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Prof.ª Manoela Pessanha da Penha manoela.pess@gmail.com Universidade Estácio de Sá DEFINIÇÃO Todas as partes dos animais que servem de alimento ao homem são comercialmente chamadas de carnes Músculo esquelético que recobre esqueleto e vísceras CLASSIFICAÇÃO Podem ser classificadas segundo a origem em: Animais herbívoros: boi, cabrito e coelho Animais onívoros: porco e semelhantes Animais silvestres: carnes de caça (javali, paca) Animais marinhos, fluviais e lacustres: peixes, crustáceos e moluscos Animais domésticos: aves ESTRUTURA Textura influenciada por espécie, alimentação e exercitação Tecido Muscular • Fibras tubulares de diferentes tamanhos • Feixes ligados por tecido conjuntivo • Influência na textura Tecido Conjuntivo • Celulose – sustentação • Parede das fibras musculares - feixes • Colágeno (branco) • Elastina (amarelo) ESTRUTURA TECIDO GORDUROSO Tecido subcutâneo e de revestimento Sabor, suculência e maciez Reduz tempo de cocção Diminui perdas por evaporação Variação de cor Ponto de fusão (ex.: raça e lipídios da dieta animal) - Média = 50°C ESTRUTURA Classificação das carnes quanto ao teor de gordura 1. Carne gorda: acima de 50% do valor calórico proveniente de gordura EX: picanha, contrafilé, acém, cupim 2. Carne magra: menos de 50% do valor calórico proveniente de gordura EX: filé mignon, alcatra, lagarto ESTRUTURA “Goteio”: Saída de líquidos (inclusive gordura) da carne Retração das fibras musculares Perdas de volume da carne Ex.: Churrasco Marmoreio: Pequenas estrias de gordura muito finas que se desfazem Sabor e maciez à carne ESTRUTURA TECIDO MUSCULAR A maior parte da carne é composta de músculos estriados de contração voluntária As fibras musculares estão associadas com a maciez > diâmetro da fibra < maciez Métodos de cocção podem modificar a rigidez das carnes Durante o processo de cocção, as carnes tendem a se tornarem mais rijas ESTRUTURA TECIDO CONJUNTIVO 1. Colágeno: Responsável por estruturar a carne Endurece a carne Calor úmido promove gelatinização e amaciamento Maior quantidade em tendões que ligam músculos aos ossos ESTRUTURA 2. Elastina: Também responsável pela estrutura das carnes Não abranda com cocção Deve ser removida antes da cocção Uso de amaciante não favorece Proporção Colágeno x Elastina Variável com idade, alimentação, exercitação, sexo e raça do animal ESTRUTURA Carne com muito conjuntivo Melhor método de cocção: calor úmido 1. Maior tempo para abrandar tecido 2. Adição de ácido auxilia na desnaturação 3. Cocção com pressão atinge temperatura de gelatinização e o colágeno encorpa o molho Gelatinização = 100°C TECIDO CONJUNTIVO E MÉTODO DE COCÇÃO COLORAÇÃO DA CARNE A coloração vermelha da carne está relacionada com: Hemoglobina – sangue, capilares, artérias e veia Mioglobina – fibras musculares Ração e criação do animal Animais de pasto ou mais velhos Carne mais escura Alimentação à base de milho ou mais novos Carne mais clara REAÇÕES QUE PROMOVEM ALTERAÇÃO DE COR: Hemoglobina + O2 • Oxihemoglobina (vermelho vivo) • Na exposição prolongada volta a escurecer Oximioglobina + O2 • Metamioglobina • Oxidação do ferro ferroso à férrico Hemoglobina + Calor • Hematina • Cor marrom Oximioglobina + calor • Hemicroma • Cor marrom • Desnaturação da globina COLORAÇÃO DA CARNE Cocção: formação de hematina e hemicroma COLORAÇÃO DA CARNE SUBSTÂNCIAS EXTRATIVAS Hidrossolúveis Separam-se do tecido muscular com congelamento Conferem sabor à carne EX: purinas, ácido úrico, creatinina Compostos não nitrogenados Ácido láctico e minerais Calor úmido ou uso de molho ao assar Preserva substâncias extrativas OUTROS COMPONENTES DAS CARNES Carne dianteira Mais exercitadas, menos tenras, com mais substâncias extrativas Carne traseira Mais macia, com mais gordura, fibras mais finas, menor quantidade de substâncias extrativas ESTRUTURA X MACIEZ Sopa x Rosbife Corte menos tenro: Método de cocção apropriado = saborosos e tenros Ex: Bife à milanesa Cortes macios: Método de cocção inapropriado = endurecidos Ex: Carne de churrasco muito passada ESTRUTURA X MACIEZ CORTES BOVINOS Quarto dianteiro: pescoço, acém, peito, braço, paleta, músculo, cupim, tutano Quarto traseiro: fraldinha, ponta de agulha e filé mignon Ponta do Contra-filé: contra-filé, capa de filé, alcatra, patinho, coxão duro, coxão mole, lagarto, aba de filé, maminha de alcatra, picanha e filé de costela CORTES BOVINOS CORTES BOVINOS X MÉTODOS DE COCÇÃO 1. Pescoço 2. Acém 3. Costela 4. Filet Mignon / Capa de Filet 5. Contrafilé 6. Alcatra 7. Osso Buco 8. Peito / Fraldinha 9. Paleta CORTES DE VITELO CORTES SUÍNOS CORTES DAS AVES VÍSCERAS Língua (defumada) Coração Intestinos (dobradinha) Rins Testículos Fígado Miolo 1) Rabo: compõe-se de diversos ossos recobertos com carne gordurosa e, como toda carne junto ao osso, bastante saboroso. 2) Lagarto: de cor mais clara, formato alongado e definido. Preparo típico: carne de panela 3) Coxão duro: fibras duras, exige cozimento lento, ideal para assados de panela 4) Coxão mole: macia, boa para bifes e enroladinhos. Se vier com o contrapeso, rico em nervos e sebo, corte-o pela membrana que o separa da peça e use-o em sopas CORTES BOVINOS 5) Músculo: Muito saboroso, rico em colágeno. É indicado para o preparo de molhos, ensopados, carnes de panela e também sopas 6) Patinho: menos macio que a alcatra, usado para bifes à milanesa e preparações de carne moída crua, como o quibe cru e o steak tartar 7) Picanha: parte macia, marmorizada com gordura, própria para churrascos 8) Alcatra: mais macia que o coxão mole, ideal para bifes CORTES BOVINOS 9) Contrafilé: ideal para bifes, rosbifes e assados. Possui gordura lateral que mantém o sabor e a umidade da carne 10) Filé mignon: é o corte mais macio da carne de boi. Embora não seja tão saboroso quanto a alcatra e o contrafilé, é ideal para bifes 11) Aba de filé: carne mais rija, precisa de cozimento mais longo. Própria para ensopados, picadinhos e para moer 12) Fraldinha: corte pequeno, de fibras longas e pouco macia. Indicada para caldos, molhos, cozidos e ensopados CORTES BOVINOS 13) Ponta de agulha: parte constituída de músculos e fibras grossas e compridas. Para ensopados, cozidos e sopas 14) Capa de filé: com textura desigual e grande quantidade de nervos, presta-se para o preparo de carnes com molhos que precisam de cozimento mais longo, além de ensopados e picadinhos 15) Acém: é o pedaço maior e mais macio da parte dianteira do gado. Dá ótimos ensopados, picadinhos, cozidos, bifes de panela, carnes de panela recheadas e com molho CORTES BOVINOS 16) Paleta: contêm o "peixinho", considerado o lagarto do Braço. Mais musculoso que o Acém, é também muito saboroso pela quantidade de gordura interior da peça. Bem cozido, dá excelentes molhos, ensopados e cozidos 17) Peito: parte dianteira do boi constituído de músculos e fibras duras. Pode ser enrolado com temperos e assado na panela com molho 18) Pescoço: continuação dopeito, é um dos cortes mais baratos. Por ter formação semelhante á do peito, pode ser usado nos mesmos tipos de preparações CORTES BOVINOS 19) Filé de costela: por ter fibras mais duras, é utilizado principalmente para churrascos ou, então, para preparar carnes cozidas com legumes 20) Maminha: parte mais macia da alcatra, boa para bifes, contendo mais gordura 21) Cupim: é a corcova do boi-zebu. Nele, fibras e gordura se entrelaçam. É saboroso e muito usado em churrasco. Mas exige um longo tempo de cozimento CORTES BOVINOS CLASSIFICAÇÃO Carne especial = contra-filé, lombo, filé mignon 1ª categoria = coxão-mole, coxão duro, patinho, lagarto, alcatra 2ª categoria = paleta, acém, capa de filé, fraldinha, peito 3ª categoria = pescoço e ponta de agulha Sem classificação = músculo (dianteiro e traseiro) e cupim CORTES BOVINOS COMPOSIÇÃO E VALOR NUTRICIONAL NUTRIENTE QUANTIDADE (%) Proteína 10 a 20 Gordura 5 a 30 Água 70 a 72 Minerais <1 PROTEÍNAS Proteínas Colágeno Elastina Insolúveis Miosina Miogina Globulina Mioalbumina Solúveis em soluções concentradas em sal Coagulação – 50ªC ↑ temperatura = contração de fibras e liberação de sucos Importância para a palatabilidade das carnes Composta por diversos tipos de lipídeos Predomínio de triglicerídeos Varia conforme a espécie animal GORDURAS Suínos e cordeiros – maior teor de gordura (5,25 e 6,6%) Bovino, frango, coelho e peru (2 a 3,2%) Glicogênio 1 a 6% Consumido no processo de Rigor Mortis Ácido láctico produzido no abate Relacionado com a Reação de Maillard CARBOIDRATOS VITAMINAS E MINERAIS Vitaminas: Em geral, as carnes são boas fontes de vitaminas do complexo B (tiamina, riboflavina, niacina, B6 e B12) Porco – B1 Vitela, peru, galinha – B3 Figado, coração e rins – B2, B3, vitamina A Minerais: Fonte de zinco, ferro, cobre, fósforo, potássio, magnésio e selênio Componentes hidrossolúveis: mantidos em carnes mal passadas TEOR DE VITAMINAS CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS Aspecto: Não amolecido e não pegajosa Envolto viscoso – crescimento microbiano Cor: Sem manchas esverdeadas, arroxeadas ou acinzentadas Odor: Próprio Carnes com odor forte e desagradável não devem ser utilizadas na alimentação ESCOLHA DA CARNE ALIMENTO CARACTERÍSTICAS NORMAIS CARACTERÍSTICAS ALTERADAS CUIDADOS Carne de boi -Superfície brilhante -Firme à pressão dos dedos -Cor vermelha -Cheiro próprio -Superfície pegajosa -Amolecida ao tato -Coloração vermelho esverdeada -Mau cheiro -Guardar no freezer ou no congelador -Etiquetar -Só descongelar na véspera do consumo Carne suína -Firme à pressão dos dedos -Carne de coloração rosada -Cheiro próprio -Amolecida ao tato -Coloração esverdeada -Mau cheiro -Guardar no freezer ou no congelador -Etiquetar -Só descongelar na véspera do consumo SELEÇÃO Condições higiênico-sanitárias Escolha depende da preparação Quantidade de acordo com clientela Carne com maior quantidade de tecido gorduroso e conjuntivo Maiores perdas aproximadamente 25% ESCOLHA DEPENDE DE PREPARAÇÃO NO CARDÁPIO Per capita: Carne sem osso – 175g Carne com osso – 300g Para o churrasco a quantidade aumenta para 400 a 600g SELEÇÃO RIGOR MORTIS X MATURAÇÃO Rigor mortis Logo após abate, aumenta acidez, absorção de fluidos, inchaço e enrijecimento das fibras (complexo actino- miosina) Repouso de 4 a 72h Maturação Armazenamento em baixa temperatura e umidade Continuidade da ação enzimática Meio ácido Gelatiniza colágeno Uso de raio ultravioleta para desfazer complexo actino- miosina Carnes PSE (pale, soft e exudative) Carnes pálidas, moles e exudativas Ocorre quando a glicólise é muito rápida e o pH abaixa muito rápido quando a temperatura do músculo ainda está elevada (37°C) Redução do pH + Hipertermia Precipitação de ptns sarcoplásmicas e menor capacidade de retenção da água, devido a desnaturação das ptns miofibrilares ALTERAÇÕES INDESEJÁVEIS NO POST MORTEM Carnes DFD (dark, firm, dry) Carnes escuras, duras e secas Queda de pH pouco acentuada devido a baixa [glicogênio] pH mais elevado contaminação microbiana ALTERAÇÕES INDESEJÁVEIS NO POST MORTEM DFD NORMAL PSE ALTERAÇÕES INDESEJÁVEIS NO POST MORTEM ALTERAÇÕES INDESEJÁVEIS NO POST MORTEM AÇÃO DE ENZIMAS Proteolíticas = pepsina Aminolítica = diastase Lipolíticas = lipase Lactase – oxidação Renina = coagulação CONSERVAÇÃO Alto teor de água Presença de enzimas Manutenção da cadeia de frio Refrigeração: 0 a 3°C Retarda a ação enzimática Congelamento – maior conservação Temperatura: -18°C Perdas de vitaminas complexo B e ferro na água de descongelamento CARNE CURADA Utilização de solutos para conservação Alta osmolaridade desnatura proteínas da superfície preserva como cocção Métodos: Sal seco Injeção de sal Açúcar Condimentos Defumada À seco ou defumada: Perdem peso Com solução Aumentam de peso Coccionadas com calor úmido Necessitam ficar de molho Retirada do excesso de sal CARNE CURADA AGENTES MODIFICADORES Calor – seco ou úmido Desnaturação – início em 40°C Intensifica com temperatura Água, espeto e osso: Aceleram transmissão de calor Vapor ou papel alumínio auxiliam a acelerar Umidade: formação de gel Perda de peso: 5 – 50% : corte, tempo de cocção, processamento Ácidos Meio de cocção com osso: Desmineralização = enriquecimento do caldo Meio de cocção com corte rico em colágeno Hidrólise e congelamento AGENTES MODIFICADORES HIDRATAÇÃO Sal: Utilizar no momento do preparo Quantidade: 1 colher de chá para cada 500g carne moída Armazenamento com sal: Causa hidratação e amaciamento indesejado Superfície melada ENZIMAS Amaciam mas comprometem características da carne Enzimas proteolíticas Exemplos: Papaína Bromelina Ficina PRÉ-PREPARO Limpeza – retirada de partes indesejadas (elastina) Camada externa de gordura: Evita perda por evaporação e condução de calor, excesso deve ser eliminado Subdivisão: Em função do tipo de corte e preparação PERDAS E RESÍDUOS Perdas: Partes que não são aproveitadas Resíduos: Sopas, caldos, bolinhos, tortas, souflê CONDIMENTOS Vinha d’álhos: Amaciamento, indicado para cocção calor úmido Alho e condimentos secos Indicado para uso em calor seco EX: chapa, churrasco PROCESSOS Moer, bater, picar, ação de enzimas (penetração de 1cm) COCÇÃO Destruição de microrganismos Coagulação de proteínas Abrandamento do tecido conjuntivo Desenvolvimento de sabor Dissolução de gordura Aumento da digestibilidade COCÇÃO X COR Lombo de porco: Rosa claro = quase branco Bovina Vermelho azulado = vermelho vivo = rosa claro = marrom acinzentado Encolhimento das fibras com cocção: Especialmente acima de 70°C CALOR ÚMIDO Cocção lenta da carne Recomendado cozimento dos cortes de carne menos macios (chã de fora e músculo) Carne cortada em pedaços de mesmo tamanho e com temperatura média para garantir cozimento uniformeConversão do colágeno em gelatina, abrandamento das fibras musculares Perdas de sais minerais e vitaminas solúveis Panela tampada, com uma pequena quantidade de líquido ou a vapor Rápido Temperatura elevada Sem acréscimo de gordura Superfície bem tostada Cor característica marrom Recomendado para os cortes de primeira qualidade (alcatra, contra-filé) e bifes com espessura de, pelo menos, 2cm altura Sabor das preparações exaltado pela desidratação de substâncias extrativas que se condensam na superfície da carne CALOR SECO TEMPEROS Alho Tomate Cebola Manjerona Tomilho Louro Hortelã Salsa Aipo Cravo Curry Manjericão Raiz forte Vinha d’álhos CORTE DE FILET MIGNON TEMPERATURA DE COCÇÃO GRAU DE COCÇÃO TEMPERATURA (°C) 1. Mal passada 55 – 65 2. Ao ponto 65 – 70 3. Bem passada 70 – 80 4. Muito bem passada 80 - 95 1. Vermelho vivo, mais suculenta, menor encolhimento de fibras 2. Cor rosa, um pouco vermelho, maior encolhimento, parte externa mais corada, perda em baixa temperatura 10-15% e em alta 25- 30% 3. Marrom acinzentada, interior quebradiço e corado, temperatura ideal perdas de 25-30% 4. Perda elevada 40-50%
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