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Fator K

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Recebido em: 21/03/2016. Aceito em: 26/07/2016 
51 
 
Métodos indiretos de estimativa da erodibilidade de um 
latossolo vermelho da região de Campinas, SP 
 
Laura Fernanda Simões da Silva
1
, Mara de Andrade Marinho
2*
, Eduardo de Oliveira Rocco
3
, Michele 
Karina Cotta Walter
4
, Raquel Stucchi Boschi
5
 
 
1,5Centro Universidade de São Paulo/ESALQ – Departamento de Ciência do Solo, C.P. 09 - 13418- 900 – Piracicaba, 
SP – Brasil. 
2, 3, 4Faculdade de Engenharia Agrícola, FEAGRI-UNICAMP. Cidade Universitária Zeferino Vaz, s/nº. Caixa Postal 
6011. CEP 13083-875. Campinas-SP. 
*Autor para correspondência: mara.feagri@gmail.com 
______________________________________________________________________________________________ 
RESUMO 
A equação universal de perda de solo (EUPS) é amplamente utilizada para estimativa da perda de solo por erosão 
hídrica. Dentre os fatores da EUPS, a erodibilidade (fator K) expressa a maior ou menor susceptibilidade do solo ao 
processo erosivo. Devido às dificuldades experimentais para determinação do fator K, foram desenvolvidos modelos 
empíricos, também referidos por funções de pedotransferência, para estimativa da erodibilidade com base em 
atributos edáficos físicos, químicos e/ ou mineralógicos de mais fácil determinação. O objetivo do trabalho foi 
verificar a adequação de dois métodos indiretos na estimativa do fator K de um LATOSSOLO VERMELHO 
Distroférrico típico da região de Campinas-SP. Os métodos empregados foram os do Nomograma, proposto por 
Wischmeier et al. (1971) e adaptado por Lima et al. (1990) para duas classes de LATOSSOLOS brasileiros, e o 
desenvolvido por Denardin (1990) para solos do Brasil e dos Estados Unidos. Os dois métodos tiveram desempenho 
similar, com coeficiente de correlação de Pearson r = 0,9982. Observou-se que a variabilidade da erodibilidade no 
método nomograma esteve mais associada à variável Ma {[(silte + areia muito fina)*1000]-(argila)}, (r = 0,9157), 
enquanto que para o método de Denardin esteve associada com a variável X1 [(novo silte + nova areia)*novo silte](r 
= 0,9253). Enquanto que os resultados obtidos permitem confirmar a estreita e positiva relação da fração silte com o 
aumento da erodibilidade do solo, não houve evidencias de que K tenha sido afetada pelo sistema de manejo agrícola. 
Conclui-se que os dois métodos avaliados apresentaram desempenho similar na estimativa da erodibilidade do 
LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico da região de Campinas-SP. Em ambos os modelos, a variável que 
mais se relacionou com a erodibilidade estimada foi a que contabilizou o teor de silte no solo. 
Palavras-chave: fator K, equação universal de perda de solo, sistema plantio direto, sistema convencional. 
______________________________________________________________________________________________ 
ABSTRACT 
The Universal Soil Loss Equation (USLE) has been used for estimating soil losses by rainfall erosion. Among USLE 
factors, the erodibility or K factor expresses a greater or lesser susceptibility to erosion process. Due to the 
experimental difficulties to obtain K factor, empirical models, referred as pedotransfer functions, were developed to 
estimate the K factor, based on physical, chemical and / or mineralogical characteristics of the soil. The objective of 
this study was to assess the suitability of two indirect methods to estimate soil erodibility of a Rhodic Hapludox, in 
Campinas, SP, Brazil. The methods used were the Nomogram Method (Wischmeier et al.1971), adapted by Lima et 
al. (1990) for two classes of Brazilian Oxisols, and the Denardin Method, developed for soils of Brazil and of the 
United States. Both methods had similar performance, showing a high and positive coefficient of correlation among 
Silva, L.F.S. et al. Estimativa da erodibilidade de um LVdft em Campinas 
52 
estimates (r = 0.9982). It was observed that the variability of K in the Nomogram Method was more associated with 
the Ma variable {[(silt + very fine sand)*1000]-(clay)} (r = 0.9157), while for the Denardin Method the variability 
was associated with the variable X1 [(new silt + new sand)*new silt] (r = 0,9253). Although results confirm the close 
and positive relationship between silt and the increment of K, there weren’t evidences that it had been affected by the 
agricultural management system. In conclusion, the performance of the two methods was similar for estimating the 
soil erodibility of the Rhodic Hapludox occurring in Campinas-SP region. In both models, the variable more related 
to the estimated erodibility was that computing the silt content in the soil. 
Keywords: universal soil loss equation, k factor, erodibility. 
______________________________________________________________________________________________ 
INTRODUÇÃO 
O solo é um recurso natural disponível 
em uma extensão finita. As taxas estimadas de 
formação dos solos representam valores 
extremamente baixos ou desprezíveis (Friend, 
1992), a exemplo da taxa média estimada de 
renovação do solo de 0,2 mm ano-1 (Skidmore, 
1982). A erosão acelerada do solo, por sua vez, é um 
problema global e, apesar da dificuldade de se 
calcular com precisão as perdas de solo, sabe-se que a 
magnitude dessas perdas excede em muito a 
renovação ou formação do solo. 
Estimativas globais apresentadas por 
Dowdeswell (1998) revelam uma perda anual por 
erosão hídrica de cerca de 20 bilhões de toneladas de 
solo superficial, equivalente a 5 a 7 milhões ha de 
terras aráveis por ano. No Brasil, dados estimados por 
Marques (1949), apresentados por Bertoni and 
Lombardi Neto (1999), indicam uma perda anual de 
solo por erosão acelerada de cerca de 500 milhões de 
toneladas, volume correspondente a uma camada de 
15 cm de espessura de solo em uma área de cerca de 
280 mil hectares. O processo erosivo causa 
degradação do solo e do ambiente, com sérias 
consequências econômicas. Em curto prazo observa-
se assoreamento, eutrofização e poluição das águas 
superficiais. Em prazo mais longo, a profundidade do 
solo se reduz, limitando a capacidade de 
armazenamento de água, nutrientes e 
consequentemente a produção agrícola (Li et al., 
2009, Hancock et al., 2015). A predição das taxas de 
perda de solo, o diagnóstico do potencial natural de 
erosão e dos riscos de degradação são subsídios 
importantes para o planejamento agrícola e ambiental 
de uma região. 
No modelo de erosão referido por Equação 
Universal de Perda de Solo (EUPS), conforme 
adaptado por Bertoni and Lombardi Neto (1999) a 
partir da USLE (Universal Soil Loss Equation) de 
Wischmeier and Smith (1978), o fator K ou 
erodibilidade do solo representa no modelo a 
suscetibilidade do solo ao processo erosivo. Na 
proposição da USLE, é um valor quantitativo 
determinado experimentalmente, definido em 
Wischmeier and Smith (1978), para um solo em 
particular, “como sendo a taxa de perda de solo por 
unidade do índice de erosão conforme medido em 
parcela unitária padrão (22 m de comprimento; 0,09 
m m-1 de declividade; sem cobertura, arado morro 
abaixo)”. 
A erodibilidade é um atributo complexo e 
intrínseco a cada solo (Albuquerque et al., 2005; 
Silva et al., 2009, Singh e Khera, 2009, Martins et al., 
2011, Schick et al., 2014), que segundo Lal (1988) 
representa o efeito integrado dos processos que 
regulam a infiltração de água e a resistência do solo à 
desagregação e transporte de partículas. 
A erodibilidade do solo pode ser medida 
direta ou indiretamente. O método direto original, 
considerado como padrão, é caro, oneroso e envolve 
medidas no campo, sob chuva natural, por longos 
períodos (Wischmeier and Smith, 1976). Uma 
adequação desse método se dá com uso de 
simuladores de chuva, permitindo abreviar os 
experimentos. Conforme apontado por Shick et al. 
(2014), o uso de simuladores tem sido empregado em 
diversos estudos no Brasil. Por método indireto se 
entende a aplicaçãode equações ou modelos que 
utilizam atributos simples do solo (morfológicos, 
Vol. 3, No. 1, 51-58 (2016) 
ISSN 2359-6643 
 
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físicos, químicos e mineralógicos) como variáveis 
independentes, para predição do fator K (Denardim, 
1990, Silva et al., 1999). 
O mais conhecido método indireto para 
estimativa do fator K é o nomograma proposto por 
Wischmeier et al. (1971). Na sua elaboração, foram 
incluídos, dominantemente, solos de textura média do 
meio-oeste dos EUA. Adaptações do método 
nomográfico e outros métodos indiretos para 
determinação da erodibilidade têm sido 
desenvolvidas e testadas para solos brasileiros por 
diferentes autores (Silva et al., 1986, Lima et 
al.,1990, Denardin, 1990, Silva et al., 1994), as quais 
ainda necessitam de validação dos resultados. 
O presente trabalho trata da comparação de 
dois métodos indiretos de avaliação da erodibilidade 
de um LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico 
típico da região de Campinas, SP, para estimativa do 
valor K para uso na Equação Universal de Perda de 
Solo. 
 
MATERIAL E MÉTODOS 
Área de estudo 
Foram analisadas amostras do 
LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, 
unidade Barão Geraldo do levantamento pedológico 
semidetalhado da quadrícula de Campinas, SP 
(Oliveira et al., 1979). Foram abertas cinco mini 
trincheiras por parcela experimental cultivada com 
milho, sendo duas sob sistema plantio direto (SPD) e 
três sob sistema convencional de preparo com grade 
aradora (SC). O delineamento experimental foi 
inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 x 2 x 
2, sendo 2 sistemas de manejo (SPD e SC), dois 
métodos (Nonograma modificado e Denardin) e duas 
profundidades ( 0-5 cm e 5-10 cm), totalizando 8 
tratamentos, com 2 repetições para o SPD e 3 
repetições para SC. A razão para diferenciar entre 
amostras provenientes de dois sistemas de manejo 
agrícola se deve ao fato de que muito embora a 
erodibilidade do solo seja um atributo complexo e 
intrínseco ao mesmo, nos métodos indiretos de 
determinação entram atributos edáficos que são 
afetados pelo manejo agrícola, como no caso do teor 
de matéria orgânica, da permeabilidade do solo e da 
estrutura. 
Em cada mini trincheira procedeu-se à 
descrição da estrutura do solo (tipo, tamanho e grau 
de desenvolvimento), conforme Santos et al. (2013), 
e à extração de amostras deformadas nas duas 
profundidades para determinação da granulometria 
em laboratório, conforme descrito a seguir. 
 
Análises 
As análises granulométricas das amostras 
de solo foram realizadas empregando o método da 
pipeta para recuperação da argila e dispersão 
mecânica com uso de mesa agitadora reciprocante, 
conforme descrito no trabalho de Dourado et al. 
(2012). A fração areia foi separada por tamisagem em 
cinco classes de tamanho: areia muito grossa (2,0 – 
1,0 mm), areia grossa (1,0 – 0,5 mm), areia média 
(0,5 – 0,25 mm), areia fina (0,25 – 0,125 mm), areia 
muito fina (0,125 – 0,053 mm). A fração silte foi 
obtida por diferença entre o total da amostra menos a 
soma dos teores de areias e argila. Foram realizadas 
três repetições da análise granulométrica para cada 
profundidade avaliada em cada parcela (SPS, SC), 
calculando-se a média, desvio padrão e coeficiente de 
variação para cada fração granulométrica de cada 
amostra. A partir dos resultados das análises 
granulométricas, definiram-se as classes texturais do 
solo: arenosa (< 15% de argila), média arenosa (15 – 
24% de argila), média argilosa (25 – 34% de argila), 
argilosa (35 – 59% de argila) e muito argilosa (≥ 60% 
de argila). Os teores de carbono e da matéria orgânica 
do solo foram determinados (MO, em g kg-1) 
empregando o método Walkley-Black em triplicata, 
conforme metodologia descrita em EMBRAPA 
(1997). 
Na determinação do fator K foram 
empregados dois métodos indiretos ou funções de 
pedotransferência (FPT), referidos por Método 1 e 
Método 2. 
O Método 1 corresponde a uma adaptação 
realizada por Lima et al. (1990) do Método do 
Nomograma, originalmente proposto por Wischmeier 
et al. (1971), para duas classes de Latossolos 
brasileiros. Na adaptação metodológica efetuada por 
Silva, L.F.S. et al. Estimativa da erodibilidade de um LVdft em Campinas 
54 
Lima et al. (1990), a porcentagem de partículas 
e/ou agregados menores do que 0,1mm dispersos 
em água substitui a porcentagem de silte mais 
areia muito fina do método do nomograma 
original, e a porcentagem de partículas e/ou 
agregados maiores que 0,1mm, também dispersos 
em água, substitui a porcentagem de areia 
correspondente (>0,1mm), sendo os demais 
parâmetros os mesmos do nomograma original. A 
Equação 1, já expressa em unidades do Sistema 
Internacional, de acordo com Foster et al. (1981), 
ilustra a respectiva função de pedotransferência. 
 
)2(0033.0)2(0043,0)120(10451,1 14,110   PSMOMaK
(Eq. 1) 
 
Sendo: K= Erodibilidade do solo ou fator-K, 
expressa em Mg h MJ-1 mm-1; MO= teor de 
matéria orgânica, expresso em g kg -1; Ma= soma 
dos teores de silte e de areia muito fina, 
expressos em g kg-1, multiplicados por 1.000 
menos o teor de argila, também expresso em g kg -
1; S= código referente à estrutura, adimensional, 
definido com base na descrição morfológica 
realizada em campo; P= código referente à 
permeabilidade do solo, adimensional. No caso 
do solo analisado (LVdf), a estrutura forte muito 
pequena granular define S=3 e a drenagem 
acentuada do perfil, decorrente da estrutura, 
define P=1 (rápida). No caso da variável Ma, 
foram considerados os valores médios de areia 
muito fina, silte e argila. 
O Método 2 se refere ao modelo 
desenvolvido por Denardin (1990) para solos do 
Brasil e dos EUA, conforme a Equação 2: 
 
401039567,030631175,0200448059,01610*48,7 XXXXK 
 
(Eq.2) 
 
Sendo: K= Erodibilidade do solo expressa em Mg 
h MJ-1 mm-1; X1= [(“Novo” silte + “Nova” areia) 
* “Novo” silte], onde “Novo” silte= silte + areia 
muito fina e “Nova” areia= areia muito grossa + 
areia grossa + areia média + areia fina, com 
valores expressos em porcentagem; X2= Classe 
de permeabilidade do solo, de acordo com a 
classificação: (1) Rápida; (2) Moderada a Rápida; 
(3) Moderada; (4) Lenta a Moderada; (5) Lenta; 
(6) Muito lenta; X3= variável Diâmetro Médio da 
Partícula (DMP), expresso em mm, e calculado 
segundo a Equação 3: 
 
 )(CiPiDMP 
(Eq. 3) 
 
Onde: Ci= Centro da classe textural i, expresso em 
mm; Pi= Proporção de ocorrência da classe textural i, 
expressa em %; X4= variável (MO% * “nova 
areia”)/100, sendo MO%, o teor de matéria orgânica 
expresso em porcentagem. 
Os dados foram submetidos à análise 
exploratória, à análise de variância, empregando o 
teste F, e à comparação de médias, empregando teste 
de Tukey, com 5% de probabilidade. Para realização 
das análises foi utilizado o programa SAS (SAS 
Institute, 1999). 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
A tabela 1 apresenta a estatística descritiva 
dos valores estimados de erodibilidade (K) pelos dois 
métodos indiretos e para duas condições de manejo 
do solo, e a tabela 2 mostra a análise de variância 
desses resultados. 
Considerados os primeiros 10 cm do solo, 
no SPD o valor médio de K foi de 0,014 Mg h MJ-1 
mm-1 (Tabela 3) e no SC o valor médio de K foi de 
0,012 Mg h MJ-1 mm-1 (SC), com coeficientes de 
variação indicativos de baixa variabilidade (CV >12 
%) nas parcelas sob SPD e média variabilidade (12 % 
< CV < 60 %) nas parcelas sob SC, de acordo com os 
critérios de Warrick and Nielsen (1980). 
Embora próximos, os resultados dos testes 
de médias evidenciam diferenças significativas dos 
valores de erodibilidade entre os manejos (SPD e SC) 
(Tabela 2), sendo ligeiramente superiores para o SPD. 
As interações, no entanto, não foram significativas 
(Tabela 2). Análises de correlação entre a 
erodibilidade estimada (K) e variáveis dos dois 
métodos evidenciaram que K se correlacionou forte epositivamente com a variável Ma ({[(silte + areia 
muito fina)*1000]-(argila)}) do Método 1 e com a 
variável X1 ([(“Novo” silte + “Nova” areia) * 
Vol. 3, No. 1, 51-58 (2016) 
ISSN 2359-6643 
 
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“Novo” silte]) do Método 2, com coeficientes de 
correlação de Pearson respectivamente de r=0,9157 e 
r=0,9253. A correlação com a variável X4 [(MO% * 
“nova areia”)/100] do Método 2 foi também positiva, 
mas mediana, com coeficiente de correlação r = 
0,6507. Não foi observada correlação entre a variação 
de K e a variação do teor de matéria orgânica (MO do 
Método 1), nem com a variação da variável X3 
(diâmetro médio ponderado das partículas) do 
Método 2. 
 
Tabela 1. Estatística descritiva dos valores de erodibilidade (K, em Mg h MJ-1 mm-1) nos diferentes tratamentos pelos 
Método 1 (M1; Método do Nomograma adaptado) e pelo Método 2 (M2; Denardin, 1990). 
 
Tratamento Média S Máximo Mínimo C.V. (%) 
SPD M1 P1 0,0133 0,001 0,014 0,012 11,12 
SPD M1 P2 0,0145 0,001 0,015 0,014 7,29 
SPD M2 P1 0,0135 0,001 0,014 0,013 9,91 
SPD M2 P2 0,0146 0,001 0,015 0,014 6,78 
SC M1 P1 0,0116 0,003 0,015 0,010 27,73 
SC M1 P2 0,0118 0,002 0,014 0,010 16,37 
SC M2 P1 0,0117 0,003 0,015 0,010 27,54 
SC M2 P2 0,0117 0,002 0,014 0,010 16,37 
SPD, Sistema Plantio Direto; SC, Sistema Convencional; P1, profundidade de 0-5 cm; P2, profundidade de 
5-10 cm; S, Desvio Padrão; C.V., Coeficiente de Variação. 
 
Tabela 2. Valores do Teste F resultantes da análise de variância da erodibilidade 
estimada por dois métodos indiretos a partir de amostras de solo de duas 
profundidades sob dois sistemas de manejo (SC e SPD). 
 
Causa de variação Teste F 
Manejo 0,0496* 
Método 0,9638ns 
Profundidade 0,5787 ns 
Manejo x Método 0,9532ns 
Manejo x Profundidade 0,6214ns 
Método x Profundidade 0,9470ns 
Manejo x Método x Profundidade 0,9969ns 
CV (%) 18,08 
* significativo a 5%; ns= não significativo. 
 
Tabela 3. Teste de médias dos valores de 
erodibilidade (K) nos diferentes sistemas de manejos. 
 
Manejo Média 
SPD 0,014 A 
SC 0,012 B 
 
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na coluna 
não diferem entre si, quanto ao tratamento, a 5 % de 
probabilidade pelo teste de Tukey. 
 
Os testes de médias relacionados na 
tabela 4 evidenciam que não ocorrem diferenças 
significativas na granulometria e nos teores de 
matéria orgânica nos solos (MOS) dos dois 
sistemas de manejo, excetuando-se areia fina que 
é ligeiramente mais elevada no solo sob SC. 
Embora os teores de silte não apresentem 
diferenças significativas entre sistemas de 
manejo, o que é coerente uma vez se tratar do 
mesmo tipo de solo, do ponto-de-vista da 
estimativa de K, no entanto, teores absolutos de 
silte mais baixos no solo das parcelas sob SC, 
com médias de 191 g kg-1 (0-5cm) e 189 g kg-1 
(5-10cm) contra respectivamente 231 g kg-1 e 
216 g kg-1, podem ter condicionado erodibilidade 
mais baixa no solo sob SC. As altas correlações 
positivas com as variáveis Ma (Metodo 1) e X1 
(Método 2) evidenciam essa influencia dos teores 
de silte nas estimativas de K. 
Não por acaso, nos métodos indiretos de 
estimativa da erodibilidade as frações silte e areia 
muito fina compõem variáveis de destaque. Conteúdo 
mais alto de AF no solo sob SC se relaciona com 
conteúdos mais baixos de silte no mesmo solo, com 
efeito positivo sobre a erodibilidade, estimada como 
sendo mais baixa nesse sistema. Os resultados 
Silva, L.F.S. et al. Estimativa da erodibilidade de um LVdft em Campinas 
56 
evidenciam que, no caso do estudo presente, o 
manejo do solo não interferiu na estimativa da 
erodibilidade, evidenciando-se um efeito local da 
parcela em si e não propriamente do sistema de 
manejo. 
 
 
Tabela 4. Valores médios de matéria orgânica (MO), areia muito grossa (AMG), areia grossa (AG), areia média 
(AM), areia fina (AF), areia muito fina (AMF), Silte e Argila em dois sistemas de manejo, nas duas profundidades 
amostradas (0-5; 5-10). 
 
Manejo MO (g kg-1) AMG (g kg-1) AG (g kg-1) AM (g kg-1) 
 0 – 5 cm 5 – 10 
cm 
0 – 5 
cm 
5 – 10 
cm 
0 – 5 cm 5 – 10 
cm 
0 – 5 cm 5 – 10 
cm 
SPD 34,5 Aa 25 Aa 8 Aa 11 Aa 37 Aa 33 Aa 59 Aa 62Aa 
SC 31,3 Aa 26,3 Aa 8 Aa 7,6 Aa 28 Aa 28 Aa 60 Aa 66 Aa 
 
Manejo AF (g kg-1) AMF (g kg-1) Silte (g kg-1) Argila (g kg-1) 
 0 – 5 cm 5 – 10 
cm 
0 – 5 
cm 
5 – 10 
cm 
0 – 5 cm 5 – 10 
cm 
0 – 5 cm 5 – 10 
cm 
SPD 67 Aa 72 Aa 61 Aa 63 Aa 231Aa 216 Aa 537 Aa 541 Aa 
SC 79 Ba 75 Aa 65 Aa 63 Aa 191 Aa 189 Aa 569 Aa 572 Aa 
Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha não diferem entre si, quanto à profundidade no mesmo sistema 
de manejo, a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey, médias seguidas da mesma letra maiúscula na coluna não 
diferem entre si, quanto ao tratamento na mesma profundidade. 
 
Os valores de K estimados pelos dois 
métodos para o SPD estão dentro da faixa de variação 
da erodibilidade de Latossolos, entre 0,013 e 0,020 
Mg h MJ-1 mm-1, conforme Bertoni and Lombardi 
Neto (1999). Os valores estimados pelos dois métodos 
no caso do solo sob SC estão ligeiramente abaixo 
daquela faixa. Silva (1997) estimou um valor de K 
superior ao obtido neste estudo (0,016 Mg h MJ-1 mm-1) 
para um Latossolo em Chapecó-SC. No entanto, 
conforme discutido por Schick et al. (2014), outras 
classes de solos apresentam valores similares aos 
observados para Latossolos, o que reforça a importância 
de se não adotar valores de K com base na classe do solo 
(El-Swaify and Dangler, 1982). 
Silva et al. (2009) compararam valores de K 
de um Cambissolo e de um Latossolo e atribuíram as 
diferenças à mineralogia, e outros diferenciais de 
atributos químicos, físicos e morfológicos entre dos 
dois solos. Singh and Khera (2009) avaliaram o fator 
K para solos situados em quatro regiões na Índia, sob 
quatro tipos de usos e observaram que as diferenças 
foram devido a alterações provocadas pelo uso do 
solo. Solos descobertos apresentaram os maiores 
valores de K, seguidos pelos solos cultivados, sob 
pastagem e por últimos os solos de floresta. As 
diferenças foram atribuídas, principalmente, a 
alterações no teor de carbono orgânico. Kukal et al. 
(2007) apontam a erodibilidade dos solos como 
resultado de como o seu uso afeta a estabilidade de 
agregados. 
Na figura 1 apresenta-se o gráfico de 
dispersão 1:1 das estimativas de erodibilidade do solo 
pelos métodos 1 (nomograma modificado de Lima) e 
2 (Denardin). O alto valor do coeficiente de 
correlação de Pearson (r = 0,9982) evidencia a 
convergência de resultados dos dois métodos 
testados, que tiveram desempenho similar para 
estimativa da erodibilidade do LATOSSOLO 
VERMELHO Distroférrico típico da região de 
Campinas. O método do nomograma adaptado, no 
entanto, possui a vantagem de exigir variáveis de 
entrada de fácil obtenção, rotineiramente 
determinadas e publicadas nos relatórios de 
levantamentos de solos. 
 
 
 
Figura 1. Gráfico 1:1 entre os valores de 
erodibilidade estimados pelo método 1 (Nonograma) 
e pelo método 2 (Denardin). 
 
y = 1.002x + 2E-05
R2 = 0,9964
0
0.005
0.01
0.015
0.02
0 0.005 0.01 0.015 0.02
Método Denardin
M
é
to
d
o
 N
o
m
o
g
ra
m
a
Vol. 3, No. 1, 51-58 (2016) 
ISSN 2359-6643 
 
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CONCLUSÃO 
Os dois modelos avaliados não 
apresentaram diferenças significativas quanto aos 
valores estimados de erodibilidade do solo ou fator K 
para um LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico 
típico da região de Campinas. A erodibilidade do solo 
sob SPD foi ligeiramente superior à do mesmo solo 
sob SC, atribuindo-se aos teores mais elevados de 
silte (em termos absolutos) no solo sob SPD. 
 
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