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Alegações finais - Estágio NPJ (penal)

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ADVOCACIA CRIMINAL 
 
Excelentíssimo (a) Senhor (a) Doutor (a) Juiz (íza) de direito da XX Vara 
Criminal de Vitória – Espírito Santo 
 
 
Ação Penal nº 0000.00.00.00000-0 
Autor: Ministério Público de Espirito Santo 
Réu: Felipe 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Felipe, já qualificado na Ação Penal nº xxxxxxxxxxx que lhe é 
movida pelo Ministério Público de Espirito Santo vêm à presença de Vossa 
Excelência, com a finalidade de, por intermédio do (a) patrono (a) subscritor 
(a), apresentar: 
 
ALEGAÇÕES FINAIS, com fulcro no § 3º, do artigo 403, do Código de 
Processo Penal, o que faz com base nos seguintes fatos e fundamentos, para 
ao final requerer: 
 ADVOCACIA CRIMINAL 
 
 
1. SÍNTESE DO PROCESSADO 
 
O Acusado, foi denunciado pela prática, em tese, de dois crimes de 
estupro de vulnerável, previsto, previsto no artigo 217- A, na forma do artigo 69, 
ambos do Código Penal com agravante da embriaguez preordenada, prevista 
no artigo 61, II, alínea “l”, do CP.- eis que teria, em tese, mantido sexo oral e 
vaginal com a vítima. 
A denúncia foi recebida. 
Realizada a instrução processual, foram ouvidas as testemunhas de 
defesa, fls. Xxx. Foi interrogado, fls. Xxx/xxx. 
Houve prova pericial ás fls. Xxx/xxx. 
Em alegações finais, fls. Xxx/xxx, o Ministério Público pugnou pela 
condenação do Acusado nos termos da denúncia. 
Eis que é o momento da defesa apresentar suas derradeiras 
alegações. 
 
2. DO MÉRITO 
2.1 ATIPICIDADE DA CONDUTA 
 Cumpre ressaltar que no direito penal não temos responsabilidade 
sem culpa. Entretanto a conduta do agente que venha a ser revestida de 
interesse penal deve ser voluntaria e consciente dirigida de forma a macular 
um bem jurídico tutelado. A mera ofensa do bem jurídico tutelado, no caso, a 
vulnerabilidade sexual da menor, presunção legal faz o artigo 217-A do Código 
de processo penal, não é suficiente para tipificação da conduta, pois não há a 
tipicidade subjetiva, o dolo como vontade livre e consciente de macular a lei 
penal. A vítima, conforme relatado pelas testemunhas de defesa nas fls.xxx, 
não tinha o comportamento e a vestimenta compatíveis com uma menina de 
13 (treze) anos e que qualquer pessoa acreditaria ser uma pessoa maior de 
14 (quatorze) anos. 
Ainda, conforme restou confessado pela própria vítima, a mesma 
 ADVOCACIA CRIMINAL 
 
tinha o habito de fugir de casa com as amigas para frequentar bares de 
adultos, ficando inequivocamente provado, que o fato de vulnerável 
sexualmente, menor de 14 anos, jamais existiu, o réu acreditou estar 
praticando ato sexual com pessoa maior de 14 (quatorze) anos, incidindo, 
portanto, a figura do erro de tipo essencial, descrita no artigo 20, caput, do CP, 
assim, a conduta foi atípica pela teoria do finalista uma vez que o erro ou 
inexistência do elemento subjetivo do tipo penal, exclui o dolo. 
Além do mais, o crime de Estupro de vulnerável, antes de tudo, 
quando se tratar de menor de 14 anos, não deve ser absoluto, podendo ser 
relativizado em casos excepcionais como este, em que a vitima estava em 
local para maiores de 18 anos, cabendo apenas a culpa do acusado na forma 
do artigo 18, II do CP. 
O Egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catatina, da 4ª Região, pela 
sua Quarta Câmara Criminal, tem decisão marcada com relação a tal matéria, 
inclusive em caso similar ao sub judice: 
Apelação Criminal n. 0000992-74.2015.8.24.0071, de Tangará Relator 
Designado: Desembargador José Everaldo Silva APELAÇÃO CRIMINAL. 
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL 
EM CONTINUIDADE DELITIVA (ART. 217-A C/C ART. 71, CAPUT, 
AMBOS DO CP). PRELIMINARES. CERCEAMENTO DE DEFESA. 
INDEFERIMENTO DE PERGUNTA À TESTEMUNHA DURANTE 
AUDIÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. QUESTIONAMENTO DE CUNHO 
EMINENTEMENTE SUBJETIVO. CARÁTER OPINATIVO DA RESPOSTA. 
DISCRICIONARIEDADE MOTIVADA DO MAGISTRADO. 
QUESTIONAMENTO IRRELEVANTE PARA O DESLINDE DOS FATOS. 
CERCEAMENTO DE DEFESA. ABERTURA DE PRAZO PARA 
REQUERIMENTO DE DILIGÊNCIAS FINAIS. IMPERTINÊNCIA. ART. 402 
DO CPP. EVENTUAL DILIGÊNCIA A REQUERER QUE CABERIA AO 
PRÓPRIO PATRONO DO RÉU. PRECLUSÃO. PREJUÍZO À DEFESA 
NÃO DEMONSTRADO. NULIDADE INEXISTENTE. NULIDADE. FALTA 
DE FUNDAMENTAÇÃO DO JUÍZO MONOCRÁTICO QUANTO À 
OCORRÊNCIA DE ERRO DE TIPO. DESNECESSIDADE DE ANÁLISE 
PONTUAL ACERCA DE TODAS AS TESES. ARGUMENTO 
IMPLICITAMENTE REJEITADO PELO MAGISTRADO A QUO. EIVA 
RECHAÇADA POR MAIORIA. MÉRITO. ERRO DE TIPO. PEDIDO 
ABSOLUTÓRIO FULCRADO NO DESCONHECIMENTO DA IDADE DA 
VÍTIMA. DÚVIDA SOBRE O CONHECIMENTO. VÍTIMA QUE 
DECLAROU TER MAIS DE 14 (QUATORZE) ANOS, INCLUSIVE POR 
MEIO DE PERFIL EM REDE SOCIAL. COMPLEIÇÃO FÍSICA QUE NÃO 
É SUFICIENTE PARA DIRIMIR A QUESTÃO. APLICAÇÃO DO 
PRINCÍPIO IN DUBIO PRO REO QUE SE IMPÕE.RECURSO 
PARCIALMENTE CONHECIDO E PROVIDO. (TJSC, Apelação Criminal n. 
0000992-74.2015.8.24.0071, de Tangará, rel. Des. Rodrigo Collaço, 
Quarta Câmara Criminal, j. 27-07-2017). 
 ADVOCACIA CRIMINAL 
 
 
 
Portanto, como qualquer pessoa naquela circunstância incidiria em 
erro de tipo essencial e como não há previsão de estupro de vulnerável de 
forma culposa, não há outra solução senão a absolvição do réu, com base no 
artigo 386, III, do CPP. 
 
2.2 DO CONCURSO MATERIAL E FORMAL 
Em homenagem ao princípio da eventualidade, em não sendo 
acatada a tese da absolvição por atipicidade da conduta, analisa-se o 
afastamento do concurso de crimes. 
Em que pese o entendimento do Ministério Público nas suas 
alegações finais, não é possível se cumular, no presente caso, os crimes de 
estupro de vulnerável, pois trata-se de crime único, sendo excluído o concurso 
material de crimes. A prática de sexo oral e vaginal no mesmo contexto 
configura crime único, pois a reforma penal oriunda da lei 12.015/2009 uniu as 
figuras típicas do atentado violento ao pudor e o estupro numa única figura, 
sendo, portanto, um crime misto alternativo. 
 
 
2.3 DA AGRAVANTE DE EMBRIAGUEZ PREORDENADA 
Embora o Órgão Ministerial tenha entendido que o Acusado estava 
embriagado, e está sendo uma circunstância agravante conforme aludido art. 
61, II, tais argumentos não devem prosperar, pois é delito que deixa vestígios e 
não foram produzidas provas no sentido de que o acusado se embriagou com 
intuito de tomar coragem para a prática do crime. 
Ademais, conforme se observa nos autos, não há qualquer prova 
que indique tal conduta que está sendo imputada ao Acusado. 
Ainda, a própria vítima afirmou que foi a primeira noite que saiu, mas 
que tinha o hábito de fugir com suas amigas para frequentar bares de adultos. 
Assim sendo, visível que ninguém a levou para o bar, ela foi porque quis, 
juntamente com suas amigas, e mais, não há qualquer prova, nem mesmo a 
 ADVOCACIA CRIMINAL 
 
afirmação da vitima no sentido de que o acusado teria á embriagado, Desse 
modo, não há provas suficientes capaz de sustentar tal agravante. 
Ora, excelência se não há provas suficientes que identifique a 
ocorrência dessa agravante pelo Acusado, esta deve ser desconsiderada. 
 
2.4 DA PENA 
 
Vale destacar que o Acusado é réu primário, possuidor de bons 
antecedentes, com residência fixa, com boa conduta social, e no caso em tela 
não teve animus necandi do tipo penal em que é acusado, posto não agir com 
má intenção de se aproveitar da suposta ingenuidade da vítima, pois foi levado 
a erro, faz jus a pena base no mínimo legal com medida necessária de 
reprovabilidade do ato e com consequência, a fixação do regimesemiaberto. 
Ainda, cumpre ressaltar que na época dos fatos, o acusado contava 
com menos de 21 anos de idade o que incorre na atenuante do artigo 65, I do 
Código Penal. 
 
Apesar do crime de estupro de vulnerável, artigo 217- A do CP, estar 
elencado como infração hedionda na lei 8.072/90, conforme artigo 1º, IV, o STF 
declarou a inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º desta lei, sendo certo que o 
juiz ao fixar o regime inicial para o cumprimento de pena deve analisar a 
situação em concreto e não o preceito em abstrato. Assim, diante da ocorrência 
de crime único, cuja pena será fixada em 8 (oito) anos de reclusão, sendo o réu 
primário e de bons antecedentes, o regime semiaberto é a melhor solução para 
o réu, pois o artigo 33, §2º, alínea “a”, do CP, impõe o regime fechado para 
crimes com penas superiores a 8 (oito) anos, o que não é o caso. 
 
3. REQUERIMENTOS 
 
Ante o exposto requer: 
 ADVOCACIA CRIMINAL 
 
a) Absolvição do réu, com base no art. 386, III, do CPP, por ausência de 
tipicidade; 
Diante da condenação, de forma subsidiária: 
 b) Afastamento do concurso material de crimes, sendo reconhecida a 
existência de crime único. 
c) Fixação da pena-base no mínimo legal, o afastamento da agravante da 
embriaguez preordenada e a incidência da atenuante da menoridade. 
 d) Fixação do regime semiaberto para início do cumprimento de pena, com 
base no art. 33, § 2º, alínea “b”, do CP, diante da inconstitucionalidade do 
artigo 2º, § 1º, da lei 8.072/90. 
 
TERMOS EM QUE, 
PEDE DEFERIMENTO. 
 
Caçador/SC, 15 de abril de 2014. 
 
 
Fulano (a) de Tal 
OAB/SC XXXX 
 
 
Acadêmica: Geruza Nunes