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REALIZAÇÃO ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA DIRETORIA DE ENSINO TÉCNICO ASSESSORIA TÉCNICA SÉRGIO DA TRINDADE DA ROCHA – 2019 ANTONIO CARLOS MAGALHÃES DA SILVA – 2018/2016 GUSTAVO ABREU DA FONSECA – 2017 EDIÇÃO PLANO B EDUCAÇÃO PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS – GERÊNCIA DA ESCOLA VIRTUAL PICTORAMA DESIGN Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola Nacional de Seguros É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. 18ª EDIÇÃO RIO DE JANEIRO 2019 E73m Escola Nacional de Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Mercado financeiro / Supervisão e coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico; assessoria técnica de Sérgio Trindade da Rocha. – 18.ed. – Rio de Janeiro : ENS, 2019. 72 p. ; 28 cm Formato: E-Book. ISBN 978-85-7052-694-6. 1. Mercado financeiro. I. Rocha, Sérgio Trindade da. II. Título. 0018-2217 CDU 335.7(072) A Escola Nacional de Seguros promove, desde 1971, diversas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitaliza- ção e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para pro- fissionais que atuam nessa área, a Escola Nacional de Seguros oferece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiências com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadêmica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a compe- titividade é cada vez maior. Seja bem-vindo à Escola Nacional de Seguros. MERCADO FINANCEIRO 1. ECONOMIA: CONCEITOS BÁSICOS E FUNÇÕES 7 CONCEITOS BÁSICOS 8 Unidades Econômicas 9 Renda, Investimento e Poupança 9 Crescimento Econômico x Desenvolvimento Econômico 9 POLÍTICA MONETÁRIA 10 Definição e Objetivos 10 Instrumentos da Política Monetária 11 POLÍTICA FISCAL 13 POLÍTICA CAMBIAL 15 SETOR REAL X SETOR FINANCEIRO 15 FUNÇÕES BÁSICAS DO MERCADO FINANCEIRO 16 FIXANDO CONCEITOS 1 18 2. INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA 19 O PAPEL DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA 20 Classificação das Unidades Econômicas 20 Formas de Financiamento 21 Vantagens dos Intermediários Financeiros 23 FIXANDO CONCEITOS 2 25 SUMÁRIO INTERATIVO MERCADO FINANCEIRO 3. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 26 O PAPEL DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 27 ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN) 28 ÓRGÃOS NORMATIVOS 29 ENTIDADES SUPERVISORAS 29 FIXANDO CONCEITOS 3 31 4. SEGMENTOS DO MERCADO FINANCEIRO 32 MERCADO MONETÁRIO 34 MERCADO DE CRÉDITO 34 MERCADO DE CAPITAIS 35 MERCADO DE CÂMBIO 37 FIXANDO CONCEITOS 4 38 5. INSTRUMENTOS FINANCEIROS 39 CARACTERÍSTICAS DOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS 40 Risco 40 Liquidez 41 Rentabilidade 41 INSTRUMENTOS DE CAPTAÇÃO EMITIDOS POR INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS 42 Depósitos à Vista 42 Depósitos a Prazo 42 Depósitos de Poupança 42 Letras Financeiras 43 Outros tipos de captação bancária 44 INSTRUMENTOS FINANCEIROS EMITIDOS POR EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS 44 Ações 44 Debêntures 45 Notas Promissórias 45 MERCADO FINANCEIRO FUNDOS DE INVESTIMENTO 46 Definições 46 Classificação dos Fundos de Investimento 47 TÍTULOS DO TESOURO DIRETO 48 DERIVATIVOS 49 Definição 49 Futuros 49 Opções 50 Swap 51 PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR 51 FIXANDO CONCEITOS 5 53 6. ADMINISTRAÇÃO DE RISCO 54 RISCOS QUE CORREM AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS 56 Risco de Crédito 56 Risco de Liquidez 56 Risco de Mercado 57 Risco Operacional 57 Risco de Insolvência 58 Risco Legal 58 PERFIL DE RISCO DOS INVESTIDORES INDIVIDUAIS 58 FIXANDO CONCEITOS 6 61 GLOSSÁRIO 62 GABARITO 70 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 71 MERCADO FINANCEIRO 7 UNIDADE 101 ECONOMIA: CONCEITOS BÁSICOS e FUNÇÕES ■ Identificar conceitos básicos de economia. ■ Identificar as características e os objetivos da política monetária. ■ Listar os tipos de política fiscal. ■ Identificar as características da política cambial. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Diferenciar o setor financeiro do setor real da economia. ■ Definir o que é e como é formado o mercado financeiro. ■ Identificar quais são as funções básicas do mercado financeiro. CONCEITOS BÁSICOS POLÍTICA MONETÁRIA POLÍTICA FISCAL POLÍTICA CAMBIAL SETOR REAL X SETOR FINANCEIRO FUNÇÕES BÁSICAS DO MERCADO FINANCEIRO FIXANDO CONCEITOS 1 TÓPICOS DESTA UNIDADE MERCADO FINANCEIRO 8 UNIDADE 1 Antes de começarmos, reflita sobre uma questão importante: qual o objeti- vo da gestão da economia em uma sociedade? A resposta é ampla, certo? Ao final deste curso, você conseguirá formular sua própria resposta, mas um bom começo é compreender que a gestão da economia visa atender às necessidades de bens e serviços da sociedade e atingir determinados objetivos sociais e macroeconômicos, como pleno emprego, distribuição de riqueza, estabilidade de preços e estímulo ao crescimento econômico. Os principais meios para se atingirem esses objetivos são as políticas mone- tária, fiscal e cambial. Essas políticas devem ser implementadas de manei- ra coordenada, na medida em que, por exemplo, uma mudança na taxa de juros (política monetária) influencia tanto a arrecadação de impostos e os gastos públicos (política fiscal) quanto a taxa de câmbio (política cambial). CONCEITOS BÁSICOS Somente por meio do conhecimento de alguns conceitos básicos de eco- nomia é que se pode entender, de forma ampla e crítica, o funcionamento do mercado financeiro. Assim, é importante que você saiba que a economia estuda a riqueza (indiví- duo, sociedade, empresa ou nação), as transações de troca que se verificam entre as pessoas (oferta e demanda) e países (importação e exportação). Além disso, a economia também procura compreender a decisão de utilização de recursos produtivos escassos por natureza (terra, trabalho e capital), que, por sua vez, carregam o custo de oportunidade no processo de transformação e produção de diversos bens e serviços, além de sua respectiva distribuição. Algumas questões que envolvem renda, investimento e poupança serão abordadas nesta unidade para que você compreenda melhor. 9 UNIDADE 1 MERCADO FINANCEIRO — Unidades Econômicas As unidades econômicas são aquelas que, de alguma forma, influenciam a economia a partir de suas decisões e ações, tomadas racionalmente. São elas: ■ Famílias. ■ Empresas (pública e privada). ■ Governo. Abordaremos a classificação das unidades econômicas entre superavitárias, deficitárias e unidades com orçamento equilibrado, na próxima unidade. — Renda, Investimento e Poupança A renda representa a remuneração dos agentes que participam de algu- ma forma do processo produtivo de uma economia. Por exemplo: salários recebidos, juros sobre capital emprestado ou lucros sobre capital investido. Já o investimento representa a utilização de capital, próprio ou de tercei- ros, em alternativas que promovem o aumento efetivo da capacidade pro- dutiva de um país. A poupança é a parcela da renda não consumida pelas unidades econô- micas na aquisição de bens e serviços. É por intermédio dela que todo o processo produtivo é realimentado, utilizando diversos instrumentos de intermediação do mercado financeiro. Ou seja, os intermediários finan- ceiros (ex.: bancos) captam a poupança disponível e a transferem ao sistema produtivo da economia mediante diversas formas de créditos, contribuindo, assim, para a expansão do nível de investimento e a oferta de bens e serviços. — Crescimento Econômico x Desenvolvimento Econômico Embora muitas vezes esses dois termos sejam usados como se fossem a mesma coisa, crescimento econômico ocorrequando há expansão quantitativa da capacidade produtiva ao longo do tempo. Assim, ao observarmos, por exemplo, a elevação da quantidade de bens e serviços produzidos por um país ser superior ao de sua população, evidenciando sua produtividade, dizemos que o país se encontra em pleno crescimento econômico. Por outro lado, o desenvolvimento econômico aborda outras variáveis além das consideradas na avaliação de crescimento econômico, ressal- Importante O conceito de investimento em economia vincula-se à geração de riqueza, e não simplesmente à transferência de propriedade de um bem. Por exemplo: o investimento pode ocorrer na compra de bens de capital como máquinas e equipamentos; entretanto, a aquisição de ações na Bolsa de Valores não é considerada investimento dentro do conceito econômico. 10 UNIDADE 1 MERCADO FINANCEIRO tando as condições de vida da população de um país. Seu conceito é considerado mais complexo porque necessita da análise de indicadores socioeconômicos como renda, saúde e educação. POLÍTICA MONETÁRIA — Definição e Objetivos A política monetária enfatiza sua atuação sobre os meios de pagamento, títulos públicos e taxas de juros. O Banco Central do Brasil, também conhe- cido como BC, BCB ou BACEN, é a instituição responsável pela administra- ção da política monetária do país e tem sob seu controle a oferta de moe- da, as taxas de juros e as condições de crédito para atingir alguma meta desejada, como reduzir a taxa de inflação. BC, BCB ou BACEN O Banco Central do Brasil é o responsável pelo controle da inflação no país. Ele atua para regular a quantidade de moeda na economia que permita a estabilidade de preços. Suas atividades também incluem a regulação e supervisão das instituições financeiras para garantir que o mercado brasileiro fique financeiramente estável. A política monetária pode ser: ■ Restritiva. ■ Expansionista. Uma política monetária é considerada restritiva quando as autoridades monetárias promovem reduções dos meios de pagamento da economia, retraindo o consumo, o investimento e a atividade econômica. As medidas restritivas são tomadas quando o crescimento da demanda e dos investi- mentos empresariais se situam acima da capacidade da oferta de moeda da economia, visando anular os efeitos da inflação. A adoção dessa polí- tica tem como objetivo restringir a oferta de crédito e elevar seu custo, de forma a adequar o consumo e o investimento agregados à oferta monetá- ria da economia. Uma política monetária, por sua vez, é considerada expansionista quan- do eleva a liquidez da economia, injetando maior volume de recursos nos mercados e elevando os meios de pagamentos. Essa situação é geralmen- te adotada em momentos de retração do nível da economia em que se produz uma deflação. Exemplo Metas do BACEN: ■ Manter a balança de pagamentos equilibrada. ■ Elevar o nível de emprego. ■ Elevar o produto nacional bruto. Liquidez é um conceito econômico que considera a facilidade com que um ativo pode ser convertido no meio de troca da economia, ou seja, é a facilidade com que ele pode ser convertido em dinheiro. O grau de agilidade de conversão de um investimento sem perda significativa de seu valor mede sua liquidez. 11 UNIDADE 1 MERCADO FINANCEIRO — Instrumentos da Política Monetária Os três instrumentos clássicos de política monetária são: ■ Depósitos compulsórios. ■ Redesconto bancário. ■ Operações de mercado aberto. Depósitos Compulsórios Todo banco é obrigado a manter depositada, em sua conta de reserva bancária no BACEN, uma quantia que representa um determinado percen- tual sobre o saldo dos depósitos à vista de seus clientes. Alterações na alíquota do depósito compulsório, ou seja, no percentual sobre os depósitos, representam o papel do compulsório como instru- mento de política monetária. Os bancos têm sua capacidade de conce- der empréstimos e, portanto, de criar depósitos à vista, restringida quan- do esse percentual é aumentado e vice-versa. Assim, se o percentual de depósito compulsório é aumentado, os bancos terão menos reservas livres para emprestar, pois terão que direcionar uma parcela maior dessas reser- vas para a sua conta no BACEN. Redesconto Bancário O redesconto bancário é um empréstimo concedido pelo BACEN a um banco comercial que enfrenta um problema temporário de liquidez, ou seja, um banco que não possui reservas bancárias suficientes para cumprir seus compromissos de curto prazo. O BACEN utiliza o redesconto como instrumento de política monetária, ampliando ou restringindo o acesso dos bancos a esse tipo de recurso, principalmente por meio de alterações na taxa de juros cobrada deles nes- sas operações, isto é, a taxa de redesconto. Uma elevação da taxa de redesconto desestimula os bancos a recorrerem ao redesconto, obrigando-os a manter um nível mais elevado de reservas, reduzindo, desse modo, os empréstimos e sua capacidade de criar depó- sitos à vista. Importante Quanto maior a alíquota do depósito compulsório, menor a capacidade de o sistema bancário multiplicar empréstimos e, consequentemente, menor a sua capacidade de criar meios de pagamento na forma de depósitos à vista. 12 UNIDADE 1 MERCADO FINANCEIRO Operações de Mercado Aberto Por meio das operações de mercado aberto, o BACEN compra ou vende títulos do Tesouro Nacional dos bancos, visando controlar o saldo das reservas bancárias e, dessa forma, exercer influência sobre a taxa de juros praticada no mercado interbancário. Ao comprar títulos, o BACEN aumenta o saldo de suas reservas bancárias, provocando, dessa forma, uma redução na taxa de juros. Já quando o BACEN vende títulos, os bancos pagam por meio da redução de suas contas de reservas bancárias. A diminuição do volume de reservas bancárias disponíveis tende a elevar a taxa de juros. Observe os quadros a seguir. Eles sintetizam os impactos desejados pelo BACEN ao utilizar cada um dos três instrumentos clássicos de política monetária. QUADRO 1: BACEN E IMPACTOS ESPERADOS Depósito Compulsório AÇÃO DO BANCO CENTRAL IMPACTO IMPACTO Aumento da Alíquota Redução do Multiplicador Aumento da Taxa de Juros Redução da Alíquota Aumento do Multiplicador Redução da Taxa de Juros Taxa de Redesconto AÇÃO DO BANCO CENTRAL IMPACTO IMPACTO Aumento da Taxa Redução dos Empréstimos Bancários Aumento da Taxa de Juros Redução da Taxa Aumento dos Empréstimos Bancários Redução da Taxa de Juros Operações de Mercado Aberto AÇÃO DO BANCO CENTRAL IMPACTO IMPACTO Compra de Títulos Aumento das Reservas Bancárias Redução da Taxa de Juros Venda de Títulos Redução das Reservas Bancárias Aumento da Taxa de Juros Saiba mais A Secretaria do Tesouro Nacional é um órgão do Ministério da Fazenda do Brasil, em 2019 transformado em Ministério da Economia. Ela trata da administração financeira e da contabilidade federal, além de exercer atividades relacionadas à emissão e à implementação de operações envolvendo os títulos da dívida pública do país. Também é responsável por realizar o recolhimento de impostos e contribuições para a Receita Federal do Brasil (RFB), além do recolhimento de quaisquer outros recursos que venham a ingressar na “Conta Única do Tesouro Nacional”. . 13 UNIDADE 1 MERCADO FINANCEIRO POLÍTICA FISCAL A política fiscal centraliza suas preocupações com relação aos gastos do setor público e aos impostos cobrados da sociedade. Assim, ela deve mos- trar-se eficaz para que haja equilíbrio entre a arrecadação tributária e as despesas governamentais, garantindo que sejam alcançados determina- dos objetivos macroeconômicos e sociais. O Governo pode financiar seus gastos por intermédio da cobrança de impostos e tarifas, bem como por meio de empréstimos. Os empréstimos tomados pelo Governo, geralmente, são feitos via lançamento de títulos,cujo saldo corresponde ao total da sua dívida pública. A política fiscal pode ser: Expansionista A política fiscal expansionista acontece quando há uma ação do Governo para estimular a economia a partir da adoção de políticas de redução de impostos e aumento de suas despesas, que incen- tivam o crescimento econômico pelo lado da demanda. Os resultados dessas medidas oneram o orçamento da União, promovendo déficit orçamentário — isto é, o resultado negativo é coberto pelo Governo, geralmente mediante a emissão de moe- das ou de títulos públicos, aumentando, assim, a dívida pública. FIGURA 1: POLÍTICA EXPANSIONISTA Pagamento de funcionários Investimentos em infraestrutura Pagamento de juros da dívida POLÍTICA EXPANSIONISTA O déficit orçamentário é a diferença entre os impostos arrecadados e os gastos do Governo. O déficit orçamentário ocorre quando o Governo aumenta seus gastos ou reduz os impostos para estimular o crescimento da economia. 14 UNIDADE 1 MERCADO FINANCEIRO Contracionista Uma política fiscal contracionista ocorre quando o Governo obtém superávit orçamentário com o objetivo de conter eventuais eleva- ções da demanda que sejam interpretadas como inflacionárias. FIGURA 2: POLÍTICA CONTRACIONISTA Pouca ênfase em projetos de infraestrutura Controle da dívida pública Congelamento de concursos públicos POLÍTICA CONTRACIONISTA O déficit (ou o superávit) orçamentário pode ser classificado como pri- mário ou nominal. Veja as características de cada um a seguir. Primário É o resultado da arrecadação do governo (receitas) menos as des- pesas, exceto juros da dívida. A grosso modo, é a geração de caixa do governo; é a economia para reduzir o endividamento. Mostra se as contas estão em ordem ou não. Um resultado primário positivo (superávit) mostra contas sob controle e mostra que a dívida não seguirá uma trajetória explosiva. Nominal O resultado nominal do governo equivale à arrecadação de impos- tos (receitas) menos as despesas, incluindo os juros da dívida. É a medida mais completa, já que o número representa a total neces- sidade de financiamento do setor público. Ao apresentar um déficit nominal, o governo terá que se financiar, por exemplo, com a colo- cação de títulos públicos. O superávit orçamentário ocorre quando as receitas arrecadadas são superiores às despesas, significando, portanto, que o governo agiu de forma prudente e responsável, não se comprometendo acima de sua efetiva arrecadação Títulos públicos são papéis emitidos pelo Tesouro Nacional, que representam uma forma de financiar a dívida pública e permitem que os investidores “emprestem” dinheiro para o governo, recebendo em troca uma determinada rentabilidade. 15 UNIDADE 1 MERCADO FINANCEIRO POLÍTICA CAMBIAL O comércio internacional lida com diferentes moedas representativas das economias envolvidas nas operações. Para se estabelecer a conversão entre as moedas, o mercado instituiu a taxa de câmbio. A taxa de câmbio representa o valor com que a autoridade monetária de um país aceita negociar sua moeda, ou seja, vender a moeda de sua emissão (compra de moeda estrangeira) ou adquiri-la (vender moeda estrangeira). A política cambial está baseada na administração das taxas de câmbio — promovendo alterações das cotações cambiais — e, de forma mais abran- gente, no controle das transações internacionais executadas por um país. Ela é fixada de maneira a viabilizar as necessidades de expansão da eco- nomia e promover seu desenvolvimento econômico. Os regimes cambiais podem ser de: Taxa de câmbio flutuante Permite maior liberdade às economias na execução de suas políti- cas monetárias. Em momentos de eventuais desequilíbrios econô- micos, é possível ter mais agilidade nas variações de oferta e pro- cura da moeda no mercado. Nesse modelo, as taxas acompanham livremente as oscilações da economia, ajustando-se mediante as alterações em seus valores. Taxa de câmbio fixa Quando tem o seu valor atrelado a um referencial fixo, como ouro ou dólar. As taxas de câmbio fixas permitem maior nível de certe- za ao comércio internacional, por revelarem, previamente, o valor futuro da moeda. No entanto, a manutenção desse padrão é de maior risco para os governos, obrigando-os, em momentos de desequilíbrio, a gastar elevadas somas de suas reservas cambiais para manter a cotação da moeda nacional. Os objetivos da adoção de um ou outro regime cambial podem ser, entre outros: equilibrar o balanço de pagamentos (caso típico do regime de taxa de câmbio flutuante) ou mesmo combater a inflação (caso típico do regime de taxa de câmbio fixa adotado por muitos países emergentes nas déca- das de 1980 e 1990). SETOR REAL X SETOR FINANCEIRO O setor real da economia diferencia-se do setor financeiro em diversos aspectos. Todavia, ambos os setores se complementam e são relevantes para a sociedade. Balanço de pagamentos é um instrumento da contabilidade nacional referente à descrição das relações comerciais de um país com o resto do mundo. Registra o total de dinheiro que entra e sai de um país, na forma de importações e exportações de produtos, serviços, capital financeiro, bem como transferências comerciais. 16 UNIDADE 1 MERCADO FINANCEIRO O setor real abrange a produção e a circulação de bens e de mercadorias e a prestação de serviços não financeiros, como comércio, telecomunicações, transporte e outros. Os ativos reais são bens ou direitos que não represen- tam, necessariamente, reserva de valor, mas são mantidos em função do proveito que deles se espera obter. Exemplos: máquinas e equipamentos. Já o setor financeiro abrange a custódia, a intermediação e a compensa- ção de ativos e de passivos financeiros. Um ativo financeiro constitui um direito em relação a outra unidade eco- nômica, mantido como reserva de valor em função do retorno financeiro que dele se espera obter. Inclui moeda e todo título que representa dívida ou participação patrimonial (ex.: ações, título de dívida, royalties). Um passivo financeiro representa a obrigação decorrente de ativo finan- ceiro. É, portanto, a contrapartida para aquele que emitiu um ativo finan- ceiro (ex.: dívidas). FUNÇÕES BÁSICAS DO MERCADO FINANCEIRO O mercado financeiro possibilita que as unidades econômicas (também conhecidas como agentes econômicos) estejam em contato, direto ou indi- reto, a um custo mínimo e com as menores dificuldades possíveis para esse relacionamento. Dessa forma, a utilização dos recursos financeiros da eco- nomia pode ser otimizada, possibilitando um aumento geral da produtivida- de, da eficiência e do bem-estar da sociedade. Ao viabilizar o contato entre unidades econômicas, o mercado financeiro também cumpre as seguintes funções: ■ Estímulo à formação de poupança – as instituições financeiras existentes no mercado financeiro estimulam a formação de pou- pança de diferentes formas. Assim, elas captam poupança e, em troca, emitem ativos com diferentes graus de liquidez. O mercado de capitais — no qual operam os bancos de investimento e corre- toras de títulos — auxilia as empresas a emitirem títulos próprios, como ações e debêntures. Os fundos de pensão, os fundos de investimento e as seguradoras são importantes demandantes des- ses títulos e, portanto, também estimulam a formação de poupança. ■ Facilitação da transferência de poupança entre as unidades econômicas – quando o mercado financeiro coloca em contato as diferentes unidades econômicas, a troca de recursos entre os que Custódia Guarda e exercício dos direitos sobre títulos e valores mobiliários. Intermediação Serviço de movimentação de ativos entre agentes poupadores e tomadores, prestado por um agente intermediador. Ações representam uma fração do capital social de uma empresa. Ao comprar uma ação o investidor se torna sócio da empresa, ou seja, de umnegócio. Passa a correr os riscos deste negócio bem como participa dos lucros e prejuízos como qualquer empresário. As debêntures são títulos de dívida de empresas privadas. Quem investe em uma debênture se torna um credor da companhia que emitiu o título, financiando suas operações em troca do pagamento de juros. 17 UNIDADE 1 MERCADO FINANCEIRO possuem recursos financeiros excedentes e os que necessitam de recursos é facilitada. Os bancos são importantes facilitadores des- sa troca, pois repassam os recursos captados de poupadores a tomadores de empréstimos. ■ Provimento de liquidez às unidades econômicas – os bancos que captam recursos com o público e emitem depósitos à vista (depósitos em conta corrente) devem ser capazes de oferecer liquidez imediata aos seus clientes. Assim, por meio desse tipo de instituição financeira, é processada a maior parte dos pagamentos realizados pelas unidades econômicas. 18 FIXANDO CONCEITOS MERCADO FINANCEIRO FIXANDO CONCEITOS 1 Marque a alternativa correta. 1. Considerando alguns dos conceitos básicos acerca do mercado finan- ceiro, podemos afirmar que: (a) O setor real da economia compreende a custódia, a intermediação e a compensação de ativos. (b) O setor real e o setor financeiro da economia são semelhantes em vários aspectos. (c) Poupança pode ser entendida como a parte da renda consumida por uma unidade econômica. (d) Investimento pode ser entendido como a utilização de recursos, pró- prios ou de terceiros, com vistas a ampliar a capacidade produtiva. (e) O setor financeiro abrange a circulação dos bens e de mercadorias existentes na sociedade. Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta. 2. Entre as funções básicas desempenhadas pelo mercado financeiro, podemos citar: I) Estímulo à formação de poupança. II) Provisão de liquidez às unidades econômicas. III) Facilitação da transferência da poupança das unidades econômicas que possuem recursos excedentes para aquelas que necessitam de recursos. IV) Regulação e supervisão das instituições financeiras e não financeiras. V) Colocação das unidades econômicas em contato, direto ou indireto, a um custo mínimo e com as menores dificuldades possíveis. Assinale a alternativa correta: (a) Somente I, II e IV são proposições verdadeiras. (b) Somente I, III e V são proposições verdadeiras. (c) Somente I, II, III e IV são proposições verdadeiras. (d) Somente I, II, III e V são proposições verdadeiras. (e) Somente II, III, IV e V são proposições verdadeiras. 19 UNIDADE 2 MERCADO FINANCEIRO 02 INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA ■ Compreender como ocorre o processo de intermediação financeira. ■ Identificar os diferentes tipos de unidades econômicas e compreender o papel desempenhado por cada um deles. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Distinguir as diferentes formas de financiamento disponíveis às unidades econômicas. ■ Definir o papel desempenhado pelos intermediários financeiros. O PAPEL DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA FIXANDO CONCEITOS 2 TÓPICOS DESTA UNIDADE 20 UNIDADE 2 MERCADO FINANCEIRO O PAPEL DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA O processo de intermediação financeira pode ser entendido como a capta- ção de recursos por instituições financeiras junto às unidades econômicas superavitárias e o seu subsequente repasse para as unidades econômicas deficitárias. Esta unidade busca descrever o papel desempenhado pelos intermediários financeiros nas transferências de recursos entre poupado- res e tomadores. — Classificação das Unidades Econômicas Pode-se dizer que a economia é composta por intermediários financeiros e agentes ou unidades econômicas. O conjunto das unidades econômicas pode ser dividido em três categorias: Unidades superavitárias (US) São aquelas unidades que apresentam receitas correntes maiores do que gastos correntes. O excesso de receitas não representa necessariamente lucro, podendo significar tão somente sobra de caixa momentânea. Unidades deficitárias (UD) São aquelas unidades cujos gastos correntes excedem suas recei- tas correntes. No caso de uma empresa, o excesso de gastos em relação às receitas correntes não significa dizer que ela opere com 21 UNIDADE 2 MERCADO FINANCEIRO prejuízo. Os gastos em excesso podem, por exemplo, ser empre- gados em investimentos que permitirão uma futura expansão de suas atividades. Unidades com orçamento equilibrado (UOE) São aquelas unidades que têm seus gastos correntes iguais às receitas correntes. As UOE, por não terem sobras de caixa e por serem capazes de financiar seus gastos correntes e de investi- mento a partir de suas receitas correntes, não precisam, portanto, de qualquer tipo de financiamento. Se todas as unidades econô- micas (UE) fossem sempre UOE, não faria sentido existirem inter- mediários financeiros. Na prática, contudo, é difícil de se conceber uma unidade econômica que, em algum momento, não possua recursos financeiros ociosos, ou mesmo uma que seja capaz de se autofinanciar completamente. As unidades econômicas superavitárias tendem a investir o excedente da receita em ativos financeiros, que são direitos sobre a renda futura de outras unidades. Portanto, podem ofertar seus excedentes mediante retor- no que compense seus riscos e gere uma remuneração adicional. As unidades deficitárias podem buscar recursos para atender às suas neces- sidades de financiamento, aceitando arcar com os custos dessa operação. Essa é a hipótese que justifica a existência da atividade de intermediação financeira e os agentes que desenvolvem tal atividade são chamados de intermediários financeiros, sendo, geralmente, instituições financeiras. — Formas de Financiamento A atividade de intermediação financeira justifica-se por servir de elo entre as unidades superavitárias (US), ou seja, aquelas que têm sobra de caixa, e as unidades deficitárias (UD), que necessitam de financiamento. Ou seja, os intermediários financeiros proporcionam um encontro entre os recursos financeiros excedentes das US e as necessidades de financiamento das UD. A atividade de intermediação financeira nasceu da necessidade de aumen- to da eficiência das transferências de recursos financeiros entre as unida- des econômicas (UE). Uma UD pode financiar seus gastos das formas apresentadas a seguir. Autofinanciamento Para se financiar, uma UD pode vender ativos próprios, inclusive instrumentos financeiros. Por exemplo, se for pessoa física, um indivíduo pode vender ações em seu poder para financiar a com- pra de um bem; ou uma empresa pode vender um terreno que esteja ocioso para adquirir, com o dinheiro arrecadado, máquinas novas que ampliem sua capacidade produtiva. 22 UNIDADE 2 MERCADO FINANCEIRO Financiamento externo A outra opção de uma UD para financiar seus gastos é obter recur- sos de terceiros, o que pode ser feito de duas maneiras: » Financiamento direto: emitir ações e outras formas de parti- cipação em negócios, sem assumir uma dívida, ou emitir títu- los de dívida — como debêntures e notas promissórias — que sejam adquiridos diretamente por US. » Financiamento indireto: empréstimos tomados de institui- ções financeiras. Essa forma de financiamento é chamada de indireta, porque conta com a intermediação de uma institui- ção financeira que adquire títulos emitidos pelas UD com os recursos captados junto às US. Nas operações de financiamento indireto, as instituições financeiras cap- tam recursos junto às US, assumindo a obrigação de honrar a exigibilidade desses recursos, e os emprestam às UD. Já nas operações de financiamento direto, a transferência de recursos ocorre diretamente entre as UE superavitárias e deficitárias, e o papel das instituições financeiras é simplesmente promover a corretagem de valores. O financiamento direto e o papel desempenhado pela intermediação financeira se encontram resumidos, esquematicamente,na figura a seguir. FIGURA 3: FINANCIAMENTO DIRETO E INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA TÍTULO DIRETO TÍTULO DIRETO USUD IF ATIVO FINANCEIRO O financiamento indireto, mostrado pelas linhas cheias, está representado no lado esquerdo do esquema pela troca de créditos adiantados pelas ins- tituições financeiras por títulos diretos (por exemplo, uma nota promissória) entregues pela UD; já no lado direito, está representado pela troca feita entre as instituições financeiras (IF), que oferecem ativos financeiros (por exemplo, um depósito à vista), e as US, que nelas depositam seus exces- sos (ociosos) de caixa. Note-se que esses depósitos das US representam, de fato, um empréstimo temporário concedido às IF. 23 UNIDADE 2 MERCADO FINANCEIRO O valor da remuneração pelos recursos financeiros emprestados é chama- do de juros ou, em termos percentuais, taxa de juros. Essa taxa é conside- rada, por um lado, a remuneração dos poupadores e, por outro, o custo de capital dos tomadores. As instituições financeiras cobram regularmente taxas de juros dos toma- dores superiores às taxas contratadas nas captações de recursos, a fim de cobrir despesas e riscos, bem como para obter remuneração pela ativida- de de intermediação. À diferença entre a remuneração cobrada nas ope- rações ativas e o custo do dinheiro captado nas operações passivas dá-se o nome de spread. O spread pode também ser definido como a diferença entre a taxa média de juros cobrada pelos empréstimos e a taxa média paga aos depositantes. Tradicionalmente, o spread bancário é elevado no Brasil. Entretanto, nas duas últimas décadas ele vem decrescendo basicamente em função da maior concorrência gerada pelo desenvolvimento e pela expansão dos mecanismos de financiamento direto disponíveis no mercado de capitais. Nesse mercado, as empresas conseguem realizar captação de recursos diretamente com o investidor interessado, sem a necessidade de interme- diação financeira. A transformação dos departamentos financeiros das grandes empresas em autênticas instituições financeiras, somada ao crescimento dos investi- dores institucionais e ao crescente papel desempenhado pelas empresas de classificação de risco, significou uma quebra da posição hegemônica das instituições bancárias e a perda de parte importante de sua clientela, particularmente as empresas de maior porte. A existência do spread significa que, pelo menos em tese, os financiamen- tos indiretos seriam mais caros do que os financiamentos diretos, enquanto o retorno para os depositantes seria menos atraente do que se investissem diretamente na compra de um título direto emitido por uma unidade defici- tária. No entanto, algumas vantagens dos intermediários financeiros levam ainda grande parte das unidades deficitárias a se endividar com eles, e das unidades superavitárias a depositar neles seus recursos. — Vantagens dos Intermediários Financeiros Os intermediários financeiros justificam sua existência por serem mais capa- zes de reduzir os custos de transação e os problemas gerados pela assime- tria de informações entre as partes do que as unidades econômicas em geral. Porém, você pode estar se perguntando: o que são esses custos de tran- sação? Simples: os custos de transação se referem aos gastos envolvi- 24 UNIDADE 2 MERCADO FINANCEIRO dos em cada transação financeira, como o processo de reuniões entre as partes e o pagamento de honorários advocatícios para redação dos contratos de empréstimo. Já a assimetria de informação ocorre quando uma das partes de uma tran- sação está mais bem informada do que a outra em relação a questões pertinentes à negociação. Quando há assimetria de informação, conflitos de interesse entre as partes tendem a ocorrer. Assim, a redução dos custos de transação e da assimetria de informação presentes nas transações é possibilitada, principalmente, por duas vanta- gens apresentadas pelos intermediários financeiros: ganhos de escala e diversificação das operações. Ganhos de escala Em função da especialização (expertise) desenvolvida na coleta de dados e no processamento das informações, os intermediários financeiros apresentam vantagens relativas a ganhos de escala, possibilitando a redução do custo por transação à medida que se aumenta o número de transações. Todo intermediário financeiro possui um departamento de análise de crédito, sendo os custos de manutenção de tal estrutura divididos entre milhares de contratos. O mesmo se aplica aos custos legais de elaboração de contratos de empréstimo, entre outros custos operacionais. Diversificação das operações A possibilidade de diversificação das operações ativas e passivas reduz fortemente, por um lado, a probabilidade esperada de per- das com inadimplência nos empréstimos e, por outro lado, os ris- cos de liquidez provenientes de saques dos depositantes. Portanto, os intermediários são capazes de produzir tal resultado em fun- ção dos ganhos de escala, da especialização em intermediação financeira e de seus ativos e passivos diversificados. Além disso, outra vantagem que apresentam é a diversificada oferta de alternativas de captação e de apli- cação de recursos, já que dificilmente as unidades econômicas consegui- riam dispor por conta própria e com a mesma agilidade. 25 FIXANDO CONCEITOS MERCADO FINANCEIRO FIXANDO CONCEITOS 2 Marque a alternativa correta. 1. Os gastos correntes de uma unidade econômica que excedem as suas receitas correntes necessitam, de alguma forma, ser financiados. Caso uma unidade econômica deficitária decida recorrer a um financiamento externo indireto, podemos citar como opção o(a): (a) Venda de imóvel. (b) Emissão de debêntures. (c) Empréstimo em banco múltiplo. (d) Emissão de ações. (e) Emissão de notas promissórias. Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta. 2. Em relação aos custos de transação e à possível assimetria de informa- ção presente nas transações financeiras, podemos afirmar que: I) Quando há assimetria de informação entre as partes de uma transa- ção financeira, conflitos de interesse tendem a surgir. II) As instituições financeiras cobram, usualmente, taxas de juros dos tomadores inferiores às taxas contratadas nas captações de recur- sos. III) Custos de transação se referem aos gastos envolvidos em cada transação financeira. IV) Os ganhos de escala possibilitam que os intermediários financeiros reduzam o custo por transação à medida que aumentam o número de transações. V) A assimetria de informação ocorre quando as partes de uma transa- ção financeira são igualmente bem informadas. Assinale a alternativa correta: (a) Somente I, II e III são proposições verdadeiras. (b) Somente I, III e IV são proposições verdadeiras. (c) Somente II, III e V são proposições verdadeiras. (d) Somente I, II, III e IV são proposições verdadeiras. (e) Somente I, II, III e V são proposições verdadeiras. 26 UNIDADE 3 MERCADO FINANCEIRO 03 ■ Identificar qual o papel do Sistema Financeiro Nacional. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Conhecer a estrutura do Sistema Financeiro Nacional. O PAPEL DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN) ÓRGÃOS NORMATIVOS ENTIDADES SUPERVISORAS FIXANDO CONCEITOS 3 TÓPICOS DESTA UNIDADE SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 27 UNIDADE 3 MERCADO FINANCEIRO O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é formado por diferentes tipos de insti- tuições financeiras e seus respectivos agentes reguladores e fiscalizadores. O SFN foi estruturado de forma a dar destaque aos órgãos normativos e supervisores e à delimitação das áreas de competência de cada um deles. O SFN reproduz a estrutura financeira segmentada dos Estados Unidos na época em que as instituições financeiras eram especializadas em determina- do tipo de operação. Desde então, ocorreram mudanças como: a possibili- dade de formação de conglomerados financeiros(com atuação em diversas áreas), a criação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Superinten- dência de Previdência Complementar (PREVIC), entre outras, mas a estrutura básica montada em meados da década de 1960 prevalece até os dias de hoje. O PAPEL DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL O SFN pode ser definido como o conjunto de instituições financeiras (públi- cas e privadas) e instrumentos financeiros destinados a oferecer alternativas de aplicação e de captação de recursos financeiros entre as unidades econô- micas (famílias, empresas e Governo). Ele engloba não só o mercado financei- ro, mas também o de Seguros Privados e de Previdência Complementar. Instituições Compõem o mercado financeiro diferentes tipos de instituições financeiras, como bancos, corretoras, distribuidoras e segurado- ras. Cada tipo de instituição exerce funções específicas, de acordo com o que determinam suas respectivas legislações. Atenção O Sistema Financeiro Nacional (SFN) foi originalmente estruturado como o conjunto de instituições que integram o mercado financeiro, com funções de intermediação financeira, regulação e fiscalização. 28 UNIDADE 3 MERCADO FINANCEIRO Instrumentos financeiros Podem ser divididos em duas classes: » Instrumentos de dívida, como depósitos bancários, debêntu- res e títulos públicos. » Instrumentos de participação patrimonial ou propriedade, entre os quais se destacam as ações. ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN) FIGURA 4: ESTRUTURA DO SFN MOEDA, CRÉDITO, CAPITAIS E CÂMBIO SEGUROS PRIVADOS PREVIDÊNCIA FECHADA Ó R G Ã O S N O R M A T IV O S CMN Conselho Monetário Nacional CNSP Conselho Nacional de Seguros Provados CNPC Conselho Nacional de Previdência Complementar S U P E R V IS O R E S BCB Banco Central do Brasil CVM Comissão de Valores Mobiliários SUSEP Superintendência de Seguros Privados PREVIC Superintendência Nacional de Previdência Complementar O P E R A D O R E S Bancos e caixas econômicas Administradoras de consórcios Bolsa de valores Seguradoras e Resseguradores Entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão) Cooperativas de crédito Corretoras e distribuidoras* Bolsa de mercadorias e futuros Entidades abertas de previdência Instituições de pagamento** Demais instituições não bancárias Sociedades de capitalização Saiba mais O mercado financeiro é o ambiente em que se realiza o fluxo financeiro entre poupadores e tomadores a partir dos mais diversos instrumentos financeiros existentes. Nesse mercado, busca-se otimizar a utilização dos recursos financeiros e criar condições adequadas de liquidez e de administração de riscos. 29 UNIDADE 3 MERCADO FINANCEIRO ÓRGÃOS NORMATIVOS Os órgãos normativos são responsáveis pela regulamentação do sistema financeiro. São três os órgãos normativos do Sistema Financeiro Nacional, cada um sendo responsável por um determinado segmento do sistema. O Conselho Monetário Nacional (CMN) normatiza as atividades das ins- tituições e os mercados supervisionados pelo Banco Central (BACEN) e pela CVM, além de regular as aplicações das reservas dos investidores institucionais. É o órgão deliberativo máximo do sistema e estabelece as diretrizes gerais das políticas monetária, cambial e creditícia. O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) é o órgão regula- dor do mercado de seguros – que inclui as atividades das companhias de seguro, de resseguro, das empresas de capitalização e das entidades de previdência aberta –, cujo órgão supervisor é a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). O terceiro órgão normativo do Sistema Financeiro Nacional é o Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC), que normatiza as ati- vidades dos fundos de pensão, supervisionadas pela Superintendência de Previdência Complementar (PREVIC). ENTIDADES SUPERVISORAS Essas entidades são responsáveis por supervisionar o bom funcionamento do Sistema Financeiro Nacional. Elas possuem o objetivo de supervisionar o segmento pelo qual são responsáveis, juntamente com o órgão normati- vo a que estão subordinadas. O Banco Central do Brasil (BACEN) “cumpre e faz cumprir” as orienta- ções do Conselho Monetário Nacional. Suas principais responsabilidades são garantir o poder de compra da moeda nacional e manter a estabilida- de do sistema financeiro e do sistema de pagamentos. Entre os exemplos de atividades sob responsabilidade do BACEN estão a emissão de papel- -moeda e de reservas bancárias, recolhimentos compulsórios e voluntários de instituições financeiras, realização de operações de redesconto e de compra e venda de títulos públicos federais. 30 UNIDADE 3 MERCADO FINANCEIRO Exercendo o seu papel de supervisão e fiscalização das instituições finan- ceiras, o BACEN também é responsável pela autorização do funcionamen- to dessas instituições, estabelece condições para o exercício de cargos de direção nas mesmas, vigia a interferência de outras empresas nos merca- dos financeiros e de capitais, além de monitorar o fluxo de capital estran- geiro no país. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é responsável por disciplinar, fiscalizar e desenvolver o mercado de valores mobiliários – ou seja, o mer- cado de capitais –, entendendo-se como tal aquele em que são negociados títulos e ações emitidos por empresas que buscam captar, junto ao público, recursos destinados ao financiamento de suas atividades. A CVM, portanto, assegura o funcionamento eficiente e regulação dos mercados de bolsa e de balcão, protege titulares de valores mobiliários contra emissões irregu- lares e atos ilegais, coíbe fraudes, assegura acesso público às informações sobre os valores negociados no mercado, entre outras atividades. A Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), por sua vez, fiscaliza a constituição, a organização, o funcionamento e a operação das socieda- des seguradoras, resseguradoras, de capitalização e entidades abertas de Previdência Complementar, sempre zelando pela proteção dos interesses dos consumidores, pela estabilidade, liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado. A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) é a autarquia supervisora das atividades das entidades fechadas de Previ- dência Complementar e de execução das políticas para o regime de Previ- dência Complementar operado por essas referidas entidades. 31 FIXANDO CONCEITOS MERCADO FINANCEIRO FIXANDO CONCEITOS 3 Marque a alternativa correta. 1. Pode-se definir Mercado Financeiro como o conjunto de: (a) Instrumentos destinados à captação e à aplicação de recursos financeiros. (b) Instituições destinadas à captação e à aplicação de recursos financeiros. (c) Instrumentos que facilitam a transferência de recursos entre poupa- dores e tomadores. (d) Instituições e instrumentos destinados a oferecer alternativas de aplicação e captação de recursos financeiros. (e) Instituições que fiscalizam e regulamentam o setor financeiro. Marque a alternativa correta. 2. A entidade supervisora responsável pela supervisão do Mercado de Capitais é o(a): (a) SUSEP. (b) CMN. (c) CVM. (d) BACEN. (e) PREVIC. 32 UNIDADE 4 MERCADO FINANCEIRO ■ Identificar e caracterizar os quatro segmentos do mercado financeiro. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS DESTA UNIDADE MERCADO MONETÁRIO MERCADO DE CAPITAIS MERCADO DE CRÉDITO MERCADO DE CÂMBIO FIXANDO CONCEITOS 4 04 SEGMENTOS do MERCADO FINANCEIRO 33 UNIDADE 4 MERCADO FINANCEIRO O mercado financeiro pode ser subdividido em quatro segmentos específicos: Mercado monetário Envolve as operações de curtíssimo e curto prazos. Mercado de crédito Engloba as operações de financiamento de curto e médio prazos. Mercado de capitais Contempla as operações financeiras de médio e longo prazos. Mercado de câmbio Corresponde às operações decompra e de venda de moeda estrangeira. Embora, para fins de análise, seja importante fazer a distinção entre esses diferentes segmentos do Mercado Financeiro, você deve saber que, na prática, eles estão interligados. Os conglomerados financeiros atuam nos quatro segmentos. Em particu- lar, a taxa de juros de curtíssimo prazo, praticada no Mercado Monetário, é fator determinante do comportamento dos outros três segmentos do Mercado Financeiro. 34 UNIDADE 4 MERCADO FINANCEIRO MERCADO MONETÁRIO O Mercado Monetário encontra-se estruturado visando ao controle da liquidez monetária da economia. Os papéis são negociados nesse merca- do tendo como parâmetro de referência a taxa de juros, que se constitui como sua mais importante moeda de transação. O Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) foi desenvolvido pelo BACEN e pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto (ANDIMA) para operar com títulos públicos de emissão do BACEN e do Tesouro Nacional. Na verdade, esse sistema é um grande computador que tem a finalidade de controlar e liquidar financeiramente as operações de compra e venda de títulos públicos e manter sua custódia física e escritural. A partir das taxas praticadas nas negociações diárias realizadas, obtém-se a taxa SELIC (taxa média dos financiamentos diários, com lastro em títulos federais), que representa importante referencial para a formação das taxas de juros no mercado, uma vez que é aceita, no Brasil, como a taxa de juros livre de risco, por envolver títulos públicos. A Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados (CETIP) é um sistema semelhante ao SELIC, só que abrigando títulos privados. O principal título do CETIP é o certificado de depósito interbancário (CDI), que permite transferência de recursos entre as instituições financeiras. A CETIP opera também com CDB, debêntures, notas promissórias, letras financeiras do tesouro (LFT), entre outros. A cada reunião ordinária, o Comitê de Política Monetária (COPOM) tem por objetivo principal estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a meta da taxa de juros a ser praticada pelo BACEN. A meta da taxa de juros, que servirá de referência para o Mercado Financeiro, é definida no Brasil pela taxa SELIC. Essa meta vigora por todo o período entre reuniões ordi- nárias do Comitê. Se for o caso, o COPOM também pode definir um viés, que é o poder concedido ao presidente do Banco Central para modificar a meta para a taxa SELIC a qualquer momento antes da próxima reunião. MERCADO DE CRÉDITO O Mercado de Crédito visa suprir as necessidades de caixa de curto e médio prazos das várias unidades econômicas, seja por meio de conces- sões de crédito às pessoas físicas ou por empréstimos e financiamentos às empresas. 35 UNIDADE 4 MERCADO FINANCEIRO As operações desse mercado são realizadas pelas instituições financeiras bancárias (bancos comerciais e múltiplos). Muitas vezes, as operações de financiamento de bens de consumo duráveis praticadas pelas sociedades financeiras são também incluídas no âmbito do mercado de crédito. No Brasil, da mesma maneira que na Europa Continental e no Japão, as empresas utilizam o crédito bancário como principal fonte de financiamen- to, enquanto em países como os Estados Unidos e a Inglaterra, as empre- sas obtêm financiamento principalmente a partir da colocação de títulos de dívida e de ações no mercado de capitais. Os financiamentos concedidos no Mercado de Crédito são tipicamente operações intermediadas. Os bancos múltiplos são os maiores partici- pantes do mercado de crédito brasileiro, respondendo por mais de 80% do total de empréstimos do sistema financeiro. A seguir, algumas modalidades de crédito disponíveis no mercado: ■ Crédito rotativo. ■ Contas garantidas. ■ Desconto bancário de títulos. ■ Crédito direto ao consumidor (CDC). ■ Adiantamento de contrato de câmbio (ACC). ■ Empréstimo para capital de giro. MERCADO DE CAPITAIS O objetivo do Mercado de Capitais é suprir as necessidades de investi- mentos das unidades econômicas por meio de diversas modalidades de financiamentos de médio e longo prazos, tanto para capital fixo quanto para capital de giro. Também é possível encontrar, no Mercado de Capitais, financiamentos com prazo indeterminado, como as operações que envol- vem emissão e subscrição de ações. O Mercado de Capitais é o grande municiador de recursos permanentes para a economia, em virtude da ligação que efetua entre os que têm capa- cidade de poupança, os investidores, e aqueles que dependem de recur- sos de longo prazo, ou seja, possuem déficit de investimento. A seguir, você encontra listadas as principais modalidades de financiamen- to negociadas no mercado de capitais: 36 UNIDADE 4 MERCADO FINANCEIRO ■ Financiamento de capital de giro. ■ Arrendamento mercantil (leasing). ■ Oferta pública de ações e debêntures. ■ Securitização de recebíveis. ■ Caderneta de poupança. ■ Fundo garantidor de crédito (FGC). Curiosidade Índice BOVESPA (IBOVESPA) É o índice que espelha o desempenho médio do preço das ações mais negociadas na B3 (Brasil, Bolsa, Balcão). Re- presenta o valor atual, em moeda corrente, de uma carteira hipotética de ações constituída no primeiro dia útil de 1968. Supõe-se que, desde então, nenhum investimento adicio- nal tenha sido efetuado, embora sejam incluídos os ajustes efetuados em decorrência da distribuição de proventos — dividendos, bonificações — pelas empresas emissoras. A carteira teórica é integrada pelas ações que, em conjunto, representam 80% do volume transacionado à vista nos 12 meses anteriores à formação da carteira. A representativida- de dessa carteira hipotética é reforçada pelo fato de as em- presas emissoras das ações componentes do índice serem responsáveis por cerca de 70% da capitalização — isto é, pelo valor de mercado das ações — do total das empresas registradas na bolsa. Para que tal representatividade seja mantida, é feita uma reavaliação quadrimestral, alterando-se a composição e o peso da carteira. A B3 calcula e divulga seu índice em tempo real, considerando os preços dos últi- mos negócios efetuados no mercado à vista com as ações componentes de sua carteira. Saiba mais Os países capitalistas mais desenvolvidos possuem Mercados de Capitais fortes e dinâmicos. A fraqueza desse mercado nos países subdesenvolvidos dificulta a formação de poupança, constitui um sério obstáculo ao desenvolvimento e ainda obriga esses países a recorrerem aos mercados de capitais internacionais. 37 UNIDADE 4 MERCADO FINANCEIRO MERCADO DE CÂMBIO No Mercado de Câmbio, são realizadas as operações de compra e venda de moedas estrangeiras. Esse mercado reúne todas as unidades econômi- cas que têm motivos para realizar transações com o exterior, via operadores de comércio internacional, instituições financeiras, investidores ou bancos centrais, ou, ainda, que tenham que realizar exportações e importações, pagamentos de dividendos ou recebimento de capitais ou outros valores. O BACEN atua nesse mercado visando, principalmente, o controle das reservas cambiais da economia e a manutenção do valor da moeda nacio- nal em relação a outras moedas internacionais. O mercado cambial no Brasil encontra-se segmentado em: Mercado de câmbio de taxas livres (câmbio comercial) O câmbio comercial envolve as operações de importações e exportações, pagamentos internacionais de juros e dividendos, empréstimos externos, investimentos de capital etc. Mercado de câmbio de taxas flutuantes (câmbio turismo) O câmbio de taxas flutuantes inclui negociações de moeda estran- geira para operações de turismo e demais despesas relacionadas. 38 FIXANDO CONCEITOS MERCADO FINANCEIRO FIXANDO CONCEITOS 4 Marque a alternativa correta. 1. Para fins de análise, o Mercado Financeiro pode ser dividido em quatro segmentos:Mercado Monetário, Mercado de Crédito, Mercado de Capi- tais e Mercado de Câmbio. Em relação a esses quatro segmentos do Mercado Financeiro e às operações financeiras neles realizadas, pode- mos afirmar que: (a) O Mercado Monetário visa suprir as necessidades de caixa de curto e médio prazo das unidades econômicas. (b) No Mercado de Capitais, as operações de captação de recursos são predominantemente intermediadas. (c) A existência de um mercado secundário para um título negociado no Mercado de Capitais não exerce influência sobre a sua liquidez. (d) O mercado secundário de câmbio envolve as operações entre os bancos e seus clientes. (e) No Mercado de Crédito, os financiamentos se dão a partir de opera- ções tipicamente intermediadas. Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta. 2. Em relação aos diferentes segmentos do Mercado Financeiro, podemos afirmar que: I) O Mercado Monetário visa ao controle da liquidez monetária da economia. II) A taxa SELIC tem a finalidade de controlar e liquidar financeiramen- te as operações de compra e venda de títulos públicos e manter sua custódia física e escritural. III) A taxa SELIC serve de referência para o Mercado Financeiro. IV) O SELIC foi desenvolvido para operar com títulos públicos de emis- são do BACEN e do Tesouro Nacional. V) A taxa SELIC é a taxa média dos financiamentos diários, com lastro em títulos federais. Assinale a alternativa correta: (a) Somente III e IV são proposições verdadeiras. (b) Somente I, II e IV são proposições verdadeiras. (c) Somente I, III e IV são proposições verdadeiras. (d) Somente I, III e V são proposições verdadeiras. (e) Todas as proposições são verdadeiras. 39 UNIDADE 5 MERCADO FINANCEIRO 05 INSTRUMENTOS FINANCEIROS ■ Definir as principais características dos instrumentos financeiros. ■ Identificar os principais Instrumentos de capacitação emitidos por instituições financeiras. ■ Identificar os principais Instrumentos de capacitação emitidos por empresas não financeiras. ■ Identificar as diferentes classificações dos fundos de investimento. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS DESTA UNIDADE CARACTERÍSTICAS DOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS INSTRUMENTOS DE CAPTAÇÃO EMITIDOS POR INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS INSTRUMENTOS FINANCEIROS EMITIDOS POR EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS FUNDOS DE INVESTIMENTO TÍTULOS DO TESOURO DIRETO DERIVATIVOS PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR FIXANDO CONCEITOS 5 ■ Listar os principais títulos do Tesouro Direto. ■ Identificar as principais características dos derivativos. ■ Definir as principais características da Previdência Privada Complementar. 40 UNIDADE 5 MERCADO FINANCEIRO Os instrumentos financeiros são emitidos por instituições financeiras, por empresas e pelo Governo. Cada instrumento possui características pró- prias de risco, de liquidez e de rentabilidade. A seguir, vamos falar detalhadamente sobre cada um deles. CARACTERÍSTICAS DOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS — Risco O risco de um investimento está associado à sua rentabilidade. A expec- tativa é que, quanto maior o risco esperado, maior a rentabilidade projeta- da da operação. Entretanto, alguns instrumentos emitidos por instituições financeiras têm risco próximo de zero se o valor da aplicação obedecer a certo limite: o investidor que mantiver, em um determinado banco, o total de seus depósitos à vista, a prazo e de poupança, limitado a R$ 250 mil, tem garantidas para as suas aplicações, mesmo que o banco “quebre” (isto é, entre em processo de liquidação extrajudicial). Cabe aqui mencionar que o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que é uma entidade privada e sem fins lucrativos, administra um mecanismo de proteção aos correntistas, poupadores e investidores, que permite recu- perar os depósitos ou créditos mantidos em instituições financeiras, em caso de intervenção, de liquidação ou de falência. O valor máximo por con- 41 UNIDADE 5 MERCADO FINANCEIRO glomerado financeiro é de R$ 250.000,00 por depositante ou aplicador, independentemente do valor total e da distribuição em diferentes formas de depósito e aplicação. Nas contas conjuntas, o valor da garantia é limi- tado a R$ 250.000,00 ou ao saldo da conta quando inferior a esse limite, dividido pelo número de titulares, sendo o crédito do valor garantido feito de forma individual. A partir de 2016, o CMN excluiu dessa cobertura as aplicações em instituições financeiras feitas por fundos de pensão, fun- dos de investimento, clubes de investimento, seguradoras e sociedades de capitalização. Vale informar que, a partir de 2017, o FGC estabeleceu um teto de R$ 1.000.000,00, a cada período de quatro anos, por CPF ou CNPJ em seu uso, sendo que, após quatro anos, o teto é restabelecido. Ou seja, existe um valor máximo de restituição (R$ 1.000.000,00) para cada período de quatro anos, por CPF ou CNPJ, permanecendo inalterado o limite de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ na instituição financeira. Vale destacar que o período de quatro anos se inicia na data da liquidação ou intervenção em instituição financeira na qual o investidor detenha valor garantido pelo FGC. — Liquidez A liquidez de uma aplicação financeira depende de seu prazo — quan- to menor o prazo, maior a liquidez esperada — e de haver um mercado secundário que negocie o título — por exemplo, as ações emitidas por grandes empresas são geralmente negociadas em bolsa. Depósitos em bancos não são negociáveis, mas são de curto prazo; portanto, são consi- derados líquidos em razão do prazo. — Rentabilidade A rentabilidade dos instrumentos financeiros é determinada pelo mercado, com exceção dos depósitos de poupança. As ações são instrumentos de renda variável. Os instrumentos de renda fixa podem ser classificados em: Prefixados Quando os juros nominais para o investidor são pactuados entre as partes no momento em que o instrumento é negociado. Pós-fixados Quando a remuneração é indexada, por exemplo, à variação de índices de preços, à taxa SELIC, à taxa de câmbio etc. 42 UNIDADE 5 MERCADO FINANCEIRO INSTRUMENTOS DE CAPTAÇÃO EMITIDOS POR INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS O objetivo desta parte do material é dar uma noção geral dos principais ins- trumentos de captação existentes no Mercado Financeiro. Por esta razão, trataremos aqui apenas daqueles que julgamos importantes por serem eles os mais falados em nosso dia a dia, tanto na mídia impressa ou falada quanto no cotidiano de um profissional como um corretor de seguros. — Depósitos à Vista São também denominados depósitos em conta corrente. Não são remune- rados, mas são os mais líquidos e, como já vimos, eles são livres de risco até um certo limite. — Depósitos a Prazo É a denominação oficial dos certificados de depósito bancário (CDBs), sendo atualmente a mais importante fonte de captação de recursos dos bancos. Os CDBs têm prazos mínimos que, geralmente, variam de 30 a 120 dias. São títulos nominativos, de renda fixa (rentabilidade prefixada ou pós-fixada), emitidos por bancos na modalidade de depósitos a prazo, sen- do o prazo definido no momento da negociação. — Depósitos de Poupança Mais conhecidos como caderneta de poupança. Desde 2012, a caderne- ta de poupança possui uma nova forma de cálculo de remuneração. Por essa regra, o dinheiro depositado na poupança será corrigido mensalmen- te pelo equivalente a 70% da taxa básica de juros (taxa SELIC) mais a varia- ção da Taxa Referencial (TR). Esse investimento pode ser resgatado a qualquer momento, mas, caso o res- gate ocorra fora da “data de aniversário”, o investidor perde a remuneração equivalente aos dias decorridos após a data de aniversário (mensal) anterior. 43 UNIDADE 5 MERCADO FINANCEIRO Importante Os rendimentos da caderneta de poupança são isentos de imposto de renda (IR) para as pessoas físicas. Já para as aplicações realizadas por pessoasjurídicas, a cobrança de IR será influencia- da pelo tipo de instituição: para as empresas sem fins lucrativos, os rendimentos serão isentos, mas, para as demais organizações, serão tributados. — Letras Financeiras Oferecidas no mercado brasileiro desde 2010, as letras financeiras são títu- los de dívida privados emitidos por instituições financeiras para a captação de recursos. São instrumentos de renda fixa que garantem mais flexibili- dade às instituições financeiras na captação de recursos, na medida em que podem ser ajustadas às suas necessidades. As letras financeiras estão livres do recolhimento do depósito compulsório; dessa forma, apresentam rentabilidades superiores às dos CDBs. Entretanto, as letras financeiras apresentam algumas desvantagens em relação aos CDBs. Em primeiro lugar, porque o valor mínimo para aplica- ção é de R$ 150 mil, o que restringe o rol de investidores pessoa física. Em segundo lugar, porque só podem ser resgatadas após 24 meses; portanto, são instrumentos menos líquidos do que os CDBs. Além disso, a letra finan- ceira não possui a garantia do FGC. Saiba mais Quando uma pessoa deposita certa quantia de dinheiro num banco comercial, esta quantia fica disponível para que o banco a empreste a outro cliente. Este cliente, por sua vez, não gasta imediatamente todo o dinheiro tomado como empréstimo, mas deposita o valor tomado em um segundo banco. Neste ponto temos uma multiplicação da moeda, já que o primeiro depositante tem a totalidade de seu dinheiro disponível em moeda escritural (pode emitir um cheque nesse valor, ou fazer compras com cartão de débito, por exemplo) e o segundo depositante também tem a mesma quantidade disponível. Entretanto, a quantidade de moeda “real” é apenas a quantidade que foi depositada pelo primeiro depositante. O principal objetivo do depósito compulsório é evitar a multiplicação descontrolada da moeda escritural. O depósito compulsório é a reserva obrigatória recolhida dos depósitos bancários, conforme percentual fixado pelo Banco Central do Brasil (BCB), com a finalidade de restringir ou de alimentar o processo de expansão dos meios de pagamento. 44 UNIDADE 5 MERCADO FINANCEIRO — Outros tipos de captação bancária Veja alguns outros exemplos: ■ LCI – Letra de Crédito Imobiliário: recursos aplicados são dire- cionados para financiamentos habitacionais. ■ LCA – Letra de Crédito do Agronegócio: título emitido por insti- tuições garantido por empréstimos concedidos ao setor de agro- negócio. Esses títulos foram criados pelo Governo com objetivo de ampliar os recursos disponíveis ao financiamento agropecuário. ■ CDI – Certificados de Depósito Interfinanceiro: é um instru- mento financeiro utilizado para a captação de recursos entre ins- tituições financeiras, que serve como lastro para as operações do mercado interbancário. INSTRUMENTOS FINANCEIROS EMITIDOS POR EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS — Ações As ações são títulos de propriedade, isto é, representam a propriedade de uma fração da empresa emissora. Sua valorização depende do com- portamento do mercado acionário e, portanto, são consideradas títulos de renda variável. Existem duas espécies de ações: ordinárias e preferenciais. As ações ordinárias dão direito a voto, enquanto os portadores de ações preferenciais têm predileção pela distribuição de dividendos e estão na frente dos detentores de ações ordinárias, como credores, no caso de falência da empresa. O investidor, além de poder se beneficiar de um ganho de capital repre- sentado por uma eventual valorização da cotação da ação da empresa, pode receber: Dividendos Parcela do lucro líquido distribuído aos acionistas. 45 UNIDADE 5 MERCADO FINANCEIRO Bonificações Quando a empresa aumenta seu capital, pode haver distribuição gratuita de ações aos acionistas, em proporção ao número de ações já possuídas. Direito de subscrição Se não for exercido, pode ser vendido em bolsa. — Debêntures São títulos de dívida emitidos por sociedades por meio de ações, de capital aberto ou fechado. São nominativos, negociáveis e de médio e de longo prazo. Rendem juros fixos ou variáveis e podem possuir cláusulas de cor- reção monetária. É comum que as empresas ofereçam garantias reais para esses papéis, cujas características podem ser renegociadas ao longo do contrato. Os contratos de emissão de uma debênture podem prever sua conversão em ações ao término do contrato. Debêntures são instrumentos de captação de recursos que oferecem uma significativa flexibilidade às companhias emissoras. As companhias podem determinar as formas de remuneração, os fluxos de amortização dos títu- los e as garantias oferecidas como melhor lhes convier. Essa flexibilidade permite que as parcelas de amortização e as condições de remuneração se ajustem ao fluxo de caixa da companhia, a algum projeto que a emis- são porventura possa estar financiando e às condições de mercado no momento da emissão. Empresas de capital aberto estão autorizadas a fazer oferta pública de debêntures, que, então, podem ser negociadas na bolsa. Seus maiores demandantes são os investidores institucionais, que geralmente carregam esses títulos até seu vencimento. Isso ajuda a explicar o fato de não haver ainda um mercado secundário tão amplo para esses papéis como os veri- ficados em outros países. — Notas Promissórias Também conhecidas como commercial papers, são títulos cujo prazo de vencimento varia de 30 a 180 dias. Seu rendimento é, na maioria dos casos, prefixado, e, ao contrário do que ocorre com as debêntures, as empresas emissoras não oferecem garantias reais. 46 UNIDADE 5 MERCADO FINANCEIRO FUNDOS DE INVESTIMENTO — Definições Fundo de investimento é um conjunto de recursos monetários formado por depósitos de grande número de investidores que se destinam à aplicação coletiva em carteira de títulos e valores mobiliários. Os fundos de investimento são representados por grupos de investidores que reúnem, em fundo comum, os recursos monetários de muitos inves- tidores, vendendo-lhes cotas de participação e podendo obter condições mais favoráveis de negociação. Os fundos são regidos por um regulamento a partir do qual são estabeleci- das todas as regras de seu funcionamento e demais informações relevan- tes como: tipos de ativos que irão compor a sua carteira, limites máximos e mínimos para cada um dos ativos, estratégias de investimento, perfil de risco etc. As principais decisões que envolvem o patrimônio dos fundos de inves- timento são tomadas em assembleia geral de cotistas. Nelas, são delibe- radas as políticas de investimento, prestação de contas do administrador, alterações do regulamento do fundo, definição da taxa de administração, entre outras. A gestão do fundo de investimento é exercida por um administrador eleito por seu cotistas. Sua responsabilidade é ampla, cobrindo desde a gestão da carteira de títulos e valores mobiliários até a execução das atividades operacionais e legais relacionadas com o fundo e seus cotistas. A taxa de administração é cobrada pela instituição financeira para remune- rar os serviços prestados de administração do fundo e de gestão da cartei- ra. O percentual dessa taxa é fixado pela própria administradora do fundo, sendo cobrada sobre o valor total da aplicação de cada cotista, indepen- dentemente do resultado alcançado. A taxa de performance é cobrada com base no desempenho apresentado pela carteira do fundo de investimento em relação a um índice de mercado. Todo participante de um fundo de investimento detém determinada quan- tidade de cotas que, por sua vez, corresponde a uma fração ideal de seu patrimônio e é determinada pela relação entre o capital aplicado e o valor do patrimônio do fundo. O valor da carteira de um fundo de investimento varia diariamente devido às entradas e saídas de cotistas e comportamento dos valores de seus ativos no mercadofinanceiro. Saiba mais Os fundos de investimento têm crescido em muitos países, em detrimento da base tradicional de depósitos dos bancos, apesar de não haver qualquer tipo de seguro para os cotistas em caso de quebra de um fundo mútuo. 47 UNIDADE 5 MERCADO FINANCEIRO É importante destacar que os fundos de previdência se diferenciam dos demais fundos de investimento por não ocorrer a cobrança do imposto de renda (IR) na fonte, que acontece duas vezes ao ano, ao final de maio e de novembro. Nos fundos de Previdência Privada, a tributação ocorre somente no resgate, e também é possível aplicar nas mais diferentes categorias de produtos, desde fundos de renda fixa a fundos de ações e multimercados. — Classificação dos Fundos de Investimento As classificações são definidas a partir do principal fator de risco associa- do à carteira do fundo, que pode ser o índice de preço, a taxa de juros, o índice de ações ou o preço do ativo, cuja variação pode produzir maiores efeitos sobre o valor da sua aplicação no fundo. São elas: ■ Curto prazo. ■ Referenciados. ■ Renda fixa. ■ Ações. ■ Cambiais. ■ Dívida externa. ■ Multimercado. Curto prazo Aplicam seus recursos exclusivamente em títulos públicos federais ou privados prefixados ou indexados à CDI/SELIC ou a outros índi- ces. Esses títulos podem ser indexados a taxas de juros ou infla- ção, com prazo máximo a decorrer de 375 dias e prazo médio da carteira do fundo inferior a 60 dias. Referenciados Investem, no mínimo, 95% de sua carteira em títulos ou operações que buscam acompanhar a variação do indicador de desempe- nho escolhido (benchmarking). Podem ser indexados a índices de juros (como o CDI), inflação (como IGPM, IPCA), moedas estran- geiras e outros. Renda fixa Devem possuir, no mínimo, 80% da carteira em ativos relacionados à variação da taxa de juros ou a um índice de inflação. Excluem-se estratégias que impliquem exposição de moeda estrangeira ou de renda variável. Importante Uma importante vantagem dos fundos de previdência é a possibilidade de pagar uma alíquota de IR menor sobre os lucros na hora do resgate e ainda ter a possibilidade de aumentar a sua restituição de IR no ano seguinte à aplicação no fundo. Benchmarking é um processo de comparação de produtos, serviços e práticas empresariais, e é um importante instrumento de gestão. 48 UNIDADE 5 MERCADO FINANCEIRO Ações Devem manter, no mínimo, 67% da carteira investidos em ações nego- ciadas em bolsa de valores ou em mercado de balcão organizado. Cambiais Devem possuir, no mínimo, 80% da carteira em ativos relaciona- dos à variação de preços de moeda estrangeira ou à variação do cupom cambial. Além de estarem sujeitos à variação cambial, os ativos podem ter outros tipos de risco, como títulos de dívida com risco de crédito. O montante não aplicado em ativos relacionados a moedas estrangei- ras deve ser aplicado somente em títulos e operações de renda fixa. Dívida externa Aplicam, no mínimo, 80% de seu patrimônio em títulos representa- tivos da dívida externa de responsabilidade da União, sendo per- mitida a aplicação do restante em outros títulos de créditos transa- cionados no mercado internacional. Multimercados Fundos multimercados podem ter características como performan- ce, risco e liquidez muito diferentes uns dos outros, dependendo da estratégia de cada fundo. As políticas de investimento dos fundos multimercados envolvem várias modalidades de investimento. TÍTULOS DO TESOURO DIRETO Assim como fazem muitas empresas, o Governo financia seu déficit por meio da venda de títulos, conhecidos genericamente como títulos públi- cos. Esses títulos compõem a dívida pública mobiliária ou, simplesmente, dívida pública. Os principais títulos são os seguintes: Letra Financeira do Tesouro (LFT) Tem rentabilidade diária vinculada à taxa SELIC. O resgate do prin- cipal e dos juros ocorre em seu vencimento. Letra do Tesouro Nacional (LTN) Título prefixado, adquirido com deságio, ou seja, sua rentabilidade nominal é definida no momento em que é adquirido. Seu preço 49 UNIDADE 5 MERCADO FINANCEIRO varia na direção inversa à da variação da taxa SELIC. Portanto, tor- na-se um título atraente para o investidor que acredita na queda da taxa básica de juros. Nota do Tesouro Nacional – Série C (NTN-C) Sua rentabilidade é vinculada à variação do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), acrescida de juros definidos no momento da com- pra. Paga juros semestralmente (cupom de juros semestral) e o res- gate do valor nominal atualizado ocorre em sua data de vencimento. Nota do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B) Possui as mesmas características de uma NTN-C, com a diferença de que o índice de inflação que corrige seu valor nominal é o Índi- ce de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). DERIVATIVOS — Definição Derivativos são contratos cujos valores dependem de um fator de risco, como: ■ O preço de uma mercadoria, de um instrumento financeiro ou de uma moeda. ■ Índices de preços ou de Bolsa. ■ Taxas referenciadas. Os derivativos mais usados, conhecidos como derivativos de primeira gera- ção, são os contratos futuros, de opções e de swaps. Tais contratos podem ser utilizados como mecanismos de hedge (proteção) ou para especulação. Veja a seguir as definições de cada um deles. — Futuros Os contratos futuros representam um acordo entre vendedor e comprador que irão entregar e receber um ativo (mercadoria, moeda, ativo financei- ro, índice, taxa referenciada) por um preço previamente estabelecido para liquidação em uma data futura. Como são padronizados, é possível a rever- são da posição ao longo do contrato. Quando compra um contrato futuro, o investidor acredita na elevação futu- ra do preço do ativo; se vende um contrato futuro, espera ganhar com a queda do preço do ativo. Importante Operação de hedge consiste em assumir uma posição comprada ou vendida em um derivativo ou investimento, visando minimizar ou eliminar o risco de outros ativos. Ou seja, funciona como uma proteção contra oscilações inesperadas dos instrumentos financeiros. 50 UNIDADE 5 MERCADO FINANCEIRO Exemplo de utilização de um contrato futuro como operação de hedge: Um produtor de trigo terá o produto para entrega no prazo de seis meses; enquanto um produtor de farinha de trigo precisará comprar trigo também daqui a seis meses. Suponhamos que os contratos futuros de trigo com vencimento em seis meses estejam sendo negociados a um dado preço e que tanto o produtor de trigo quanto o de farinha de trigo consideram que aquele preço atende às suas necessidades de negócio. O produ- tor de trigo, então, vende um contrato, por temer que o preço de mercado do trigo, daqui a seis meses, seja inferior ao do contrato futuro, enquanto o produtor de farinha de trigo comprará o contrato futuro por acreditar que há possibilidade de que o preço do trigo, daqui a seis meses, seja superior ao do estabelecido no contrato. — Opções É um instrumento financeiro que garante ao investidor o direito futuro de compra ou venda de um ativo por um preço predeterminado. Existem duas modalidades de contrato de opção: Opção de compra (Call) O titular tem o direito de compra de um ativo válido para ser exer- cido por determinado período de tempo ou em uma data futura específica, e por preço previamente estabelecido. A opção é exer- cida quando o preço de mercado do ativo é superior ao preço de exercício da opção, somado aos custos do exercício. Opção de venda (Put) O titular tem o direito de venda de um ativo válido para ser exer- cido por determinado período de tempo ou em uma data futura específica, e por preço previamente estabelecido. A opção é exer- cida quando o preço de mercado do ativo é inferior ao preço de exercício da opção, deduzidos os custos do exercício. Os contratos de opções diferem dos contratos futuros pois garan-
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