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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO GORDURA TRANS Trabalho Acadêmico apresentado ao Prof. Maurício Mattar da disciplina de Bromatologia, do curso de Farmácia do Centro Universitário Salesiano. VITÓRIA 2020 INTRODUÇÃO As gorduras e os óleos alimentares estão presentes em tecidos vegetais e animais e são compostos majoritariamente por triacilgliceróis acompanhados de menores quantidades de outros lipídios, tais como: fosfolipídios, mono e diacilgliceróis, vitaminas lipossolúveis e ésteres de esteróis. Os ácidos graxos representam os principais constituintes dos triacilgliceróis, sendo importantes fontes de energia para o organismo humano, além de desempenharem funções estruturais e metabólicas (ANVISA, 2018). No tocante ao seu grau de insaturação, os ácidos graxos podem ser classificados em saturados, quando não possuem duplas ligações, ou insaturados, quando têm uma ou mais duplas ligações. Os ácidos graxos com uma dupla ligação são chamados de monoinsaturados, enquanto aqueles com duas ou mais duplas ligações são classificados como poli-insaturados, como mostrado na Figura 1. Embora as duplas ligações normalmente ocorram em posições não conjugadas, elas também podem estar numa posição conjugada, ou seja, de forma alternada com uma ligação simples, conforme Figura 2. (ANVISA, 2018). Apesar de não ser a forma predominante na natureza, ácidos graxos trans são encontrados em algumas bactérias, dos gêneros Vibrio e Pseudomonas, e em alguns vegetais como romã, ervilha e repolho. Esses ácidos são formados a partir da reação de isomerização dos respectivos isômeros cis, em uma adaptação a mudanças no meio, como variações de temperatura e presença de substâncias tóxicas (Ferreri e cols., 2007; Doyle, 1997). Figura 1. Tipos de ácidos graxos segundo seu grau de insaturação Fonte: Adaptado de ANVISA (2018). Figura 2. Exemplos de duplas ligações não conjugadas e conjugadas. Fonte: Adaptado de ISEO (2016). Na alimentação humana, as principais fontes de ácidos graxos trans são: a transformação por microrganismos em alimentos originados de animais ruminantes, a etapa desodorização no processamento industrial de óleos vegetais, o processo de fritura de alimentos e o processo de hidrogenação parcial de óleos vegetais. Alimentos obtidos de animais ruminantes (subordem dos mamíferos que inclui os bovinos), como carnes, leites e derivados, são fontes naturais de ácidos graxos trans. Esses ácidos são formados no processo de biohidrogenação, no qual ácidos graxos cis ingeridos são parcialmente hidrogenados por sistemas enzimáticos da flora microbiana presente no rúmen desses animais (Semma, 2002; Chatgilialoglu e Ferreri, 2005). Ácidos graxos trans também são formados a partir da isomerização de ácidos graxos cis presentes em óleos vegetais em dois processos induzidos termicamente: a desodorização industrial, que visa à remoção de componentes voláteis de sabor e odor indesejáveis; e a reutilização prolongada de óleos na fritura de alimentos (Wolff, 1994; Martin e cols., 2005). A participação de alimentos industrializados contendo gordura trans na dieta contemporânea é traço marcante do padrão alimentar atual da população. Seu consumo causa impacto na saúde, tanto no desenvolvimento de doenças crônicas quanto no estado nutricional (Rossana et al, 2012). REVISÃO DE LITERATURA Ao fazer um levantamento de artigos encontramos diferentes tipos de estudos, porém eles se assemelham na definição do que são gorduras trans. Os ácidos graxos presentes na dieta podem ser descritos por quatro características: comprimento de cadeia, grau de saturação com o hidrogênio (presença ou não de duplas ligações), localização da primeira dupla ligação e isomeria. Se a cadeia não possuir nenhuma dupla ligação, será denominado ácido graxo saturado. Se houver somente uma dupla ligação, será monoinsaturado e, tendo várias ligações, será poliinsaturado. Todas as alterações nas cadeias dos ácidos graxos resultarão em mudanças químicas, físicas e nutricionais (LEHNINGER; NELSON; COX, 1995). Os ácidos graxos são encontrados naturalmente na forma cis, em que os hidrogênios ligados aos carbonos de uma insaturação encontram-se paralelos. Os ácidos graxos são denominados trans quando os hidrogênios se encontram em lados opostos. Esse processo acontece como resultado da isomerização geométrica, quando a configuração cis passará para trans, e da isomerização de posição, que indica que a localização da dupla ligação pode mudar ao longo da molécula (CHATGILIALOGLU; FERRERI, 2005; MARTIN et al., 2004) Os ácidos graxos trans são isômeros geométricos dos ácidos graxos insaturados naturais, que podem ser formados pela biohidrogenação, hidrogenação e refinamento de óleos e com o uso de altas temperaturas, como acontece com a fritura dos alimentos (CHATGILIALOGLU; FERRERI, 2005; RIBEIRO et al., 2007). Ressalta-se que os ácidos graxos trans provenientes da biohidrogenação e da hidrogenação industrial são diferentes em estrutura, função e parecem ter efeitos distintos na saúde humana (BELURY, 2002; WEGGEMANS et al., 2004). Industrialmente, a hidrogenação é conduzida em tanques herméticos, nos quais é feita a mistura do óleo com hidrogênio e um catalisador, geralmente níquel finamente dividido, a temperaturas superiores a 180ºC, com pressões entre 0,5 a 4 atm (Ribeiro e cols., 2007). Pesquisas correlacionam as mudanças no consumo alimentar das pessoas com o aumento de diversas doenças oriundas do excesso de alimentos industrializados. Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2002 e 2003, verificou que o consumo de produtos industrializados, como biscoitos e refrigerantes, aumentou em 400%, bem como o de refeições prontas aumentou em 80%, desde a Pesquisa de Orçamento Familiar anterior, realizada entre 1974 e 1975 (IBGE, 2004). Segundo Costa e cols,2006, os principais alimentos que contêm um significativo teor de ácidos graxos trans são: sorvetes, chocolates diet, barras achocolatadas, salgadinhos de pacote, bolos/ tortas industrializados, biscoitos, bolachas com creme, frituras comerciais, molhos prontos para salada, massas folhadas, produtos de pastelaria, maionese, cobertura de açúcar cristalizado, pipoca de microondas, sopas enlatadas, margarinas, cremes vegetais, gorduras vegetais hidrogenadas, pães e produtos de padarias e batatas fritas. O consumo de uma dieta rica em gorduras, em especial ácidos graxos saturados, está sendo fortemente associado ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Além disso, o retardo no crescimento intrauterino, a obesidade e as doenças inflamatórias estão sendo associados ao consumo de ácidos graxos trans. Assim, medidas preventivas enfatizam a diminuição da ingestão de gorduras, incluindo o controle no consumo dos ácidos graxos trans (COSTA et al., 2006). Os ácidos graxos são capazes de modular a função celular, alterando a fluidez da membrana e as respostas dos receptores de membrana, pela sua incorporação aos fosfolipídios das membranas celulares. Os ácidos graxos trans também se ligam e modulam receptores nucleares que regulam a transcrição de genes (Mozaffarian et al. 2006). Além da alteração dos níveis de colesterol, outros efeitos ao organismo vêm sendo associados à ingestão de ácidos graxos trans. Um desses efeitos consiste na inibição da ação de enzimas de dessaturação, que catalisam a reação de desidrogenação de ácidos graxos na biossíntese de ácidos graxos fundamentais aos processos metabólicos (Costa e cols., 2006). Os ácidos graxos trans sempre fizeram parte da alimentação humana mediante o consumo de carnes, leite e seus derivados. No entanto, com a produção de substitutos para a manteiga e as gorduras animais por meioda hidrogenação parcial de óleos vegetais, houve uma significativa elevação da presença dos ácidos graxos trans na dieta (Martin e cols., 2004). Os sistemas biológicos dos mamíferos não são capazes de introduzir uma dupla ligação na configuração trans na cadeia alifática dos ácidos graxos. Assim, os ácidos graxos trans encontrados nos tecidos dos humanos e outros mamíferos são provenientes da dieta (CURI et al., 2002). CONCLUSÃO A partir do estudo realizado no seguinte trabalho, pode-se concluir e apresentar com ênfase em revisões sistemáticas de estudos que o consumo de AGT (Ácidos Graxos Trans), com evidências científicas, apresenta riscos à saúde, em especial no desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Os efeitos metabólicos do AGT, demonstrou que o seu consumo induz a um perfil lipídico mais aterogênico, apresentando Triglicerídeos elevados, e colesterol HDL baixo. Estudos também mostram o consumo de AGT levam ao desenvolvimento de Diabetes tipo 2, com uma incidência menor. As alimentações, devem obter uma baixa concentração de AGT, inferior a 1% do valor energético total da dieta, que equivale a 2 gramas diárias. REFERÊNCIAS ANVISA, Ácidos graxos trans: Documento de base para discussão regulatória. Novembro 2018. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/33880/5313808/Documento+de+discuss%C3 %A3o+sobre+gordura+trans_vers%C3%A3o+final.pdf/e2604d4a-9434-4bc4-b511- 1c76ce7396ab>. Acesso em Abril de 2020. CHATGILIALOGLU, C. e FERRERI, C. Trans lipids: the free radical path. Accounts of Chemical Research, Los Angeles, v. 38, n. 6, p. 441- 448, mar. 2005. COSTA, A. G. V.; BRESSAN, J.; SABARENSE, C. M. Ácidos graxos trans: alimentos e efeitos na saúde. Archivos Latinoamericanos de Nutricion, Caracas, v. 56, n. 1, p. 12-21, mar. 2006. COSTA, Rossana Pacheco da Costa Proença; SILVEIRA, Bruna Maria Silveira. 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