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Características das Mídias de Massa Unidade I Prof. Carlos Roberto Velota CARACTERÍSTICAS DAS MÍDIAS DE MASSA “As atividades cotidianas das pessoas, durante cada era, foram profundamente influenciadas pelos sistemas de comunicação em vigor” (DeFleur e Ball-Rokeach). Introdução Esta disciplina visa a conceituar os meios de comunicação de massa na sociedade humana através da apresentação de sua história. Para o cumprimento dessa meta, usaremos como parâmetro a linha do tempo da civilização humana, as origens da comunicação e dos sistemas tecnológicos empregados para a produção e transmissão de mensagens. Atualmente nossa relação com os sistemas de comunicação é cotidiana e quase que mecânica. Enviar e receber mensagens, produzir e difundir informações, são atividades banalizadas por alguns que se perderam no envolvimento tecnológico, sem refletir sobre o conteúdo. Entender as origens da comunicação de massa e as mudanças no comportamento e na cultura podera auxiliar na tomada de decisões futuras. O recente surgimento de vários meios de comunicação de massa e sua rápida proliferação resultam no que se tem denominado como SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO. com de c seu infor regis e va prec mais por hom form mov O proce A imag unicação. canais de t início, a rmações s stro ou a p As orig Sons e O home ariedade d cisou de m s simples d meio de mem daque mas próxim vimentos e Resp Feed esso de co em acima A configu transmissã civilização sem que possibilidad ens da co símbolos em, há pou de formato ilhares de de comuni sons emit ela época mas da f formas de Rece posta/ dback omunicaç a apresent ração que ão e código o humana houvesse de de repet omunicaçã s uco tempo os que con anos para cação. No tidos, sem não con fala. 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A limitação de formas de expressão, a ausência de um suporte que permitisse o transporte da informação e as diferenças de cada uma das tribos tornavam o processo de comunicação muito limitado, moroso e impreciso. Os processos internos de abstração, classificação, síntese, indução do geral a partir do particular, e o raciocínio a partir de premissas para chegar a conclusões eram, sem dúvida, prejudicados e quase invalidados pela limitação comunicativa, atrasando grandes descobertas científicas e a difusão da informação. Isso começou muito antes dos nossos ancestrais primitivos andarem eretos. A fala e a linguagem Disponível em: <www.sxc.hu>. Há 35 ou 40 mil anos, o homem desenvolve outros recursos de comunicação. Agora possui estrutura fonética, já conhece alguns sistemas de fixação de imagens e representações codificadas de imagens e situações. O homem de Cro-Magnon possuía hábitos diferentes como planejar e conceber, caçar de forma mais coordenada, defender-se mais eficazmente e explorar melhor as regiões de caça. Inicialmente nômades, os homens utilizaram os benefícios do acúmulo dos conhecimentos permitidos pela fala e linguagem na vida fixa em aldeias. Com o passar do tempo, desenvolveram novas formas de comunicação. As pinturas rupestres eram a única forma de registrar e repassar as informações e conhecimentos adquiridos. A falta de um sistema e de suportes para a transmissão dessas informações era notória. A escrita e a linguagem Agora, o homem não é mais nômade, desenvolveu uma estrutura de organização social mais complexa, criando duas novas formas de comunicação: 1) A escrita pictográfica: caracterizada por desenhos que representavam ideias e objetos. Disponível em: <www.sxc.hu>. Os primeiros sistemas de escrita aconteceram por volta de 4000 a.C. Os primeiros sistemas pictográficos não possuíam alfabeto, só foi criado dois mil anos depois. Não podemos conferir o surgimento da escrita a um único local ou civilização, sendo que registramos as civilizações americanas, os egípcios, chineses e mesopotâmicos como os primeiros a desenvolver seus sistemas de representação gráfica surgindo assim os hieróglifos, outra forma de chamar os pictogramas. Os primeiros registros eram desenhos que visavam a reproduzir de forma simplificada os conceitos ou coisas a serem representadas. O mais antigo registro escrito de que se tem notícia foi encontrado na cidade de Uruk, Iraque. Os sumérios, povo que habitou o vale entre os rios Tigre e Eufrates na Mesopotâmia, desenvolveram a escrita cuneiforme. A escrita cuneiforme era caracterizada pelo entalhe em placas de argila de símbolos que efetivamente traduziam ideias e objetos, relatando ainda fatos do dia a dia e questões políticas e econômicas. Com o passar do tempo, os sistemas de escrita foram ganhando maior complexidade, quando os símbolos passaram a representar sons. Os fenícios, outra civilização muito conhecida pelo comércio em toda a região da palestina, desenvolveram, a partir da escrita cuneiforme, o alfabeto fonético, constituído por aproximadamente vinte letras que inovavam ao substituir as imagens e símbolos por sons. Esse alfabeto serviu como predecessor dos alfabetos grego, latino, árabe e hebraico. Isso se deu graças à necessidade de registrar as transações comerciais que os fenícios realizavam. A ampliação do uso de sinais fonéticos foi criada a partir do momento em que se notava a semelhança dos sons empregados para coisas distintas, na medida em que surgia a necessidade de criar símbolos distintivos para termos semelhantes. Enquanto isso, a necessidade de simplificar o uso dos signos escritos foi tornando o sistema mais compacto e funcional. Depois disso, as civilizações greco-romanas deram outra importante contribuição para a formação dos alfabetos contemporâneos. Foi entre os povos gregos que se introduziu o uso de vogais. Séculos mais tarde, os romanos – sendo fortemente influenciados pelos etruscos – deram formas claras ao sistema alfabético utilizado por diversas nações do mundo ocidental contemporâneo. Graças à formação de um vasto império e do contato com os bárbaros, as línguas latinas predominam em diferentes culturas do mundo atual. Os pictogramas são empregados até os dias de hoje, informam com uma velocidade muito grande e alguns de seus elementos são reconhecidos e entendidos mundialmente. 2) A escrita fonética tem na sua origem a ideia de criar símbolos para um determinado som ao invés do uso de elemento visual para representar uma ideia ou um objeto. Permite um número maior de associações de forma mais simples. Com o passar do tempo, foram desenvolvidos novos suportes para conter as informações, os egípcios usavam o papiro, que permitia a movimentação das mensagens nele contidas; as tabuletas cuneiformes de barro foram substituídas por cerâmica, muito mais resistente; em outras civilizações o pergaminho, tecidos, madeira, dentre outros suportes, foram sendo empregados para o registro e o transporte das informações.Podemos dizer que a partir de então possuíamos mídias portáteis. Os processos de produção de livros e demais artigos escritos eram lentos, necessitavam do uso de pessoas treinadas e especializadas, no mínimo dos escribas ou de copistas que pudessem duplicar os documentos. A tiragem (quantidade de exemplares produzidos) era muito pequena e não havia o processo de revisão. Outra característica da época era que nessas sociedades a predominância de analfabetos e o alto custo de cada publicação tornavam o acesso aos livros e documentos proibitivo, podendo-se afirmar que somente a elite econômica e cultural poderia acessá-los. Antes da era da impressão e do advento da prensa de tipos móveis de Gutenberg, a comunicação humana era basicamente oral. A transmissão de fatos, a perpetuação de culturas, a formação de profissionais e várias outras questões eram relatadas de forma oral, sempre feita por algum membro de uma casta superior em sua organização social. Até hoje, várias nações indígenas, no Brasil, usam o recurso de recontar as histórias para dar continuidade aos seus costumes e perpetuar as suas culturas. Esse processo perdurou até o século XIV, com a invenção da prensa móvel, que revolucionou os processos de impressão. Impressão Após a substituição do pergaminho pelo papel nas sociedades orientais e a evolução da prensa de impressão, os processos de impressão passaram por um grande desenvolvimento, permitindo a tiragem de um número maior de exemplares de cada material publicado. O processo ainda era muito lento, pois tinha de se esculpir um novo bloco para cada página de cada um dos documentos a serem impressos. Em 868 d. C., na China, foi impresso o material mais antigo de que se tem notícia: uma escritura budista. O processo empregado foi o da xilografia. Disponível em: <www.sxc.hu>. Disponível em: <www.sxc.hu>. Nas imagens acima, que mostram hieróglifos egípcios, podemos notar o cuidado com a qualidade dos registros feitos e a inclusão de cores para poder destacar algumas informações de maior importância. Gutenberg Disponível em: <www.museutec.org.br>. Acredita-se que o alemão Johannes Gutenberg, nascido por volta de 1400 e falecido em 1468 em Mainz, trabalhou como ourives em Estrasburgo, onde fundou uma empresa para a fabricação de espelhos para os que peregrinavam por ali. A peregrinação foi adiada e seus sócios reclamaram na justiça a devolução do investimento feito. Essa fábrica de espelhos originou da fundição que produziria os tipos móveis. Junto com a fábrica de espelhos, existia um projeto secreto que alguns pesquisadores acreditam ser as primeiras experiências para a impressão de livros (Gutenberg é mencionado em alguns documentos de Mainz, já em 1448, como um inventor que conhecia esse processo). O maior projeto da vida de Gutenberg foi sem dúvida alguma a impressão da Bíblia. A Bíblia de Gutenberg continha o Velho e o Novo Testamento, com 42 linhas de texto por página. Foram necessários três anos (de 1452 a 1455) e aproximadamente vinte artesãos para cumprir essa tarefa, com um custo bastante expressivo. Cada exemplar da Bíblia de Gutenberg era composto por dois volumes com 1282 páginas. Vale lembrar que existem alguns exemplares da Bíblia de Gutenberg guardados em museus. A nova tecnologia Para o processo de impressão mecânico, Gutenberg teve de desenvolver primeiramente uma liga de metal que pudesse ser usada várias vezes e que permitisse o realocamento de cada uma das “letras” (tipos), para um maior aproveitamento e aumento da velocidade de impressão. Reuniu então chumbo e antimônio, formando uma liga que permitiu fundir os tipos. O passo seguinte foi o desenvolvimento de uma tinta para pergaminho e papel. Ao misturar fuligem, óleo de linhaça e resina, conseguiu uma mistura de alta viscosidade e que não transpassava para o outro lado da folha de papel, devendo secar rapidamente a fim de agilizar todo o processo. A tinta era aplicada com duas almofadas, feitas de couro de cachorro e recheadas com crina de cavalo, sobre os tipos de metal. Gutenberg escolheu copiar as letras de um manuscrito da biblioteca do mosteiro de Mainz, pela belíssima caligrafia registrada. Buscava uma impressão alinhada, bonita, e que reproduzisse as melhores letras tidas nos manuscritos. O tamanho dos tipos deviam ser grandes para permititr a leitura nas igrejas, que eram ilumidas apenas por velas. Disponível em: <www.museutec.org.br>. Aspectos sociais da nova invenção A igreja católica viu uma grande oportunidade de difundir a Bíblia. Emitir mais cartas de indulgências e proibiu que fosse traduzida para outra língua que não fosse o latim. A reprodução de textos era mais fiel, sem os erros dos manuscritos, mais barata e altamente transportável. Estes são alguns dos fatos que possibilitaram a rápida inclusão desse novo sistema por toda a Europa. Deu-se início a um novo processo de alfabetização, difusão da ciência e rompeu-se o poder hegemônico da igreja católica em relação à cultura. Apesar de ser uma inovação revolucionária, esse novo sistema de impressão foi visto como uma ameça aos interesses dominantes e proibidos em alguns reinos. A severa supervisão de governos e da igreja definia o que poderia ou não ser reproduzido. Os que não cumpriam com as determinações poderiam ser até mortos. Vários outros materiais foram impressos, mas os livros têm até os dias de hoje, o status de melhor e maior produto impresso. Os jornais e revistas só apareceram na primeira metade do século XVII, e se espalharam rapidamente por toda a Europa, tornando-se populares em pouco menos de dois séculos em todo o mundo. A velocidade com que surgiram jornais por todo o mundo, foi tão grande quanto a da instalação de tipografias. Pelos idos de 1600, surgiram as gazetas, periódicos diários informativos e simplórios, que ficaram conhecidos de várias sociedades europeias. No início, os jornais diários eram simples, contendo poucas páginas, sem imagens (ilustrações), com informações cotidianas e anúncios de compra e de venda. No século XIX, acrescidos de ilustrações e conteúdos editorias mais opinativos, os jornais se popularizaram, dando margem ao surgimento de mais uma forma de comunicação para grandes quantidades de pessoas: a revista. As revistas surgiram já com a ilustração e cores mais vibrantes, os conteúdos muito mais ideológicos e críticos. O que parecia uma ameaça aos jornais tornou-se mais uma alternativa de comunicação para grandes populações. Jornal A máquina de Gutenberg possibilitou a troca de ideias e proliferação do conhecimento através de livros e de outros materiais impressos. Boletins informativos levavam aos comerciantes notícias de interesse sobre o mercado os primeiros eram manuscritos, em forma de panfletos, e muitas vezes eram sensacionalistas. Eles já circulavam pela Europa no século XV. O termo gazeta, muito usado para identificar jornais, surgiu em Veneza no século XVI, quando um jornal local era comprado por uma moeda popularmente conhecida por gazeta, nome dado em vários países de língua latina. Os jornais mais próximos aos que conhecemos nos dias de hoje surgiram em vários países da Europa ainda na primeira metade do século XVII, como: PAÍS TÍTULO PRIMEIRA PUBLICAÇÃO Alemanha AVISA RELATION ODER ZEITUNG 1609 Bélgica NIEUWE TIJDINGEN 1616 França GAZETTE 1631 Inglaterra LONDON GAZETTE 1665 No início, os primeiros jornais continham informações regionais, geralmente não cobrindo acontecimentos de outros continentes. Os franceses davam muito espaço aos escândalos havidos na corte inglesa; os ingleses comentavam sobre as derrotas militares sofridas pelos franceses. Os assuntos locais começaram a receber maior destaque somente no final do século XVII. A censura já era exercida, mas algumas vezes não conseguia impedir que fatos contraditórios ao governo fossem publicados. Com o surgimento dotelégrafo, em meados do século XIX, as informações puderam ser transmitidas com maior velocidade, permitindo que as notícias fossem mais próximas das datas em que haviam ocorrido. A publicação da primeira fotografia na capa de um jornal aconteceu no Daily Herald, de Nova York, Estados Unidos. Somente no início do século XX o uso de fotografias nos jornais e revistas tornou-se comum. O rádio ganha suas primeiras emissoras nos anos 1920. Os jornais então passaram por um processo de remodelagem devido ao medo de extinção e reagindo de forma positiva à concorrência. O jornal tornou-se mais atraente para seu público. O jornal ainda sentirá a chegada da televisão e a sua convergência e interação com a internet, obrigando novas soluções inovadoras para prosseguir existindo. O jornal no Brasil O início das tipografias no Brasil da-se com a vinda da família real portuguesa, no início do século XIX. Também é inaugurada, em dez de setembro de 1808, a Gazeta do Rio de Janeiro, primeiro jornal diário publicado e impresso no Brasil. Havia o Correio Braziliense, que era editado e impresso em Londres e depois enviado ao Brasil. Até a vinda da família real para o Brasil, a impressão de folhetos, revistas, jornais e livros era proibida. Somente com a criação da Imprensa Régia foi permitida a impressão de veículos informativos e de jornais, que eram previamente censurados pela Coroa Portuguesa. O jornal mais antigo em circulação é o Diário de Pernambuco, inaugurado em 1825, sendo até hoje publicado. Os jornais brasileiros eram caracterizados pela simples transposição da informação. Isso durou até o retorno da família real para Portugal. A partir de então os jornais passaram a ser mais dinâmicos e opinativos. Uma das questões, ainda do ponto de vista dos recursos empregados, é o fato de os jornais só introduzirem as fotografias a partir do final do século XIX. Veja a seguir um quadro que apresenta os jornais mais antigos ainda em publicação no Brasil, excetuando o Diário de Pernambuco. TÍTULO LOCAL DATA Jornal do Commercio Rio de Janeiro/RJ 01/10/1827 O Mossoroense Mossoró/RN 17/10/1872 O Estado de São Paulo São Paulo/SP 01/01/1875 O Fluminense Niterói/RJ 08/05/1878 Tribuna do Norte Pindamonhangaba/ SP 11/06/1882 Gazeta de Alegrete Alegrete/RS 01/10/1882 Diário de S. Paulo (antigo Diário Popular) São Paulo/SP 08/11/1884 O Taquaryense Taquari/RS 31/07/1887 Gazeta de Minas Oliveira/MG 04/09/1887 Diário Popular Pelotas/RS 27/08/1890 Jornal do Brasil (Apenas Online desde 01/09/2010) Rio de Janeiro/RJ 09/04/1891 Gazeta de Ouro Fino Ouro Fino/MG 31/01/1892 A União João Pessoa/PB 02/02/1893 A Tribuna Santos/SP 26/03/1894 Correio do Povo Porto Alegre/RS 01/10/1895 Jornal A Mococa Mococa/SP 11/04/1896 Jornal A Comarca Mogi-Mirim/SP 05/07/1900 Jornal de Piracicaba Piracicaba/SP 04/08/1900 Tribuna de Petrópolis Petrópolis/RJ 09/10/1902 Cruzeiro do Sul Sorocaba/SP 12/06/1903 Jornal do Commercio Manaus/AM 02/01/1904 Jornal Cidade de Rio Claro Rio Claro/SP 01/01/1905 O Norte João Pessoa/PB 07/05/1908 Comércio de Jahu Jaú/SP 31/07/1908 Jornal Correio Riograndense Caxias do Sul/RS 13/02/1909 Fonte: Associação Nacional de Jornais (ANJ). Revistas As revistas surgem no século XIX, sendo lançados vários títulos e em diversas cidades brasileiras. Diferenciam-se dos jornais diários pela presença de ilustrações e charges desde o seu lançamento. Seu conteúdo tem um caráter muito mais político e questionador. Algumas já apresentavam páginas coloridas ainda no final daquele mesmo século, ao contrário dos jornais, que se tornaram totalmente coloridos quase que ao término do século XX. Segundo Thomaz Souto Corrêa, no Curso Abril de Jornalismo: A primeira [revista] de que se tem notícia já embutia o conceito de que revista é sinônimo de variedade. O objeto era igual a um livro, mas com assuntos variados, ainda que reunidos sob um mesmo tema, no caso a teologia. Enquanto os livros tratavam e geralmente tratam de um mesmo tema, a revista inovou, ao tratar de um mesmo tema com assuntos variados. Chamava-se Edificantes Discussões Mensais a primeira revista de que temos registro. Nasceu em Hamburgo, em 1663, ... o formato quase igual, o mesmo “jeitão”: uma sucessão de artigos em branco e preto. Na França, em 1672, alguém teve a ideia de misturar assuntos muito variados debaixo de um mesmo título e inventou o que hoje chamamos de revista de interesse geral. O Mercúrio Galante publicava crônicas sobre a Corte, anedotas elegantes, poesia. Mas levou vinte anos para que alguém inventasse a primeira revista feminina da história, em 1693, sempre na França. Pelo jeito, essa revista era aparentada com o Galante, porque se chamou Mercúrio das Senhoras. Também tinha a crônica da Corte e poesia, mas mostrava desenhos de roupas, moldes para vestidos e bordados, poesia. Dando uma de engenheiro de obra feita, fica fácil dizer que, do ponto de vista do marketing, as revistas nasceram segmentadas por tema, teologia, ciências, literatura, e o Mercúrio Galante inaugurou a seção de revistas segmentadas por mercado leitor, no caso o feminino. O número de novas revistas se multiplicou pela Europa, onde o analfabetismo diminuía e o interesse por novas ideias crescia. Até a década de 1830, as revistas eram desprovidas de imagens e de cor. Passaram a incorporar imagens já no idos de 1840, eram caras, lidas apenas por membros da elite cultural e econômica das sociedades. Logo, os editores perceberam que deviam alterar o modelo de revista buscando algo mais leve, com matérias de interesse de toda a comunidade, ilustradas e com um preço acessível pela maioria da população. Aproximadamente em 1850, as revistas passaram a ser publicadas com fotografias, outra grande oportunidade de negócios que foi explorada. A receita obtida com as vendas dos exemplares era reinvestida no processo de produção, otimizando os parques de impressão e as tipografias. Ao final do século XIX, já havia revistas segmentadas por sexo, dedicadas às senhoras, contendo assuntos referentes às atividades domésticas, moda, receitas e anúncios voltados à mulher. Casos semelhantes encontramos em revistas masculinas, em que a política, economia, charges e anedotas davam o tom. A primeira metade do século XX, marcado por duas guerras antecedidas por uma crise econômica mundial, serviu para consolidar a revista como um meio de comunicação de massa rico e de incontestável credibilidade, sendo as revistas ilustradas as que mais possuíam leitores. Um dos maiores sucessos de todos os tempos no mercado internacional de revistas foi a revista Life, que chegou a vender oito milhões de exemplares em uma única edição, inspirando o surgimento de revistas ilustradas em todo o mundo. Assis Chateaubriand tinha a ideia de editar uma revista ilustrada muito antes dos americanos e europeus. O Cruzeiro foi publicado pela primeira vez em 1928 e só encontrou uma concorrente à altura com o lançamento da revista Manchete, em 1952. O Cruzeiro foi publicada pela última vez em 1975, edição que tinha uma foto do então jogador do New York Cosmos, Pelé. A periodicidade na publicação das revistas veio oferecer maior conveniência aos leitores. Revistas de interesse geral como Veja, Visão e Isto É, eram publicadas todas as semanas. Havia periodicidades quinzenais, mensais, bimestrais, trimestrais, quadrimestrais, semestrais e até os anuários. Segundo a Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER), em 2009 foram publicados 3285 títulos regulares, em um total de mais de 4200, contando as edições especiais. Acima, apresentamos exemplos de capas da revista O Cruzeiro, uma de 1928 e outra com Carmem Miranda e seus barangandãs, de 19371. No Brasil há uma vasta segmentação de títulos para os mais diversos tipos de interesse e orientação seja esta étnica, sexual, profissional, comportamento e moda, hobbies, cultura,lazer, religião, dentre várias outras. A revista brasileira possui uma qualidade editorial e de impressão igual a qualquer outra no mundo. O processos de impressão Vale a pena lembrar que os processos de impressão sofreram transformações e receberam inovações tecnológicas ao longo de pouco menos de 500 anos desde a impressão da Bíblia de Gutenberg. Os processos impressão são cada vez melhores e rápidos. Editores criam novos jornais e revistas, oferecendo de tudo em termos de informação e cultura. 1 Imagens do arquivo pessoal de José Carlos Vaz Velota, gentilmente cedidas. Conclusão Não podemos deixar de lembrar os inúmeros inventos e incrementos tecnológicos que possibilitaram a criação dos meios de comunicação de massa, a eletricidade e a pilha, os estudos de Hertz sobre a eletricidade e as ondas eletromagnéticas e tantos outros, que deram continuidade ininterrupta ao desenvolvimento da comunicação social da humanidade. A comunicação passará por novas transformações e inovações a partir do desenvolvimento de meios de comunicação que usam a eletricidade para sua transmissão e recepção, não mais dependendo somente de suportes concretos como o papel e suas variações. Veremos melhor essas mídias na unidade II da disciplina. Referências bibliográficas SILVA, Maria Beatriz Nizza da. A Gazeta do Rio de Janeiro (2808-1822): cultura e sociedade. Rio de Janeiro: Eduerj, 2007. RABAÇA, Carlos Alberto; BARBOSA, Gustavo. Dicionário de Comunicação. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2002. BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do mundo. 2. ed. São Paulo: Fundamento Educacional, 2009. HERSCHMANN, Micael M.; GOULART, Ana Paula. Comunicação e História: interfaces e novas abordagens. Rio de Janeiro: Mauad, 2008. Revista de História da Biblioteca Nacional. Disponível em: <http://www.revistadehistoria.com.br>. Acesso em: 10 jan. 2011. Curso Abril de Jornalismo. Disponível em: <cursoabril.abril.com.br>. Acesso em: 12 jan. 2011. ANEXO Número de jornais brasileiros em circulação Periodicidade 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Diária 491 523 529 532 535 532 555 675 682 Semanal 937 1221 1405 1399 1533 1531 - - - Quinzenal 249 377 395 397 445 420 - - - Mensal 176 380 396 424 380 378 - - - Bissemanal 93 113 125 131 139 145 - - - Trissemanal 34 39 35 35 36 40 - - - Outras - 31 108 86 30 30 - - - TOTAL 1980 2684 2684 3004 3098 3076 3079 4103 4148 Fonte: ANJ, ABRE, ADJORI/SC, ADJORI/RS, ADI/Brasil e Mídia Dados.
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