Buscar

Prévia do material em texto

Inserir Título Aqui 
Inserir Título Aqui
Teorias e Técnicas do 
Jornalismo Audiovisual 
na Imprensa Esportiva
Técnicas de Narração em TV e Rádio
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Esp. Jesse Antonio do Nascimento Filho
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Introdução;
• O Interior é Rico em Produzir Nossos Narradores;
• Nos Dias Atuais;
• A Dicção;
• A Respiração;
• A Emoção;
• Fugindo do Óbvio;
• A Preparação para a Transmissão;
• A Grande Estrela da Companhia.
Fonte: Getty Im
ages
Objetivos
• O Narrador Esportivo é a grande atração de uma Transmissão Esportiva, seja ela na TV, seja 
no Rádio; 
• Ele é o responsável por cativar o telespectador e o ouvinte e precisa fugir da obviedade, 
principalmente, na TV;
• A profissão permite profissionais com estilos diferentes e que, ao longo do tempo, tornam-se 
uma “grife”;
• Desvendar um pouco dessa profissão e falar sobre o surgimento e a necessidade rápida de 
lapidar um profissional nos dias de hoje, e também sobre as técnicas que o profissional da 
narração precisa conhecer para desenvolver o trabalho dele da melhor maneira possível.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material 
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você 
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns 
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões 
de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e 
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de 
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de 
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de 
troca de ideias e aprendizagem.
Técnicas de Narração em TV e Rádio
UNIDADE 
Técnicas de Narração em TV e Rádio
Contextualização
O Narrador Esportivo de Rádio e TV não narra só Futebol. Ele deve estar apto e muito 
bem preparado para transmitir qualquer tipo de evento, mesmo fora da área esportiva. 
Muitas Rádios e Televisões costumam apostar nesse profissional em transmissões de 
Carnaval, por exemplo, devido à facilidade na descrição do que se passa na passarela 
do Samba. 
Mas voltando à Narração Esportiva, é importante ficar atento ao estilo das trans-
missões que ocorrem no Rádio e na TV. Não necessariamente você precisa copiar, 
mas é sempre bom ter um parâmetro de que linha pode ser seguida para ser um 
profissional de sucesso.
Por exemplo, eu sempre gostei da narração pelo Rádio, pela maneira inigualável que 
esse o veículo permite ter. 
O narrador precisa ter o dom de mexer com a emoção e com a imaginação do ouvinte. 
O narrador tem a missão de fazer o ouvinte se sentir parte do todo. 
Osmar Santos, José Silvério, Oscar Ulisses, Luís Roberto e Fiori Gigliotti são nomes 
marcantes do Rádio. 
Na TV, a narração é mais fria e o narrador tem mais dificuldade de ter a linguagem 
fácil do Rádio. 
Galvão Bueno, Milton Leite e Luciano do Valle são nomes que conseguiram 
se sobressair. 
Mas para mim, o narrador de TV mais marcante e que tinha uma linguagem especial 
para o Futebol é Silvio Luiz. 
6
7
Introdução
A Narração Esportiva é algo que mexe com o imaginário das pessoas. Muito mais, 
ainda, quando o veículo é o Rádio. 
Quem nunca ouviu os garotos, ainda pequenos ou mesmo na pré-adolescência, narrar 
trechos de uma partida de Futebol nos campos amadores das cidades brasileira, na quadra, 
na rua, no videogame ou mesmo no Futebol de botão?
Pode até ser que isso tenha rareado nos últimos anos, mas é inegável que locutores 
como Galvão Bueno, Luís Roberto, Cléber Machado, José Silvério, Osmar Santos, Os-
car Ulisses, Éder Luís, Pedro Luís, Waldir Amaral, José Carlos Araújo, Pedro Ernesto 
Denardin, Willy Gonser, Alberto Rodrigues, Osvaldo Reis, enfim, fizeram e ainda fazem 
parte do imaginário dos meninos e, porque não dizer, das meninas que gostam do Es-
porte em todo o território nacional. 
Que criança apaixonada por Futebol nunca usou um bordão desses e de outros 
ícones da Narração Esportiva do Brasil?
A decisão por ser Narrador Esportivo começa bem cedo, na maioria dos casos. 
É mais ou menos como acontece com os jogadores de Futebol. 
Não que no meio do caminho não possa haver a oportunidade de abraçar a causa. 
Pode, mas não é tão comum. 
E hoje, as necessidades da mídia também mudaram; tornaram-se mais imediatas, 
mesmo trabalhadas, vamos dizer assim. 
Dá certo? 
Até dá, mas o tempo dirá e falaremos disso ao longo da nossa jornada.
Os narradores são a grande estrela da Companhia. Eles são os maestros, que regem 
um time, e a coordenação de tudo isso é a sintonia fina e justa com os demais membros 
da equipe. 
Na respiração dele, por exemplo, o repórter entra em ação, uma vinheta é dispa-
rada... ele dá o tom. 
O Interior é Rico em Produzir 
Nossos Narradores
Desde criança, ouvi que os grandes narradores esportivos, não só eles, “nasciam 
no interior”, no caso em questão, no interior do estado de São Paulo.
E ao fazer uma pesquisa rápida, naquela ocasião, percebi que essa era mesmo a 
lógica e aquele sonho de menino de ser Narrador Esportivo tinha uma razão a mais 
de ser. 
7
UNIDADE 
Técnicas de Narração em TV e Rádio
Eu, de Jacareí, terra de grandes nomes para o Rádio Paulistano, como Darci Reis 
(locutor da Rádio Bandeirantes SP), Loureiro Júnior (comentarista da Jovem Pan SP) e 
Angelo Ananias (repórter e apresentador das Rádios Globo e CBN), tinha motivos para 
acreditar que poderia sair de Jacareí para trabalhar na Rádio Globo, em São Paulo. 
Lá chegando, depois de alguns anos, percebi, de fato, que não só o interior de São 
Paulo, mas o interior do Brasil é farto em revelar grandes nomes para a TV e para o 
Rádio brasileiros. 
Uma rápida pesquisa, em todo o Brasil, vai nos levar a narradores consagrados do 
meio. Seria injusto da minha parte citar nomes e esquecer algum grande profissional 
que tenha marcado época.
Acredito que isso se deve ao fato de que, no interior, as transmissões no Rádio, prin-
cipalmente, eram o grande sparring dos profissionais. 
Há alguns anos não faltavam eventos esportivos a serem cobertos. Eram jogos ama-
dores de Futebol, jogos das indústrias, jogos regionais, transmissão de partidas do time 
da cidade, que participava de torneios oficiais em âmbito estadual ou mesmo nacional de 
basquete, vôlei e futsal. 
Sem dúvida, isso forjava o bom profissional e ele já chegava pronto fazer acontecer 
em um grande centro, como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, 
Paraná, Recife, Belém, Salvador etc.
A ida ao grande centro, no entanto, era(é) o sonho de muitos que almejaram(am) uma 
carreira de sucesso. 
Chegar à emissora de Rádio, ligar o microfone e ser aprovado era o começo de uma 
grande história, como acontece(u) com muitos. 
Antes, havia muito da técnica, da intimidade com o microfone, com o meio no qual 
se pretendia fazer carreira. Atualmente, muita coisa mudou. 
Nos Dias Atuais
Nos dias atuais, a necessidade crescente de novos narradores esportivos fez com as 
grandes emissoras, de Rádio e de TV, começassem a ter jovens talentos no seu time. 
É verdade que a caminhada não é das mais fáceis, porque é preciso paciência para 
lapidar um narrador. O que demorava alguns anos antes (a formação relatada acima), 
agora, é para seis meses, um ano. O Mercado tornou-se dinâmico. 
A técnica de antes, agora, é forjada ao longo do tempo. Não pode haver demora. 
E aquele profissional que está no interior percebe logo cedo a oportunidade de entrar 
em uma grande emissora, sejaela de Rádio, seja de TV. 
A necessidade da transmissão de vários eventos esportivos pela TV fechada faz a 
hora e a oportunidade; antes rara, agora está aberta a todos e a todos os estilos e gostos. 
8
9
Mesmo a narração por mulheres é um Mercado restrito, mas no qual eu apostaria 
nos próximos anos. 
Não deixa de ser um nicho de Mercado interessante. As mulheres têm cada vez mais 
espaço na Mídia Esportiva e muitas delas entendem do riscado.
É fato que o preconceito é grande, mas a barreira aos poucos será quebrada, como 
também já foi em muitas outras áreas das relações trabalhistas. 
Enfim, o jogo está aí para ser jogado! 
E para quem sonha, seja homem, seja mulher, hoje, a tecnologia permite fazer coisas 
que antes não era possível. 
Criar um canal de transmissão no Youtube ou montar uma Rádio on-line pode ser o 
início de uma bela caminhada. 
Esses canais são também uma espécie de trampolim para o Mercado competitivo que 
há nos grandes centros. 
Conheço vários colegas que saíram da web e hoje estão bem empregados em grupos 
importantes da nossa Mídia: 
Hoje em dia, não basta apenas que o profissional relate aquilo que 
está vendo diante dos seus olhos. O narrador necessita ser um ânco-
ra das transmissões, saber editar e conhecer bem a competição que 
está transmitindo. Precisa passar ao torcedor na medida certa, sem 
esbarrar no histerismo que ocorre com alguns profissionais em épo-
cas de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos. Mesmo considerando as 
diferenças entre a narração no Rádio e na TV, uma coisa é comum a 
ambos os meios: o narrador precisa improvisar. (BARBEIRO; RAN-
GEL, 2015, p. 66)
A Dicção
A dicção é um dos pontos fortes do Narrador Esportivo. O profissional da Área preci-
sa ser claro na pronúncia daquilo que fala. E como fala muito rápido, no caso do Rádio, 
necessita ter habilidade para não deixar as palavras embolarem. 
Pena que muitas emissoras de Rádio e de Televisão do nosso país não investem no 
profissional, para que ele faça sessões de fonoterapia em alguns momentos da carreira, 
porque é o profissional dessa área que vai pontuar uma série de aspectos que irão trazer 
melhora significativa no uso da fala. 
No começo da minha carreira, não tinha noção da diferença que o Fonoaudiólogo 
faria na minha vida. Quando cheguei ao Rádio, em São Paulo, considerava que tinha 
uma dicção limpa, e de fato era assim, mas precisava melhorar em vários aspectos. 
Foi como voltar a aprender a falar e as sessões fizeram enorme diferença ao longo da 
minha caminhada. 
9
UNIDADE 
Técnicas de Narração em TV e Rádio
O grupo Globo, tanto no Rádio quanto na TV, sempre prezou pelo cuidado com os 
profissionais e eu estive em algumas ocasiões em sessões de fonoterapia. 
Eu precisava saber colocar a voz, dar a entonação certa, aprender a respirar, melho-
rar a dicção, enfim, foi uma boa recauchutagem, que recomendo a todos os Jornalistas 
Esportivos e mesmos àqueles que não sejam. Comunicar-se bem, ser claro, objetivo e 
preciso é fundamental para o narrador. 
Destravar a língua, cuidar das cordas vocais e aprender técnicas que forçarão em 
menor quantidade o aparelho fonador é algo que pode fazer a diferença na sua carreira 
como Locutor Esportivo. 
A Respiração
A respiração é um componente fundamental na Narração Esportiva de Rádio e 
de Televisão. 
A “melodia da transmissão” (altos e baixos na colocação do tom de uma transmis-
são – Não podemos narrar um lance na defesa como se ele fosse a bola do jogo) – por 
assim dizer, tem muita relação com a respiração, que está relacionada ao movimento 
do diafragma que, no entanto, é tema muito negligenciado pelos narradores esportivos. 
Poucos profissionais da área, no entanto, têm a exata noção de como esse é um de-
talhe que irá trazer mais harmonia para a transmissão de uma partida de Futebol e vai 
deixá-lo mais íntimo do ouvinte ou do telespectador. 
A Transmissão Esportiva linear, que tem o mesmo tom o tempo inteiro, cansa o narra-
dor e o ouvinte. É algo muito estridente e que certamente compromete a qualidade de uma 
Transmissão Esportiva. 
Nesse sentido, é importante que os profissionais da Área, que não tenham a indica-
ção de fonoterapia na Empresa, possam investir em algumas sessões para fazer a dife-
rença no Mercado de trabalho. O resultado do trabalho com um bom profissional será 
percebido em pouco tempo. 
No Material Complementar, existem informações importantes a respeito da respira-
ção. Mesmo não sendo algo específico para a Narração Esportiva, vale a pena conferir. 
As Emoções e a respiração: Ouça a análise da fonoaudióloga Leny Kyrillos, na Rádio CBN. 
A gente costuma negligenciar muito a respiração e sua importância para a nossa saúde. Do 
ponto de vista simbólico, respirar é trocar com o meio ambiente. 
Disponível em: https://glo.bo/2G7npKT
10
11
A Emoção
Para quem gosta de Esportes, não há emoção melhor do que ouvir os eventos transmi-
tidos pelo Rádio. O narrador tem o poder de mexer com a imaginação do público que o 
acompanha. Já na TV, a emoção precisa ser bem dosada, por causa das imagens.
É preciso entender que a emoção não pode ser contagiante, vez que há uma linha 
muito tênue nesse sentido e a emoção é a própria alma do Esporte.
Cometer exageros na transmissão de Eventos Esportivos pode levar a conflitos éticos.
0Os locutores precisam entender que nem toda partida de Futebol é uma decisão de 
Copa do Mundo e nem toda a disputa de 100 m rasos é uma prova na qual o locutor 
pode carregar na emoção, por ter apenas 11 segundos, no máximo, de transmissão, na 
prova final.
É óbvio que o locutor se sente contagiado pelo bastidor do evento. Esse contágio, 
naturalmente, acontece em momentos marcantes, como a disputa por um título, um 
clássico, uma decisão de um torneio importante, como no vôlei, no basquete, nos Jogos 
Olímpicos, na Copa do Mundo, mas também tem o outro lado da moeda. 
Os locutores são portares de notícias não tão boas. Imagine, a corrida que vitimou o 
piloto Ayrton Senna. Os locutores ali presentes, Galvão Bueno, pela TV Globo, e Luís 
Roberto de Múcio, pelo Sistema Globo de Rádio, sabiam que o momento era grave.
Ouça o trecho de quando Senna bateu na curva Tamburello, em Ímola, Itália, narrado por 
Luís Roberto. Disponível em: https://youtu.be/qy-VXpIuIm4
Outras situações como a morte de Serginho, do São Caetano, no Estádio do Morumbi,
e a queda de alambrado em um Estádio, como aconteceu em São Januário, entre Vasco 
da Gama x São Caetano, são situações que mexem com as emoções dos locutores. 
Nesse aspecto, sai de campo todo aquele clima “festivo”, por assim dizer, e entra um 
clima de consternação. O locutor precisa saber dosar as emoções para não se contagiar 
nem numa situação, nem noutra.
Nesses casos, é manter a frieza, controlar as emoções e ir atrás da notícia. O telespecta-
dor e o ouvinte querem um relato objetivo e fiel aos fatos. Ele, sim, deve tirar as conclusões. 
Agora, chorar e se sentir abalado por um fato que acontece e não se esperava é 
natural do ser humano. Hoje, a transparência é total e o público saberá entender. 
11
UNIDADE 
Técnicas de Narração em TV e Rádio
Fugindo do Óbvio
Os Locutores Esportivos mais tradicionais da TV e do Rádio acabam por ditar um 
padrão de transmissão, que é copiado pelos mais jovens. Isso acontece nas mais 
diferentes regiões do Brasil, quando o assunto é Rádio, e também a TV, em âmbito nacio-
nal, tem esse poder. 
Não que um padrão não possa ser copiado. Acredito que esse é o caminho; afinal, 
determinada figura sempre pode nos inspirar. 
No meu caso, por exemplo, a grande inspiração, no começo da carreira, quando havia 
decidido que gostaria de ser narrador esportivo, no Rádio, a grande inspiração foi Luís 
Roberto, apesar de admirar bastante outros locutores como Osmar Santos, Vanderlei 
Ribeiro e Paulo Soares.
Figura 1 – Com Luís Roberto e Renato Marsglia
Fonte: Acervo do Conteudista
Eu via no Luís o modelo de transmissão ideal para o Rádio, conhecedor profun-
do daquilo que estava transmitindo,com ritmo, colocações e a dose certa de emoção. 
Ele também inspirava pela desenvoltura com que conduzia a apresentação de Programas 
Esportivos no Rádio. 
É evidente que, no começo da carreira, sem as observações pertinentes de um profissio-
nal mais qualificado, não seria possível atingir um grau de maturidade suficiente para estar 
presente em grandes emissoras do país. O mais importante nesse aspecto é ter humildade 
e reconhecer que é possível crescer a todo momento.
A partir desse crescimento, é possível deixar aquele modelo de transmissão que o 
inspirava para poder imprimir um estilo diferente.
Infelizmente, porém, nota-se que muitos profissionais têm copiado outros e, no meio 
do caminho, sem a devida orientação, acabam por ser uma cópia “fajuta” e mal sucedida 
daquele que pretendeu copiar.
12
13
Na narração esportiva, principalmente, é preciso inovar e criar. O veículo, por si só, 
permite que isso seja feito. 
Na TV, o melhor caminho é fugir do óbvio e saber que existe espaço para um público 
novo, que busca mais intimidade com aquele que passa a mensagem. 
Estar bem informado é um diferencial importante, mas, infelizmente, no Rádio, não 
tem existido, por parte da maioria, o estudo para a transmissão de eventos esportivos.
Na TV, os locutores são bem mais preparados e existem equipes de produção que 
são responsáveis por municiar os locutores com todas as informações relacionadas ao 
evento que será transmitido. A equipe de apoio é muito maior do que aquela existente 
no Rádio.
A transmissão no Rádio sempre será um sucesso, vez que ela mexe com a imaginação 
do ouvinte. 
A transmissão pela Internet (webRádio) tende a se consolidar, principalmente, aquela 
que tiver transmissão com muita interatividade com o ouvinte. 
Já a TV precisa criar um modelo que a deixe no topo da pirâmide em ordem de im-
portância nas transmissões esportivas. 
O Improviso
O improviso, no Rádio e na TV, na realidade, é um componente básico na transmissão 
de eventos esportivos. O locutor que improvisa é bem preparado e não faz da transmissão 
algo que vá colocar em risco a credibilidade dele e da emissora para o qual trabalha.
Ao contrário do que a própria palavra diz, improvisar não significa deixar de estar 
preparado para circunstâncias de uma transmissão. Pelo contrário, é preciso que o 
narrador seja um conhecedor profundo das regras do jogo, daquilo que está sendo dis-
putado, dos atletas que estão em ação e, de maneira geral, do bastidor daquilo que será 
levado ao público. 
Improvisar é estudar e praticar. Como o locutor esportivo, tanto na TV como no Rádio, 
sempre está ao vivo, ele adquire vocabulário e conhecimento pertinente àquilo que será 
levado ao ar, facilitando o improviso ao longo do tempo.
Outra característica importante para a base de um improviso é a visão 
global sobre o assunto. Não adianta o jornalista se preocupar apenas 
com o evento e esquecer das consequências que aquilo pode ter pos-
teriormente. A locução da derrota de um time, por exemplo, pode 
mudar radicalmente se aquele placar representar o rebaixamento da 
equipe em questão. (SCHINNER, 2004, p. 36)
Gostaria de trazer mais uma reflexão da fonoaudióloga Leny Kyrillos para enriquecer 
nosso estudo. Ela não fala exatamente sobre o improviso na Narração Esportiva, mas o 
que ela fala precisa ser levado a sério e refletido.
13
UNIDADE 
Técnicas de Narração em TV e Rádio
Comunicação de improviso e os perigos dos lugares comuns. Comunicação constrói per-
cepção. Expressões batidas e que se repetem constroem uma ideia de falta de repertório. 
‘‘Com certeza’’, ‘‘na verdade’’, ‘‘veja bem’’ e ‘‘empoderamento’’ são algumas delas. A ideia é 
identificar lugares comuns e evitar. O improviso deve ser preparado. https://glo.bo/2G7oAKj
As Brincadeiras
A descontração é um ponto importante das Transmissões Esportivas, principalmente, 
no Rádio. O responsável pela coordenação desse ponto é o narrador. Na TV, vez ou outra,
acontece, mas é bem menos frequente, porque existe a imagem. Nos dois veículos, no 
entanto, o narrador precisa ser habilidoso e ter raciocínio rápido para não perder o 
controle da situação. 
Geralmente, no Rádio, o locutor está bem entrosado com a equipe com a qual vai 
trabalhar e, como o trabalho é quase diário, fica mais fácil ajustar a sintonia. O contato e 
a intimidade entre os profissionais é bem maior. 
A descontração é uma linha muito tênue e precisa ser feita por quem sabe fazer. 
Tentar ser engraçado pode comprometer a credibilidade do narrador, do repórter, do 
comentarista e de quem não fizer com propriedade as colocações no momento certo.
Segundo Barbeiro e Rangel (2015, p. 71), “Bom humor só atrapalha em velório. Fora 
disso é condimento necessário para as transmissões, desde que moderado. O editor-
-executivo deve alertar o apresentador se ele estiver se excedendo”.
Outro detalhe que chama atenção em muitas transmissões são as brincadeiras de 
mau gosto. 
São brincadeiras, muitas vezes internas, do dia a dia da redação, com as quais o 
ouvinte não está acostumado e, ao ouvi-las, fica sem saber do que realmente se trata. 
No Rádio, há muitos exemplos. Na TV, isso acontece em menor escala, mas ocorre, 
principalmente, nos Programas de Debate, nos quais alguns comentaristas querem ser 
as grandes estrelas do espetáculo. E vira, realmente, um espetáculo teatral, chega a ser 
cômico, para a tristeza de grande parte da crônica esportiva. 
Portanto, brincar e descontrair de forma moderada faz parte do jogo e o narrador 
precisa ter habilidade para conduzir essa situação. 
Narradores Esportivos: Humor nas transmissões. Disponível em: http://bit.ly/2UDBFp3
A Preparação para a Transmissão
O mínimo que se espera do Narrador Esportivo de Rádio e TV é que ele esteja pre-
parado para as transmissões e para os programas. 
14
15
Atualmente, não há desculpas. A Internet é forte aliada e só não busca conheci-
mento quem não quer. 
Há programas específicos que detalham as condições de jogadores, de times e de 
campeonatos. Além do Youtube, no qual o narrador pode se ater alguns minutos para 
conhecer melhor os times, os atletas e as competições.
Ainda assim, se tudo isso não funcionar, basta recorrer aos companheiros de reda-
ção, aos assessores de Imprensa e aos colegas da Imprensa. 
O Narrador Esportivo precisa estar muito bem preparado, vez que é a grande estrela 
da Companhia. Ele fala para milhares de telespectadores e ouvintes e uma colocação 
errada pode afetar a credibilidade dele e da emissora. 
Em grandes Veículos de Comunicação, os locutores recebem, ainda, vasto material 
que trata especificamente do evento que vai ao ar. 
Mas acredite, apesar de todas essas informações disponíveis, ainda há profissionais 
que chegam aos locais de transmissão sem nenhuma anotação e/ou conhecimento da-
quilo que vão transmitir. 
A preparação dos locutores esportivos em grandes Veículos de Comunicação está 
relacionada ao aquecimento vocal. Essa é uma importante tarefa para evitar problemas 
com as cordas vocais. 
Você pode afirmar que isso não acontece na maioria dos veículos do interior do 
Brasil, e vou dizer que é uma grande verdade. Mas saiba que esses heróis que 
empunham o microfone de Rádios e TVs regionais, muitas vezes, não têm noção de 
que esse é um aspecto importante.
Visitar o fonoaudiólogo é fundamental para que ele oriente o que deve ser feito. 
Esse profissional, certamente, vai passar uma lista de exercícios que irão melhorar 
sensivelmente a maneira como o narrador vai lidar com os aspectos ligados à coloca-
ção da voz. 
Ter alinhado com a Coordenação da Emissora e do Departamento de Esportes o 
que pode ser melhorado em uma transmissão também é papel do narrador. 
Ser inovador é um bom ponto de partida. Há várias possibilidades, como ser mais in-
terativo e sugerir a criação de aplicativo por meio do qual o telespectador/ouvinte possa 
participar, entre outros. 
É preciso mais do que nunca que o locutor chame para si a responsabilidade nos 
canais sociais da Emissorae dele mesmo para o evento que narrará. 
Poucos têm feito isso de maneira eficaz, porque entendem que, nas Redes Sociais, 
existem os chamados haters, que disseminam o ódio pela Internet, mas isso precisa ser 
relevado. O bom gerenciamento da ferramenta só traz benefícios. 
15
UNIDADE 
Técnicas de Narração em TV e Rádio
Há também toda a logística que envolve a transmissão de um evento, seja ele in loco, 
seja off-tube. 
Nos eventos no próprio local, o locutor precisa de condução. Quando é um jogo na 
cidade da emissora, ou ele vai com a equipe, ou em condução própria. Fora da cidade, 
vai com a equipe, com carro alugado, motorista ou de táxi. 
Off-tube
Nas transmissões off-tube, que são aquelas feitas do Estúdio, os narradores ficam 
em frente a um aparelho de TV e narram pela imagem que recebem. 
Essas transmissões são feitas devido à economia de custos, pela falta de estrutura dos 
Estádios ou mesmo pela segurança dos jornalistas. 
É evidente que a transmissão via estúdio descaracteriza totalmente uma Jor-
nada Esportiva. 
A frieza é a palavra que melhor define esse tipo de transmissão, vez que não existe 
contato com o público, não se tem o panorama de todo o Campo de Jogo – e não 
estou falando só de Futebol – e também o jornalista fica notadamente frustrado pelo 
fato de ter de transmitir no Estúdio; afinal de contas, a graça é estar presente no evento.
Mas são ossos do ofício. 
O locutor na transmissão do Estúdio precisa estar atento para não cometer erros, 
que serão bem mais naturais do que se ele estivesse no lugar do evento. 
Ver o jogo pela TV não é garantia de saber qual é o jogador que está com a posse 
de bola ou quem fez o gol, por exemplo. No Estádio, é quase uma obrigação, e nos 
momentos de dificuldade, recorre à cor do cabelo, da chuteira e a algum detalhe que 
ficou marcante para ele durante o jogo. 
Enfim, o off-tube é um limitador. 
Narração offtube: verdades sobre a prática. Disponível em: http://bit.ly/2GlKARZ
A Grande Estrela da Companhia
Não há dúvidas de que o narrador é a grande estrela de uma Equipe Esportiva. 
Nas décadas passadas, no Rádio, eles notadamente tinham uma importância ímpar, 
que foi se perdendo com o advento das novas Tecnologias, mas ainda são capazes de 
colocar brilho nos olhos e mexer com a emoção de milhares de pessoas. Com lingua-
gem única, atraía em torno do Rádio uma multidão de pessoas ávidas por ouvir uma 
partida de Futebol. 
16
17
Mais recentemente, assim como na TV, os narradores também passaram a exercer 
a função do âncora, que é o profissional que apresenta um Programa/Transmissão de 
Futebol e aciona os principais repórteres e membros de uma Equipe Esportiva.
A TV ganhou muita importância de 20 anos para cá, e isso fez com que os narra-
dores dos canais abertos e dos fechados, naturalmente, ocupassem lugar de destaque 
na Mídia Esportiva. 
Alguns têm grande relevância, como os da Rede Globo de Televisão (Galvão Bue-
no, Cléber Machado, Luís Roberto), até pelo que representa a Emissora no cenário 
esportivo atual. Ela é grande detentora dos direitos de transmissão das principais 
competições mundiais. 
Luciano do Valle, Sílvio Luís, Jota Júnior, Marco Antônio, Luís Alfredo, Geraldo 
José de Almeida, Fernando Solera e Joseval Peixoto também tiveram/têm grande im-
portância no cenário da Narração Esportiva do Brasil. 
17
UNIDADE 
Técnicas de Narração em TV e Rádio
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Manual de Redação CBN
TAVARES, Mariza. Manual de Redação CBN. São Paulo: Globo, 2011.
História do Lance!, Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo
STYCER, Maurício. História do Lance!, Projeto e prática do jornalismo esportivo. Ala-
meda, 2015.
Manual dos Locutores Esportivos
SHINNER, Carlos Fernando. Manual dos Locutores Esportivos. São Paulo: Panda 
Books, 2004 
 Leitura
Desafios do Jornalismo na Era dos Megaeventos Esportivos
http://bit.ly/2GgLRtv
18
19
Referências
BARBEIRO, H; RANGEL, P. Manual do Jornalismo Esportivo. São Paulo: Contexto, 
2006. (E-book).
COELHO, P. V. Jornalismo Esportivo. 4.ed. São Paulo: Contexto, 2011. (E-book).
OYAMA, Thaís. A arte de entrevistar bem. São Paulo: Contexto, 2017.
SHINNER, Carlos Fernando. Manual dos Locutores Esportivos. São Paulo: Panda 
Books, 2004
19