Grátis
23 pág.

Denunciar
5 de 5 estrelas









3 avaliações

Enviado por
Rhita Scola
5 de 5 estrelas









3 avaliações

Enviado por
Rhita Scola
Pré-visualização | Página 6 de 13
atividade anormal jj As mutações em proto‑oncogenes promovem ativamente a proliferação celular jj Alguns cânceres estão associados a rearranjos cromossômicos que estimulam a expressão de proto‑oncogenes ou que alteram a natureza de seus produtos proteicos. 10 Fundamentos de Genética Genes supressores tumorais deve à heterozigosidade para uma mutação hereditária com perda de função no gene supressor tumoral. O cân‑ cer só se desenvolve se houver uma segunda mutação nas células somáticas e se essa mutação desativar a função do alelo selvagem do gene supressor tumoral. Assim, o desenvolvimento do câncer requer duas mutações com perda de função – ou seja, dois “eventos” inativadores, um em cada cópia do gene supressor tumoral. Em 1971, Alfred Knudson propôs essa explicação para a ocorrência do retinoblastoma, um câncer do olho raro que acomete crianças. Na maioria das populações humanas, a incidência de retinoblastoma é de aproxima‑ damente 5 em 100.000 crianças. A análise do heredogra‑ ma indica que em aproximadamente 40% dos casos há uma mutação hereditária que predispõe ao surgimento do câncer. Os outros 60% não estão associados a uma mutação hereditária específi ca. Esses casos não heredi‑ tários são ditos esporádicos. De acordo com análises esta‑ tísticas, Knudson propôs que os casos de retinoblastoma, tanto hereditários quanto esporádicos, são provocados por inativação das duas cópias de um gene específi co (Figura 23.6). Nos casos hereditários, uma das mutações inativadoras foi transmitida pela linhagem germinativa, Figura 23.6 Hipótese de dois eventos de Knudson para explicar a ocorrência de casos hereditários e esporádicos de retinoblastoma. São ne‑ cessárias duas mutações inativadoras para eliminar a função do gene RB. Retinoblastoma hereditário Retinoblastoma esporádico Pais FilhosO filho herda um alelo RB– (primeiro evento) O filho herda dois alelos RB+ Mutação somática cria outro alelo RB– (segundo evento) Mutação somática cria outro alelo RB– (segundo evento) Mutação somática cria um alelo RB– (primeiro evento) RB– RB+RB+ Tumor ocular Tumor ocular RB+ RB– RB+ RB+ RB+ RB– RB– RB– RB– RB– RB+ RB+ RB+RB+ RB+ X X Muitos cânceres envolvem a inativação de genes cujos pro‑ dutos têm papéi s importantes na regulação do ciclo celular. Os alelos normais de genes como c‑ras e c‑myc produzem proteí nas que regulam o ciclo celular. Quando esses ge‑ nes são superexpressos ou quando produzem proteí nas que atuam como ativadores dominantes, a célula tende a se tornar cancerosa. Entretanto, o desenvolvimento com‑ pleto de um estado canceroso costuma exigir outras mu‑ tações e, em geral, essas mutações afetam os genes que normalmente limitam o crescimento celular. Por isso, es‑ sas mutações defi nem uma segunda classe de genes rela‑ cionados com o câncer – os antioncogenes ou, como são mais conhecidos, os genes supressores tumorais. CânCeres Hereditários e a HipÓtese de dois eventos de Knudson Muitos genes supressores tumorais foram descobertos inicialmente pela análise de cânceres raros nos quais a predisposição ao desenvolvimento do câncer segue um padrão dominante de herança. Essa predisposição se Capítulo 23 Base Genética do Câncer 11 e a outra ocorre durante o desenvolvimento dos tecidos somáticos do olho. Nos casos esporádicos, as duas mu‑ tações inativadoras ocorrem durante o desenvolvimento do olho. Assim, em qualquer tipo de retinoblastoma, são necessários dois “eventos” para desativar um gene que normalmente inibe a formação de tumor no olho. Achados recentes de pesquisa comprovaram a hipó‑ tese de dois eventos de Knudson. Primeiro, constatou‑se que vários casos de retinoblastoma estavam associados a uma pequena deleção no braço longo do cromossomo 13. Portanto, é necessário que o gene que normalmente impede o retinoblastoma – simbolizado por RB – esteja localizado na região definida por essa deleção. Em segui‑ da, o mapeamento citogenético mais preciso localizou o gene RB no locus 13q14.2. Segundo, técnicas de clona‑ gem posicional foram usadas para isolar um candidato a gene RB. Uma vez isolado, determinaram‑se a estrutura, a se quência e os padrões de expressão do gene. Terceiro, a estrutura do gene candidato foi examinada em células re‑ tiradas do tecido tumoral ocular. Conforme a previsão da hipótese de dois eventos de Knudson, as duas cópias des‑ se gene foram inativadas nas células de retinoblastoma. Assim, o gene candidato parecia ser o verdadeiro gene RB. Por fim, experimentos de cultura celular demonstra‑ ram que um cDNA do alelo selvagem do gene candidato poderia reverter as propriedades cancerosas das células tumorais cultivadas. Esses experimentos de reversão do câncer comprovaram, sem sombra de dúvida, que o gene candidato era o verdadeiro gene supressor tumoral RB. Em seguida, constatou‑se que o produto proteico desse gene – denominado pRB – é uma proteí na de expressão generalizada que interage com uma família de fatores de transcrição participantes da regulação do ciclo celular. Desde então, a hipótese de dois eventos de Knudson foi aplicada a outros cânceres hereditários, entre eles tumor de Wilms, síndrome de Li‑Fraumeni, neurofibro‑ matose, doen ça de Hippel‑Lindau e alguns tipos de cân‑ ceres de cólon e de mama (tabela 23.2). Em cada caso, há participação de um gene supressor tumoral diferente. Por exemplo, no tumor de Wilms, um câncer do sistema urogenital, o gene supressor tumoral é o WT1 localizado no braço curto do cromossomo 11; na neurofibromato‑ se, doen ça caracterizada por tumores benignos e lesões cutâ neas, é o gene NF1 localizado no braço longo do cro‑ mossomo 17; e na polipose adenomatosa familiar, distúr‑ bio caracterizado pela ocorrência de numerosos tumores no cólon, é o gene APC localizado no braço longo do cromossomo 5. Assim como o retinoblastoma, essas três doen ças são raras, e apenas uma fração dos casos obser‑ vados está relacionada com mutação hereditária no gene tabela 23.2 síndromes de câncer hereditário. Síndrome Tumor primário Gene Localização no cromossomo Função proposta da proteí na Retinoblastoma familiar Retinoblastoma RB 13q14.3 Regulação do ciclo celular e da transcrição Síndrome de Li‑Fraumeni Sarcomas, câncer de mama TP53 17p13.1 Fator de transcrição Polipose adenomatosa familiar (PAF) Câncer colorretal APC 5q21 Regulação de b‑catenina Câncer colorretal hereditário sem polipose (HNPCC) Câncer colorretal MSH2 MLH1 PMS1 PMS2 2p16 3p21 2q32 7p22 Reparo de erro de pareamento do DNA Neurofibromatose tipo 1 Neurofibromas NF1 17q11.2 Regulação da sinalização mediada por Ras Neurofibromatose tipo 2 Neuromas acústicos, meningiomas NF2 22q12.2 Ligação de proteí nas da membrana ao citoesqueleto Tumor de Wilms Tumor de Wilms WT1 11p13 Repressor da transcrição Câncer de mama familiar 1 Câncer de mama BRCA1 17q21 Reparo do DNA Câncer de mama familiar 2 Câncer de mama BRCA2 13q12 Reparo do DNA Doença de Hippel‑Lindau Câncer renal VHL 3p25 Regulação do alongamento transcricional Melanoma familiar Melanoma p16 9p21 Inibidor de CDK Ataxia‑telangiectasia Linfoma ATM 11q22 Reparo do DNA Síndrome de Bloom Tumores sólidos BLM 15q26.1 DNA helicase Fonte: Fearon, E. R. 1997. Human cancer syndromes: clues to the origin and nature of cancer. Science 278:1043‑1050. 12 Fundamentos de Genética supressor tumoral correspondente. Os demais casos são provocados por duas mutações somáticas independentes nesse gene ou por mutações em outros genes supresso‑ res tumorais ainda não identificados. Para conhecer as dimensões genéticas da hipótese de dois eventos, leia Problema resolvido | Estimativa das taxas de mutação em retinoblastoma. papéi s Celulares das proteí nas supressoras d e t umor Cerca de 1% dos cânceres é hereditário. Entretanto, fo‑ ram identificadas mais de 20 síndromes diferentes de câncer hereditário, e em quase todas elas o defeito está em um gene supressor tumoral, não em um oncogene. As proteí nas codificadas