuge: - Anuência deve ser EXPRESSA E ESCRITA; - Recusa imotivada => possibilidade de suprimento judicial do consentimento por meio de processo de jurisdição voluntária; Demais Interessados no controle: Situação que toca, exclusivamente, aos interesses patrimoniais da família. possibilidade de ratificação do ato pelos familiares, com posterior consentimento (art. 176); Impossibilidade de reconhecimento do vício de ofício pelo juiz ou MP, necessitando de ação autônoma dos prejudicados (art. 168); o oficial do cartório não pode se recusar a lavrar a escritura quando ausente a anuência de todos os interessados, por se tratar de interesse meramente privado; ANULABILIDADE O STJ para permitir a anulação do Negócio Jurídico analisa também um outro elemento: se houve divergência de preço capaz de prejudicar os demais interessados. STJ Podem desde que se tratem de bens particulares. Aqueles bens que não fazem parte da meação; Bens na comunhão universal: não poderá vender nada; “Não se pode adquirir o que já lhe pertence” Separação total: pode vender tudo; Art. 499 do CC Venda entre marido e mulher Art. 1647 – necessidade de outorga marital para alienação de bens imóveis; Não engloba bens móveis ainda que de valor elevado; Não se exige na separação total de bens; Em caso de recusa injustificada é possível o suprimento judicial ATO ANULÁVEL; Venda de Imóvel por pessoa casada. Restrição da legitimidade ao cônjuge preterido; Permite a ratificação (convalidação do ato pelo cônjuge preterido); Impede que o magistrado conheça ex ofício a falta de suprimento, bem como que o MP venha suscitá-la; ANULABILIDADE Proteção dada ao ordenamento a certo sujeitos de direito; Casos de nulidade da venda; Art. 497 Nulidade de venda Certo e Determinado ou Determinável; Regularmente o preço é determinado pelas partes; Preço pode estar condicionado por: BOLSA DE VALORES; TAXA DE MERCADO ÍNDICES ECONÔMICOS ARBITRAMENTO POR TERCEIRO art. 485: Corretor de Imóveis: funciona como representante das partes; PREÇO O que não se admite é a indeterminação absoluta, como na cláusula “pagarás o que quiseres”, deixando ao arbítrio do comprador a taxação do preço. O art. 489 a declara nula, por potestativa. Ou que o preço esteja ao arbítrio exclusivo de uma das partes, sob pena de nulidade; O art. 489 do CC estabelece a nulidade da compra e venda se a fixação do preço for deixada ao livre-arbítrio de uma das partes OBS: contrato de consumo: não se admite o preço cartelizado (acordos entre empresas para dominar o mercado), bem como deve ter a informação de preço; Indeterminação Absoluta Cristiano Zanetti: “Na falta de acordo sobre o preço, não se presume concluída a compra e venda. O parágrafo único do art. 488 somente se aplica se houverem diversos preços habitualmente praticados pelo vendedor, caso em que prevalecerá o termo médio” (Enunciado n. 440). Preço deve ser em MOEDA NACIONAL => REAL; Não poderá ser em Ouro, salário mínimo, ou em outras referências; Se o preço for de outras formas se transforma em troca ou permuta. Em regra se for em MOEDA ESTRANGEIRA – contrato será NULO; Admite – se: Compra feita no exterior Compra decorrente de importação STJ: previsão contratual de pagamento em moeda estrangeira desde que convertida para o Real; Moeda Estrangeira O preço deve ser, também, sério e real, correspondente ao valor da coisa, e não vil ou fictício. A venda de um edifício suntuoso pelo preço de R$ 1,00 constitui, na verdade, doação. Não se exige, contudo, exata correspondência entre o valor real e o preço pago, pois muitas pessoas preferem negociar o bem por preço abaixo do valor real para vendê-lo rapidamente. O que não pode haver é erro, nem lesão, que se configura quando uma pessoa, sob premente necessidade ou por inexperiência, obriga-se a prestação manifestamente desproporcional ao valor da assumida pela outra parte (CC, arts. 138 e 157). Quando consta do contrato que a venda é feita pelo justo preço, deve-se entender, segundo a doutrina, haver alusão ao preço normal ou, conforme o caso, ao corrente no mercado ou na Bolsa. PREÇO COISA passível de apreciação econômica, pode ser: A) MÓVEL OU IMÓVEL B) CERTA OU INCERTA C) CORPÓREO OU INCORPÓREO D) ALTERNATIVA Coisa Litigiosa:não incide evicção, pois teremos um caso de contrato aleatório; COISA Bens personalíssimos: em face da ausência de economicidade; ilicitude do comércio de órgãos humanos. Herança de pessoa viva: vedação ao pacta corvina – art. 426. Coisas fora do comércio Proibição de vendas 1. Pagamento inicial pelo comprador (art. 491): “primeiro paga depois recebe” Exceção: compra e venda a prazo; 2. Responsabilidade do VENDEDOR POR EVENTUAIS VÍCIOS REDIBITÓRIOS E EVICÇÃO; 3. Responsabilidade pelo perecimento ou deterioração não culposos da coisa – “res perit domino”. Efeitos da Compra e Venda 30 Responsabilidade pelas despesas dos contrato: Art. 490: no silêncio das partes, A) DESPESAS DO REGISTRO: COMPRADOR B) DESPESAS DA TRADIÇÃO: VENDEDOR