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mandando de injunção pa 02.docx

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DO MUNICÍPIO Y, organização sindical legalmente constituída e em funcionamento há mais de 1 (um) ano, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) nº XXX, com sede localizada no endereço XXX, neste ato representado por seu(ua) presidente Sr. Caio, por meio de seu advogado(a) ao final inscrito (mandato anexo), com escritório profissional sito à Rua XXX, n.º XXX, Bairro XXX, Cidade XXX, Estado XXX, onde recebe intimações, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo art. 5º, LXXI da CF e art. 12 da Lei n. 13.300/16), impetrar o competente
		MANDADO DE INJUNÇÃO INDIVIDUAL 
Em face da PREFEITURA DO MUNICÍPIO Y, CNPJ n° XXX, com sede localizada no endereço XXX, pelas razões de fato e de direito a seguis expostos: 
1. DOS FATOS 
Na qualidade de Presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais do Município, o Sr. Caio foi procurado pela Sra. Teresa, que é funcionária do município de Y, Estado de São Paulo, contando-lhe que exerce, há 16 anos, atividade profissional em estação de tratamento de esgoto, submetendo-se à exposição constante a agentes nocivos à saúde, pelo qual recebe adicional por insalubridade. 
 
Na ocasião, indagou-se acerca existência de Lei Complementar para regular o exercício do direito à aposentadoria especiais dos servidores públicos municipais, efetivando-se, assim, o direito previsto na constituição estadual a tal benefício e também previsto na Lei Orgânica do Município. 
 
Diante da evidente inexistência de norma regulamentadora estadual ou municipal que torne inviável o exercício de direitos assegurados em referidas normas, especialmente o direito à aposentadoria especial da Sra. Teresa e também dos demais associados, em razão da insalubridade a que a categoria está exposta, faz-se necessária à impetração do presente remédio constitucional, como será demonstrado. 
2. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
2.1 Competência 
De acordo com o Art. 125, § 1º da Constituição da República Federativa do Brasil, bem é competente o TJSP para processar e julgar os habeas data contra ato de Ministro de Estado. 
Por sua vez, o artigo 74, inc. V da Constituição Estadual do Estado de São Paulo, dispõe sobre a competência deste Tribunal para processar o presente remédio:
Artigo 74 - Compete ao Tribunal de Justiça, além das atribuições previstas nesta Constituição, processar e julgar originariamente: V - os mandados de injunção, quando a inexistência de norma regulamentadora estadual ou municipal, de qualquer dos Poderes, inclusive da Administração indireta, torne inviável o exercício de direitos assegurados nesta Constituição;
Logo, têm-se demonstrada competência originária deste Tribunal de Justiça para processar e julgar o presente remédio constitucional.
2.2 Legitimidade 
Dentre os legitimados para impetrar o Mandado de Injunção, prevê o art. 3º da Lei nº 13.300, de 23 de junho de 2016 pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas referidos no art. 2º e, como impetrado, o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora. 
No presente caso, em se tratando da Legitimidade Ativa, nota-se que o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais do Município Y atende aos requisitos do artigo 12 da Lei 13.300/16. Tratando-se do Legitimado Passivo, nota-se claramente que a Prefeitura do Município Y, que é a responsável pela inefetividade normativa que gera a impossibilidade de usufruir direito constitucionalmente previsto, é quem deve responder pela presente medida, tanto é que prevê o artigo 51 da Lei Orgânica do Município Y o seguinte: 
Art. 51 - Compete, exclusivamente, ao Prefeito a iniciativa dos projetos de lei que disponham sobre: (...) III - regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria dos servidores.
Assim, também se têm demonstrada legitimidade ativa e passiva de acordo com o ordenamento legal. 
3. DO MÉRITO 
O Mandado de Injunção é habitual, basicamente para assegurar os direitos, as liberdades e as prerrogativas constitucionais, que carecem de norma regulamentadora.
É um remédio Constitucional que visa assegurar direitos fundamentais e encontra amparo no Art 5°, LXXI da CF/88 e na Lei 13.300/2016. 
A aposentadoria especial assegurada pelo texto constitucional em razão da exposição constante a agentes nocivos à saúde, como ocorre no desempenho da atividade profissional em estação de tratamento de esgoto, prevê a norma:
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019).
Direito este que também é previsto na Constituição Estadual de SP, no seu Art 126, parágrafo 4°. 
A categoria à qual pertence a Sra. Teresa é de servidores públicos municipais, logo deveriam contar com legislação regulamentadora do direito constitucional previsto tanto na Constituição Federal quanto na Constituição Estadual. 
Sobre a responsabilidade de a Prefeitura adotar iniciativa para elaboração do projeto de lei que discipline a aposentadoria dos servidores, prevê o artigo 51 da lei Orgânica do Município Y: 
Art. 51 - Compete, exclusivamente, ao Prefeito a iniciativa dos projetos de lei que disponham sobre: (...) III - regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria dos servidores.
Conforme as previsões legais acima que amparariam o direito constitucional de Teresa e sua categoria, é evidente a ausência de lei complementar municipal regulamentadora do direito previsto na Constituição Estadual (art. 126, § 4º, III), o que torna inviável o exercício do direito à aposentadoria especiais dos servidores públicos municipais que laboram em condições especiais expostos a agentes que prejudicam a saúde ou integridade física (atividades consideradas penosas, insalubres ou perigosas), razão pela qual o mandado de injunção coletivo é o instrumento adequado à satisfação da pretensão veiculada. 
 
Diante da existência de norma constitucional de eficácia limitada ainda não regulamentada, impede-se o exercício de um direito em caso concreto (inconstitucionalidade por omissão), o direito à aposentadoria especial.
4. DOS PEDIDOS 
Diante do exposto, REQUER-SE, recebida e autuada a presente petição:
a) seja determinada notificação da autoridade coatora para prestar informações, no prazo de 10 dias;
b) seja dado ciência do ajuizamento da ação ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, devendo-lhe ser enviada cópia da petição inicial, para que, querendo, ingresse no feito;
c) seja ordenada a intimação do MP para que opine em 10 dias nos termos do art. 7º da Lei 13.300/2016;
d) seja declarada a procedência do pedido para declarar a omissão normativa, nos termos do artigo 8º da Lei 13.300/2016, uma vez reconhecida a ausência de norma regulamentadora que discipline o regime de previdência especial dos servidores municipais que desempenham atividades nocivas à saúde, determinando-se ao impetrado prazo razoável para que promova a edição da norma regulamentadora, estabelecendo as condições em que se dará o exercício do direito reclamado; 
e) a procedência do pedido, com fulcro no exposto nesta inicial. 
Dar-se o valor da causa R$1.000,00, para fins de alçada. 
			Nestes termos, pede deferimento. 
			
			Curitiba,18 de fevereiro de 2020. 
				Advogado XXX
				 OAB/XXX

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