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DIREITO CIVIL V

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DIREITO CIVIL V – DIREITOS REAIS
· Professora: Cláudia Fialho
· Aluna: Milena Pessôa Cruz
 Prova oral: 04 perguntas (03 para acertar, e uma bônus). 
08/02/20
UNIDADE I – Direitos reais e direitos pessoais
O QUE SIGNIFICA “DIREITOS REAIS”?
R.: É o complexo de normas reguladoras das relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem.
1. Introdução:
Bens apropriáveis e apreciáveis economicamente.
Bens jurídicos:
	a) Patrimoniais: materiais (ex.: propriedade imóvel) e imateriais (ex.: energia elétrica);
	b) Extrapatrimoniais: direitos de personalidade/ existenciais. 
Reais: desde que não sejam obras de criação de alguém, e sejam economicamente apreciáveis;
Coisas: bens que tenham materialidade, corpóreos.
Código civil 2002 Livro III Direito das Coisas
 Art. 1196 ao 1224 = POSSE (Título I)
 Art. 1225 = rol taxativo dos direitos reais (Título II, III)
 Art. 1277 ao art. 1298 = dos Direitos da Vizinhança (são obrigações propter rem)
2. Conceito de direitos reais: 
Complexo de normas regulamentadoras das relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem (que possua um conteúdo econômico). 
Art. 1.225. São direitos reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
XII - a concessão de direito real de uso; e (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017)
XIII - a laje. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos ( arts. 1.245 a 1.247 ), salvo os casos expressos neste Código.
3. Características fundamentais dos direitos reais: 
 Propriedade:
· Absolutismo = eficácia “erga omnes” Abstenção da coletividade de molestar o titular do direito real. 
O titular tem o direito de exercitar os poderes próprios desta sua condição, mas possui deveres também. 
Os direitos reais concedem a seu titular verdadeira situação de dominação sobre um objeto. Esse poder de agir sobre a coisa é oponível erga omnes, eis que os direitos reais acarretam a sujeição universal ao dever de abstenção sobre a prática de qualquer ato capaz de interferir na atuação do titular sobre o objeto; 
· Taxatividade = Numerus Clausus os direitos reais, à exemplo da propriedade, estão todos categorizados no art. 1225, do CC, podendo ser encontrados em legislação especial (ex.: lei de alienação fiduciária) somente o legislador pode criar direitos reais.
A taxatividade imputa ao legislador o monopólio da edificação de direitos reais.
Em razão de sua eficácia absoluta, a criação de novos direitos reais depende de reserva legislativa.
NÃO HÁ A POSSIBILIDADE DA AUTONOMIA PRIVADA CONCEBER DIREITOS REAIS QUE PRODUZAM CONSEQUÊNCIAS ERGA OMNES. 
· Tipicidade = conteúdo dos direitos reais (o que pode ou não), as suas especificações.
A tipicidade, como se infere do próprio vocábulo, delimita o conteúdo de cada tipo de direito real.
· Sequela = direito de reaver. Em razão do direito de reaver o direito real injustamente subtraído do titular, este poderá buscar a coisa, uma vez que os direitos reais aderem à coisa, sujeitando-a imediatamente ao poder de seu titular com oponibilidade erga omnes.
A sequela decorre do absolutismo dos direitos reais, pois se posso exigir de todos um dever de abstenção, nada me impede de retirar o bem daquele que viola tal comando. 
Exemplificando: se A concede o seu imóvel em hipoteca em favor de B como garantia de um débito e, posteriormente, procede à venda do mesmo bem para C, sem que cumpra a obrigação de adimplir o débito hipotecário, poderá o credor B retirar o imóvel do poder de C, com declaração de ineficácia da compra e venda com base na sequela, tendo em vista que a coisa estava afetada à sua atuação como titular de um direito real em coisa alheia, com registro prévio no ofício imobiliário.
É A MAIS EVIDENTE SITUAÇÃO DE SUBMISSÃO DO BEM AO TITULAR. 
· Preferência = vai ser visualizada principalmente nos direitos reais de garantia (ex.: hipoteca), consiste no privilégio do titular do direito real em obter o pagamento de um débito com o valor do bem garantido para a sua satisfação. 
OBS.: ocorreu uma perda de destaque para a preferência dos direitos reais, em razão dos chamados privilégios legais e das características da alienação fiduciária (alienação fiduciária: garantia e propriedade resolúvel).
A preferência dos direitos reais é consequência da sequela. Assim, A concede o seu imóvel em hipoteca em prol de B, como garantia de um contrato mútuo e, posteriormente, torna-se inadimplente. O fato de o devedor A ter contraído débitos com vários outros credores não é algo significativo para o credor B. Com efeito, encontrando-se o imóvel afetado a seu poder imediato – sequela -, terá o credor B preferência para pagar-se após a arrematação e satisfação do crédito preferencial, ainda remanesça alguma quantia, poderá o restante ser partilhado entre os credores quirografários. O direito real prevalece sobre os direitos obrigacionais, pois o seu titular goza de poder de exclusão em relação a qualquer outra pessoa, estando o seu exercício acautelado por uma ação real. 
· Perpetuidade: alguém que é proprietário tem a faculdade de uso, assim como o não uso, porém ela poderá perder o direito à propriedade por não estar sendo cumprida a função social (exemplo: art. 1410 e 1275, ambos do CC). 
Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis:
I - pela renúncia ou morte do usufrutuário;
II - pelo termo de sua duração;
III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer;
IV - pela cessação do motivo de que se origina;
V - pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts. 1.407, 1.408, 2ª parte, e 1.409;
VI - pela consolidação;
VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único do art. 1.395;
VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (arts. 1.390 e 1.399).
Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade:
I - por alienação;
II - pela renúncia;
III - por abandono;
IV - por perecimento da coisa;
V - por desapropriação.
Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis.
Art. 1225, inciso I – Propriedade
Art. 1228 Poderes de quem é proprietário
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
· Usar = utilização direta – ex.: moradia
· Gozar/ fruir = transfere a utilização direta – ex.: locação
· Locador: fuir o aluguel
· Locatário: usar
· Dispor = alienação – ex.: vender, emprestar, locar 
· Reaver = reivindicar – ex.: buscar o bem que lhe foi retirado injustamente
USAR x GOZAR x DISPOR x REAVER
· USAR = Ius Utendi → Consiste na faculdade que o dono tem de usar a coisa da maneira que entender mais conveniente sem alterar a sua substância, ou mesmo de não utilizar a coisa, mantendo-a em seu poder para servi-lo quando lhe for conveniente. Observe-se que esta faculdade tem algumas restrições, uma vez que a utilização deve ser feita de acordo com os limites legais e a função social e socioambiental da propriedade;
· GOZAR OU FRUIR = Segundoo artigo 1.232 do Código Civil, é a faculdade de retirar ou perceber os frutos (tanto os naturais, como os industriais e os civis), bem como aproveitar economicamente os produtos da coisa.
Ressalte-se que frutos são aqueles bens acessórios que saem do principal sem diminuir a sua quantidade ou alterar sua substância, como, por exemplo, as frutas de uma árvore (natural) ou os aluguéis de um imóvel (civil).
Por sua vez, tem-se que os produtos são os bens acessórios que saem do principal diminuindo sua quantidade, alterando-o, como, por exemplo, as pepitas de ouro retiradas de uma mina.
· DISPOR = Trata-se da faculdade que abrange os atos de vender, doar, testar, hipotecar, alienar fiduciariamente, até jogar fora ou picar em pedacinhos, enfim. Ressalte-se que nem sempre é possível ao proprietário abandonar o bem ou destruí-lo, uma vez que estas condutas podem caracterizar atos antissociais! Em suma, dispor da coisa é a faculdade de transferir a coisa, gravá-la de ônus e aliená-la a outrem a qualquer título.
· REAVER = É o direito de reaver a coisa das mãos de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Ressalte-se que esse é um direito exercido por meio de ação reivindicatória, que é a principal ação petitória, ou seja, aquela ação na qual se discute propriedade.
13/02/2020
Quadro comparativo entre os direitos reais e pessoais:
	DIREITOS REAIS
	DIREITOS PESSOAIS
(obrigacionais)
	Absolutismo (eficácia erga omnes): confere ao titular uma oponibilidade erga omnes, que toda a coletividade tem o dever de abstenção (prejudicar o exercício dos direitos reais por seu titular).
	Relativo (nter partes): eficácia interna é igual a inter partes .
	Atributivo (um só sujeito): o dono de um direito real (ex.: propriedade imóvel) não depende da cooperação de ninguém para usar, gozar e dispor. OBS.: está em uma relação jurídica direta com o objeto.
	Cooperativo (conjunto de sujeitos): credor e devedor precisam cooperar entre si para o adimplemento da relação jurídica obrigacional vista como totalidade. 
	Imediatividade: o titular age direta e indiretamente sobre o bem.
	Mediatividade: o titular do crédito depende da colaboração do devedor para a sua satisfação.
	Permanente (perpétuo): maior duração e estabilidade, porém, se houver abuso de direito, não será para sempre. 
	Transitório: o exemplo da liberdade de crédito, que enquanto a pessoa não paga, não terá o seu crédito livre. A pessoa não fica a vida inteira presa na relação jurídica.
	Sequela: direito de perseguir a coisa, buscar a coisa. 
	Patrimônio: responde pelo débito inadimplido. 
	Numerus Clausus: rol taxativo, art. 1225, CC. 
	Numerus apertus: rol exemplificativo, art. 425 do CC.
	Objeto: o próprio direito real, prestação (imediato). 
	Objeto: bem da vida (mediato), a prestação.
VÍNCULO JURÍDICO
· DIREITO PESSOAL;
· RELAÇÃO DE COOPERAÇÃO NO MODELO ATUAL, NÃO MAIS DE SUBORDINAÇÃO.
· DIREITO REAL;
· RELAÇÃO DIRETA DO SUJEITO COM O OBJETO.
→ Existe a necessidade nos direitos reais, que tenha antes o obrigacional. Há uma relação entre os dois. 
4. Classificação dos direitos reais:
a) Propriedade = Jus in re propria → direito da coisa própria, o único direito real originário, pois reúne em si todos os atributos de um titular, sejam eles gozar, usar, dispor, reivindicar. Em contrapartida, os direitos reais em coisa alheia somente se manifestam quando do desdobramento eventual das faculdades contidas no domínio;
b) Direitos reais na coisa alheia ou direitos limitados = Jus in re aliena → São manifestações facultativas e derivadas dos direitos reais, pois resultam da decomposição dos diversos poderes jurídicos contidos na esfera dominial. Assim, sua existência jamais será exclusiva, eis que na sua vigência convivem com o direito de propriedade, mesmo estando ele fragmentado.
Exemplificando: no usufruto, o nu-proprietário vê-se despido dos poderes de gozo da coisa, porém mantém a faculdade de disposição, a despeito dos atributos dominiais concedidos ao usufrutuário. 
14/02/20
Continuação...
· Direitos reais na coisa alheia ou direitos limitados: resultam da decomposição dos diversos poderes jurídicos contidos na esfera dominial, e não possuem o atributo da perpetuidade, como regra geral posto temporários. 
· Exemplo do aluguel, em que a pessoa vai ter o direito real do usufruto, porém em coisa alheia, ou seja, possui outro dono. Assim, poderá somente usar e gozar.
· Grupos de direitos reais limitados:
i. Direitos reais de gozo ou fruição → usar e/ ou gozar: usufruto, uso, habitação, concessão de uso especial para fins de moradia, concessão de direito real de uso, servidão, superfície (quem se torna superficiário, também se torna proprietário, passando a ter os 4 poderes, porém em uma propriedade temporária).
ii. Direitos reais de garantia → usar, gozar e reaver: hipoteca, anticrese, penhor, alienação fiduciária. Como único direito à aquisição, tem-se a promessa de compra e venda.
1. OBS.: para dispor, deve haver uma anuência do agente que financiou. DISPOSIÇÃO MITIGADA
iii. Direito real à aquisição → está com todos os poderes dominiais, porém não tem ainda o título proprietário: direito do promitente comprador do imóvel. 
→ Propriedade = título, documento registrado no cartório. Isso gera oponibilidade erga omnes, de modo a ninguém perturbar os direitos/ poderes dominiais;
→ OBS.: corre um sério risco de perder os direitos, caso ele não utilize a propriedade de maneira correta. 
	PROPRIEDADE
	DOMÍNIO
	Se refere a relação do titular com a coletividade, que é materializada no dever de abstenção universal daquela que, sendo comprovada a qualidade de proprietário pelo título registrado no Cartório de Registro de Imóveis, quando a propriedade for um bem imóvel.
OBS.: a propriedade móvel é comprovada por meio de outros documentos, a depender dos órgãos vinculados.
	 Implica a situação de poder do titular sobre a coisa e às suas faculdades de uso, fruição e disposição.
5. Obrigações propter rem (própria da coisa): 
São prestações impostas ao titular de determinado direito real pelo simples fato de assumir tal condição. Vale dizer, a pessoa do devedor será individualizada única e exclusivamente pela titularidade de um direito real. 
A obrigação propter rem está vinculada à titularidade do bem, sendo essa a razão pela qual será satisfeita determinada prestação positiva ou negativa, impondo-se sua assunção a todos os que sucedam ao titular na posição transmitida. A obrigação nasce com o direito real e com ele se extingue. 
Exemplificando: qualificam-se como propter rem as obrigações dos condôminos de contribuir para a conservação da coisa comum e adimplir os impostos alusivos à propriedade, bem como todos os direitos de vizinhança, referenciados no Código Civil. A natureza jurídica da convenção de condomínio também é de obrigação propter rem, posto atribuídas automaticamente ao titular do direito real, pois existe a vinculação da obrigação com o direito. 
AS OBRIGAÇÕES PROPTER REM AFETAM O TITULAR DA COISA AO TEMPO EM QUE SE CONSTITUI A OBRIGAÇÃO.
→ Tem que ser adimplida a obrigação, em razão de ser titular da coisa. 
a. São aquelas em que a mera titularidade de um direito real importará na assunção de obrigações;
b. Exemplos: taxa de condomínio, IPTU, direito de vizinhança e etc.
UNIDADE II
Da posse
(pág. 65 do Livro de Civil)
· Teoria de Savigny - Corpus → apreensão material.
· Para Savigny, a posse seria o poder que a pessoa tem de dispor materialmente de uma coisa, com intenção de tê-la para si e defende-la contra a intervenção de outrem;
· Corpus = controle material da pessoa sobre a coisa, podendo dela imediatamente se apoderar, servir e dispor, possibilitando ainda a imediata oposição do poder de exclusão em face de terceiros;
· Animus = elemento volitivo, que consiste na intenção do possuidor de exercer o direito como se a proprietário fosse, de sentir-se o dono da coisa, mesmo não sendo.
· Posse como contato físico;
· POSSE = CORPUS + ANIMUS DOMINI.
Animus domini → necessário que haja a intenção de serdono/ possuidor, que se aproxima ao conceito de posse e propriedade;
· Exemplo: uso campiente que ajuíza ação de usucapião tem a intenção de se tornar dono. 
15/02/20
CONTINUAÇÃO:
1. Da posse – noções gerais
1.1. Teorias possessórias:
a) Qual a finalidade de se estudar as teorias possessórias? Apresentar os fundamentos justificadores da proteção da posse.
b) Distinções prévias:
a. Detenção: ausência de animus domini;
b. Posse: ela pode ser conceituada a partir do direito de usar.
c) Propriedade (art. 1228, CC): o proprietário tem todos os poderes do domínio
a. Usar
b. Gozar ou fruir
c. Dispor 
d. Reaver (sequela)
1.1.1. Teoria subjetiva da posse: Brasil só adota a tese de Savigny em usucapião
Karl Von Savigny (1779 a 1861 – Rev. Francesa, fase embrionária do modo de produção capitalista.);Propriedade = direitos fundamentais
Kant (1724 a 1804 – Iluminismo)
Posse = corpus = contato físico + animus dominu (intenção de ser dono)
Corpus = é o elemento que se traduz no controle material da pessoa sobre a coisa, podendo dela, imediatamente, se apoderar, servir e dispor. Possibilitando, ainda, a imediata oposição do poder de exclusão em face de terceiros (ação reivindicatória). 
→ Qual o problema fulcral desta teoria?
Animus Domini: Detentos não o tem e isso é prejudicial em termos econômicos e de segurança para relações jurídicas de locação, por exemplo, pois o locatário diante da ausência de animus domini é detentor e não pode se valer dos interditos ou ações possessórias. 
1.1.2. Teoria objetiva da posse: ADOTADA PELO CÓDIGO CIVIL
Rudolf Von Ihering (1818 a 1892).
· Posse como mero exercício da propriedade. Seria o poder de fato, e a propriedade, o poder de direito sobre a coisa;
· A posse não é reconhecida como modelo jurídico autônomo, pois o possuidor seria aquele que concede destinação econômica à propriedade, isto é, visibilidade ao domínio.
Posse = é o exercício de um dos poderes da propriedade, com a utilização econômica do objeto por meio da exteriorização da propriedade, dos poderes dominiais. 
OBS.: É a utilização econômica de determinado objeto, com a exteriorização de poderes dominiais, dando utilidade econômica à coisa. 
→ Não fala sobre animus domini na teoria dele, nem mesmo corpus. 
Desdobramento da posse (art. 1197): 
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
· Detenção: detentor é aquele em que o direito positivo afirmar que o é, ou seja, por uma questão de política legislativa, a definição virá por meio do legislador. Para ele, então, o conceito de detentor não é proveniente da ausência ou presença de animus domini;
· Exemplo: contrato de locação
· Locador: proprietário e possuidor
· Todos os poderes dominiais
· Locatário: possuidor
· Usar
· Gozar (pode ser, depende do caso concreto)
20/02/20
2.2. – Conceito de posse:
Art. 1196, CC
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
· Teoria adotada pelo Código Civil: teoria de Ihering;
· Conceito doutrinário: uma situação, de fato, em que uma pessoa, sendo ou não proprietária, exerce sobre uma coisa atos e poderes ostensivos, conservando-a, defendendo-a e exercitando sobre ela ingerência sócio econômica;
· Ana Rita Vieira Albuquerque = A posse passa a ser compreendida por meio dos sentidos de permanência, habitação e produção econômica sustentável;
· O CC filia-se à teoria objetiva, repetindo a nítida concessão à teoria subjetiva no tocante à usucapião como modo aquisitivo da propriedade que demanda animus domini de Savigny;
· Pela letra do legislador, o possuidor é quem, em seu próprio nome, exterioriza alguma das faculdades da propriedade, seja ele proprietário ou não;
· Não basta ao possuidor se comportar como um proprietário, mas como um “bom” proprietário perante o bem.
OBSERVAÇÃO: O CÓDIGO CIVIL FEZ CONCESSÕES À TEORIA SUBJETIVA DA POSSE DE SAVIGNY, QUANDO A ADOTA PARA USUCAPIÃO. 
2.3. – Desdobramento da posse: É um fenômeno que se verifica quando o proprietário, efetivando uma relação jurídica negocial (obrigacional ou real), transfere-lhe o poder de fato (uso e gozo, ou apenas o uso, como regra, podendo transferir o dispor de maneira relativa, no caso de sublocação) sobre a coisa. PROVA
É a transferência de um dos poderes dominiais por meio de uma relação jurídica, que se faz necessária. 
Art. 1197, CC
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
EXEMPLO:
· Contrato de locação (relação jurídica obrigacional): sem relação jurídica NÃO tem desdobramento da posse. 
· Locatário: posse direta/ imediata → usar
· Autorizada a sublocação: direito de dispor e gozar relativos
· Locador: posse indireta/ mediata → gozar, dispor e reaver
· Sublocação: desdobramento possessório em diferentes graus ou verticalização em vários graus.
· Sublocador: posse direta
· Sublocatário: posse indireta
OBS.: Tanto locatário, quanto locador podem ajuizar ação possessória, um contra o outro, para poderem defender a sua posse.
OBS. 2: Proprietário tem posse PLENA, não há que se falar em desdobramento da posse. 
2.4. – Composse → art. 1199, CC
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
· Conceito: é a posse (direta ou indireta) comum de duas ou mais pessoas sobre o mesmo bem, como por exemplo, João divide com Débora, sua companheira estável, um apartamento de sua propriedade. João, além de ser proprietário do imóvel, é também possuidor do mesmo, já Débora, é apenas possuidora do bem. Assim, ambos são compossuidores.
· Espécies:
a) Composse pro diviso é aquela em que há uma divisão de fato da posse para utilização pacífica do direito de cada compossuidor;
b) Composse pro indiviso é aquela em que todos os compossuidores exercem, ao mesmo tempo e sobre a totalidade da coisa, os poderes de fato;
c) Composse simples é aquela em que cada um dos compossuidores pode exercer sozinho o poder de fato sobre a coisa, sem prejuízo do exercício de tal poder pelos demais compossuidores;
d) Composse em mão comum é aquela em que somente todos os compossuidores, em conjunto, podem exercer o poder de fato sobre a coisa.
OBSERVAÇÃO: É possível o compossuidor valer-se dos interditos possessórios para proteger a sua posse. 
· Extinção: Será extinta a composse pela vontade das partes, que podem intentar ação declaratória para delimitar o âmbito da posse, ou quando o motivo que assim a faz desaparece, como ocorre, por exemplo, na partilha da herança, em que cada compossuidor recebe seu quinhão. 
27/02/20
CONTINUAÇÃO...
2.4. COMPOSSE:
· CONCEITO: é uma situação excepcional consistente. Na posse comum e de mais de uma pessoa sobre a mesma coisa, que se encontra no estado de indivisão (art. 1.199, CC);
· Várias pessoas exercendo ingerência fática sobre um bem, contando cada possuidor com uma fração ideal sobre a posse, sem que nenhuma delas possam ser excluídos pelos outros compossuidores ou terceiros;
· DOIS PRESSUPOSTOS:
· Pluralidade de sujeitos;
· Coisa em estado de indivisão.
· Posse de igual natureza = comum (pro indiviso)
· Se a posse for exercida de forma exclusiva pela parte e com a comprovação dos outros requisitos da usucapião, esta poderá ser requerida.
· Extinção da composse:
· Exclusiva = em caso de concentração dos atos possessórios por apenas um dos compossuidores, ou seja, pelo exercício exclusivo da posse por um dos compossuidores → pode ter como um dos efeitos, a usucapião (atendidos os requisitos do art. 1238, CC);
· Partilha = quando houver a divisão consensual ou litigiosa do bem em porções perfeitamente identificadas. 
2.5. OBJETO DAPOSSE:
· CONCEITO: bens corpóreos podem ser objeto da posse, assim como os bens incorpóreos, não estando abrangidos os bens fora do comércio (não possuem valor econômico). Quanto aos bens incorpóreos, deve se observar o comportamento do possuidor sobre o bem, ou seja, se é possível comprovar que o possuidor exterioriza um dos poderes do domínio sobre o bem – Súmula 193 do STJ; 
· Que seja possível exteriorizar um poder fático.
1 - Súmula 193/STJ - 25/06/1997. Usucapião. Telefone. Linha telefônica. Admissibilidade. CCB/2002, art. 1.260.
«O direito de uso de linha telefônica pode ser adquirido por usucapião.»
· OBS.: é possível a posse de bem público, mas não usucapião.
2. DA DETENÇÃO:
· O detentor está subordinado ao verdadeiro possuidor ou proprietário;
· Detentor é aquele que o direito objetivo qualificou como tal, ele não poderá manejar ações possessórias e nem alcançar a propriedade pela via da usucapião – POSSE DESQUALIFICADA PELO ORDENAMENTO JURÍDICO.
OBS.: POSSE DIRETA JAMAIS SE CONFUNDE COM DETENÇÃO, VEZ QUE ESTE NÃO EXERCE ATOS POSSESSÓRIOS, POIS A SUA ATUAÇÃO SOBRE O BEM NÃO PROVÉM DE UMA RELAÇÃO JURÍDICA DE DIREITO REAL OU OBRIGACIONAL, CAPAZ DE DEFERIR-LHE AUTONOMIA, A PONTO DE CONCEDER VISIBILIDADE AO DOMÍNIO.
3.1. MODALIDADES DE DETENÇÃO:
· Detenção do servidor da posse/ fâmulo da posse (art. 1198, CC): é a detenção em que determinadas pessoas detêm o poder físico sobre a coisa, em razão de uma relação jurídica subordinativa para com um terceiro. 
· Aquelas que detém o poder físico sobre a coisa em razão de uma relação subordinativa para com terceiro, ou seja, apreende o bem em cumprimento de ordens ou instruções emanadas dos reais possuidores ou proprietários → exercitam atos de posse em nome alheio (exemplo: caseiro);
· Dispensada a existência de contrato formal de trabalho ou, mesmo, de uma remuneração, como contraprestação aos serviços prestados, de modo a ser bastante visualizar um vínculo social subordinativo pelo qual alguém atua materialmente sobre a coisa, porém sem autonomia;
· O detentor não possui legitimidade possessória para ajuizar ações possessórias em defesa de um esbulho, turbação ou ameaça sobre o bem. Entretanto, segundo o Enunciado nº 493 do Conselho de Justiça Federal: “o detentor pode, no interesse do possuidor, exercer a autodefesa do bem sob seu poder.”;
· O art. 1198, do CC autoriza a conversão da detenção em posse, caso a pessoa que originariamente praticava atos de posse em nome alheio passar a praticar atos possessórios em nome próprio, com autonomia, também em consonância com este entendimento está o Enunciado nº 301 do Conselho de Justiça Federal.
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.
· Detenção por permissão ou mera tolerância – 1ª parte, art. 1208, CC:
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
· Permissão: autorização com direito potestativo, sem o estabelecimento de contrato;
· Tolerância: concordância tácita;
· São situações de detenção, em que a pessoa detentora não concede visibilidade ao domínio, pelo contrário, coloca-se em situação de dependência perante o real possuidor;
· O detentor não pode manejar ações possessórias, e nunca conseguirá a usucapião;
· Conceito: A permissão, nascerá de autorização expressa do verdadeiro possuidor para que terceiro utilize a coisa. De outro modo, a tolerância resulta de consentimento tácito do possuidor ao detentor, posto este já está usando a coisa quando da anuência daquele;
· OBS.: estas duas formas de detenção se caracterizam pela transitoriedade e pela faculdade de supressão do uso, a qualquer instante, pelo real possuidor, sem que possa o detentor se valer dos interditos possessórios (ações possessórias);
· Supressio (supressão): a perda do seu direito, em razão de ter gerado na outra parte uma expectativa pelo seu comportamento reiterado – Abuso de direito (art. 187, CC);
· Dentre as modalidades de abuso de direito, temos a supressio como consequência do exercício de um direito subjetivo após um longo prazo de inatividade e retardamento por parte de seu titular. A supressio pode ser alegada pelo detentor que por tolerância do possuidor permaneceu por longo tempo utilizando o bem e, surpreendentemente, o possuidor pede a devolução do bem. Importante provar a legítima confiança do detentor quanto a uma provável atitude de abandono do bem por parte do possuidor. 
· Detenção interessada → exercida no interesse econômico do detentor. A pessoa que atua com base em permissão ou tolerância procura extrair proveito próprio da coisa, satisfazendo os seus interesses econômicos imediatos;
· Dependente;
· A parte que se encontra em estado de submissão não poderá evitar que a outra, unilateralmente, desconstitua sua situação fática, deliberando pela cessação da prática de atos materiais sobre a coisa. 
· Detenção por clandestinidade ou violência:
· Na clandestinidade, o possuidor não tem ciência, o detentor ocupa de forma escondida, dando uma vestidura nova (dando a entender ser posse). É a ocupação às ocultas do possuidor enquanto os atos de clandestinidade não forem publicizados para o possuidor, de modo a haver detenção por clandestinidade;
· Violência: ambas as partes
· Moral = exemplo, a ameaça;
· Física = como exemplo, a agressão física.
· Autotutela pode ser usado;
· Quando cessarem os atos de violência, nasce a posse injusta por violência;
· Violência pode ser física ou moral e, será considerada detenção enquanto os atos violentos não cessarem. Normalmente, os atos violentos, enquanto houver autotutela, são tidos por detenção. 
29/02/20
· Detenção dos bens públicos:
· Bens de uso comum do povo: praças, ruas;
· Bens públicos de uso especial: prédios de uso da administração pública;
· Bens públicos dominicais: não estão afetados a uma utilização especial. Poderão ser objeto de posse os bens públicos dominicais ou patrimoniais, sendo aqueles utilizados pelo Estado à moda do particular, esvaziados de destinação pública e alienáveis, esses bens podem ser objeto de posse.
· Qual o critério para se aferir posse ou detenção de bem público?
R.: o critério é funcional e deverá ser observado se o bem está afetado a uma finalidade pública. 
→ Se está afetado – detenção, de natureza precária
→ Se não está afetado ao serviço público – posse 
· OBS.: a Constituição veda, expressamente, a impenhorabilidade de bens públicos (impossível a usucapião) – art. 183, §3º da CR/88.
EXERCÍCIO:
1. Maria e seu marido João são caseiros de Mauro. Lá, residem em casa do patrão. João falece. Mauro solicita à Maria a desocupação do imóvel. Nesse caso, qual a natureza jurídica da ocupação nas seguintes hipóteses:
a. Período em que Maria residiu com o esposo: detenção do servidor da posse
b. Maria reage violentamente ao pedido de desocupação do imóvel e Mauro reage à violência: detenção por violência
c. Mauro desiste de reagir a violência e viaja para a Europa, lá permanecendo por 15 anos: detenção por posse injusta por violência
d. Maria permanece clandestinamente no imóvel: detenção por clandestinidade
4.PRESUNÇÃO RELATIVA DE CONSERVAÇÃO DO CARÁTER DA POSSE – ART. 1203, CC:
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. LEITURA EM SENTIDO CONTRÁRIO NO CASO EM QUESTÃO. 
Analisar a causa possessória, o modo como a posse surgiu no mundo jurídico.
→ Será possível a transmudação da causa possessória? É possível!
5. CLASSIFICAÇÃO DA POSSE:
a) Critério objetivo: “existe algum vício objetivo na aquisição da posse?” – “quaissão os vícios objetivos da posse?”
Analisar se a posse é justa ou injusta, o qual depende da forma de como se deu a aquisição, ou seja, tem como fundamento uma questão fática, sem qualquer relação com o título aquisitivo da posse.
Cabe analisar, portanto, se houve violência, clandestinidade ou precariedade na aquisição ou exercício da posse.
I. Violência (exemplo: posse injusta mediante violência): a interpretação do art. 1.200 do CC deve ser restritiva, deste modo, se a posse se dá pelo uso da força ou pela ameaça, o vício será objetivo. Lembrando que, no momento em que a violência estiver ocorrendo, o agressor será considerado mero detentor, porém, assim que o esbulhado para de resistir à posse, surge a posse injusta.
	a) moral
	b) física
II. Clandestinidade: adquire-se às ocultas de quem exerce a posse atual, sem publicidade (pressuposto da posse) ou ostensividade. Importante ressaltar que, a ocultação deverá ser da pessoa que tem interesse em recuperar a coisa possuída, não obstante ostentar-se às escâncaras em relação aos demais. 
Aqui, o arrebatador agiu sorrateiramente, pois deseja camuflar o ato de subtração.
OBS.: excepcionalmente, poderá a posse ser pública de origem e converter-se em clandestina, bem como, haver confluência entre clandestinidade e violência, quando inicia-se clandestina, porém ocorre resistência por parte do proprietário para adquirir novamente a sua posse com a violência. 
III. Precariedade: primeiro se tem uma posse justa por meio de uma relação jurídica de direito real ou obrigacional, porém o precarista age com abuso de confiança ao não restituir o bem na data determinada, aí se torna posse injusta por precariedade. 
Aqui, o possuidor delibera unilateralmente por manter o bem em seu poder, além do prazo normal avençado, praticando verdadeira apropriação indébita. 
ATENÇÃO: a posse propriamente dita só surgirá quando da cessação dos aludidos vícios, ou seja, quando aquele que inicialmente era detentor pacificar ou publicizar a ocupação do bem. 
Exemplo: Comodato de bem imóvel:
· Comodante = posse indireta
· Comodatário: posse direta e justa
· Vence o prazo para restituição do imóvel e o comodatário não devolve. O que surge? 
Resposta = posse injusta por precariedade
OBS.: Na locação, quando o locatário cessa o pagamento devido, a ação correta é sempre a ação de despejo (LEI 8.245/91). 
OBS.: SÓ HÁ POSSE QUANDOS E TORNA PÚBLICA.
Exemplo: Maria foi embora, e quando ela volta tem cadeados em casa, daí ela os quebra para entrar. Qual o nome disso?
Resposta: Não é posse injusta, pois não possui violência, clandestinidade e precariedade, de modo a ser uma posse justa → interpretação restritiva do artigo 1200, CC. 
Actio Nata: pesquisar
07/03/20
	POSSE JUSTA
	POSSE INJUSTA
	A partir da compreensão do que seja uma posse injusta.
	Encontrar se há vício de natureza objetiva (art. 1200, CC – numerus clausus):
- Violência;
- Clandestinidade;
- Precariedade (começa como justa, depois há um abuso de direito que a torna injusta). 
b) CRITÉRIO/ VÍCIO SUBJETIVO:
POSSE DE BOA FÉ X POSSE DE MÁ-FÉ
· Parte do conhecimento (a consciência da legitimidade da posse por parte do possuidor);
· Legitimidade da posse do possuidor;
· Como se prova o conhecimento:
· Teoria subjetiva/ psicológica: conhecimento
· Teoria objetiva/ ética: comportamento
	POSSE DE BOA-FÉ
	POSSE DE MÁ-FÉ
	Pode estar tomando posse de maneira errada, porém, se desconhece a ilegitimidade. 
A boa-fé reclama um enfoque não apenas psicológico, mas principalmente ético. Ela exige que o desconhecimento do fato decorra do comportamento daquele que observou os deveres de cuidado e diligência que cabiam no caso, ou seja, é um erro desculpável. 
Presunção inicial da boa-fé:
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
	 O possuidor tem a consciência de que está agindo de maneira incorreta.
A má-fé seria aquele que não só conhece o vício da posse, como também aquele que deveria conhece-los, em razão das circunstâncias.
Exemplo:
Maria, em testamento, deixou a sua casa para a ONG Humanitas, que sabe ter sido contemplado, com cláusula de usufruto vitalício para seu irmão José e sua cunhada Angélica, inclusive com cláusula de acrescer, no que se refere ao usufruto. O inventário não foi aberto. Os usufrutuários faleceram, e a casa era ocupada pela ex nora Josefa dos usufrutuários e por seu marido Flaviano.
A casa possuía 900 (novecentos) m², um pomar e 2 (dois) barracões que o casal aluga por R$600,00 (seiscentos) reais. Após 8 (oito) anos dos fatos a ONG Humanitas toma ciência dos fatos e ajuíza Ação Reivindicatória, sendo citados validamente os réus em 20/05/2017, que, por outro lado ajuizaram ação de usucapião. Quanto aos efeitos da posse apresenta parecer a ONG Humanitas. 
Resposta:
· Usufruto:
· Nu proprietário (despido do poder de uso e gozo) – ONG: com a morte dos usufrutuários, se torna proprietária plena com o fim do usufruto vitalício;
· Usufrutuário – José e Angélica: usam até o fim da vida.
· Posse Injusta por Clandestinidade.
EFEITOS DA POSSE DE MÁ-FÉ:
· Conhecimento de que exerce a posse de maneira ilegítima;
· Início da má-fé: data da citação válida (no caso acima 20 de maio de 2017) → pode ser provada por meio de outros meios;
· Os frutos civis, naturais, industriais e mais, serão devolvidos para o real proprietário;
· Benfeitorias necessárias vão ser reembolsadas com o valor (da época ou atual, de acordo com a escolha do proprietário).
O VÍCIO SUBJETIVO DA POSSE DE MÁ-FÉ
· Posse de má-fé é a posse de quem sabe de sua ilegitimidade, quando o possuidor através das circunstâncias tenha condições de saber que sua posse é ilegítima. Ou seja, ele não ignora o vício subjetivo;
· Marco da transmudação da posse de boa-fé para má-fé: pela citação válida ou algum modo de interpelação judicial que culmine em uma ação judicial que venha ao final julgar procedente o pedido de restituição da coisa.
· Justo título: é um documento hábil a transferir e a legitimar a posse, não fosse um vício que sobre ele pesa → presunção relativa de boa-fé, o ônus da prova de comprovar a não veracidade do título é do reivindicante;
· Justo título é quando apenas um título aparenta ao possuidor que a causa da sua posse é legítima;
· Art. 1201: o dispositivo evidencia que o justo título não acarretará a presunção de boa-fé quando em seu próprio corpo for afastada a possibilidade de cessão da posse;
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
· Para ser possuidor de boa-fé NÃO é imprescindível o justo título. 
· Aplicação prática da distinção entre posse de boa-fé e posse de má-fé do possuidor: para análise dos efeitos quanto a percepção dos frutos à indenização pela evicção, pelos efeitos quanto as benfeitorias, o direito ou não de retenção e para redução do prazo da usucapião quando o possuidor estiver munido de justo título.
4.1. EFEITOS
A) DIREITO AOS FRUTOS:
· Conceito: frutos são as utilidades econômicas que a coisa periodicamente produz, sem alteração ou perda de sua substância. Já os produtos, são coisas que são produzidas aleatoriamente ou em detrimento da substância da coisa;
· Em comum, frutos e produtos pertencem ao proprietário do bem;
· Categorias:
· Frutos naturais:
· Provenientes diretamente da coisa, em decorrência de sua força orgânica, não perdendo tal característica (ex.: colheitas).
· Frutos industriais:
· Aqueles cuja produção decorre da atuação do engenho humano sobre a natureza (ex.: produção de uma fábrica). O homem interfere no ciclo biológico de forma determinante.
· Frutos civis:
· Consistindo nas rendas periódicas provenientes da concessão do uso e gozo de uma coisa frutífera por outrem que não proprietário (ex.: juros e alugueis).
· Possuidorde boa-fé: a lei homenageia a eticidade do possuidor de boa-fé em detrimento do proprietário inerte que abandonou a posse, outorgando àquele o direito à percepção dos frutos, enquanto a posse remanescer com tal qualidade;
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
· Condições da aquisição dos frutos:
· Que tenham sido separados;
· Que a percepção tenha ocorrido antes de cessar a boa-fé.
B) RESPONSABILIDADE CIVIL DO POSSUIDOR:
· Possuidor de boa-fé SOMENTE responderá civilmente pela perda ou deterioração da coisa possuída quando lhe der causa;
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.
· TEM QUE PROVAR O DEESCUIDO OU NEGLIGÊNCIA DO POSSUIDOR E A RELAÇÃO DE CAUSALIDADE ENTRE A DESÍDIA E O DANO;
· Culpa provada pelo ofendido.
· Diferentemente do possuidor de boa-fé, o de má-fé responderá por perdas e danos, mesmo que acidentais, SALVO se provar que teria ocorrido na posse do reivindicantes;
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.
· O autor de ação possessória visa receber pelos prejuízos e retomar a coisa;
· Responsabilidade objetiva pelo risco integral do possuidor de má-fé no art. 1218 = REAL TITULAR DO BEM NÃO PRECISA PROVAR A CULPA DO POSSUIDOR DE MÁ-FÉ;
C) DIREITO ÀS BENFEITORIAS:
· Conceito: benfeitorias consistem em obras ou despesas efetuadas para fins de conservação, melhoramento ou embelezamento;
· Classificação:
· Necessárias:
· Tem a finalidade de evitar a deterioração da coisa e permitir a sua normal exploração.
· Úteis:
· Incrementar a sua utilidade, aumentando objetivamente o valor do bem.
· Voluptuárias:
· Oferecer recreação e prazer a quem dele desfrute.
· Possuidor de boa-fé:
· Direito à indenização sobre as benfeitorias necessária e úteis;
· Exercita o direito de retenção da coisa principal até o ressarcimento por essas benfeitorias;
· Benfeitorias voluptuárias: caso o retomante se recusar a pagá-las (não exigibilidade), poderá o possuidor levantá-las, mesmo que esse procedimento em tese possa danificar a coisa.
· Possuidor de má-fé:
· Exclusivamente, ressarcimento pelas benfeitorias necessárias, mediante ajuizamento de ação indenizatória;
· Vedado o levantamento das benfeitorias voluptuárias (omissa a possibilidade de levantamento das úteis, porém acredita-se que também é vedada, conforme doutrina majoritária);
· STJ decidiu que ao reivindicante obrigado a indenizar o possuidor de má-fé, será concedida a faculdade de optar pelo valor atual da coisa ou aquele custeado; 
· OBSERVAÇÃO: quando se trata de possuidor de boa-fé, o valor será aquele efetivado ao tempo da evicção.
· Há a possibilidade de compensação das benfeitorias com os danos;
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem. (Vide Decreto-lei nº 4.037, de 1942)
· Danos:
· Possuidor de boa-fé:
· Os danos exigem a prova da culpa do possuidor.
· Posse de má-fé:
· Entende-se como dano indenizável a mera depreciação acidental da coisa, salvo se o possuidor provar que o fato teria ocorrido mesmo se a coisa estivesse no poder da parte contrária.
D) DIREITO À USUCAPIÃO:
· Conceito: via pela qual a situação fática do possuidor será convertida em direito de propriedade e em outro direito real (ex.: usufruto e servidão);
· Será examinada em apartado;
· Duas espécies de posse:
· Ad usucapionem:
· Não faculta o exercício dos interditos possessórios;
· Noção da posse + animus domini da teoria subjetiva de Savigny.
· Ad interdictae:
· Faculta o exercício dos interditos possessórios;
· Teoria de Ihering: exercício do poder de fato sobre a coisa.
· Somente a posse qualificada pela intenção de dono enseja a aquisição da propriedade pela usucapião.
21/03/20
4.2. AÇÕES POSSESSÓRIAS
· Conceito: o direito do possuidor defender a sua posse contra terceiros (incluindo o proprietário);
· Divide-se em:
· Interdito possessório;
· Manutenção da posse;
· Reintegração da posse.
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.
§ 1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.
§ 2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados.
§ 3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1º e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios.
· Tutela da posse:
· Tutela jurídica: relaciona-se com as normas de direito material que regem a matéria;
· Tutela jurisdicional: revela-se no instante em que o direito subjetivo do possuidor é violado, surgindo a pretensão defensiva, em face daquele que provocou a ofensa;
· Na ação possessória NÃO é permitida a discussão de propriedade, pois a causa de pedir e o pedido versam EXCLUSIVAMENTE sobre a posse;
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1 o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
§ 2 o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
· EXCEÇÃO: a exceção de propriedade apenas será admitida no bojo das ações petitórias (a proteção da posse decorre do direito de propriedade ou de outro direito dela derivado);
Enunciado nº 79 da Jornada de Direito Civil: “A exceptio proprietatis, como defesa oponível às ações possessórias típicas, foi abolida pelo Código Civil de 2002, que estabeleceu a absoluta separação entre os juízos possessório e petitório.”
Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.
Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa.
· Ações possessórias em espécie:
· Interdito proibitório:
· Pode ser conceituado como a defesa preventiva da posse, diante da ameaça de iminentes atos de turbação ou esbulho, objetivando impedir a consumação do ato de violência temido (art. 567, CPC);
Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito.
· Caso: o fazendeiro A teme sofrer turbação ou esbulho por parte da pessoa B, de modo que se dirige até o magistrado e pede de modo LIMINAR que obrigue o réu a abster-se de concretizar a agressão, mediante interposição de preceito proibitório, com a cominação de pena pecuniária em caso de transgressão ao preceito;
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1 o Opossuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
§ 2 o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa
· Caso a ameaça se concretize em agressão pelas vias de turbação ou esbulho, além da execução provisória das astreintes, converter-se-á o mandado interdital em ordem de reintegração ou manutenção (art. 554 c/c art. 568, ambos do CPC);
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.
Art. 568. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na Seção II deste Capítulo.
· Ação de reintegração da posse (art. 1210 do CC e art. 560 do CPC):
· Adequado à restituição da posse àquele que a tenha perdido em razão de um esbulho, sendo privado do poder físico sobre a coisa;
Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho.
· Esbulho:
· Total: como exemplo, aquele que permanece no imóvel após o fim da relação contratual;
· Parcial: como exemplo, o vizinho que altera as divisas do imóvel.
· ATENÇÃO: excepcionalmente, será permitida a propositura da ação possessória em favor do proprietário que jamais tenha exercido qualquer ato possessório físico sobre o bem, mas que já era possuidor em razão da prévia inserção da cláusula de constituto possessório, que permite a tradição ficta da posse, pela via do negócio jurídico;
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
· Três pressupostos, em regra:
· Deverá o possuidor esbulhado ter exercido uma posse anterior;
· A ocorrência do esbulho da posse que alguém provoca;
· A perda da posse em razão do esbulho. 
· Para conseguir a reintegração da posse, o autor deve provar:
· A posse que exerceu sobre a coisa;
· A existência do esbulho;
· A perda da posse;
· A data em que ocorreu o esbulho, a fim de postular a reintegração liminar, data que deverá ser de menos de ano e dia. 1[footnoteRef:1] [1: ] 
· Autoexecutoriedade (art. 1210, §1º, do CC):
Art. 1210, § 1 o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
· Medidas legítimas para que o possuidor recupere ou mantenha a posse agredida:
· Legítima defesa da posse;
· Desforço imediato.
· São hipóteses excepcionais, em que se autoriza a quebra do monopólio do Judiciário.
· Legítima defesa da posse consiste na reação a uma turbação, pois nessa situação, a agressão apenas incomoda a posse, não tendo sido dela o possuidor ainda privado;
· O desforço imediato é o remédio dirigido a um esbulho consumado, implicando defesa imediata à injusta perda da posse do autor;
· A vítima poderá se valer do auxílio de terceiros caso a agressão seja praticada por um número maior de pessoas, sendo suficiente que se mantenha a Imediatidade e proporcionalidade na forma de defesa;
· Requisitos da autoproteção possessória:
· Agressão atual ou iminente e injusta;
· Preservação de um direito próprio ou alheio: tem legitimidade para a defesa privada o possuidor e também o detentor (em nome do proprietário);
· Emprego moderado dos meios necessários à defesa por força própria e desde que o faça logo.
· Aspectos processuais das ações possessórias:
· Aspectos gerais:
· As ações possessórias não perdem esse caráter com o advento do prazo decadencial de ano e dia, contado da data da agressão à posse (ações de força nova). Caso o possuidor quede-se inativo no interregno, ainda terá direito a uma das ações possessórias, porém com tramitação pelo RITO COMUM (ações de força velha);
Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial.
Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput , será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório.
· Competência territorial funcional absoluta (§2º do art. 47, do CPC):
§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta.
· Rito especial concedido nos interditos possessórios x Ações possessórias ordinárias: 
· a diferença está apenas na concessão ao autor de um juízo de cognição sumária, pois poderá obter liminar de caráter satisfativo, seja de forma inaudita altera parte ou após audiência de justificação;
· posse nova: liminar deferida se o possuidor foi esbulhado há menos de 1 ano e 1 dia;
· posse velha: após o tempo citado acima, não será concedida a liminar, de modo a ocorrer o procedimento comum;
Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais.
· Autor da possessória deve assumir o ônus processual de demonstrar o fato do réu que lhe aproveite, como constitutivo do seu direito, em reforço à regra genérica de repartição dos encargos probatórios;
Art. 561. Incumbe ao autor provar:
I - a sua posse;
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração.
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
· Fungibilidade das possessórias (art. 554, do CPC):
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.
§ 1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.
§ 2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados.
§ 3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1º e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios.
· Esse dispositivo excepciona o princípio da correlação, autorizando a conversão de uma ação possessória em outra, em duas situações:
· Quando a petição inicial equivocadamente descrever a agressão à posse;
· Quando a agressão originária intensificar-se no curso da demanda.
· O princípio da fungibilidade apenas se verifica entre as 3 ações possessórias strictu sensu, sempre na pendência da ação, sendo IMPRATICÁVEL a conversão do possessório em petitório, em nosso ordenamento vigente;
· Será RECHAÇADA a fungibilidade de uma possessória em outra se a nova ofensa à posse ocorreu posteriormente ao trânsito em julgado da 1ª ação possessória;
· Se houver o trânsito em julgado de sentença que julgava procedente o pedido e ocorrer novamente o esbulho, haverá a extensão dos efeitos da sentença, com a expedição do mandado de reintegração de posse contraos sucessores (art. 109, §3º do CPC):
§ 3º Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias ao adquirente ou cessionário.
· Se houver solução de continuidade entre a primeira e a segunda invasão, será o caso de o possuidor ajuizar nova ação de reintegração de posse, sob pena de ofender o contraditório e a ampla defesa;
· Cumulação de pedidos:
· Pedido formulado em sede de ação possessória poderá ser cumulado a outras pretensões que não se referem diretamente à defesa da posse, conforme previsão do art. 555 do CPC;
Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;
II - indenização dos frutos.
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para:
I - evitar nova turbação ou esbulho;
II - cumprir-se a tutela provisória ou final.
· Apesar dos pedidos acessórios serem submetidos em regra ao procedimento comum, a cumulação sucessiva à pretensão possessória não subverterá o seu rito especial;
Art. 327, § 2º. Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.
· Somente a cumulação com os pedidos tipicamente alinhados no art. 555 do CPC mantém o rito especial da ação possessória. Se o autor acrescer à proteção interdital qualquer outra pretensão que tramite sob procedimento diverso, deverá empregar o procedimento ordinário, à luz do exposto no art. 327 do CPC. 
· Manutenção do caráter originário da posse:
· Segundo o art. 1203 do CC, salvo prova em contrário, manterá a posse o MESMO CARÁTER da aquisição;
· Presunção juris tantum, pois a norma retrocitada excepcionalmente admite a inversão da posse → a mudança de comportamento de quem detém a coisa será fundamental para a conversão da detenção em posse injusta, mas não para transformar uma posse injusta em justa.
· Duas situações oriundas de fatos externos incidem a mutação da causa possessória:
· Fato de natureza jurídica:
· Em razão de uma relação jurídica de direito real ou obrigacional, é facultado ao possuidor que mantenha posse objetiva ou subjetivamente viciada alterar o seu caráter, sanando os vícios de origem;
· Exemplo: Maria obteve a posse violentamente e posteriormente adquiriu o imóvel por contrato de compra e venda → alteração na causa possessionis.
· Fato de natureza material:
· Manifestação por atos exteriores e prolongados do possuidor da inequívoca intenção de privar o proprietário do poder de disposição sobre a coisa;
· Exemplo: se o contrato de locação chega ao fim, porém o locatário – agora possuidor precário – decide permanecer no imóvel, poderá o proprietário ajuizar ação de reintegração da posse, porém se for inepto e se passar um tempo considerável, ocorrerá o fenômeno de interversão da posse o possuidor adquire animus domini;
· Enunciado nº 237 do Conselho de Justiça Federal, partindo da dicção do art. 1203 do CC:
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
Enunciado nº 237 do Conselho de Justiça Federal: “É cabível a modificação do título da posse – interversio possessionis – na hipótese em que o até então possuidor direto demonstrar ato exterior e inequívoco de oposição ao antigo possuidor indireto, tendo por efeito a caracterização do animus domini.”
· Como provar a mudança do animus domini?
· Demonstrando ser um bom proprietário – pagando tributos, a realização de acessões e etc.
· É possível a alegação de supressio (perda) por parte do possuidor que não alcançou prazo para a usucapião, mas que a sua posse passe a ser qualificada pela boa-fé, em face de proprietário?
· Sim, pois com a inércia do proprietário, o possuidor será considerado de boa-fé, fazendo jus aos frutos e indenização pelas benfeitorias e direito de retenção, gerando a perda para o primeiro.
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
26/03/20 - Videoconferência
INTERVENSÃO DA POSSE
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
· Posse de natureza iuris tantum = presunção de que não ocorrerá mudança;
· Transmudação da causa possessória = 
· Hipóteses em que será permitida a mudança da causa da posse:
· Fatos de natureza material via usucapião = posse nova, que não guarda qualquer conexão com o contrato de locação;
· Rompimento da relação jurídica obrigacional da locação;
· Requisitos pertinentes a usucapião.
· Fato de natureza jurídica via compra e venda = manifestação de vontade bilateral;
· Relação jurídica obrigacional.
EFEITOS DA POSSE
· Direito aos frutos:
· O momento para colher os frutos é importante para saber se o possuidor tem direito a eles;
· Saber se o possuidor estava de boa-fé.
· Direito às benfeitorias;
· ...
RESPONSABILIDADE CIVIL PELA DETERIORAÇÃO DA COISA
· Deterioração = parcial;
· Perecimento = tudo. 
· Responsabilidade civil objetiva e subjetiva: PROVA
· Possuidor de boa-fé: deve-se provar sua culpa quanto a deterioração ou perecimento, que se provada, deverá indenizar;
· Possuidor de má-fé: responsabilidade objetiva com risco integral – responsabilidade pela indenização não será afastada sequer por caso fortuito ou força maior;
· Exceção: se este possuidor de má-fé provar que aquele objeto se perderia ainda que estivesse na posse do reivindicante
02/04/2020
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE 
E
FUNÇÃO SOCIAL DA POSSE
· Existe um funcionamento adequado de modo que o todo seja beneficiado?
· Cada um exercendo a sua função.
· Função social:
A função social é um princípio inerente a todo o direito subjetivo, portanto, ao cogitarmos da função social, introduzimos no conceito de direito subjetivo a noção de que o ordenamento jurídico apenas concederá merecimento a persecução de um interesse individual se este for compatível com os anseios sociais que com ele se relacionam. Caso contrário, o ato de autonomia privada será censurado em sua legitimidade. 
· Consonância entre função social e função econômica;
· Pensar no poder de uso;
· Utilização econômico e social, sem se esquecer de outras, como ambiental;
· Se tem título é propriedade.
· Função social da propriedade:
· Vários modelos de propriedade, inclusive a intelectual que é tratada em legislação específica;
· Existem muitas regras para diferenciá-las;
· Modelo de Estado:
· Estado Liberal: função individual → propriedade que concedia aos proprietários apenas direitos;
· Democrático de Direito: direitos e deveres começam a surgir na constituição.
· Definição de maneira ampla: art. 1228, §1º, do CC;
Art. 1.228. § 1 o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
· Duas correntes:
· Cláusula geral (Nelson Rosenvald entende assim): “por sua generalidade e imprecisão, faculta ao magistrado uma interpretação que se ajuste ao influxo contínuo dos valores sociais, promovendo-se uma constante atualização no sentido da norma”;
· Cláusula como limites ao exercício dos poderes. 
· CR/88:
· Tratamentos e vários dispositivos acerca da função social;
· Art. 5º, inciso XXII assegura a propriedade privada;
· Art. 5º, inciso XXIII fala sobre a função social;
· Art. 170, CR/88;
· Art. 182, CR/88;
· Não pode deixar o imóvel fechado: sem morar, alugar, emprestar, dentre outros;
· O não uso não gera, necessariamente, a perda, dependeda situação.
· Parâmetro: se o uso está em conformidade com as leis do plano diretor (a propriedade não causa problemas ambientais e sociais, etc.);
· Propriedade rural (art. 186, CR/88): função social é cumprida quando de forma simultânea:
· Faz aproveitamento racional e adequado;
· Utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
· Observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
· Exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
· Função Social da Propriedade Urbana:
· O art. 182 da CR/88, autodenomina-se Estatuto da Cidade, em que estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como o equilíbrio ambiental;
· Plano diretor ou leis orgânicas locais: instrumentos urbanísticos;
· Função social de um imóvel urbano (art. 182, §2º, da CR/88);
· Objetivos: redirecionar recursos e riquezas de forma mais justa, combater desigualdade econômica e social vivenciadas em nossas cidades, garantindo um desenvolvimento urbano sustentável no qual a proteção aos direitos humanos seja o foco, evitando-se a segregação de comunidades carentes;
· Lei 13.146/15: inclusão de pessoas com deficiência no Estatuto da Cidade;
· Obrigações propter rem em razão do imóvel: parcelamento, edificação e utilização → recairão sobre o sujeito passivo que for titular atual do direito;
· Consequências jurídicas de eventual inadimplemento.
· Função social da propriedade rural:
· A propriedade rural que se centra na terra como bem de produção deve desempenhar função social com maior rigor que outros bens;
· Art. 186 da CR/88:
· 3 elementos para o adimplemento da finalidade agrária:
· Econômico;
· Social;
· Ecológico.
· Racionalidade + adequação:
· Exploração de no mínimo 80% da área explorável do imóvel;
· Observância de índices de produtividade para a microrregião em que se situa o imóvel, ressalvando-se os casos de força maior.
· Igualmente, deverá o proprietário – SIMULTANEAMENTE:
· Cumprir obrigações trabalhistas;
· Preservar a esfera ambiental ecologicamente equilibrada.
· Desapropriação de imóveis rurais (art. 2º, §2º, da Lei 8.629/93): outorga ao INCRA o poder de efetuar o levantamento preliminar, por meio de prévia notificação do desapropriando, a fim de que seus técnicos possam ingressar no imóvel para a realização do levantamento. Finda a inspeção do imóvel, deve ser elaborado o relatório técnico, do qual surgirá o decreto expropriatório;
· Procedimento contraditório especial para desapropriações (Lei Complementar nº 76, de 6.7.1993);
· Impenhorabilidade do imóvel residencial, no que tange a pequenas propriedades rurais (art. 5º, inciso XXVI, da CR/88);
· Taxação da propriedade improdutiva com elevação progressiva do Imposto Territorial Rural (art. 153, §4º, da CR/88): proprietário desidioso deverá pagar em até 5 anos o preço da propriedade;
· Cultivo de psicotrópicos ou exploração de trabalho escravo: desapropriação privada de qualquer indenização – confisco (art. 243, CR/88);
· Código Florestal (Lei nº 12.651/ 2012): objetivo o desenvolvimento sustentável, tornando obrigatório o Cadastro Ambiental Rural de todo o imóvel rural.
· Função Social da Posse:
· Parágrafo único, art. 1238, do CC: posse qualificada pela função social
Art. 1.238. Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
· Exemplos: Usucapião Extraordinária com Prazo Reduzido, compreendendo propriedade urbana ou rural (área de 50 hectares, apenas);
· Posse sem título;
· Usucapião reduzida em 5 anos;
· A autonomia da posse com relação à propriedade = autônoma, tutelada por si mesma;
· Desapropriação judicial indireta (art. 1228, §§ 4º e 5º): 
· Não tem que esperar aquele que abandonou o imóvel a reivindicá-lo para se valer desse instituto;
· Extensa área e número considerável de pessoas;
· Prazo de 5 anos em posse ininterrupta → não sofreu solução de descontinuidade;
· Boa-fé exigida dos possuidores é objetiva (comportamento, sentido ético);
· Devem ter feito obras de interesse social e caráter relevante;
· Precedente: Favela Puma;
· Passa a propriedade para os possuidores, após o pagamento da indenização (Estado pode pagar para a população de beixa renda). 
§ 4 o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.
§ 5 o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
03/04/20
PROPRIEDADE
· ARTS. 1228 A 1232, CC;
· Propriedade: refere-se a todos os direitos suscetíveis de apreciação pecuniária. A propriedade compreenderia do domínio, que é um direito de propriedade sobre as coisas;
· Propriedade é um direito complexo, que se instrumentaliza pelo domínio. Este como substância econômica da propriedade, possibilita aos seu titular o exercício de um feixe de atributos consubstanciados nas faculdades de usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa que lhe serve de objeto (art. 1228, CC);
· Então, propriedade seria uma relação jurídica complexa entre o titular do bem e a coletividade de pessoas.
· Domínio: submissão direta e imediata da coisa ao poder do seu titular, mediante o senhorio, pelo exercício das faculdades de uso, gozo e disposição;
· É um direito real que se exerce através da posse;
· O proprietário exerce a ingerência dobre as coisas (domínio) e pede a colaboração de pessoas (propriedade);
· Faculdades de uso, gozo e disposição compõem o domínio. 
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
§ 1 o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
§ 2 o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
§ 3 o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente.
§ 4 o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.
§ 5 o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.
Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o dispostoem lei especial.
Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.
Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem.
· O que é propriedade (art. 1225, CC);
· Propriedade x Domínio;
· Código antigo tratava propriedade e domínio como sinônimo;
· Art. 1231, CC;
· Propriedade seria o título de proprietário (bem registrado em seu nome), garantindo a ele o poder de abstenção diante da coletividade, exercendo os seus poderes dominiais → Titular do bem + coletividade;
· Coletividade não pode molestar o proprietário em face dos seus direitos dominiais;
· Erga omnes;
· Domínio seria o conteúdo do direito de propriedade, a sua essência → sustentar a relevância da função social (propriedade ou posse).
· O proprietário tem que conferir função social à sua propriedade:
· Aquele que não confere função social à sua propriedade poderá ter seu domínio esvaziado em face de um possuidor que confira tal atributo;
· Direito de usar: faculdade;
· Sob as ordens dele, poderá exercer esse direito de usar.
· Limites do uso de determinada propriedade (jus utendi, jus fruendi, jus abutendi):
· Ordem administrativa ou privada;
· Art. 1232, CC: direito de gozar está relacionado aos frutos e produtos – exploração do bem;
· Direito de usar: o proprietário poderá servir-se da coisa de acordo com a sua destinação econômica. O uso será direto ou indireto, conforme o proprietário conceda utilização pessoal do bem, ou em prol de terceiro, ou deixe-o em poder de alguém, que esteja sob suas ordens – servidor da posse;
· Direito de gozar: fruir como relevante aspecto de exercício de poder por parte do titular do direito real consiste na exploração econômica da coisa, mediante a extração de frutos e produtos que ultrapassem a percepção dos simples frutos naturais. Quando o proprietário colhe os frutos naturais estará apenas usando, mas ao colher os frutos industriais ou civis estará exercendo o poder de fruição;
· Direito de dispor: relacionado com a finalidade que será dada ao imóvel, ou seja, é a faculdade que o proprietário possui de alterar a substância da coisa – destinação (observar questões ambientais, sociais e etc);
· Dar em garantia: limita o direito de disposição;
· Direito de reaver a coisa (PROVA): direito de sequela, é denominado elemento externo ou jurídico da propriedade, por representar a pretensão do titular do direito subjetivo de excluir terceiros de indevida ingerência sobre a coisa, permitindo que o proprietário mantenha a sua dominação sobre o bem, realizando a almejada atuação socioeconômica – reaver das mãos de quem a possua ou detenha injustamente;
· Obs.: quem não tem posse, não pode se valer da ação de reinvindicação da posse;
· Requisitos da ação reivindicatória: tem propriedade, mas não tem posse
· É petitória e não possessória; a
· Tem que comprovar ser proprietária;
· Quer recuperar poderes dominiais, não quer que seja reconhecida sua propriedade;
· Tem que provar mais domínio do que propriedade, na real;
· Posse injusta do réu: mais largo que o previsto no art. 1200 do CC;
· Individuação do imóvel reivindicado: tem que delimitar o imóvel – falar a área;
· Situações específicas: usufrutuário poderá ajuizar ação reivindicatória;
· Legitimidade ativa: aquele que disse que tem o título de propriedade;
· Legitimado passivo: detentor, não apenas o possuidor injusto;
· Natureza jurídica: ação imprescritível
· Pretensão prescritível, pois distoa por completo do princípio da função social;
· Existem situações abusivas;
· Perpetuidade – mudanças doutrinárias.
· Art. 1231, CC:
Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.
· Traz uma presunção relativa, pois pode se provar o contrário;
· Atributo da exclusividade: quando o proprietário é possuidor pleno exerce de modo exclusivo, podendo afastar todas as outras pessoas por ingerência;
· Perpetuidade: significa que a propriedade não se extingue pelo não uso, mas desde que não seja em desconformidade com o princípio da função social da propriedade;
· Propriedade plena ou alodial: reúne todos os poderes dominiais;
· Pode fazer a cisão dos poderes: propriedade limitada – proprietário poderá cindir os poderes dominiais, comporta essa flexibilidade;
· Cisão temporária;
· Cisão definitiva. 
· OBS.: alienação fiduciária em propriedade resolúvel.
· Atributos da propriedade:
· EXCLUSIVIDADE:
· A mesma coisa não pode pertencer com exclusividade e simultaneamente a duas ou mais pessoas;
· É um princípio que se dirige ao domínio, pois não pode haver mais de um domínio sobre o mesmo bem;
· No condomínio tradicional não há elisão ao princípio da exclusividade, eis que, pelo estado de indivisão do bem, cada um dos proprietários detém fração ideal do todo.
· PERPETUIDADE:
· A propriedade tem duração ilimitada, subsistindo independente do exercício do titular, sendo transmitida por direito hereditário aos sucessores, extinguindo-se somente pela vontade do dono, ou por disposição expressa de lei, nas hipóteses de perecimento da coisa, desapropriação ou usucapião;
· Pretensão reivindicatória como perpétua, podendo o proprietário usar o atributo de sequela a qualquer tempo;
· Usucapião: o proprietário não perderia o domínio pelo não uso prolongado da coisa, e sim pela posse reiterada do usucapiente;
· A propriedade perde a qualificação de perpetuidade em sua origem quando é resolúvel ou revogável (art. 1359, CC).
· ELASTICIDADE E CONSOLIDAÇÃO:
· O direito subjetivo de propriedade abrange um complexo de faculdade que não sofrerá cisão se uma delas for temporariamente desmembrada do conjunto, prevalecendo a unidade do direito subjetivo, com a preservação do significado jurídico da propriedade;
· A elasticidade poderá resultar em cisão dos poderes dominiais em favor de outras pessoas;
· Darcy Bessone: “a elasticidade é uma característica da propriedade em virtude da qual ela é suscetível de reduzir-se a certo mínimo, ou de alcançar um máximo, sem deixar de ser propriedade”.
17/04/20
A EXTENSÃO DAS FACULDADES DA PROPRIEDADE
· Art. 1229, do CC delimita a extensão vertical da propriedade, abrangendo o espaço aéreo e subsolo correspondente, em altura e profundidade úteis ao exercício do direito subjetivo;
· O titular não poderá opor-se injustificadamente à atuação de terceiros sobre o imóvel (ex.: passagem de postes de eletricidade ou cabeamento);
· De acordo com os incisos VIII a X do art. 20 da Lei Maior, reserva-se à União Federal a titularidade dos recursos minerais e sítios arqueológicos. Ademais, a propriedade do solo também não abrange os potenciais de energia hidráulica;
· Art. 176 da CF – Tratando-se de bens dominicais de propriedade da União e distinta da do solo, as jazidas e demais recursos minerais apenas poderão ser explorados pelo proprietário na qualidade de concessionário, com acesso ao produto da lavra;
· Excepcionalmente, será viável a exploração direta de recursos minerais pelo proprietário quando imediatamente utilizados na construção civil sem qualquer transformação industrial;
· OBS.: se no subsolo não tem riquezas minerais, poderá o proprietário construir naquilo que lhe pertence, edificando porões, garagens, uma vez que também são bens imóveis tudo quanto se incorporar ao solo, natural ou artificialmente (art. 79, CC).
· Interesse do proprietário é LEGÍTIMO, e não qualquer interesse;
· Critério da utilidade como parâmetro de atuação do proprietário.
DA DESCOBERTA
· Conceito: é o fato jurídico que consiste em alguém encontrar coisa alheia perdida (art. 1233, CC);
· A descoberta gera uma obrigação ao descobridor, qual seja entregar a coisa que saiu da esfera de proteção do titular;
· Caso o descobridor recolha a coisa perdida, surgirá a obrigação de entregar a coisa, sob pena de responsabilização civil;
· Caso não encontre o legítimo possuidor em pessoa, deverá entregar à autoridade competente (art. 1233, parágrafo púnico, do CC);
· Se transcorridos 60 dias da divulgação da notícia pela

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