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Disciplina: Patologia da Nutrição e Dietoterapia Aula 04: Suporte Nutricional Prof.ª Esp. Fabrina O.A.M. Coelho É toda e qualquer alimentação suplementar oferecida ao paciente com a finalidade de suprir suas necessidades nutricionais e manter ou melhorar o seu estado nutricional para alcançar uma melhor qualidade de vida. Conceito de Suporte Nutricional Requisitos para o paciente receber SN Est. nutricional precário Suprimento inadequado das necessidades nutricionais a partir da alimentação convencional Gravidade da patologia Objetivos do Suporte Nutricional * Oferecer energia, macronutrientes e micronutrientes em quantidades adequadas ao paciente; * Corrigir e manter o seu EN; * Proporcionar condições para sua melhor reabilitação; * Promover sua qualidade de vida; * Reduzir sua morbimortalidade. Tipos de Suporte Nutricional * Oral (utilização de dietas acrescidas de suplementos orais por via oral associada à alimentação diária = orientação dietética + suplementos orais); * Enteral (fornecimento de calorias, proteínas, eletrólitos, vitaminas, minerais, elementos- traço e líquidos, via sonda, diretamente no tubo digestivo); * Parenteral (fornecimento de calorias, aminoácidos, eletrólitos, vitaminas, minerais, elementos-traço e líquidos por via intravenosa). Escolha para o Suporte Oral: Enquanto o paciente conseguir ingerir adequadamente os alimentos e seu TGI estiver funcionando normal, com digestão e absorção máximas, opta-se pelo SO. Neste caso, o paciente só não está é conseguindo suprir suas necessidades mesmo com a alimentação oral normal, por isso o suporte oral. SUPORTE ORAL - - - INDICAÇÕES Tubo digestivo íntegro ou passível de alimentação via oral: capacidade de mastigação, deglutição, digestão e absorção Tolerância gastrointestinal Capacidade de adesão ao plano dietético CARACTERÍSTICAS * É a suplementação de nutrientes por meio da alimentação oral; * É a via normal, a melhor e a mais recomendada; * É a mais fisiológica e a mais barata; * Não precisa de profissionais especializados; * Não submete o paciente a qualquer outro tipo de desgaste físico e psicológico; * Usam-se módulos de nutrientes associados a orientações dietéticas. SUPORTE ORAL SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS ORAIS São destinados a pacientes que não atingem os requerimentos dietéticos pela alimentação convencional ou no controle de necessidades específicas associadas a doenças, como na desnutrição. São fórmulas destinadas a aumentar a ingestão de alimentos sólidos e geralmente fornecem 200-250kcal/porção de 240ml, 08 a 14g de proteínas, quantidades variadas de carboidratos e têm como fontes de gorduras mais comuns os TCL, apesar de alguns conterem TCM (MAHAN e SCOTT-STUMP, 2005) Estão disponíveis no mercado fórmulas mais concentradas em nutrientes, assim como vários sabores, consistências e modificações nos nutrientes para muitas doenças. SUPORTE ORAL PALATABILIDADE DOS SUPLEMENTOS ORAIS A quantidade de carboidrato é o fator-chave para aceitação e tolerância do paciente: Suplementos com quantidades apreciáveis de carboidratos simples: sabor mais doce, porém maior osmolaridade, o que pode contribuir para a intolerância gastrointestinal. Fórmulas mais concentradas ou volumes maiores podem contribuir para a saciedade, porém podem fazer enjoar o paladar. Suplementos orais com proteína hidrolisada e aminoácidos livres tendem a ser marcadamente impalatáveis e a aceitação pelo paciente depende de sua motivação (MAHAN e SCOTT-STUMP, 2005). SUPORTE ORAL Escolha para o Suporte Enteral: Quando o paciente tem seu TGI funcionante, mas ele não consegue suprir suas necessidades por meio da alimentação oral e ainda tem ingestão inadequada por 07 a 10 dias (não consegue se alimentar por via oral há 07 a 10 dias) e, portanto, risco de desnutrição, não existindo expectativa de ingestão oral em 3 dias. “QUANDO O INTESTINO É FUNCIONANTE E PODE SER UTILIZADO, USE-O!” Trato Gastrointestinal funcionante Movimentos peristálticos Ruídos hidroaéreos Características do Suporte Enteral Fornecimento de alimentos por meio de sondas ou ostomias; Benefícios: Fornecer maior variedade de nutrientes; vantagem imunológica (estimula o tubo digestivo); reduzir o estresse metabólico; melhorar o controle glicêmico; melhorar a função da barreira da mucosa intestinal; estimular a regeneração da mucosa intestinal e crescimento celular; a fórmula pode ser rica em fibras solúveis e glutamina; manutenção da homeostase; menor incidência de complicações; evitar a translocação bacteriana. O SE precoce satisfaz as necessidades nutricionais, promove a integridade da mucosa intestinal, melhora a cicatrização de feridas, suprime a resposta hipermetabólica, reduz a incidência de infecções, sepse, translocação bacteriana e tempo de hospitalização. Características do Suporte Enteral • - - - - - - - - - Indicações: Pacientes que não podem se alimentar (AN, AVC, neoplasias); Pacientes onde a alimentação produz dor/desconforto (DC, RCU); Pacientes com ingestão oral insuficiente (trauma, septicemia, alcoolismo crônico, queimaduras, depressão grave); Pacientes com hiporexia ou anorexia, incluindo gestantes que recusam a se alimentar pela boca; Pacientes com disfunção do TGI (SMA, SIC); Pacientes com DPOC ou com caquexia cardíaca; Pacientes com nível de consciência rebaixado; Pacientes submetidos a cirurgia maxilo-facial (lesão de face e mandíbula); Pacientes com insuficiência hepática e grave disfunção renal. Características do Suporte Enteral • Contraindicações: RGE intenso, obstrução mecânica intestinal complexa, diarréia severa, hiperêmese gravídica, hemorragia gastrointestinal severa, pancreatite aguda grave, doença terminal (quando as complicações potenciais superarem os benefícios), íleo paralítico intestinal; instabilidade hemodinâmica. As contraindicações são geralmente relativas ou temporárias mais do que definitivamente, absolutas. A escolha e execução da intervenção mais adequada requer conhecimento e acompanhamento do paciente, julgamento clínico experiente e reavaliação frequente das metas da NE, com alterações corretas, se necessário. Obs.: choque severo (contraindicação absoluta). • • • • * Seleção da Via de Acesso: Critério de escolha: Curto prazo X Longo prazo??? Riscos da sonda a LP: migração da sonda, aspiração pulmonar, lesão da mucosa do TGI, infecções das vias aéreas, paralisia das cordas vocais. Risco geral ostomia: técnica de inserção. Como deve ser a sonda? Em poliuretano ou silicone, com peso de tungstênio na ponta, fio guia metálico de preferência liso, pois não acumula sujidades e extremo proximal com conector em y. Definindo o Suporte Enteral * Local da Extremidade Distal: Pré-pilórica (sonda nasogástrica ou gastrostomia) Pós-pilórica (sonda nasoduodenal, nasojejunal ou jejunostomia) Risco > AP: tumor de cabeça/pescoço, inconsciência, traumatismo abdominal, ascite, obesidade, constipação, déficits neurológicos. Ver: vômitos/soluços incoercíveis; aumento da P intra- abdominal! • Sonda Pré-Pilórica: Estômago: Maior tolerância a várias fórmulas; Maior liberdade no volume por horário (menor fracionamento); Tolera solução hiperosmolar ou monomérica (nutrientes dissolvidos). • Sonda Pós-Pilórica: Intestino: Movimentos intestinais podem gerar vômitos e intolerâncias; Não tolera soluções hiperosmolaridades; O fracionamento deve ser aumentado e o volume diminuído. > 6 semanas * Método de Administração: - Método gravitacional: a infusão de dieta é feita com volume, horário, tempo e gotejamento pré-determinados por meio de equipo gravitacional. - Método com bomba de infusão: a infusão de dieta é feita com volume, horário, tempo e gotejamento pré- determinados por meio de bomba de infusão. IR, ICC, prematuridade. * Densidade Calórica: DC = CALORIAS VOLUME (25 a 40 ml/kg P/dia) HIPOCALÓRICA: 0,6 a 0,8 Kcal/ml NORMOCALÓRICA: 0,9 a 1,2 kcal/ml HIPERCALÓRICA:1,3 a 1,5 kcal/ml ACENTUADAMENTE HIPERCALÓRICA: >1,5 kcal/ml * Osmolalidade/ Osmolaridade: Fórmulas com grande quantidade de nutrientes hidrolisados têm maior osmolalidade (kg)/osmolaridade (litro)= monoméricas. Fórmulas Poliméricas (nutrientes intactos – para pacientes sem problemas digestivos/absortivos), Oligoméricas (proteína hidrolisada – diarreia persistente) ou Monoméricas (nutrientes dissolvidos). * Desenho da Fórmula: - Quanto à forma de preparo: Artesanal (com alimentos in natura ou industrializados ou modulada) Industrializada (em pó para reconstituição, líquida ou semipronta, pronta para uso – sistema fechado). - Quanto ao suprimento de calorias: Nutricionalmente completas (todos os nutrientes e em qtde adequada para suprir as necessidades do paciente) Nutricionalmente incompletas (um ou mais nutrientes alterados, suprindo parte das necessidades nutricionais) - Quanto à presença de elemento específico: Láctea ou Isenta de lactose Com fibras ou isenta de fibras. ARTESANAL com alimentos in natura e Industrializados ARTESANAL modulada INDUSTRIALIZADA manipulada INDUSTRIALIZADA sistema aberto e fechado * Nutrientes: - Carboidratos (frutose, glicose, sacarose, maltodextrina, amido de milho, lactose – esta quando não houver IL e seu uso é quando o nutricionista acha necessário); 55 a 60% Obs.: Fibras: 4 a 20g/litro (iniciar com quantidade mínima e evoluir segundo tolerância) – pectina, goma guar, polissacarídeo da soja. - Proteínas: 10 a 15% (caseinato de sódio, proteína de soja, soro de leite, caseinato de cálcio) Pré-pilórica: dipeptídeos, tripeptídeos ou aminoácidos (monomérica) . Pós-pilórica: proteína intacta (polimérica) - Lipídios: PUFA (óleos de peixe, milho e girassol), TCM. 30 a 35%. - Vitaminas e Minerais? Quantidade variável de acordo com o paciente. Tipos de Suporte Enteral * Aberto (quando os nutrientes industrializados são reconstituídos em área restrita e específica) * Fechado (não demanda área de preparo e as dietas industrializadas líquidas já vem acondicionadas em recipientes). - - - - Gastrintestinais: Diarreia, Distensão abdominal, náuseas, refluxo gastroesofágico e vômitos, cólicas, empachamento e flatulências, obstipação, complicações mecânicas relacionadas à sonda (sangramento da traqueia, migração da sonda, lesão isquêmica na asa do nariz, sinusite, varizes esofágicas). Aspiração pulmonar Obstrução da sonda Metabólicas: hiponatremia, hipernatremia, desidratação, hiperglicemia, hipocalemia, hipercalemia, hipofosfatemia, hiperfosfatemia, hipomagnesemia, etc. Complicações na NE O Nutricionista no Suporte Enteral * Avaliar o EN do paciente, com base em protocolo preestabelecido, para identificar o risco ou a deficiência nutricional e as suas necessidades nutricionais; * Elaborar a prescrição dietoterápica adequada às necessidades específicas do paciente, de acordo com a prescrição médica; * Formular o SE estabelecendo a sua composição qualitativa e quantitativa, seu fracionamento e formas de apresentação; * Acompanhar a evolução nutricional do paciente em SE até a alta nutricional; * Adequar a prescrição dietética, em consenso com o médico, conforme meta, evolução nutricional e tolerância digestiva do paciente; * Acompanhar o controle clínico e laboratorial do paciente contemplando ingresso de nutrientes, interações fármaco- nutriente, sinais de intolerância, alterações antropométricas, bioquímicas e hematológicas, assim como alterações em órgãos, sistemas e funções; * Garantir o registro das informações relacionadas à evolução nutricional do paciente; * Orientar o paciente, a família ou o responsável legal, quanto à preparação e à utilização da NE do período após a alta hospitalar; * Utilizar técnicas preestabelecidas de preparação da NE que assegurem a manutenção das características organolépticas e a garantia microbiológica e bromatológica dentro de padrões recomendados; * Selecionar, armazenar e distribuir, criteriosamente, os insumos necessários ao preparo da NE durante a internação; * Assegurar que os rótulos da NE tenham todas as informações necessárias; * Atender aos requisitos técnicos na manipulação da NE; * Participar de estudos para o desenvolvimento de novas formulações de NE; * Organizar e operacionalizar as áreas e atividades de preparação; * Discutir casos clínicos com a equipe multidisciplinar; * Participar, promover e registrar as atividades de treinamento operacional e de educação continuada, garantindo a atualização de seus colaboradores, bem como para todos os profissionais envolvidos na preparação da NE. * Fazer o registro, onde conste, no mínimo: data e hora da manipulação da NE; nome completo e registro do paciente; número sequencial da manipulação; número de doses manipuladas por prescrição; identificação (nome e registro) do médico e do manipulador; prazo de validade da NE; * Desenvolver e atualizar regularmente as diretrizes e procedimentos relativos aos aspectos operacionais da preparação da NE; * Supervisionar e promover inspeção nas rotinas operacionais da preparação da NE. Escolha para o Suporte Parenteral: Quando o TGI do paciente não está funcionante e espera- se que esta condição persista por pelo menos 07 dias. É recomendado que o paciente fique o mínimo possível de tempo usando o suporte parenteral, até melhorar seu EN. Características do Suporte Parenteral É a infusão por via intravenosa de uma solução estéril de nutrientes, de forma que o TGI seja completamente excluído do processo; Benefícios: mais efetiva melhoria do EN do paciente. Objetivo: manter ou melhorar o EN dos doentes que apresentam impossibilidade parcial ou completa de utilização do TGI. Indicações: TGI não funcionante, vômitos incoercíveis, diarréia grave, pré-operatório de desnutrido grave. Contra-indicações: TGI adequado, tempo menor de 07 dias, pré-operatório de pacientes discretamente desnutridos, em pacientes que não desejem a terapia. Toda dieta parenteral é hiperosmolar (monomérica – nutrientes dissolvidos)! • Desvantagens: atrofia do TGI; aumento do risco de translocação bacteriana; custo mais elevado; equipe especializada; monitorização mais frequente. Tipos: * Central ou NPT (veia de grosso calibre e alto fluxo sanguíneo): Subclávia, jugular interna, veia cava superior Recuperação nutricional Período maior (longo prazo: >1mês); em pacientes com veias periféricas pobres; necessidade de multiplos acessos venosos; maior glicose infundida Periférica: Cefálica, braquial Preservação do estado nutricional Período menor (3 a 5 dias), menor glicose infundida Menor risco de complicações Fornecimento de Nutrientes: Proteínas = aminoácidos, dipeptídeos (1 a 1,5g/kg/dia) Lipídios = óleo de soja, azeite de oliva, TCM, óleo de peixe (0,7-1, 3 (máx. 1,5) g/kg/dia) Carboidratos = glicose (3 a 4gramas/kg/dia) Misturas 3x1 (emulsões lipídicas): soluções contendo aminoácidos, glicose e lipídios em um mesmo recipiente – menor crescimento bacteriano, evitar hiperglicemia, facilitar a infusão. Os aminoácidos devem sempre ser coadministrados com glicose para evitar desperdício de aminoácidos para a produção de glicose endógena. A relação de energia não-proteica fornecida a partir da glicose e lipídios deve ser de aproximadamente 50- 70% de glicose e de 30-50% de lípidios Obrigada!
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