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EA D Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados 3 1. OBJETIVOS • Conhecer e aplicar os procedimentos pedagógicos ade- quados às necessidades educacionais de pessoas com de- ficiências. • Criar adaptações e meios para desenvolver os conteúdos convencionais da Educação Física às necessidades educa- cionais de pessoas com deficiências. • Conhecer e desenvolver conteúdos físicos, esportivos e re- creativos adaptados às pessoas com deficiências. • Incentivar a participação de pessoas com deficiências em atividades físicas, esportivas e recreativas diversificadas. 2. CONTEÚDOS • Procedimentos pedagógicos, estratégias de ensino e adap- tações às necessidades especiais de pessoas com deficiên- cias. © Educação Física Especial e Adaptada138 • Estratégias de inclusão: tutoria, ensino colaborativo e consultoria. • Adaptações curriculares e pedagógicas: modificações quanto à orientação e instrução, aos equipamentos e ma- teriais, ao espaço físico e às regras. • Conteúdos e manifestações da cultura corporal do mo- vimento aplicados às necessidades especiais de pessoas com deficiências. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Diante das estratégias de ensino e das adaptações suge- ridas nesta unidade, procure se imaginar em uma situa- ção de prática pedagógica em que você esteja diante de pessoas com deficiências e tente antecipar quais seriam as dificuldades envolvidas. Compartilhe suas dúvidas com seus colegas e com o tutor. 2) A seguir, apresentamos a você dois vídeos, cujas temáti- cas serão tratadas nas próximas páginas. a) Educação Física Inclusiva. Disponível em: <http:// www.portalsaofrancisco.com.br/videos-de-espor- tes/videos-de-educacao-fisica.php Acesso em: 5 mar. 2012. b) Esportes Paraolímpicos. Disponível em: <http:// www.brasil.gov.br/sobre/esporte/esporte-parao- limpico >. Acesso em: 5 jan. 2012. 3) Para enriquecer ainda mais seus conhecimentos, gosta- ríamos de deixar algumas imagens, referentes ao último tópico abordado, isto é, Os Esportes Paraolímpicos; tais esportes também constituem um exemplo de esporte adaptado. Acesse o site disponível em: <http://www. brasil.gov.br/sobre/esporte/esporte-paraolimpico>. Acesso em: 24 jan. 2012; assista ao vídeo e guarde essas imagens e informações com você. 139 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Na unidade anterior, você teve a oportunidade de conhecer as necessidades especiais de pessoas com deficiências e os prin- cipais conceitos relacionados aos principais tipos de deficiências: 1) visual; 2) auditiva; 3) intelectual; 4) motora. Foram ainda discutidos os critérios de avaliação e classifica- ção dos vários tipos de deficiência, as causas e fatores etiológicos, as características, os cuidados e as implicações pedagógicas rela- cionados a cada uma delas. Ao projetarmos o processo de inclusão escolar e a necessi- dade de serviços de apoio, partimos da ideia de que a inclusão é mais do que uma mudança no sistema de ensino para o aluno com necessidades educacionais especiais, uma vez que determinamos a importância de transformações profundas na escola, no que se refere à metodologia, ao currículo e à avaliação, bem como mu- danças mais subjetivas quando nos referimos às concepções de apoio essenciais durante o processo de inclusão desse aluno no ensino regular, para que ele obtenha sucesso na realidade educa- cional. Em um programa de Educação Física na perspectiva inclusi- va, a diversidade é abordada sob vários aspectos, não se restrin- gindo apenas à condição das pessoas envolvidas, mas, sobretudo, à qualidade das oportunidades de vivência da Educação Física em suas diferentes manifestações. A diversidade está presente nas metas, nos currículos, nos conteúdos, nas estratégias e procedimentos pedagógicos, nos ma- teriais e recursos empregados, nos locais e ambientes de interven- ção, nos métodos de avaliação e em todos aqueles que participam do processo de ensino-aprendizagem. O que se preconiza é que a © Educação Física Especial e Adaptada140 ênfase recaia sobre o programa, e não propriamente sobre a de- ficiência, até porque um mesmo indivíduo pode apresentar múlti- plas necessidades educacionais (MUNSTER, 2006). Torna-se necessário ressaltar que a compreensão da defi- ciência deve se pautar não pela limitação, comprometimento ou falta de funcionalidade em um órgão ou segmento corporal, mas pelo potencial do indivíduo e pela capacidade das pessoas que o rodeiam, buscando adaptação mútua a essa condição. Como sugerem Pedrinelli e Verenguer (2008), é necessário olhar para a pessoa com deficiência e perceber “[...] não a limita- ção, nem a desvantagem, mas as capacidades, as possibilidades, as potencialidades dessas pessoas, ou seja, a essência do ser hu- mano”. Nesse sentido, o desafio desta unidade consiste agora em conhecer e selecionar as estratégias de ensino mais adequadas às necessidades das pessoas com deficiência, bem como identificar e criar adaptações curriculares e pedagógicas que permitam a parti- cipação dessa população nas aulas de Educação Física Escolar sob a perspectiva inclusiva. 5. ESTRATÉGIAS PARA A INCLUSÃO Entre os benefícios de um programa de Educação Física in- clusivo, Winnick (2004) ressalta que a inclusão propicia aos alu- nos um ambiente mais estimulante e motivante; oferece melhores oportunidades para que as pessoas com deficiência desenvolvam habilidades sociais e lúdicas adequadas à idade; facilita as relações de amizade entre alunos que apresentam ou não deficiência; e fa- vorece o aperfeiçoamento de habilidades em todas as áreas do desenvolvimento. A inclusão (Figura 1) está calcada em princípios como acei- tação das diferenças, valorização de cada indivíduo, convivência dentro da diversidade humana e aprendizagem por meio da coo- 141 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados peração, visando tornar a sociedade mais humana e inclusiva (SAS- SAKI, 2003). Figura 1 Inclusão Escolar. Todavia, é necessário que o sistema de ensino ofereça con- dições para que os serviços de apoio e suporte à inclusão escolar possam ser efetivados. Instalações físicas adequadas e materiais adaptados, qualidade na formação de recursos humanos e aten- ção às necessidades de todos os envolvidos nesse processo são algumas dessas condições. Para que se possa desenvolver uma educação que promova ensino e aprendizagem a todos os alunos, independentemente de suas condições, vários autores têm se dedicado a desenvolver es- tratégias que possam favorecer o processo de inclusão no sistema © Educação Física Especial e Adaptada142 regular de ensino; dentre elas, estão incluídos: tutoria, ensino co- laborativo (ou coensino) e consultoria. Tutoria A tutoria é uma das técnicas que tem o propósito de auxiliar a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no processo de ensino-aprendizagem. Além disso, é uma das estraté- gias de ensino que vem sendo adotada nas escolas, onde o profes- sor prepara um colega de sala ou da escola para auxiliar e ajudar o aluno com necessidades educacionais especiais. A tutoria é uma via de mão dupla; por meio dela, todos os envolvidos no processo educacional aprendem e se beneficiam mutuamente. Segundo Mauerberg de Castro (2005a, p. 9), a premissa bá- sica da tutoria é que: A individualidade preservada no modelo inclusivo nasce da rela- ção entre as pessoas diferentes e não mais da necessidade espe- cial individual, solitária, centrada em diagnósticos. Ambas as partes aprendem e ensinam a si próprias, ao outro e ao educador. A partir do momento em que a pessoa com necessidades educacionais especiais foi inserida no modelo de ensino regular, a escola tentaresponder a todos os alunos na condição de indi- víduos, respeitando, dessa maneira, as suas diferenças, que são encaradas como algo positivo na natureza humana. Geralmente, o número de alunos sugerido por sala de aula é grande, o que, muitas vezes, faz que o professor sinta dificuldade de atender e atuar sobre cada caso individualmente. Por isso, o colega tutor pode ser muito importante nesse processo, assumin- do a responsabilidade de fornecer ao indivíduo com necessidades educacionais especiais informações sobre o que estão realizando e auxiliá-lo quando necessário (MAUERBERG DE CASTRO, 2005a). Segundo Nabeiro, Lieberman e Wisckochil (2002), o papel do colega tutor é ajudar aos alunos com deficiência a receberem 143 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados maior número de instruções e feedback, podendo, dessa forma, facilitar o processo de aprendizagem. Antes de interagir com os alunos que apresentam necessi- dades especiais, os colegas tutores devem passar por um treina- mento para receber instruções sobre a forma correta de agir em diferentes situações. Eles devem ser treinados e supervisionados pelos professores, que tentam transmitir um conhecimento sim- plificado sobre o tipo de deficiência que a pessoa com necessidade educacional especial apresenta, além de alertá-los para aspectos de segurança e manobras físicas que facilitam a independência do aluno com deficiência. O trabalho do tutor deve ser sério e direcionado, pois, em- bora participe das aulas, precisa estar sempre atento e ciente de ter que corrigir e auxiliar o indivíduo sobre sua responsabilidade. É importante que o professor demonstre e explique as atividades que serão trabalhadas antecipadamente e, sempre que possível, fazer questionamentos sobre como o tutor reagiria em certas si- tuações que poderiam ocorrer durante a aula. É de fundamental importância haver uma boa comunicação entre tutor, aluno e pro- fessor (BIANCONI, 2006). Em síntese, a tutoria, de acordo com Block e Krebs (1992), é uma técnica instrucional que pode consistir em um meio efeti- vo de prover instrução de qualidade para alunos com deficiência inseridos nas aulas de Educação Física Escolar. Um aluno previamen- te designado para tal atua como tutor de um aluno com deficiência, provendo a instrução por meio de dicas, técnicas de ensino e feedback (COSTA; SOUZA, 2010). Ensino colaborativo O sistema de ensino deve reconhecer a necessidade de pro- fessores de apoio nas salas de aula, comprometidos em auxiliar o professor da sala de aula a desenvolver estratégias e atividades que incluam os alunos com necessidades educacionais especiais, © Educação Física Especial e Adaptada144 proporcionando a esses indivíduos melhores condições de apren- dizagem. Tal situação caracteriza o ensino colaborativo. Os professores, habituados a trabalhar com turmas de alu- nos supostamente homogêneas, muitas vezes, sentem-se insegu- ros e despreparados para atuar dentro da perspectiva da inclusão, devido ao desconhecimento acerca das deficiências e das neces- sidades educacionais apresentadas pelos alunos. Tal fato deve-se, principalmente, à falta de articulação e à troca de informações en- tre os profissionais da rede regular de ensino e os profissionais da área da Educação Especial (GODOY, 2002; RODRIGUES, 2004). Para que ocorra a inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais na classe de ensino regular, é necessário adequar a formação dos profissionais que atuam nessas institui- ções às necessidades educacionais especiais, definir uma política que venha subsidiar princípios e práticas para essa população e desenvolver uma pedagogia que se ajuste às necessidades de cada criança, e não cada criança se adaptar ao ritmo e à natureza do processo educativo implantado (TESINI; MANZINI, 1999). Quando o professor do ensino regular não está qualificado para atuar com as necessidades especiais de seus alunos, pode comprometer a efetivação do processo inclusivo. Diante de situações como essa, faz-se necessária a imple- mentação de um professor de apoio nas salas de aula ou, até mes- mo, fora delas, já que o objetivo é ajudar o professor do ensino regular a desenvolver um programa pedagógico que inclua todos os alunos. A estratégia de ensino colaborativo tem um papel muito im- portante nesse momento, pois oferece oportunidade aos profes- sores de trabalharem em equipe. A troca de experiências entre os profissionais que participam do processo colaborativo faz que suas habilidades produzam efeitos visíveis sobre a aprendizagem dos alunos. 145 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados O professor de apoio deverá reunir competências para atuar em parceria com os profissionais das diferentes áreas do conhe- cimento, sendo corresponsável pelo processo de ensino-aprendi- zagem dos alunos. Por exemplo, nas aulas de Educação Física, o professor deveria contar com o apoio de um profissional com co- nhecimento em Educação Física Adaptada. Para que essa estratégia de ensino seja eficaz, é necessário que cada professor se responsabilize por estudar e informar-se acerca das dúvidas existentes, bem como de novos conteúdos, para que possam adequar as aulas e promover a real inclusão de todos os alunos. Em síntese, o ensino colaborativo é uma estratégia que en- volve a parceria entre o professor do ensino comum e o professor da educação especial. A atuação dessa parceira de trabalho deve ocorrer dentro de um mesmo espaço físico: a classe comum, na escola regular. A finalidade do ensino colaborativo é o desenvolvimento de metodologias de ensino, adaptações curriculares e modelos de avaliação mais adequados para o sucesso da aprendizagem e so- cialização do aluno com necessidades especiais na escola regular (COOK; FRIEND, 1995). Consultoria Além do processo de assistência direta ao professor (ensi- no colaborativo) ou ao aluno (tutoria), é fundamental desenvolver serviços de apoio e envolvimento à família, além do contato com outras instituições e entidades, que podem facilitar a troca de in- formações e o esclarecimento de possíveis dúvidas. Consultoria, dentro dos conceitos referentes à inclusão, ca- racteriza-se pelo apoio e envolvimento da família na escola, pelo contato com outras instituições e entidades, além de profissionais que não unicamente os da área de Pedagogia. Tem por finalidade melhorar as condições de aprendizagem dos indivíduos com ne- cessidades educacionais especiais. © Educação Física Especial e Adaptada146 A presença de um corpo técnico especializado nas escolas, composto por fonoaudiólogos, psicólogos e fisioterapeutas, com a presença dos pais, professores de Educação Física e de outras disciplinas, bem como a coordenação, é muito importante, pois fo- menta vários debates, soluções de problemas e, até mesmo, uma reestruturação do planejamento de aula. Segundo Stainback e Stainback (1999), a equipe de apoio é um grupo de pessoas que se reúne para debater, resolver proble- mas e trocar ideias, métodos, técnicas e atividades para ajudar os professores e/ou os alunos conseguirem o apoio de que necessi- tam para serem bem-sucedidos em seus papéis. A equipe pode ser constituída de duas ou mais pessoas, tais como alunos, diretores, pais, professores de classe, psicólogos, terapeutas e supervisores. A estratégia básica da consultoria consiste na troca de ex- periência entre os diversos indivíduos que compõem a equipe de apoio, destacando-se por possibilitar aprendizagem a todos. Vale ressaltar, ainda, que a participação dos pais é de fundamental im- portância, pois eles conhecem, melhor do que qualquer indivíduo, as dificuldades, facilidades e habilidades de seus filhos, além de serem os responsáveis por incentivar a criança nas atividades edu- cacionais realizadas em casa e ajudarna orientação de seu pro- gresso escolar. Os pais devem ser convidados a participar das discussões so- bre as adaptações curriculares, escolhendo, sempre que possível, a resposta educativa em relação aos seus filhos. Tal participação e planejamento das aulas devem ter sempre o intuito de romper barreiras e promover aprendizagem. Colaboração e consultoria efetivas iniciam-se com profissio- nais conhecedores de suas próprias profissões e capazes de enten- der e respeitar a experiência dos outros membros da equipe. Esses membros terão diferentes conteúdos e filosofias de treinamento, que deverão ser comunicados e respeitados para que exista uma relação de trabalho efetiva (LAVAY et al., 2003). 147 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados Uma vez que a consultoria é formada por pais e profissionais de áreas bem diferentes, tal estratégia pode fornecer um conheci- mento diversificado e aprofundado sobre as pessoas com neces- sidades especiais. Além disso, deve transmitir informações sobre aspectos clínicos (como frouxidão dos ligamentos, problemas car- díacos, equilíbrio etc.), pedagógicos (como dificuldade para ler e escrever etc.) e, também, comportamentais e atitudinais dessas pessoas para os educadores responsáveis por desenvolver um tra- balho com elas. Por meio do melhor conhecimento das dificulda- des educacionais do educando, os educadores podem adaptar e modificar os currículos, bem como a maneira pela qual trabalha- rão, com o objetivo de proporcionar um melhor aprendizado aos alunos (BIANCONI, 2006). A consultoria consiste, sobretudo, em um trabalho conjunto de pais, educadores e profissionais da área da Saúde, em prol de um objetivo comum: promover e possibilitar o desenvolvimento adequado e a inclusão de indivíduos com necessidades educacio- nais especiais no mundo social. 6. ADAPTAÇÕES CURRICULARES E PEDAGÓGICAS A fim de possibilitar a vivência de conteúdos diversificados, torna-se necessário recorrer a procedimentos curriculares e peda- gógicos variados e específicos, visando modificações para atender às necessidades educacionais do aluno com deficiência. Algumas atividades só se tornam acessíveis a pessoas com determinadas deficiências e mediante adaptações. Conforme Sherrill (1998), o processo de adaptação consiste no manejo de variáveis para alcançar as respostas desejadas. Tal processo deve ser contínuo, dinâmico e bidirecional (recíproco), sofrendo influ- ência de sete variáveis: 1) relativas ao ambiente temporal; 2) relativas ao ambiente físico; © Educação Física Especial e Adaptada148 3) nos equipamentos e materiais; 4) no ambiente psicossocial; 5) de aprendizagem; 6) na instrução e informação; 7) relativas às tarefas. Seguindo essa ideia, Rodrigues (2006, p. 41,) entende que: O processo de adaptação de uma atividade consiste em intervir sobre um conjunto de variáveis influenciando o seu maior ou me- nor grau de dificuldade. A manipulação dessas variáveis permitirá sintonizar o nível de exigência da atividade com as capacidades de desempenho do aprendiz. Portanto “adaptar” é adequar a exigência da tarefa ao nível de desempenho do executante. Ao sugerir adaptações durante a prática de atividades, o professor pode seguir alguns princípios propostos por Lieberman (2002): 1) Incentivar a pessoa com deficiência a participar das de- cisões relativas às variáveis de adaptação, considerando a aceitação ou não das modificações por parte do inte- ressado. As adaptações que acentuam a aparência ou percepção das diferenças nem sempre são bem-vindas. 2) Proporcionar opções de escolha entre as variáveis de adaptação e possibilidades de combinação entre elas. Permitir que a pessoa selecione o tipo de equipamento, o estilo de ensino, as modificações de regras ou altera- ções no ambiente mais adequados às suas necessidades. 3) Garantir a participação da pessoa com deficiência nas atividades, ainda que seja necessária assistência física, decrescendo o nível de apoio gradativamente. 4) Oferecer a mesma variedade de jogos, esportes e ati- vidades recreativas às crianças que apresentam ou não deficiência. 5) Incentivar a prática de atividades coletivas e comunitá- rias sempre que possível. 149 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados As adaptações precisam ser constantemente avaliadas e analisadas, pois as necessidades dos alunos também se alteram periodicamente, requerendo novos ou diferentes ajustes. Segundo Pedrinelli (2003, p. 97), “[...] tornar um programa adequado para todos pode necessitar mais ou menos modifica- ções, às vezes no estilo de ensino, às vezes em algumas regras, às vezes no ambiente, às vezes no equipamento”. Nesse sentido, Lieberman (2002) propõe quatro tipos de adaptações cujas modificações se referem: 1) à instrução; 2) ao equipamento; 3) ao ambiente; 4) a regras. Consideramos importante acrescentar a essas adaptações alguns ajustes relacionados ao currículo, que denominamos “ade- quações curriculares”, conforme será apresentado a seguir. Adequações curriculares Ao elaborar um programa de Educação Física Escolar que inclua pessoas com deficiência, o primeiro passo é procurar es- tabelecer um diagnóstico inicial (conforme sugerido no Tópico 4 da Unidade 2), com o intuito de examinar e investigar as circuns- tâncias relativas às pessoas envolvidas nesse processo, ou seja, ao indivíduo que apresenta a condição de deficiência e ao seu grupo de convivência. É importante conversar sobre as preferências e ex- periências anteriores de ambas as partes, identificando interesses e metas comuns. O professor deve acolher e receber todos os alunos com o mesmo nível de atenção e consideração. A curiosidade e as per- guntas que eventualmente surgirem devem ser respondidas com naturalidade. O professor deve garantir oportunidades de partici- pação a todos (individualmente ou em grupo), mantendo o foco © Educação Física Especial e Adaptada150 nas capacidades, e não nas limitações. Sobretudo, é fundamental promover a conscientização por meio da convivência. Os programas de Educação Física devem revestir-se com as características dos contextos nos quais estão inseridos, ou seja, suas metas devem adequar-se/ajustar-se às propostas vigentes nos possíveis locais de intervenção. Consideram-se locais de inter- venção aqueles onde são desenvolvidas atividades físicas, espor- tivas e recreativas que pressupõem a aplicação de conhecimentos pedagógicos, técnicos e científicos, mediante a atuação ética e responsável do profissional de Educação Física (PEDRINELLI; VE- RENGUER, 2008). Entre os cenários mais comuns à intervenção do profissional, destacam-se escolas, instituições, centros comu- nitários, clubes, academias, acampamentos e colônias de férias, clínicas, spas, órgãos públicos, entre outros. Especificamente, no nosso caso, concentraremos nossa atenção no ambiente escolar. Sobre os objetivos, Pedrinelli e Verenguer (2008) ressaltam que, uma vez conhecidas as metas do programa, convém modifi- cá-las apenas quando necessário, em prol da integridade das ativi- dades e respeito a todos os participantes. A diversidade de pessoas e metas implica, também, em currí- culos diferenciados, com composição e distribuição de conteúdos selecionados e organizados conforme as expectativas e necessi- dades individuais e do grupo. Nos currículos regulares ou tradi- cionais, a ênfase recai sobre o produto, partindo do pressuposto da uniformidade e homogeneidade. Já os currículos inclusivos se voltam para o processo, com base no princípio da diferenciação. Na perspectiva de Rodrigues (2001, p. 29), o currículo é en- tendido como: “[...] o conjunto de experiências planejadas propor- cionadas a um indivíduo ou grupo, tanto em atividades acadêmi-cas como em outros contextos habilitativos, com vista a melhorar a sua inclusão social e a sua qualidade de vida”. Tal concepção é resultante de práticas e valores emanados dos conceitos de educação, diferença e habilitação. O referido 151 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados autor destaca três aspectos determinantes no desenvolvimento curricular de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais: • a seleção do modelo; • a diferenciação; • a funcionalidade. Em relação aos modelos de desenvolvimento curricular, Ro- drigues (2001) identifica: • a lógica morfológica, determinada pela planificação de objetivos terminais e estratégias para alcançá-los em lon- go prazo; • a lógica contextual, pautada em experiências de aprendi- zagem que se pretende proporcionar ao aluno; • a lógica situacional, salientada por definir objetivos a cur- to prazo e em conformidade com a capacidade e potencial do educando, na perspectiva da continuidade contígua. O autor ressalta que esse último (continuidade contígua) pa- rece ser o modelo mais adequado a crianças que apresentam de- ficiências, uma vez que o repertório comportamental referente ao estágio de desenvolvimento em que o aluno está fornece a base para o estágio subsequente. A diferenciação curricular consiste no processo de ajuste dos objetivos às capacidades e motivações do indivíduo ou grupo a que se destina. O currículo diferencial pode ser instaurado me- diante constituição de pequenos grupos, criação de classes espe- ciais, individualização ou personalização do ensino, entre outros métodos. A funcionalidade curricular estabelece-se como reação às tendências ocupacionais e de escolarização observadas nos cur- rículos tradicionais. A concepção de currículo funcional volta-se à autonomia e qualidade de vida do aluno, valorizando aspectos que atribuem significados que extrapolam a mera ideologia escolar ou ocupacional. © Educação Física Especial e Adaptada152 Ao escrever sobre a inclusão de alunos com deficiências em classes regulares, Craft (1996) sugere quatro opções curriculares que podem ser aplicadas a diversos ambientes, conforme as ne- cessidades evidenciadas: 1) Currículo único: alunos que apresentam ou não defici- ência participam das mesmas atividades curriculares. 2) Currículo em níveis diferenciados: todos os alunos de- senvolvem as mesmas unidades temáticas constituintes do currículo, porém, com objetivos e níveis distintos, conforme as necessidades apresentadas. 3) Currículo com sobreposição: um grupo de alunos de- senvolve as mesmas unidades temáticas, mas pratica atividades diferentes ou adaptadas. 4) Currículo alternativo: são oferecidas atividades alterna- tivas. Os currículos na área de Educação Física abrangem um am- plo repertório relacionado à cultura corporal de movimento, ca- racterizado pela multiplicidade e pluralidade de conteúdos a se- rem desenvolvidos em diferentes níveis de ensino. Quando se pensa em adequação curricular, é válido lembrar que, ao selecionar os conteúdos de um Programa de Educação Física, é preciso atentar para o fato de que “todas as vezes que escolhemos o que ensinar, escolhemos também o que deve ser ignorado” (CARMO, 2002, p. 10). Cabe ressaltar que o currículo voltado para a inclusão de pessoas com deficiências não necessariamente se diferencia em conteúdos, mas compreende técnicas, formas de organização e adaptações específicas, visando atender às necessidades especiais dos educandos e assegurar sua participação em programas de Educação Física (BUENO; RESA, 1995). Uma vez que os conteúdos não se diferenciam, há que se investir na metodologia e nas estratégias de ensino-aprendizagem, conferindo um tratamento pedagógico adequado às atividades mi- nistradas, conforme será detalhado a seguir. 153 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados Adaptações pedagógicas Modificações quanto à instrução O professor dispõe de diferentes ferramentas e técnicas para adequar sua orientação às necessidades do indivíduo ou grupo. Uma vez que os alunos apresentam diferentes modalidades de aprendizagem, o professor deve conhecer e identificar o estilo de ensino mais adequado a cada situação, conforme a preferência ou necessidade do aluno. Lieberman (2002) e Rich (2004) descrevem quatro estilos de ensino: 1) Estilo por comandos: as decisões quanto ao conteúdo da aula, organização do ambiente e padrões satisfatórios de desempenho são estipulados pelo professor. 2) Estilo por tarefas: o professor desenvolve uma série de tarefas que progressivamente conduzem ao cumprimen- to dos objetivos. 3) Estilo por descoberta guiada: por meio de questões ou breves indagações, o professor conduz o aluno ao longo de uma série de desafios progressivos que resultam na descoberta do movimento proposto. 4) Estilo solução de problemas: preconiza o desenvolvi- mento de múltiplas soluções frente a um problema for- mulado pelo professor, conforme critérios preestabele- cidos. A seguir, são apresentados vários tipos de abordagem em uma sequência de apresentação das informações que visa garantir maior autonomia ao indivíduo com deficiência. Em determinadas situações, pode-se utilizar as técnicas de instrução em combinação ou associação; em outras, basta o uso de apenas um dos modelos seguintes (LIEBERMAN, 2002): 1) Orientação verbal: explicar verbalmente, de forma clara e objetiva, o que se espera que o aluno faça. 2) Demonstração: exemplificar, por meio de ações de- monstrativas ou utilização de modelos, o que se espera que o aluno desenvolva. © Educação Física Especial e Adaptada154 3) Assistência física: fornecer assessoria física ou guiar o movimento do aluno conforme a ação esperada, para que ele apreenda o movimento cinestesicamente. 4) Brailling: conduzir o aluno a tocar e perceber, por meio do tato, a execução de um movimento ou habilidade re- alizado pelo professor ou por um colega. No Quadro 1, você poderá visualizar alguns exemplos de adaptações relacionadas às orientações e às instruções para cada tipo de deficiência. Quadro 1 Adaptações relacionadas às orientações e às instruções. TIPO DE DEFICIÊNCIA ADAPTAÇÕES QUANTO À INSTRUÇÃO DEFICIÊNCIA VISUAL – Dirigir-se à pessoa chamando-a sempre pelo nome. – Antecipar as ações verbalmente, para não surpreender ou assustar a pessoa. – Utilização de descrição verbal precisa. – Recorrer à demonstração tátil ou cinestésica somente quando necessário. DEFICIÊNCIA AUDITIVA – Utilização de demonstrações visuais durante a explicação. – Utilização simultânea de gestos e língua de sinais durante a comunicação. – Observar o posicionamento do instrutor em relação à pessoa surda para favorecer a leitura labial. – Não exagerar na intensidade da voz e na articulação das palavras. DEFICIÊNCIA INTELECTUAL – Identificar o nível de apoio que o aluno necessita. – Apresentar pequena quantidade de informação por vez. – Aumentar o grau de dificuldade e complexidade gradativamente. – Organizar e sistematizar as instruções para assegurar a transferência de aprendizagem a situações cotidianas. – Não infantilizar a linguagem. DEFICIÊNCIA MOTORA – Conhecer o tipo de deficiência motora e o nível funcional de cada pessoa, para prescrever atividades adequadas às suas possibilidades Fonte: adaptado de Munster e Almeida (2006, p. 88-89). 155 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados Modificações quanto aos equipamentos e aos materiais As adaptações nos equipamento são ajustes e modificações realizados nos equipamentos convencionais ou originais para tor- ná-los adaptados às necessidades do indivíduo, assegurando-lhe, assim, um melhor desempenho na atividade proposta. Aspessoas com deficiências podem necessitar de equipa- mentos adaptados para compensar eventuais limitações na mo- bilidade, dificuldade de preensão, diminuição nas capacidades visuais e/ou auditivas, déficit nas funções cognitivas, dificuldade de concentração etc. Além disso, os equipamentos e materiais uti- lizados devem ser apropriados à idade dos participantes. No Quadro 2, você poderá visualizar alguns exemplos de adaptações relacionadas aos equipamentos e aos materiais segun- do cada tipo de deficiência. Quadro 2 Adaptações relacionadas aos equipamentos e aos materiais. TIPO DE DEFICIÊNCIA ADAPTAÇÕES QUANTO AOS EQUIPAMENTOS E AOS MATERIAIS DEFICIÊNCIA VISUAL – Substituir informações visuais por sinais auditivos ou táteis, tais como guizos, sinos ou dispositivos eletrônicos. – Ampliação do tamanho de alvos, bolas e demarcações. – Em caso de baixa visão, observar diferenças de cores, nitidez no contorno e utilização de contrastes. DEFICIÊNCIA AUDITIVA – Substituição de sinais sonoros por visuais, tais como aceno de bandeira em vez do uso de apito, ou o disparo de flash em vez de tiro. DEFICIÊNCIA INTELECTUAL – Aumentar tamanho de bolas, raquetes e outros implementos. – Utilizar bolas e objetos mais leves e que apresentem uma trajetória mais lenta, como bexigas, por exemplo. – Utilizar chapéus, máscaras e outros acessórios para que a criança visualize a diferença de papéis durante as brincadeiras. DEFICIÊNCIA MOTORA – Utilizar bolas leves e macias. – Utilizar cintos e faixas para fixação do indivíduo à cadeira de rodas. – Fixar implementos como raquetes, remos e bastões às mãos das pessoas com dificuldade de preensão manual por meio do uso de velcro, faixas e esparadrapo. Fonte: adaptado de Munster e Almeida (2006, p. 88-89). © Educação Física Especial e Adaptada156 Modificações quanto ao espaço físico Algumas variáveis no ambiente podem interferir diretamen- te na qualidade do processo de ensino-aprendizagem de pessoas com deficiências. Ultrapassadas as barreiras arquitetônicas para chegar ao local das práticas de Educação Física, ainda há algumas medidas que podem facilitar a participação dos alunos nas aulas. A maior parte das adaptações ambientais é percebida ape- nas diante das dificuldades ou das necessidades apresentadas pe- los alunos. As pessoas com deficiência visual, por exemplo, necessitam da disposição de referências sonoras ou táteis no ambiente para facilitar sua orientação espacial. Já as pessoas com deficiências fí- sicas podem precisar de modificações relacionadas à variação na altura da rede da quadra de voleibol; no handebol em cadeira de rodas, a baliza (travessão) deve ser rebaixada em 40 centímetros, para compensar a altura do goleiro que joga sentado, e assim por diante. No Quadro 3 a seguir, você poderá visualizar alguns exem- plos de adaptações relacionadas ao espaço físico para cada tipo de deficiência. 157 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados Quadro 3 Adaptações relacionadas aos equipamentos e aos ma- teriais. TIPO DE DEFICIÊNCIA ADAPTAÇÕES QUANTO AO ESPAÇO FÍSICO DEFICIÊNCIA VISUAL – Conduzir a pessoa cega a fazer o reconhecimento espacial do local. – Comunicar qualquer mudança ou alteração na disposição de objetos no espaço físico. – Cuidados com portas entreabertas e objetos pendurados ou suspensos. – Incluir demarcações táteis nos pisos por meio de carpetes ou barbante fixado com fita adesiva. – Disposição de sinais sonoros no ambiente para facilitar a orientação espacial. – Adequar a luminosidade no ambiente. DEFICIÊNCIA AUDITIVA – Observar os cuidados com a segurança nos diferentes ambientes como piscina, quadra, playground etc. DEFICIÊNCIA INTELECTUAL – Observar os cuidados com a segurança nos diferentes ambientes como piscina, quadra, playground etc. – Diminuir a distância observada no posicionamento do participante em relação à trave, alvo, pinos de boliche etc. DEFICIÊNCIA MOTORA – Adequar as instalações, removendo barreiras arquitetônicas. – Cuidado com o uso de muletas e de bengalas em pisos lisos e escorregadios. – Observar as condições de temperatura da água da piscina para evitar espasmos musculares e disfunções por distúrbios de termorregulação. Fonte: adaptado de Munster e Almeida (2006, p. 88-89). Modificações quanto às regras As adaptações nas regras consistem em qualquer alteração relacionada às regras originais ou culturalmente preestabelecidas em um jogo. Eventualmente, são necessárias adaptações nas re- gras para que as pessoas com deficiência possam ser satisfatoria- mente incluídas em determinadas atividades. Para aumentar a chance de participação de um aluno com deficiência intelectual em um jogo coletivo, por exemplo, pode-se solicitar que, antes de conceder a posse de bola à outra equipe, necessariamente, ela seja passada a esse aluno. Ou, ainda, para © Educação Física Especial e Adaptada158 equilibrar o placar onde uma equipe esteja levando grande vanta- gem sobre a outra, pode-se propor que os alunos mais habilidosos alternem sua participação entre as duas equipes, visando à equi- paração de resultados. No Quadro 4, você poderá visualizar alguns exemplos de adaptações relacionadas às regras para cada tipo de deficiência. Quadro 4 Adaptações relacionadas às regras para cada tipo de de- ficiência. TIPO DE DEFICIÊNCIA ADAPTAÇÕES QUANTO ÀS REGRAS DEFICIÊNCIA VISUAL – Aumentar o tempo de permanência com a posse de bola. – Necessariamente, passar a bola a um determinado número de participantes. DEFICIÊNCIA AUDITIVA – Certificar-se da compreensão das regras por parte da pessoa surda. DEFICIÊNCIA INTELECTUAL – Aumentar otempo de permanência com a posse de bola. – Permitir que a bola toque no solo uma ou mais vezes antes de ser recebida. – Necessariamente, passar a bola a um determinado número de participantes. DEFICIÊNCIA MOTORA – Permitir que a bola toque no solo uma ou mais vezes antes de ser recebida. – Necessariamente, passar a bola a um determinado número de participantes. Fonte: adaptado de Munster e Almeida (2006, p. 88-89). Exemplo de aplicação de adaptações a um conteúdo Para ilustrar o conceito/processo de adaptação aplicado ao esporte, podemos citar o exemplo do voleibol. Dentre inúmeras variáveis, destacamos algumas que podemos manipular, a fim de ajustá-las às necessidades específicas de pessoas com deficiências (MUNSTER; ALMEIDA, 2010): 159 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados Instruções O professor pode recorrer a diferentes estilos de ensino e estratégias pedagógicas diversificadas para facilitar a compreen- são do aluno. Entre outros aspectos, deve-se observar o tipo de comunicação preferida pelo aprendiz. No caso de um aluno surdo, observar se ele compreende Li- bras, se realiza leitura labial ou, ainda, se prefere o emprego de orientações orais e gestuais simultaneamente, durante o ensino dos fundamentos da modalidade. Já um aluno cego pode necessitar de outros tipos de instru- ção para a aprendizagem desses fundamentos, tais como: • descrição verbal precisa dos movimentos; • percepção tátil da realização do movimento em outrem para posterior reprodução/imitação; • percepção cinestésica, sendo conduzido pelo professor na realização do movimento esperado. Um aluno com deficiência intelectual pode preferir a de- monstração dos exercícios ou, ainda, necessitar de um número maior de repetições para a assimilação do movimento, e assim por diante. Um aluno com deficiência motora, por sua vez, pode jogar sentado, no chão ou na própria cadeira de rodas (conforme a etio- logia apresentada) ou, ainda, dispor de assistência física de um colega para movimentação e/ou deslocamento de sua cadeira de rodas. Equipamentos/Materiais A bola de voleibol convencional nem sempre é adequada a determinadascondições dos alunos; um aluno com velocidade de reação mais lenta, por exemplo, o que é comum em alguns casos de deficiência intelectual, pode preferir uma bola maior e mais leve, cuja trajetória seja mais lenta e permita que ele tenha mais tempo para se organizar diante da tarefa motora. © Educação Física Especial e Adaptada160 Alunos com dificuldades de preensão palmar, como é o caso de pessoas com determinados tipos de paralisia cerebral, podem optar por bolas de tecido com flocos de isopor, visando facilitar o fundamento da recepção. Alunos com deficiência visual podem recorrer a bolas com cores fortes ou contrastes específicos (nos casos de baixa visão), bolas com guizos ou com aderência a luvas de velcro (nos casos de cegueira), com a mesma finalidade. Espaço Físico As dimensões da quadra também não necessariamente pre- cisam ser as convencionais (18 x 9 metros), sendo possível aumen- tar ou diminuir a largura e ou o comprimento da quadra. Ademais, a altura da rede em relação ao solo também pode variar, com o intuito de facilitar ou aumentar o grau de dificuldade da tarefa pro- posta, ajustando-a ao nível de habilidade do aprendiz. Regras O professor pode construir, a partir de sugestões dos pró- prios alunos, modificações e variações nas normas do jogo. Não necessariamente se devem empregar as regras convencionais ou preestabelecidas. Pode-se variar o número de jogadores por equipe, permi- tir que a bola toque no solo entre o passe de um jogador para o outro, estabelecer um determinado número de passes entre eles antes que a bola passe para a outra equipe, e assim por diante. No caso dos alunos cegos, que não conseguem visualizar a trajetória aérea da bola, pode-se recorrer ao educativo denomi- nado volençol, no qual cada equipe se utiliza de um lençol para receber a bola e devolvê-la para a outra equipe. Em parceria com outros alunos que enxergam, a criança com deficiência visual po- derá ser incluída na atividade. 161 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados Considerar as variáveis sugeridas, pode fazer que o voleibol, assim como outros conteúdos próprios da Educação Física, seja empregado em diferentes contextos e situações, encontrando um nível ótimo de participação para qualquer pessoa, independente- mente da condição ou do nível de desempenho dela. 7. CONTEÚDOS ADAPTADOS No Tópico 6, nossas atenções estiveram voltadas aos proce- dimentos metodológicos e às estratégias de ensino-aprendizagem, com o intuito de conferir um tratamento pedagógico adequado às necessidades especiais de pessoas com deficiências. Os currículos na área de Educação Física abrangem um re- pertório relacionado à cultura corporal de movimento, caracteri- zado pela multiplicidade e pela pluralidade de conteúdos a serem desenvolvidos nos diferentes níveis de ensino. Para demonstrar a diversidade de conteúdos que podem ser abarcados em um programa de atividades motoras, Pedrinelli (2003) sugere um guia ilustrativo de atividades físicas e esportivas. Tal guia foi baseado em: 1) Modalidades esportivas envolvidas nos Jogos Parao- límpicos, dos quais participam atletas com deficiência motora (amputação, paralisia cerebral, em outras condi- ções), atletas com deficiência visual e, em algumas edi- ções, atletas com deficiência intelectual. 2) Modalidades esportivas desenvolvidas nas Olimpíadas Especiais, das quais participam atletas com deficiência intelectual em esportes regulares e em esportes unifica- dos (modalidades das quais participam atletas parceiros que não apresentam deficiência intelectual). 3) Modalidades esportivas dos Jogos Mundiais para Sur- dos, dos quais participam atletas com perda auditiva equivalente a 55 decibéis. 4) Outras modalidades esportivas notoriamente conheci- das e que não fazem parte dos eventos citados, a exem- © Educação Física Especial e Adaptada162 plo do futebol para atletas com amputação ou da dança em cadeira de rodas, cujas associações ou confederações brasileiras propiciam participação em eventos mundiais. 5) Atividades físicas outras que constituem opções para o desenvolvimento da cultura corporal de movimento, nas quais podem se envolver todos os participantes interes- sados. Do mesmo modo, Winnick (2004) aborda a variedade de atividades físicas e esportivas para indivíduos com necessidades especiais, ressaltando as técnicas e habilidades necessárias, suge- rindo atividades preparatórias, comentando modificações e adap- tações específicas e indicando programas esportivos já implanta- dos e organizados sob a perspectiva inclusiva. As referidas atividades apresentam-se subdivididas em seis grandes grupos: 1) exercícios físicos e posturais; 2) dança e atividades rítmicas e expressivas; 3) esportes aquáticos; 4) esportes coletivos; 5) esportes individuais, em dupla e de aventura; 6) esportes de inverno. Mesmo com imensa gama de conteúdos que podem ser de- senvolvidos no universo da Educação Física, torna-se difícil abran- ger todas as possibilidades. Para efeitos didáticos, apresentaremos alguns exemplos de conteúdos subdivididos em três grupos distin- tos: • atividades físicas; • atividades recreativas; • atividades esportivas. A introdução desses e de outros conteúdos na prática de Educação Física Escolar fica a critério do professor, responsável por planejar, reformular e adequar o currículo às necessidades educa- cionais de seus alunos com deficiência. 163 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados Atividades físicas Vários estudos têm abordado os inúmeros benefícios da ati- vidade física e do exercício voltados à saúde; por isso, mesmo com alterações funcionais e características próprias, as pessoas com deficiência podem e devem se engajar em vários tipos de ativida- des físicas e exercícios adequados às suas necessidades. A atividade física pode ser caracterizada como qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética que resulta em um gasto energético acima dos níveis de repouso (CAS- PERSEN; POWELL; CHRISTENSON, 1985). Esse comportamento inclui todas as atividades realizadas diariamente, quer seja no trabalho, no lazer ou nas demais ativida- des como alimentar-se, vestir-se etc. A atividade física e o exercício físico diferenciam-se a partir da intencionalidade do movimento. Este pode ser considerado um subgrupo das atividades físicas, que é planejado, estruturado e repetitivo, tendo como propósito a ma- nutenção ou a otimização do condicionamento físico; aquela tem como finalidade a melhoria de um ou mais componentes da apti- dão física. A aptidão física representa a habilidade que o corpo tem de adaptar-se às demandas do esforço físico que a atividade pre- cisa para níveis moderados ou vigorosos, sem levá-lo à completa exaustão. Os componentes da aptidão física para pessoas com defici- ências não se diferem dos convencionais, podendo ser subdividi- dos em dois grupos: • os componentes da aptidão física relacionados à saúde envolvem a composição corporal, a resistência cardior- respiratória e as funções musculoesqueléticas (força/re- sistência muscular e flexibilidade); • os componentes da aptidão física voltada às habilidades esportivas envolvem variáveis como agilidade, equilíbrio, coordenação motora, potência e velocidade (ARAÚJO; ARAÚJO, 2000). © Educação Física Especial e Adaptada164 A prescrição do exercício para pessoas com deficiências deve ser individualizada, procurando considerar cinco aspectos básicos: Qual enfoque de aptidão física (voltada à saúde ou ao desempenho físico) e quais componentes são mais adequados/ necessários a esse indivíduo? As pessoas, independentemente da condição ou não de de- ficiência, apresentam diferentes expectativas e interesses em rela- ção à prática de atividade física.Enquanto alguns buscam o bem- -estar físico e a manutenção das capacidades funcionais (saúde), outros podem se manifestar interessados em outros tipos de desa- fios, tal como a superação pessoal e participação em competições (desempenho físico). Determinados tipos de deficiências sugerem que seja dada mais atenção a determinados tipos de capacidades e habilidades físicas. A pessoa com cegueira, por exemplo, pode necessitar de atividades relacionadas ao equilíbrio e à postura; a pessoa surda (dependendo do tipo de lesão) também pode apresentar proble- mas de equilíbrio, além de ser necessário que sejam desenvolvidas as capacidades cardiorrespiratórias. Existe alguma contraindicação ou cuidado especial a ser observado em relação a esse indivíduo? Conforme vimos nas unidades anteriores, eventualmente, a pessoa com deficiência, como qualquer outro indivíduo, pode es- tar sujeita a apresentar alguns problemas de saúde associados à sua condição física. Portanto, é preciso observar se ela apresenta problemas cardíacos ou respiratórios, se faz uso regular de medi- camentos que possam interferir nas respostas do organismo dian- te do exercício físico. Procure tomar medidas profiláticas: em caso de hipertensão, por exemplo, adote a conduta de aferir a pressão arterial do indivíduo antes e depois da atividade física. Conhecendo as particularidades de cada deficiência, você pode antecipar os cuidados necessários a cada situação: no caso 165 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados de um aluno com Síndrome de Down, por exemplo, você deverá estar ciente da frouxidão ligamentar nas articulações antes de pro- por exercícios de flexibilidade. Qual tipo de atividade física desperta mais motivação nesse indivíduo? Procure identificar qual é a atividade física preferida do seu aluno: caminhada, corrida, ciclismo, natação, exercícios resistidos em aparelhos (musculação)? Mauerberg de Castro (2005b) reforça que a motivação é um fator muito importante para o sucesso de um programa de exercício, sendo necessário, portanto, procurar oferecer atividades que sejam prazerosas ao aluno. Na medida do possível, procure diversificar as possibilidades de escolha do aluno; muitas vezes, ele pode se sentir constrangido em admitir que nunca teve oportunidades de vivenciar determi- nadas atividades ou, ainda, ter receio de expressar como se sente em relação a elas. Quais são as possibilidades de movimento desse indivíduo? Lembre-se de manter sempre o foco no potencial e nas possibilidades do indivíduo. No caso de um aluno com deficiên- cia motora, por exemplo, procure observar seu modo preferencial de locomoção e os movimentos que ele possui preservados: ele consegue andar com muletas ou necessita da cadeira de rodas? Consegue propulsionar a cadeira de rodas sozinho ou depende de ajuda para tal? Apresenta controle de tronco? Consegue realizar movimentos de preensão com os dedos (no caso de precisar segu- rar halteres)? Trabalhar com pessoas que apresentam deficiências é sem- pre um processo de descobertas. Converse bastante com seu alu- no, pergunte de que forma ele se sente mais confortável, pois, certamente, ele será capaz de lhe fornecer informações muito va- liosas. © Educação Física Especial e Adaptada166 Que testes serão empregados para avaliar a aptidão física desse indivíduo? Existem várias formas de avaliar a aptidão física de seu alu- no. Você pode utilizar instrumentos padronizados ou criar seus próprios protocolos de avaliação. Alguns estudiosos deram os primeiros passos: Winnick e Short (2001) propõem vários testes de aptidão física para jovens, com idade entre 10 e 17 anos, que apresentam deficiências (Tes- tes Brockport de Aptidão Física); Gorla et al. (2009) apresentam uma bateria de testes voltados aos componentes esportivos da aptidão física, relacionados ao desempenho esportivo de pessoas com deficiências; Mauerbergde Castro (2005b) também fornece várias referências e exemplos de avaliação (em diferentes domí- nios) que podem ser aplicados em pessoas com deficiências. Com base nesses estudiosos, você poderá escolher a proposta de teste mais adequada à situação de seu aluno. Lembre-se de que os parâmetros para a prescrição do exer- cício físico voltado à pessoa com deficiência são, basicamente, os mesmos; apenas procure manipular as variáveis relacionadas à: • frequência: expressa pelo número de vezes que a ativida- de física é realizada em determinado período; • duração: monitorada pela extensão de tempo de realiza- ção da atividade ou contagem do número de repetições de um exercício; • intensidade: quantidade de resistência ou grau de esforço empreendido no exercício. Short (2004) reforça a importância de “personalizar” o pro- grama de aptidão física, no sentido de atender a individualidade de cada aluno. Além disso, aponta que as recomendações de fre- quência e duração do exercício não são muito diferentes das in- dicadas para uma pessoa que não apresenta deficiência; todavia, ressalta a necessidade de se modificar o modo (ou tipo) e a inten- sidade da atividade, de forma a proporcionar um treino significati- vo a pessoa com deficiência. 167 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados Além de promover a saúde e melhorar o desempenho dessas pessoas, a prática regular de atividades físicas repercute positiva- mente nos aspectos psicossociais. Para a pessoa com deficiência, isso pode representar, ainda, um ganho funcional, maior indepen- dência e autonomia em suas atividades de vida diária. Procure pensar que tipos de atividades físicas seriam mais indicadas a cada tipo de deficiência e quais adaptações seriam ne- cessárias para tal. Atividades Recreativas A recreação abrange um número infinito de experiências numa multiplicidade de situações e contextos. Dentre as diversas possibilidades de atividades recreativas, destaca-se o jogo, não apenas por ser um conteúdo inerente à Educação Física, mas, so- bretudo, por sua importância no desenvolvimento infantil. É sobre ele que conversaremos um pouquinho neste tópico. Por sua representatividade, o jogo é estudado em diferentes teorias e abordagens, devido às implicações culturais, psicosso- ciais, cognitivas e educacionais. Sociólogos, antropólogos, psicólo- gos e educadores apresentam diferentes correntes e ideias sobre o jogo, mas todos são unânimes em ressaltar sua importância na vida do homem e da sociedade. O jogo pode ser espontâneo, acontecer gratuitamente, sem finalidades externas a ele, podendo ser observado nas ruas, em festas e tradições folclóricas, simplesmente pela diversão que pro- porciona às pessoas; mas pode também estar associado a finalida- des terapêuticas e pedagógicas, constituindo um meio facilitador para os processos de reabilitação e de aprendizagem. O jogo pode ser compreendido como um elemento consti- tutivo da cultura humana, representado pelos jogos tradicionais infantis, que se perpetuam pela transmissão entre gerações. Ele pode evocar, ainda, atitudes e comportamentos que denotam ca- racterísticas da personalidade do indivíduo e constituir um signifi- cativo elemento/indicador na construção das relações sociais. © Educação Física Especial e Adaptada168 No âmbito da Educação Física, além de reconhecer todas as contribuições aos vários domínios do desenvolvimento humano (cognitivo, psicossocial e sociocultural), há de se destacar o papel do jogo no que concerne ao aspecto motor. O jogo permite que a criança conheça seu corpo, expresse-se e relacione-se com o outro, por meio de habilidades básicas como correr, saltar, pular, arremessar, chutar, receber, entre outras. Esse tipo de estímulo que o jogo proporciona é fundamental para a in- teração e a participação da criança com deficiência nas aulas de Educação Física. Determinados tipos de jogos(jogos cooperativos, por exem- plo) podem ainda valorizar as diferenças no processo educativo e contribuir para a compreensão da diversidade humana. Logo, para as pessoas com deficiência, em especial, essa pode ser uma exce- lente ferramenta para a educação inclusiva. Existe um acervo de jogos recomendados para o processo de ensino-aprendizagem nas aulas de Educação Física, e a pessoa com deficiência pode participar da maioria deles, mesmo sem grandes adaptações. Em alguns casos, todavia, o professor pode pensar em adaptar algumas situações para tornar possível a parti- cipação desses alunos. Com o intuito de exemplificar algumas atividades recreativas que podem ser acrescentadas ao seu repertório didático, sugeri- mos alguns jogos que podem ser aplicados às pessoas com de- ficiências. Eles foram desenvolvidos e descritos por Diehl (2006) e constituem dinâmicas que são divertidas para todos os alunos, com ou sem deficiências. A seguir, veja algumas sugestões de atividades recreativas (Quadros 5, 6, 7 e 8). 169 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados Quadro 5 Ouça e pegue o Rabinho. OUÇA E PEGUE O RABINHO NÚMERO DE PARTICIPANTES: de 5 a 10. MATERIAL NECESSÁRIO: barbante, latas de refrigerante com pedrinhas em seu interior. LOCAL: ginásio ou qualquer outro lugar plano. FORMAÇÃO DOS ALUNOS: livre. DESCRIÇÃO DO JOGO: amarrar a lata de refrigerante com um barbante na cintura de cada um dos alunos. Os barbantes com as latas serão os “rabinhos”, fazendo barulho ao serem arrastadas pelo chão. Cada um tentará roubar o rabinho do outro. Aquele que mais rabinhos pegar, será o vencedor. EM SITUAÇÃO DE INCLUSÃO: os alunos poderão estar em duplas, de mãos dadas, enquanto um estará vendado, e o outro, não. O rabinho deverá ser preso ao aluno que não está enxergando. O aluno sem a venda deve orientar o aluno que não enxerga a proteger seu “rabinho” e tentar pegar o rabinho dos colegas. Vence a dupla que conseguir pegar mais rabinhos. Quadro 6 Jogo dos Cartões. JOGO DOS CARTÕES NÚMERO DE PARTICIPANTES: livre. MATERIAL NECESSÁRIO: cartões coloridos e bola. LOCAL: quadra, pátio ou sala de aula. FORMAÇÃO DOS ALUNOS: em círculo. DESCRIÇÃO DO JOGO: Os alunos posicionam-se em círculo, passando a bola de um para o outro e atentos aos cartões que serão mostrados pelo professor. Esses cartões terão códigos previamente combinados: o cartão amarelo sinaliza o arremesso da bola a qualquer colega; o cartão vermelho indica que quem estiver de posse de bola naquele momento deverá quicá-la antes de arremessá-la a um colega; o cartão azul sinaliza que a bola só poderá ser passada a um menino, e assim por diante. Quem errar deverá permanecer agachado, impedido de receber a bola. EM SITUAÇÃO DE INCLUSÃO: na presença de um aluno com deficiência auditiva, o professor pode sugerir que todos realizem a atividade sem se comunicar por meio de palavras. © Educação Física Especial e Adaptada170 Quadro 7 Dança do Chapéu. DANÇA DO CHAPÉU NÚMERO DE PARTICIPANTES: livre. MATERIAL NECESSÁRIO: aparelho de som e chapéu. LOCAL: quadra ou sala de aula. FORMAÇÃO DOS ALUNOS: em duplas. DESCRIÇÃO DO JOGO: os alunos dividem-se em duplas e dançam livremente pela sala. Um deles passeia pela sala desacompanhado e usando um chapéu. Em determinado momento, o professor interrompe a música, e o aluno que estiver sem par deverá pôr o chapéu na cabeça de uma pessoa, ocupando seu lugar. Aquele que estiver com o chapéu na cabeça deverá bailar sozinho, aguardando que a música seja interrompida novamente. EM SITUAÇÃO DE INCLUSÃO: essa dinâmica pode facilitar a aproximação e o contato físico com o aluno que apresenta deficiência intelectual. Quadro 8 Bola à Torre. BOLA À TORRE NÚMERO DE PARTICIPANTES: livre. MATERIAL NECESSÁRIO: uma bola, giz e coletes coloridos. LOCAL: quadra de vôlei ou similar. FORMAÇÃO DOS ALUNOS: dispersos na quadra. DESCRIÇÃO DO JOGO: os alunos deverão estar divididos em duas equipes, cada uma com uma cor de colete. Os alunos de ambas as equipes deverão estar sentados no chão ou em cadeira de rodas, distribuídos em duas áreas. Cada área deverá conter número igual de pessoas de cada uma das equipes, que não poderão sair daquela na qual está. Ao fundo, atrás de cada área, haverá uma torre, representada por um aluno dentro da área demarcada/desenhada no chão por um círculo. Cada equipe troca passes entre si, devendo fazer a bola chegar à sua torre, quando é marcado ponto. Caso a bola seja interceptada pela equipe adversária, a posse de bola passa a ser da outra equipe. Vence a equipe que fizer a bola chegar mais vezes à sua torre. EM SITUAÇÃO DE INCLUSÃO: 1. alguns integrantes de cada equipe deverão jogar em pé, e os outros, sentados. A bola só pode ser arremessada à torre pelos alunos que estejam sentados; 2. necessariamente deverá ser feito um passe entre um aluno sentado/cadeirante de cada equipe antes que a bola seja arremessada à torre. 171 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados Procure lembrar-se de alguns jogos convencionais que você conheça e pense como você poderia adaptá-los às necessidades de pessoas com deficiências, de forma a permitir sua participação nas atividades recreativas. Atividades esportivas O esporte adaptado consiste em um conjunto de modalida- des modificadas ou especificamente criadas para atender às ne- cessidades especiais de indivíduos com deficiências, por meio de adequações e ajustes nas regras, no espaço físico, nos materiais e nos equipamentos ou, ainda, nas metodologias de ensino (MUNS- TER; ALMEIDA, 2010). Vários autores destacam os benefícios do esporte adaptado nos aspectos físicos e psicossociais de pessoas com deficiências, indicando melhoria nos níveis de aptidão física, aumento no grau de independência e autoconfiança para a realização das ativida- des diárias, além da melhora do autoconceito e da autoestima. (GORGATTI; GORGATTI, 2008; CARVALHO, 2006; MAUERBERG DE CASTRO, 2005b; WINNICK, 2004). No esporte convencional, é comum basear-se em critérios de categorização por gênero (masculino e feminino) e por faixa etária (pré-mirim, mirim, infantil e juvenil). No esporte adaptado, além das variáveis anteriores, são considerados, também, o tipo de deficiência e o nível funcional do atleta, com base nas habilida- des demonstradas no desempenho de cada modalidade esportiva. Assim, no esporte adaptado, o atleta submete-se a uma classificação funcional, com o intuito de ser enquadrado em uma categoria na qual os demais participantes apresentem condições físicas semelhantes, na tentativa de minimizar as desvantagens es- tabelecidas pelo tipo e pelo grau de deficiência para a prática de determinada modalidade. O esporte adaptado teve sua origem no período após as grandes guerras mundiais, visando ao tratamento e à reabilitação © Educação Física Especial e Adaptada172 de soldados feridos em combate. Atualmente, ainda que o espor- te adaptado não tenha pretensões diretas quanto ao restabele- cimento de indivíduos com deficiência, é necessário admitir suas inúmeras contribuições no processo de reabilitação dessas pesso- as. Embora tenha sido inicialmente concebido como um recurso terapêutico, atualmente, suas manifestações abrangem, também, finalidades pedagógicas, recreativas e competitivas. Portanto, seguindo as ideias de Paes (2002), acreditamos que o Esporte Adaptado possa ser compreendido como fenômeno sociocultural de múltiplas possibilidades, uma vez que suas dimen- sões sociais também abrangem a educação, o lazer e o rendimen- to, cujas referênciasprincipais são, respectivamente, a formação, a participação e o desempenho. Ao considerarmos as adaptações sugeridas no início desta unidade (instrução, materiais, espaço físico, regras), podemos em- pregar as diferentes modalidades esportivas em diferentes contex- tos e situações, encontrando um nível ótimo de participação para qualquer pessoa, independentemente de sua condição ou de seu nível de desempenho. No âmbito escolar, o esporte deve estar alicerçado em uma proposta pedagógica que considere, além dos aspectos técnicos relativos à modalidade envolvida, a importância de intervir com o indivíduo quanto a aspectos relativos a valores e modos de com- portamento. Dessa forma, a prática do esporte deve transcender a questão da metodologia, considerando, também, sua função edu- cacional (MUNSTER; ALMEIDA, 2010). O esporte adaptado pode ser introduzido como conteúdo nas aulas de Educação Física Escolar, independentemente da pre- sença ou não de alunos com deficiências, tendo em vista que, além de desenvolver habilidades motoras diversificadas e específicas, possibilita a oportunidade de pensar sobre as diferenças e poten- cialidades das pessoas com deficiências, favorecendo atitudes in- clusivas. 173 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados Nessa perspectiva, Garcia e Munster (2009) introduziram algumas modalidades de esportes adaptados (goalball, voleibol sentado e bocha adaptado, modalidades que serão aprofundadas a seguir) a um grupo de alunos do Ensino Fundamental, verifican- do os aspectos atitudinais daqueles que não possuem deficiências quanto à aceitação de tais conteúdos diante do potencial das pes- soas com deficiências no esporte. As autoras verificaram o seguintes resultados: • boa receptividade por parte dos estudantes perante a di- versificação dos conteúdos curriculares da Educação Físi- ca Escolar; • a percepção de que tais modalidades, embora concebi- das especialmente para pessoas com deficiências, não são exclusivas e permitem a participação de pessoas em diferentes condições, consistindo em um ponto de apro- ximação nessa interação; • a simulação da condição de deficiência empregada como um mecanismo de sensibilização às diferenças favoreceu atitudes de respeito à diversidade. A seguir, você encontrará a descrição de três modalidades de esportes adaptados que não exigem muitos recursos materiais e que podem facilmente ser desenvolvidas nas aulas de Educação Física Escolar: • goalball (para pessoas com deficiência visual); • bocha adaptada e voleibol sentado (para pessoas com de- ficiências motoras). Bocha adaptada Conforme relatam Cidade e Freitas (2002), a bocha adaptada trata-se de um jogo que foi adaptado especialmente para pessoas com paralisia cerebral, porém, atualmente, engloba outros tipos de deficiências, desde que elas estejam inseridas em classes espe- cíficas e que apresentem um nível funcional similar ao da paralisia © Educação Física Especial e Adaptada174 cerebral, por exemplo: distrofia muscular progressiva, AVE, entre outras (CAMPEÃO; OLIVEIRA, 2006). O jogo de bocha é uma atividade que pode ser praticada por pessoas de todas as idades e de diferentes tipos de deficiência. Pode ser jogado de forma recreativa, como esporte competitivo ou conteúdo educacional nas aulas de Educação Física. A adap- tação do jogo italiano de boliche só passou a fazer parte dos Jo- gos Paraolímpicos em 1992, em Barcelona, e ele é o único esporte paraolímpico no qual homens e mulheres competem juntos em todas as provas (WINNICK, 2004). O jogo requer planejamento, estratégia na tentativa de colo- car o maior número de bolas próximas da bola-alvo, desenvolven- do e aumentando, entre outras funções, a capacidade visomotora. A bocha é uma atividade na qual indivíduos com grau de deficiên- cia motora grave podem participar e desenvolver um elevado nível de habilidade, já que ela pode ser facilmente adaptada, de forma a permitir que jogadores com limitação funcional usem dispositivos auxiliares, tais como rampas ou calhas e capacetes com ponteira. A partida é realizada com um conjunto de bolas de bocha que consiste em: seis bolas vermelhas, seis bolas azuis e uma bola branca. O objetivo é colocar as bolas coloridas o mais perto pos- sível da bola branca (bola-alvo). As bolas são confeccionadas com fibra sintética expandida e superfície externa de couro. Seu tama- nho e seu peso são menores que a bola de bocha convencional. O jogo de bocha admite variações e modificações: é possível o uso de cadeiras, bancos ou outros tipos de assentos durante o jogo. É permitido que as bolas sejam jogadas, roladas, empurradas ou mesmo chutadas e, para aqueles atletas que não conseguem esses tipos de arremessos, é permitido o uso de calhas, rampas ou canaletas, desde que não tenham nenhum dispositivo mecânico. O jogador deve ter contato físico com a bola antes de cada jogada, contato esse que inclui, também, a ponteira fixada na cabeça por uma faixa ou capacete. 175 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados A quadra de jogo deve ser lisa, plana e regular. Suas dimen- sões são: 12,5 metros de comprimento e seis de largura. A zona de lançamento é dividida em seis boxes iguais de 2,5 metros de comprimento e um de largura, que são numerados de 1 a 6, como ilustra a Figura 2 a seguir. Na área de jogo, há uma área delimitada por uma linha “V”, cujas laterais distam 3 metros da zona de lança- mento, e do ponto central, 1,5 metro. Figura 2 Dimensões da quadra de bocha adaptada. No momento da jogada, os jogadores mais comprometidos podem ser auxiliados também por um assistente, que pode ajustar a posição da calha, canaleta ou mesmo da cadeira do participante dentro da área de arremesso. No entanto, todas as coordenadas sobre os ajustes devem partir do jogador (WINNICK, 2004). O lançamento da bola mestra (branca) de dentro do boxe de lançamento só será considerado válido quando ultrapassar essa marca (“V”). O ponto central da área de jogo é marcado por um “X”, onde a bola mestra é colocada no início de cada parcial ex- tra ou quando for colocada para fora do campo. Cada jogada é sinalizada pelo árbitro da partida, que tem em mãos um indica- dor parecido com uma raquete de tênis de cores vermelha e azul apontando qual equipe deve jogar. Para medir a distância entre as bolas coloridas e a branca, usa-se uma trena ou um compasso. (CAMPEÃO; OLIVEIRA, 2006). © Educação Física Especial e Adaptada176 A pontuação é feita a partir da bola mais próxima à bola- -alvo. Um exemplo: se houver duas bolas azuis mais próximas à bola branca do que uma vermelha, serão dois pontos para a equi- pe azul; se as bolas estiverem na mesma distância, acarretará um ponto para cada equipe. Em caso de dúvida, o árbitro poderá au- torizar o jogador e o capitão a entrarem no local da jogada para aplicarem a medição. Será a equipe vencedora a que tiver o maior número de pontos em sua somatória ao final do jogo. Goalball Esse esporte foi concebido especialmente para pessoas com deficiência visual, tendo surgido após a Segunda Guerra Mundial, com a finalidade de reabilitação de veteranos de guerra que se tornaram cegos durante combate (ANJOS, 2000). O jogo de goalball exige dos jogadores rastreamento auditi- vo, agilidade, coordenação e habilidades de jogos coletivos (coo- peração). As habilidades desse esporte são: arremesso, bloqueio dos tiros e controle de bola. A partida baseia-se na troca de bolas por meio de lançamentos rasteiros, buscando, assim, o gol. Esse esporte exige da plateia muito silêncio, podendo haver comemo- rações apenas quando sair gol (ALMEIDA, 2008; WINNICK, 2004). É um jogo no qual uma equipe de três jogadores com defi- ciência visual tenta lançar uma bola com guizo no gol da equipe oponente . A equipe é formada por trêsjogadores titulares e três reservas que competem em partidas de vinte minutos. Segundo Winnick (2004), nesse esporte, homens e mulheres competem se- paradamente e, independente do grau de deficiência (visão parcial ou totalmente cegos), todos os jogadores jogam vendados. A bola do jogo é oca e constituída por material emborracha- do resistente, com guizos em seu interior para facilitar sua locali- zação auditivamente, além da dimensão de uma bola de basquete que pesa 1,250Kg. 177 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados Como esse material ainda não é fabricado no Brasil, pode ser adaptado utilizando-se uma bola de basquete devidamente “em- brulhada” com sacos plásticos e fita crepe, de forma que produza som durante trajetória rasteira. Segundo relatam Almeida (2008) e Winnick (2004), o jogo pode ser praticado em diferentes lugares, desde que sejam devi- damente seguros e sem a presença de obstáculos. A quadra tem 18m X 9m, o mesmo tamanho de uma qua- dra de vôlei convencional, porém, é dividida, igualmente, em duas partes, e estas em três áreas de três metros cada: área de defesa, área de lançamento e área neutra. O gol abrange toda a largura da quadra, ou seja, possui 9 metros de extensão por 1,30 metros de altura, sendo situado atrás das áreas de equipe. Segundo Winnick (2004), a quadra é demarcada com “linhas táteis”, ou seja, barbantes ou cordas de nylon são fixados sob fi- tas adesivas, de forma a permitir que os jogadores percebam e se orientem por meio dessas demarcações. A fim de evitar o choque entre os jogadores, foi criada uma estratégia para que eles se posi- cionem dispostos em um triângulo no momento da defesa, e, para que eles fiquem melhor localizados, existem três linhas na área de defesa que facilitam sua orientação e o reposicionamento em quadra durante a partida. Observe a Figura 3 a seguir: Figura 3 Dimensões da quadra de goalball. © Educação Física Especial e Adaptada178 Todos os três jogadores podem defender, desde que estejam com, pelo menos, uma parte do corpo dentro da sua área de de- fesa. Eles podem esperar a bola ajoelhados, sentados ou deitados, sendo obrigados a assumir essas posições após a bola ser sido ar- remessada pela outra equipe. O arremesso é feito de modo rasteiro, e a bola deve tocar, pelo menos, uma das áreas da quadra de sua equipe antes de en- trar no campo do adversário. Essa estratégia foi feita para que os jogadores adversários tenham tempo de se orientar por meio do ruído da bola. A partida tem duração de 20 minutos, ou seja, dois tempos de dez minutos, com três de intervalo. Há dois árbitros principais que comandam a partida, os quais são ajudados por quatro ár- bitros de linha, que indicam quando a bola sai e, em seguida, as recolhem, além de cinco mesários. Segundo Almeida (2008), os comandos dados aos jogadores são feitos em língua inglesa, conforme estabelecido nas regras. Como exemplo: • Play (jogar): indica o início ou reinício da partida. A equi- pe que estiver com a posse de bola só pode iniciar a joga- da após o comando do árbitro. • Out (fora): indica que a bola saiu dos limites da quadra. • Premature throw (lançamento prematuro): lançamento iniciado antes do comando do árbitro. Nesse jogo, há penalidades individuais e coletivas, as Quais são aplicadas quando ocorrer: 1) High ball (bola alta): quando a bola não toca o chão an- tes da área neutra. 2) Third throw (terceiro arremesso consecutivo): quando um jogador arremessa a bola três vezes consecutivas. 3) Ilegal defense (defesa ilegal): se o primeiro contato de- fensivo for feito fora da área de defesa. 179 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados 4) Ten seconds (10 segundos): penalidade coletiva, que ocorre quando o time que recebe a bola demora mais de 10 segundos para devolvê-la à equipe adversária. A penalidade consiste no pênalti: no caso da falta individual, o jogador que cometeu a penalidade permanece na quadra, sen- do o único que poderá defender o pênalti; no caso de penalidade coletiva, defende o jogador que fez o último lançamento antes da penalidade (ALMEIDA, 2008). O esporte não é restrito apenas às pessoas com deficiência visual, já que pessoas sem deficiência ou com outros tipos de de- ficiência também podem praticá-lo. Todos os jogadores devem ser devidamente vendados, e as regras/materiais podem ser mudadas de acordo com a necessidade dos participantes. Voleibol Sentado O voleibol sentado surgiu em 1956, na Holanda, da junção do voleibol convencional com um esporte alemão (que não faz uso de rede) em que os participantes jogam sentados, o qual é deno- minado sitzbal. Tornou-se uma modalidade olímpica em 1980 e, atualmente, é praticado por atletas de 21 países. O voleibol sentado é um jogo popular que integra grande parte das deficiências e é fácil de ser adaptado. Os fundamentos envolvidos no jogo são: saque, recepção, passe, cortada e blo- queio. Esse esporte exige um bom trabalho de equipe, estratégia e determinação. A modalidade pode ser praticada por pessoas com amputações, lesões medulares, sequelas de pólio e alguns casos leves de paralisia cerebral. A bola é a mesma empregada no voleibol convencional, apresentando uma circunferência de 65cm a 67cm e peso de 260g a 280g. A bola deve ser esférica, feita de material flexível (couro, couro sintético ou similar) e apropriada para uso ao ar livre e que não absorva água. © Educação Física Especial e Adaptada180 O posicionamento dos jogadores é considerado a partir do apoio das nádegas, que devem estar sempre em contato com o solo. Portanto, o avanço das pernas ou braços em relação às linhas demarcatórias, desde que não interfira na jogada do oponente, não é considerado invasão. A quadra de voleibol sentado (Figura 4 a seguir) tem as mes- mas demarcações do voleibol convencional, porém, em dimen- sões reduzidas. A altura da rede fica a pouco mais de um metro do chão, para compensar a altura dos jogadores, que jogam sentados. Figura 4 Dimensões da quadra de voleibol sentado. Uma equipe possui 12 jogadores (seis em quadra e seis re- servas) devidamente classificados, um técnico, um assistente téc- nico, um preparador físico e um médico (GIOIA, 2008). A partida é iniciada com a disputa entre os capitães dos ti- mes sob a supervisão do árbitro, a fim de decidir quem iniciará a partida; ela inicia-se, de fato, quando o jogador saca a bola para o outro lado da quadra. Os jogadores adversários têm de recebê-la e, e, seguida, passá-la, até que ela volte ao campo do qual saiu; 181 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados cada time pode dar três toques na bola antes que ela seja passada para o outro lado da rede; o ponto é feito quando a bola passa a rede e toca o solo adversário. São poucas as diferenças quanto às regras; uma outra dife- rença que existe entre os dois “tipos” de voleibol é que, na moda- lidade sentada, o saque pode ser bloqueado. Cada jogo é decidido em melhor de cinco sets, e vence cada parcial o time que marcar 25 pontos; em caso de empate em 24 pontos, ganha a equipe que abrir dois pontos de vantagem. O quinto set, chamado de tie break, é disputado até 15 pontos; caso o placar fique empatado em 14 pontos, ganhará o time que abrir dois pontos de vantagem (ABVP, 2003). 8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Quais são as estratégias voltadas à inclusão de alunos com necessidades es- peciais no sistema de ensino regular? Explique em que consiste cada uma delas. 2) Qual a importância das adequações curriculares no processo de inclusão de pessoas com necessidades especiais? O que deve ou não ser contemplado em uma mudança curricular? 3) O que vem a ser uma
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