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Alunas: Anna Katarine de Araújo Pinheiro Machado; Danielle Bulbol Hayden; Nicole Victor de Souza Porto; Santana Rodrigues dos Santos.
Profª. Andrea Maria Senna Marques.
Seminários Clínicos sobre a Constituição da Hipótese Diagnóstica.
Curso de Pós-Graduação Clínica Psicanalítica.
Fortaleza, 28 de março de 2020.
Paulo (nome fictício), 25 anos. Está em tratamento no CAPS AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas), devido o uso de substância psicoativa. Participa de grupos terapêuticos e faz acompanhamento psicológico. Reside com os pais e atualmente está desempregado.
Atendimento
Paciente: A noite eu fico pensando várias coisas, talvez não faz muito sentindo esses meus pensamentos.
Analista: Me parece então que você está se questionando se eu vou ser capaz de compreender o que você vai trazer aqui hoje para essa sessão.
Paciente: Sim (neste momento sorrir). Eu não sei bem, mas é difícil estar “limpo” e lidar com algumas coisas minhas. Sentimentos ruins, maus e dar de cara com isso sem ta usando drogas.
Analista: Me parece que quando você está sem fazer uso de drogas, dar de encontro com sentimentos e pensamentos, muitas vezes sentido como intoleráveis, difícil de sustentar. Talvez você se sente assustado com tais sentimentos e pensamentos. De sentir essas partes más e cruéis que fazem partes de si. 
Paciente: Eu fico com raiva e sem paciência quando to “limpo”. Às vezes maltrato as pessoas e sou ignorante. Também me lembro das vezes que fiz besteiras nas festas, coisas ruins. Mas eu também gosto de fazer coisas boas, de ajudar o próximo. Dou bons conselhos aos meu amigos...
Analista: Talvez você fique se questionando “Quem eu sou?”. O cara mau que faz coisas erradas ou o cara bom que gosta de ajudar os outros. Você me trás duas pessoas que ora é muito boa e ora é muito má, que estão separadas e que é difícil de integrá-las. 
Paciente: Eu não sei quem eu sou. Passei muito tempo usando drogas que quando to sem fazer uso, tenho medo de descobrir quem eu sou. 
Analista: Te percebo bastante confuso com todos questionamentos, pensamentos e sentimentos. Talvez esteja sendo difícil de suportá-los.
Paciente: Sim, estou muito confuso.
· Temas centrais na escuta clínica psicanalítica:
1- Qual foi o tema (escuta que mais se repetiu) durante a sessão? 
“Tenho medo de ser quem eu sou”. Relata nos atendimentos que quando não está sob o uso de substâncias psicoativas precisa suportar pensamentos e sentimentos a respeito de seu mundo interno que são sentidas como intoleráveis. 
2- Qual foi a angústia mais visível durante a sessão?
 Paciente que a muito tempo faz uso de substâncias, e quando não está sob efeito da mesma, se vê em uma confusão sobre seus sentimentos, com uma dificuldade de suportá-los apresentando medo sobre descobri algo sobre si mesmo. Ainda sobre a angústia, o paciente não consegue sustentar no período que faz uso das substâncias o “eu” perante a angústia, acontecendo assim uma regressão, podendo desencadear uma psicose ou fortalecimento de traços depressivos devido essa desintegração do “eu”.
 Segundo Klein (1946), a angústia é derivada da pulsão de morte, momento onde o paciente ao fazer uso de substâncias, assume uma forma agressiva de lidar com sua realidade.
3- Qual (is) foi (ram) a(s) experiência(s) emocional(is) do paciente na sessão?
No início da sessão, paciente indica que vai trazer conteúdos de difícil compreensão durante a sessão e questiona se a analista será capaz de compreender. Sente seu mundo interno confuso e caótico e por ora convida a analista experimentar tais sentimentos. Sente-se também cindido, não consegue integrar partes boas e más de sua personalidade. Quando o mesmo também refere que é difícil lidar com alguns pensamentos e sentimentos acerca de seu mundo interno, demonstra também o medo de se responsabilizar daquilo que faz parte de si. 
4- Descreva a transferência predominante na sessão.
O paciente comunica na sessão, através do não dito o seguinte questionamento: “Você será capaz de entender o caos que está aqui no meu mundo interno?”. Na expectativa de que o analista possa compreendê-lo e devolver tais sentimentos/angústias de um modo em que ele seja capaz de sustentá-los. 
5- Descreva a identificação projetiva (se for o caso) e contratransferência. 
Paciente projeta partes de si para dentro da analista quando a provoca o sentimento de confusão comunicando como se sente: caótico, confuso. 
Por meio desta comunicação não verbal via identificação projetiva, a analista é emocionalmente afetada pelo paciente. Sua contratransferência é sentir-se confusa diante dos questionamentos do paciente. Identificando esse fenômeno contratransferencial facilita a compreensão a respeito da comunicação total da relação paciente-analista. 
6- Descreva uma interpretação.
Quando o paciente traz a seguinte fala: “A noite eu fico pensando várias coisas, talvez não faça muito sentindo esses meus pensamentos.” Ele convida o Analista para que conheça e tenha acesso ao seu mundo interno, como ele experimenta e o Analista através da transferência interpreta o discurso do paciente: “Me parece então que você está se questionando se eu vou ser capaz de compreender o que você vai trazer aqui hoje para essa sessão.”. A interpretação tem como objetivo possibilitar um contato que possa ser emocionalmente vivo com relação às experiências que são vividas e vivenciadas pelo analisando. Quando o analista interpretou o discurso, o analisando se sentiu compreendido e ouvido e em decorrência disso, pôde também sentir-se protegido. “Ser protegido é essencial para que se possa amar!”
7- Qual sua análise da situação total na sessão?
		
Para uma melhor compreensão e interpretação do caso clínico, antes se faz necessário que o analista tenha uma visão da situação total (global) da sessão. Deste modo, irá ouvir para além do que está sendo dito em palavras na cena analítica. (medos, angústias, defesas, inseguranças, etc.), e dará vazão a experiencia emocional do paciente, que pode apresentar-se por meio de pequenos atos paraverbais. Assim, devolver com sensibilidade ao paciente, o que foi dito no discurso. 
No estudo do caso em questão, o mais ressoa no paciente como repetição é o sentimento de medo. O medo de confrontar-se com que ele realmente é quando não está sob o efeito das substâncias psicoativas. O paciente ver-se angustiado e confuso com os sentimentos que enfrenta, ora bons, ora hostis. Sente-se desintegrado em sua personalidade. Além da angústia de não se reconhecer, o paciente comunica de modo não verbal na relação objetal (paciente x analista), por meio da transferência a insegurança de que o analista também não o compreenda em seu mundo interno.
O analista ao entrar em contato com as experiencias emocionais do paciente, que tenta atraí-lo para dentro de seus conflitos, atua devolvendo com sensibilidade o que surgiu no momento do discurso. Assim transmitindo segurança e fazendo com que o paciente sinta-se protegido na relação.
8- O que foi comunicado ao paciente?
A afirmação de que ele parece bastante confuso, fazendo questionamentos sobre sua identidade, trazendo desse modo “duas pessoas”.