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APS 22B6 - psicologia do desenvolvimento

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE PSICOLOGIA
João Carlos Afonso Rosário Júnior - T265IJ-1
PSICOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO: 
A VELHICE (A PARTIR DOS 65 ANOS) MUDANÇAS FÍSICAS, COGNITIVAS E PSICOSSOCIAIS
SANTOS, SP 
2020
INTRODUÇÃO
O envelhecimento é um processo que faz parte da condição do ser humano. Segundo Rocha (2018), é inerente à existência do indivíduo sendo mais evidente com o passar dos anos e com a chegada da terceira idade, entretanto dá-se logo ao nascer, ou seja, começa-se a envelhecer assim que nascemos. Segundo a OMS (2002), a terceira idade tem início entre os 60 e os 65 anos. É um fenômeno que possui como característica principais as mudanças ocorridas no âmbito biológico, psicológico e social (TEIXEIRA, 2006). Apesar de ser um tocante universal e uma certeza absoluta este processo só ganha sua importância a partir de certa idade, a saber, quando suas características se tornam visíveis.
O fenômeno de envelhecer não é exclusivo do século XXI, mas foi somente a partir dos últimos cem anos que se tornou algo mais comum na sociedade. Em tempos pré-históricos onde era raridade pelas condições de vida, ainda no século XVII apenas 1% da população vivia a partir dos 65 anos (HAMILTON, 2002). 
Para Teixeira (2006) o cuidado com a saúde é o fator principal para um envelhecimento saudável, mesmo dentro das possibilidades de possíveis enfermidades. O cuidar preventivo físico e/ou psicológico colaboram para uma melhor qualidade de vida a partir da terceira idade. A OMS define o envelhecimento saudável como o “processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional que permite o bem-estar na idade avançada”.
Atualmente muitas pesquisas e estudos sugerem uma maior atenção a este público dado o aumento maciço que vem ocorrendo nos últimos anos. Surge assim a necessidade de refletir sobre a experiência existencial do envelhecer, em como hábitos saudáveis e uma qualidade de vida relevante pode contribuir para um envelhecimento saudável e com patologias menos agravantes, seja em aspectos biológicos, psicológico ou sociais (ROCHA, 2018).
DESENVOLVIMENTO
Mudanças físicas
Segundo Teixeira (2006), senescência é o processo natural do envelhecimento, o qual compromete progressivamente aspectos físicos e cognitivos. Senescência é o processo natural de envelhecimento ao nível celular ou o conjunto de fenômenos associados a este processo. A senescência é um processo metabólico ativo associado ao processo do envelhecer. Hamilton (2002) aponta que este processo não se caracteriza como sendo atraente, pois nesta fase da vida a perda geral dos componentes orgânicos são acentuadas. A pele e os músculos se tornam mais rígidos acometendo na flexibilidade corporal do indivíduo, isto porque as células corporais perdem sua eficiência em gerar energias específicas.
“A respeito das modificações, cabelos brancos, rugas, flacidez muscular e déficits sensoriais são indicadores inequívocos do processo de envelhecimento. Outras alterações afetam as capacidades funcionais energéticas, como o metabolismo, a circulação e a respiração; e as capacidades funcionais biomecânicas, como diminuição da força, da mobilidade e da resistência” (MENEZES, LOPES E AZEVEDO, 2009).
Essas mudanças impactam de forma geral todos os sistemas orgânicos e funcionais. Como Hamilton (2002) aponta, o sistema urinário se torna mais lento e menos eficiente, o sistema gastrointestinal perde sua eficiência na absorção de nutrientes, o sistema respiratório é impactado na produção e absorção de oxigênio e o cardiovascular sofre danos irreparáveis, tendo como consequências perda de força e o endurecimento das artérias que dificulta o bombeamento do fluxo sanguíneo pelo corpo.
Os autores Menezes, Lopes e Azevedo (2009) ainda reforçam que quando se fala em transformações do corpo na terceira idade, observa-se que os cabelos embranquecem e tornam se mais ralos. Os pelos embranquecem muito embora proliferem em certos lugares. A pele se enrugada e as orelhas alongadas estão entre as manifestações mais óbvias da perda de elasticidade do tecido no corpo.
Ao nível sensorial Lima (2007) afirma que, todos os sentidos são afetados, verificando-se uma perda de acuidade e de sensibilidade.  No caso da visão, a partir dos 60 anos, passa a apresentar sinais de deterioração. A córnea vai perdendo, progressivamente, a transparência, e o cristalino, uma lente intraocular, que é normalmente transparente na infância, vai amarelando (ROCHA, 2005). “As deficiências auditivas comuns em adultos mais velhos incluem várias dificuldades: sons de alta frequência, descriminação vocabular, audição mediante condições de ruído e tinnitus” (BEE, 1997). Quanto ao olfato e paladar, esses sentidos estão, extremamente, ligados à grande perda do interesse e motivação nessa idade; isto porque, com o envelhecimento, esses sentidos ficam bastante reduzidos, além de se tornarem menos eficientes, provocando inadequações no processo de ingestão de alimento prejudiciais, tais como: mais sal e açucares. O tato, também, é reduzido com o passar dos anos, assim como os demais órgãos que também se desgastam. Essas deficiências causam sérios problemas psicomotores, afetando o organismo do idoso como um todo (LIMA, 2007).
Mudanças cognitivas
O processo de senescência envolve diversas alterações nos níveis dos processos mentais, da personalidade, motivações que o indivíduo possui, suas aptidões, como também de potencialidades individuais, ou seja, processamento de memória, informação e desempenho cognitivo que interferem no meio ambiente e contexto social que este está inserido (ROCHA, 2018). Para os autores Souza, Borges, Vitória e Chiappetta (2009), o envelhecimento acarreta alterações na velocidade desses processamentos cognitivos, sendo necessário um tempo maior para processar algumas informações e dados de leitura e compreensão, por exemplo.
Para a autora Nunes (2009), a teoria de Salthouse (1996) é uma das mais importantes sobre o envelhecimento cognitivo. Essa teoria sugere que o mecanismo de processamento de informações é fundamental para explicar a variação na performance das operações mentais (NUNES, 2009). “A simples explicação para esses fenômenos é que o sistema nervoso das pessoas mais velhas é mais lento e menos eficiente para conduzir sinais” (HAMILTON, 2002). Este mecanismo de diminuição da velocidade de processamento assume que a idade avançada está associada a uma diminuição da velocidade com que muitas operações cognitivas são executadas. Nesta proposta é esta redução da velocidade de processamento que leva a défices no funcionamento cognitivo.
Um outro mecanismo que tem sido proposto para explicar o envelhecimento cognitivo é o declínio da memória de trabalho. Uma das maneiras mais simples de categorizar as memórias é pelo período de tempo pelo qual são mantidas. Isso normalmente significa uma divisão em memória de curto prazo (MCP) e memória de longo prazo (MLP). A MCP é o armazenamento temporário de acontecimentos e itens percebidos no passado imediato, não mais do que alguns minutos atrás e normalmente um período bem mais curto. Enquanto que a MLP é um depósito permanente de informações. Caracteriza-se pela memória do próprio nome, idioma falado e etc (HAMILTON, 2002). 
 A autora Nunes (2009) aponta que, a memória de trabalho tem recebido enorme atenção no estudo relativos à cognição no envelhecimento. A autora afirma que esse esquema proposto por Baddeley na década de 70 é caracterizado como um armazém de memórias de curto prazo, ou seja, processos de ensaio que mantém a informação disponível, e processos executivos que permitem trabalhar com a informação que está armazenada.
Entende-se que a ligação entre o envelhecimento e a memória de trabalho sugere que o indivíduo idoso acometido na função cognitiva da memória possui dificuldades para trabalhar com o processamento de informações que já estão retidas (NUNES, 2009).
Mudanças psicossociais
As mudanças psicossociais nesta fase da vida são caracterizadas pelas devidas mudançase alterações que ocorrem na vida social do idoso. Rocha (2018) direciona afirmando que, a aposentadoria econômica reflete neste indivíduo um sentimento de inutilidade e perda do poder na participação da sociedade, comprometendo em projetos particulares da vida como também no papel de cidadão. Se, por um lado, acentua-se o respeito, a experiência e a sabedoria dos sujeitos idosos, por outro lado é a juventude, a força física, a saúde e o novo que merecem a valorização social. 
 Em alguns casos ainda, comprometidos pela dificuldade em se adaptar à essa nova realidade, a população idosa sofre possíveis estigmas sociais que são alavancadas pelo ciclo de perdas diversas que vão desde a condição produtiva econômica, poder de decisão, perda de parentes e amigos, independência e autonomia, afetando assim diretamente na autoestima e perda da identidade (ZIERMAN, 2009). 
Essas mudanças comumente resultam em dificuldades de adaptação à nova realidade. Geradoras de falta de motivação, dificuldade com o planejamento do futuro e perdas orgânicas, afetivas e sociais o indivíduo idoso se depara nesta faze da vida em muitos casos com quadros patológicos, a saber, depressão, baixas autoestima e autoimagem e por vezes até o suicídio (VECCHIA et al., 2005). Por mais que o envelhecer é um processo natural, a velhice acaba modificando a relação do homem com o tempo, seu relacionamento com o mundo e com sua própria história. O envelhecer é um processo fisiológico e natural pelo quais todos os seres vivos passam.
“Cada um vivencia essa fase de forma diferente diante disso alguns podem ficar preocupados e podem surgir sentimentos negativos e se não tiver apoio principalmente dos que estão a sua volta podem surgir alterações nos fatores biológicos e psicológicos da pessoa idosa levando a quadros como da depressão” (ROCHA, 2018).
De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013 (publicada em 2014), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os idosos são os que mais sofrem com a depressão. Dos 11,2 milhões de adultos diagnosticados com a doença naquele ano, a faixa etária mais afetada foi a de 60 a 64 anos: 11,1% do total.
A patologia depressiva merece atenção e cuidado em qualquer fase da vida, porém no público idoso esta atenção deve ser redobrada, pois as comorbidades de doenças físicas colaboram para o agravamento e o sentimento negativo. “Desta forma, podemos considerar que os idosos merecem atenção e cuidado e que embora em qualquer fase da vida a depressão seja uma doença 
A depressão por não ser precisamente causada por um único fator, mas por ser um aspecto desencadeado pela história de vida particular do indivíduo, deve receber redobrada afabilidade pelos familiares e por aqueles que convivem próximo, pois dificilmente o idoso depressivo procurará ajuda sozinho (MACHADO et. al., 2012). Para Machado et al. (2012) várias são as causas da depressão na terceira idade, entre elas o luto, as mudanças que ocorrem nessa fase, físicas e sociais podem desencadear a doença.
Desta forma torna-se essencial que o idoso esteja inserido em um ambiente acolhedor e saudável, tendo cuidados de familiares e pessoas próximas que tenham paciência e conhecimento sobre esta fase da vida (ROCHA, 2018).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir deste estudo foi possível compreender que o processo de envelhecimento envolve alterações que vai desde o nível dos processos mentais, da própria personalidade, das motivações que a pessoa tem, das aptidões sociais, ou seja, o envelhecimento, do ponto de vista psicológico, vai depender de fatores de ordem genética, patológica e de potencialidades individuais. 
Permitiu ainda verificar como a pessoa idosa vivencia esse envelhecimento e quais são os aspectos psicossociais diante dessa etapa da vida. Verificou-se, ainda, que o idoso é um sujeito em desenvolvimento e que, portanto, é confrontado com inúmeras demandas que modificam aspectos psicossociais. Tal contexto evidencia a importância da prevenção, cujas ações se dão através de uma série de cuidados, sendo necessário alertar essa população sobre as medidas preventivas para se alcançar um envelhecimento ativo e saudável. Cada um vivencia essa fase de forma diferente diante disso alguns podem ficar preocupados e podem surgir sentimentos negativos e se não tiver apoio principalmente dos que estão a sua volta podem surgir alterações nos fatores biológicos e psicológicos da pessoa idosa.
Diante isto a psicologia é importante, pois, pode oferecer importantes compreensões dos processos que ocorrem na terceira idade, bem como apoio aos familiares. A realização de avaliações no comportamento, psicoterapias e reabilitação neuro cognitiva colaboram no apoio emocional e na informação à os envolvidos neste processo, dando assim suporte e criando mecanismos de autoajuda.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEE, H. O ciclo vital. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Hamilton, I.S. A psicologia do envelhecimento: uma introdução. 3 ed, editora Art med. São Paulo, 2002.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Em 2030, cerca de 40% da população brasileira deverá ter entre 30 e 60 anos. 2014. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia>. Acesso em: <29.04.2020>.
LIMA, J.P. A INFLUÊNCIA DAS ALTERAÇÕES SENSORIAIS NA QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO, REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE PSICOLOGIA, ano V, n.8, 2007. Dísponivel em <http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/SgxfdPCyrRBz4HS_2013-5-10-16-11-50.pdf> Acesso em <27.04.2020>
MACHADO, R. M. L. et al. O envelhecimento e seus reflexos biopsicossociais. Cadernos Unisuam. Rio de Janeiro, v. 2, n. 1, p. 110-120, jun. 2012. Disponível em: <http://apl.unisuam.edu.br/revistas/index.php>. Acesso em: 28.04. 2020.
NUNES, M.V.R.S. Envelhecimento Cognitivo: principais mecanismos explicativos e suas limitações. Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Católica Portuguesa. Cadernos de Saúde Vol. 2, N.º 2 – pp. 19-29. Disponivel em <http://www.cadernosdesaude.org/files/2009-CS2.2%282%29.pdf> Acesso em: <27.04.2020>
ROCHA, F. M. A. A senilidade dos cinco sentidos. Disponível em <www.techway.com.br.?teccway/revista:idoso?saude?saude-eduardohtm.> Acesso em <27.04.2020.>
Rocha, J.A. O envelhecimento humano e seus aspectos psicossociais. Revista FAROL – Rolim de Moura – RO, v. 6, n. 6, p. 77-89, jan./2018. Disponivel em <http://www.revistafarol.com.br/index.php/farol/article/view/113> Acesso em <27.04.2020>
Souza V.L, Borges M.F, Vitória C.M.S, Chiappetta A.L.M.L, Perfil das habilidades cognitivas no envelhecimento normal. Rev. CEFAC, São Paulo. Disponivel em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1516-18462010000200003&lng=en&nrm=iso&tlng=pt> Acesso em <27.04.2020>
Teixeira, P. Envelhecendo Passo a passo. 2006. Disponivel em <https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0283.pdf> Acesso em <27.04.2020>
VECCHIA, R. D. et al. Qualidade de vida na terceira idade: um conceito subjetivo. Revista Brasileira de Epidemiologia. Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, v. 8, n. 3, p. 246-252, 2005. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/11992>. Acesso em: <28.04.2020>.
 World Health Organization. Active Ageing - A Policy Framework. Arquivado em 19 de março de 2015, no Wayback Machine. A contribution of the World Health Organization to the Second United Nations World Assembly on Ageing. Madri, abril de 2002, p. 4.
ZIMERMAN, G. I. Velhice: aspectos biopsicossociais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2009.