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ÉTICA E RELAÇÕES AULA 1

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AULA 1 
ÉTICA E RELAÇÕES 
INTERPESSOAIS 
Prof. Roberto Luis Renner 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
O texto tem por objetivo apresentar diferentes entendimentos do que seria 
a ética, além de abordar algumas ideias de pensadores gregos e de seu 
entendimento sobre esse assunto. 
Dos pensadores clássicos gregos, o primeiro é Sócrates, que propunha que 
cultivar a virtude é buscar a excelência da alma. Ele investigou a natureza humana 
e, com base nisto, começou a ensinar em Atenas. Para Sócrates, um homem 
sábio é antes de qualquer coisa um homem virtuoso; dessa maneira, em suas 
palavras podemos encontrar proposições de caráter ético que se manifestam em 
forma de virtude. 
O segundo pensador é Platão, que nasceu em Atenas no ano de 427 a.C. 
e morreu em 347 a.C. De acordo com Platão, nenhum ser humano escolhe a 
felicidade por causa de suas várias formas de excelência; de modo geral, todos 
escolhem a felicidade por si mesma. Ou seja, a felicidade é buscada pelas 
pessoas por esta ser importante para elas. 
O terceiro pensador é Aristóteles, para quem a ética aparecia claramente 
subordinada à política, o que implicaria em compreender o homem em sua 
qualidade de cidadão, situado em uma determinada cidade e que se encontrava 
acima da família e do próprio indivíduo. 
Dos pensadores do período medieval, destacaremos dois deles: o primeiro 
é Santo Agostinho. Para ele, o indivíduo ético está intimamente ligado a Deus, ou 
seja, aquele que se distancia de Deus deixará de ser um sujeito ético. O segundo 
é Santo Tomás de Aquino, que tem como base o pensamento ético na filosofia 
grega e na filosofia patrística. Para ele a ética consiste em agir em conformidade 
com a natureza racional, e todo ser humano tem livre-arbítrio. 
CONTEXTUALIZANDO 
Todos nós, em nosso dia a dia, vivemos situações nas quais precisamos 
tomar decisões, e para isso é necessário que venhamos a fazer julgamentos para 
assim fazer o que é correto. A partir do momento que nos encontramos diante de 
uma decisão que envolve julgar o que é certo ou errado, estamos atuando dentro 
do campo da ética. 
O conceito de ética que temos atualmente teve sua origem no pensamento 
socrático. A palavra “ética” vem do grego ethos e significa “aquilo que pertence ao 
 
 
3 
bom costume”. 
Conforme Abbagnano (2007 p. 442), “a ética é compreendida como a 
ciência da conduta”; para o autor há duas concepções básicas. 
A primeira, que “considera como ciência do fim para qual a conduta dos 
homens deve ser orientada e dos meios para atingir tal fim, deduzindo tanto o fim 
quanto os meios da natureza do homem”. Ou seja, é o entendimento daquilo que 
seria o ideal, referindo-se à natureza do homem ou à sua essência. 
A segunda concepção de Abbagnano sobre ética é “a que considera como 
ciência do móvel da conduta humana e procura determinar tal móvel com vistas a 
dirigir ou disciplinar essa conduta”. Essa ideia está relacionada aos motivos ou 
àquilo que move a conduta humana ligada aos fatos. 
De acordo com Abbagnano (2007, p. 442-443), 
a ética precisa ser compreendida como um empreendimento coletivo a 
ser constantemente retomado e rediscutido, porque é produto da relação 
interpessoal e social. A ética supõe ainda que cada grupo social se 
organize sentindo-se responsável por todos e que crie condições para o 
exercício de um pensar e agir autônomos. A relação entre ética e política 
é também uma questão de educação e luta pela soberania dos povos. 
Num sentido mais prático, podemos compreender um pouco melhor esse 
conceito examinando certas condutas do nosso dia a dia, quando nos referimos, 
por exemplo, ao comportamento de alguns profissionais, tais como: professor, 
motorista de taxi, médico, jornalista, advogado, empresário ou político. Vamos 
estudar alguns pensadores e seus entendimentos sobre a ética. 
TEMA 1 – SÓCRATES 
Sócrates nasceu em Atenas, em por volta de 469 a.C., e faleceu em Atenas, 
em 399 a.C. Foi um filósofo do período clássico da Grécia Antiga, e é considerado 
um dos fundadores da filosofia ocidental. 
Sócrates foi o primeiro filósofo a buscar definições universais para as 
virtudes morais, e por essa razão, contribuiu para o que viria a ser a área da 
epistemologia. Foi o fundador da filosofia moral (ou ética), e por esse motivo ele é 
tido um marco divisório da filosofia grega. A frase encontrada no Oráculo de Delfos 
exprime bem o pensamento socrático: “conhece-te a ti mesmo”. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Atenas
https://pt.wikipedia.org/wiki/469_a.C
https://pt.wikipedia.org/wiki/399_a.C
https://pt.wikipedia.org/wiki/399_a.C
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fil%C3%B3sofo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A9cia_Cl%C3%A1ssica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A9cia_Antiga
https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_ocidental
http://www.infoescola.com/filosofia/epistemologia/
 
 
4 
Figura 1 – Estátua de Sócrates 
 
Crédito: Nice_Media_PRODUCTION/Shutterstock. 
Sócrates demonstrou interesse investigativo da natureza para o homem e, 
somente a partir deste momento é que ele começou seus ensinamentos em 
Atenas. Para ele um homem sábio é antes de tudo um homem virtuoso, dessa 
maneira, em suas palavras podemos encontrar proposições de caráter ético que 
se manifestariam em forma de virtude. Portanto, a ética é apresentada como 
virtude, e um homem ético é um homem virtuoso. 
Segundo Sócrates, para que um homem seja virtuoso, é preciso antes 
conhecer e ponderar sobre os valores humanos, dessa maneira o que se pode 
destacar nas ideias do filósofo é que não basta discutir ou debater sobre algo, 
mas analisar constantemente tudo o que a diz respeito o homem. É essencial 
compreender que o homem se distingue de todas as outras coisas pela sua alma. 
Sócrates tinha o entendimento de que “cultivar a virtude é buscar a 
excelência da alma, realizar plenamente o seu lado espiritual e alcançar o fim 
próprio do homem e, com isso, alcançar felicidade”. 
De acordo com Ana Vidolin (2013), em seu artigo “A evolução da Ética no 
contexto histórico”: 
A partir deste reconhecimento, de que o homem se distingue das demais 
coisas pela sua alma, para ele a virtude consiste em: ela não pode ser 
outra coisa senão o que permite a alma ser boa, ou seja, ser aquilo que 
por sua natureza a alma deve ser. No entendimento de Sócrates a 
ciência é um bem que deve ser preterido pelos homens que buscam a 
virtude e a excelência, entretanto a ignorância é um mal que deve ser 
evitado, pois ela leva o homem ao vício. Ora, o que permite a alma ser 
boa é o conhecimento ou a ciência e, assim sendo, o contrário da virtude 
é o vício, que nada mais é do que a privação de conhecimento ou ciência, 
a ignorância. 
Para Sócrates, observar e praticar a lei são considerados o aspecto divisor 
entre aqueles que podemos chamar de civilizados e não civilizados, ou seja, a 
 
 
5 
barbárie, pois as ideias de ordem e coesão dão condição àquilo que denominamos 
ordem política. Quando se fala de ética logo tem-se o entendimento de que se 
deve respeitar as leis – por conseguinte, a coletividade. 
TEMA 2 – PLATÃO 
Platão nasceu em Atenas no ano de 427 a.C., e só interrompeu seu 
trabalho como escritor quando morreu, em 347 a.C. Platão era de família nobre e 
tradicional na cidade de Atenas, e isso o direcionou à vida política e, 
consequentemente, à filosofia. 
Filho de uma família de aristocratas, começou seus trabalhos filosóficos 
após estabelecer contato com Sócrates, Platão tornou-se seguidor e discípulo de 
Sócrates. Em 387 a.C., fundou a Academia, uma escola de filosofia com o 
propósito de recuperar e desenvolver as ideias e pensamentos socráticos. Nela 
dedicou-se principalmente ao ensino de Filosofia e Matemática, tendo como 
discípulo Aristóteles que mais tarde tornar-se-ia um dos filósofos mais importantes 
do pensamento ocidental. 
De acordo com Trevisan (2016), Platão, a convite do rei Dionísio, passa um 
bom tempo em Siracusa, ensinando filosofiana corte. 
Platão valorizava os métodos de debate e conversação como formas de 
alcançar o conhecimento. De acordo com ele, os alunos deveriam descobrir as 
coisas superando os problemas impostos pela vida. 
Figura 2 – Estátua de Platão 
 
Crédito: Nice_Media_PRODUCTION/Shutterstock. 
É importante observar que assim como Sócrates, Platão também entendia 
 
 
6 
que a filosofia tem um fim prático e moral. Desse modo, a filosofia é a ciência que 
resolve o problema da vida. Isso ocorre por meio da especulação e do 
conhecimento da ciência de maneira intelectual. Entretanto há uma diferença 
entre Sócrates e Platão: o primeiro limitava a pesquisa filosófica e conceitual ao 
campo antropológico e moral, porém com o entendimento de que esse 
questionamento estava relacionado ao campo metafísico e cosmológico, isto é, a 
toda a realidade. 
Para Sócrates, todas as virtudes podem ser reduzidas ao conhecimento. 
Desse modo, o conhecimento é a única e verdadeira virtude, ou seja, o 
conhecimento é a virtude real. O vício é o oposto de virtude, e todos os vícios que 
o ser humano tem são considerados fruto da ignorância ou têm origem nesta. 
Assim, a ignorância é a causa do mal; logo, quem faz o mal, o faz por ignorância, 
e não porque decidiu ser mal. 
Há dois princípios socráticos importantes que precisam ser considerados. 
O primeiro é que a virtude é conhecimento, isto é, conhecer é uma virtude; e o 
segundo é que não se pode fazer o mal voluntariamente, mas somente por meio 
da ignorância. Há o entendimento de que foi Sócrates foi quem deu início à 
discussão sobre a ética. No entanto é importante salientar que foi Platão que – a 
partir das ideias de Sócrates – veio a desenvolver e sistematizar o pensamento 
ético. 
Platão tinha o entendimento de que havia diferença entre corpo e alma, 
atribuindo uma nítida superioridade hierárquica à alma em relação ao corpo. Para 
Platão, o corpo físico era a sede dos desejos e das paixões do homem, e sendo 
o corpo a fonte desses desejos e paixões, este iria afastar ou desviar ser humano 
do caminho certo – o caminho do bem. Essa cisão clara entre alma e corpo, 
conduziu a um enaltecimento da primeira em detrimento do segundo. Esse 
entendimento de Platão leva a um discurso ético que viria a identificar o homem 
verdadeiro com a alma, e não mais com o corpo físico. 
Ainda em relação a essa ideia de Platão – da superioridade da alma sobre 
o corpo – o que realmente influenciaria o homem seriam as paixões e os desejos 
do corpo, o que dificultaria a busca do bem. 
De acordo com Trevisan (2016), “a virtude é algo tão difícil de ser ensinado 
que no diálogo denominado ‘Protágoras’, Platão, através de seu interlocutor, 
Sócrates, afirma a impossibilidade de se ensinar a virtude”. O mesmo autor explica 
ainda: 
 
 
7 
Não só parece que os cidadãos opinam bem como, em particular, os 
mais sábios e melhores de nossos cidadãos não são capazes de 
transmitir a outros a excelência que possuem. Por exemplo, Péricles, o 
pai destes jovens que aqui estão, os educou notavelmente bem em 
coisas que dependiam de mestres, mas nas que ele pessoalmente é 
sábio, nem ele os ensina e tão pouco confia a outros ensinarem. 
(Trevisan, 2016) 
Da mesma forma que Péricles não pode ensinar a virtude a seus filhos, os 
homens não podem aprender a virtude senão por seus próprios méritos, pois a 
virtude não é algo que se possa ensinar. É necessário o convívio com o outro, 
com a comunidade: a virtude somente pode ser aprendida pelo convívio na polis. 
Dessa forma, o homem virtuoso será, antes de qualquer coisa, um bom cidadão. 
TEMA 3 – ARISTÓTELES 
Aristóteles nasceu na cidade de Estágira, no ano de 384 a.C., e veio a 
falecer por volta do ano 322 a.C. Ele foi reconhecido por muito tempo como o 
fundador do pensamento lógico. A teologia medieval foi fortemente influenciada 
por suas ideias. 
As ideias do filósofo sobre a humanidade influenciaram bastante os 
fundamentos do pensamento ocidental contemporâneo. Aristóteles teve Platão 
como professor e mestre. 
Figura 3 – Busto de Aristóteles 
 
Crédito: MidoSemsem/Shutterstock. 
Em Aristóteles a “ética aparece claramente subordinada à política, o que 
implicava em compreender o homem em sua qualidade de cidadão, situado em 
 
 
8 
uma determinada cidade que se encontrava acima da família e do próprio 
indivíduo” (Trevisan, 2016). Nesse sentido, o indivíduo passa a existir em função 
da cidade, e não o contrário, pois, segundo Aristóteles, se o bem do indivíduo é 
bem da cidade, é mais nobilitante e perfeito escolher e defender o bem da 
coletividade (a cidade) em lugar de apenas um indivíduo. Dessa forma, a cidade 
será basicamente o horizonte que acabará por abarcar os valores do homem. 
Conforme a metafísica aristotélica, cada indivíduo é imbuído de uma 
necessidade de satisfazer sua natureza – a concretização plena de sua forma – e 
reside justamente nisso seu fim, sua felicidade e, naturalmente, sua lei. Isso 
porque a razão é a mais profunda característica, ou seja, a essência do indivíduo; 
dessa forma, se o sujeito viver assim, estará contemplando sua natureza e com 
isso será consciente. Assim ele alcança a felicidade mediante a excelência, que é 
precisamente uma atividade segundo a razão, quer dizer, pressupõe o 
conhecimento racional. Logo, o fim natural do ser humano é a busca da felicidade, 
para a qual é necessária a excelência, que, por sua vez, necessita da razão. 
A excelência é um justo meio e um hábito racional. Enfim, a ética aristotélica 
reconhece a primazia das virtudes dianoéticas (contemplativas), sobre as virtudes 
éticas (ativas); enfim, há supremacia do conhecimento e do intelecto sobre a 
prática e a vontade. 
Aristóteles buscou construir uma ética realista, ou seja, mais voltada para 
o homem concreto, mantendo uma certa distância do dualismo platônico corpo- 
alma. Para ele, o homem em suas atitudes diárias tende sempre a um fim 
concreto, que se apresenta como sendo um bem. Podemos afirmar que temos 
bens e fins que são buscados pelo ser humano em vista de outros bens e fins, e 
estes são relativos. 
É importante que venhamos a ter o entendimento de que há diferentes 
conceitos de bem. Na educação, o bem é o conhecimento; na medicina, o bem é 
a saúde; portanto, o bem é o fim almejado ou o propósito de cada ação, pois, é 
devido a esses fim ou propósito que os homens realizam suas ações. 
Contudo, todos os bens e todos os fins, mesmo os relativos, tendem a um 
bem supremo e a um fim último. O bem supremo é aquele que é desejado em si, 
e nunca com vista a algo mais. Qual é este bem supremo? Esta é uma pergunta 
à qual Aristóteles realmente buscará responder. 
Entendemos que a felicidade é o bem que está acima dos outros bens; é 
compreendida como este bem supremo, pois a escolhemos sempre por si mesma, 
 
 
9 
e nunca por causa de algo mais; as honrarias, o prazer, a inteligência e todas as 
outras formas de excelência, embora as escolhamos por si mesmas, são 
escolhidas por causa da felicidade, pois pensamos que por meio delas seremos 
felizes. 
Conforme Aristóteles, nenhum ser humano escolhe a felicidade por causa 
das várias formas de excelência. Ou seja, a felicidade é buscada pelas pessoas 
por ela ser importante para elas. Ninguém escolhe ser feliz para alcançar a saúde, 
e nem busca a felicidade para obter conhecimento; todavia, o ser humano busca 
a saúde ou o conhecimento para que com isso possa ser feliz. Desse modo, 
podemos concluir que a felicidade é o fim último e o bem supremo que todos os 
homens buscam. 
Para que a felicidade possa ser atingida como o fim último, é importante 
que o ser humano venha a agir em conformidade com a doutrina do meio termo. 
E o que pode ser entendido como a doutrina do meio termo? A excelência moral 
depende da escolha das ações e também das emoções consistentes num meio 
termo com relação ao agente, desde que apontado ou escolhido pela razão.O 
meio termo é, na verdade, uma virtude que se encontra em um estado 
intermediário. 
O que importa é que o meio termo é sempre algo que o ser humano 
centrado busca e no qual deseja permanecer. Um exemplo é a alimentação: o 
excesso é a gula, e a falta é a fome; porém o meio termo é o indivíduo que esteja 
satisfeito. E isso aconteceria com praticamente todas as ações e emoções. 
É importante, no entanto, salientar que nem todas as ações e emoções 
buscam ou almejam o meio termo. E isso ocorre na realidade, dado que algumas 
ações e emoções estão impregnadas de maldade, isto é: a maldade é implícita. 
Nesse sentido, é possível citar como exemplo de emoções que possuem a 
maldade implícita o desrespeito e a inveja; mas algumas ações podem ser 
consideradas como más por natureza, como o assassinato e o roubo. É importante 
salientar que nessas ações e emoções a maldade não se encontra na falta ou no 
excesso; entretanto a maldade aparece intimamente ligada às próprias ações e 
emoções e ao nome que elas têm. 
Desse modo, para atingir a excelência moral, e com isso a felicidade, o ser 
humano deve buscar escolher sempre o meio termo. A escolha do meio termo não 
é tão fácil, por isso é necessário que a pessoa esteja disposta a escolher o certo. 
Essa escolha ou disposição é resultado de um hábito que é desenvolvido no 
 
 
10 
decorrer da vida. Sendo assim, é possível afirmar que fazer o certo e optar pelo 
correto depende de um hábito que é adquirido ao longo da vida 
No entendimento de Aristóteles, a felicidade faz parte das diferentes ações 
do indivíduo, e essa está em plena concordância com a razão; desse modo, 
podemos afirmar que a virtude é algo racional. 
É importante salientar que a felicidade faz parte da educação – ou seja, da 
vontade em acordo com os princípios racionais da moderação – portanto, do meio 
termo. Para Aristóteles, a felicidade está intimamente ligada à política, sendo que 
o ser humano é compreendido como animal político, e sua conduta ética tem 
expressão na pólis. Assim, é necessário mencionar que é na sociedade – na pólis 
– que o indivíduo pode alcançar o bem maior, que é compreendido por ele como 
a felicidade; logo, para Aristóteles, ética e política são inseparáveis, e era este o 
entendimento que ele tinha do homem. 
Conforme Pansarelli (2009, p. 14), 
Razão, ética e política são elementos inseparáveis, constitutivos do 
homem em Aristóteles. Por um lado, a característica de ser racional o 
conduz à vida política. A vida política, por sua vez, norteará o bem viver 
ou o viver ético deste homem, que terá como expressão mais própria 
desta boa vida a própria vida racional. 
Esses três elementos: razão, ética e política são aspectos importantes, 
pois, com base neles podemos compreender qual era a ideia de Aristóteles sobre 
o homem. Em seu pensamento encontramos um esforço em salientar que a 
vontade racional conduzida pela razão é considerada um elemento fundamental 
da vida ética do ser humano. 
Outro aspecto importante a ser considerado é que a vida política desse 
homem é que irá nortear seu modo de viver, e sua expressão maior é a vida 
racional. O pensamento ético de Aristóteles obteve sua difusão somente a partir 
no século XIII, com a obra Ética a Nicômaco. Não que antes esse pensamento 
não fosse conhecido, mas tomou uma proporção bem maior depois desse 
período. 
TEMA 4 – SANTO AGOSTINHO 
Antes de estudarmos Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, é 
necessário abordar o período no qual estes pensadores viveram. Conforme o site 
Sua pesquisa.com: 
A Idade Média teve início na Europa com as invasões germânicas 
 
 
11 
(bárbaras) no século V, sobre o Império Romano do Ocidente, que se 
estende até o século XV, com a retomada comercial e o renascimento 
urbano. A Idade Média caracteriza-se pela economia ruralizada, 
enfraquecimento comercial, supremacia da Igreja Católica, sistema de 
produção feudal e sociedade hierarquizada. 
A ética no período medieval tem sua base fundamental no pensamento 
cristão, que passou a ser o ponto de máximo da vida espiritual. A Igreja Católica 
Apostólica Romana, com o passar dos anos, foi ganhando espaço, suas crenças 
se estabeleceram, e as sagradas escrituras eram a base central de suas ideias; 
estas poderiam ser interpretadas de acordo com a autoridade da Igreja, e dessa 
forma as vontades da igreja eram atendidas. 
Nesse contexto histórico e religioso a filosofia passou a exercer um papel 
secundário, pois a verdade não precisaria mais ser buscada: de acordo com a 
igreja, a verdade estaria contida na palavra de Deus. 
Nesse período dois filósofos importantes serão destacados por sua 
importância e sua influência. 
Santo Agostinho nasceu em 13 de novembro de 354 d.C., na cidade de 
Tagaste, e veio a falecer em 28 de agosto de 430 d.C. em Hipona (ambas as 
cidades situam-se na atual Argélia). Era filho de Patrício, um pagão. Agostinho é 
considerado um dos mais importantes filósofos e teólogos do início do 
cristianismo. Deixou uma obra literária gigantesca: 113 trabalhos, 224 cartas e 
mais de 500 sermões. 
Figura 4 – Santo Agostinho 
 
Crédito: Renata Sedmakova/Shutterstock. 
Ele faz parte do período da filosofia antiga chamado de corrente helenística 
e neoplatônica. Agostinho absorve muito do pensamento neoplatônico, e isso fica 
https://www.google.com.br/search?espv=2&biw=1536&bih=671&q=Hipona%2BArg%C3%A9lia&stick=H4sIAAAAAAAAAOPgE2LXz9U3KDcrV-IAMXJyLEy15LOTrfQLUvMLclL1U1KTUxOLU1PiC1KLivPzrFIyU1MAgpyvsDYAAAA&sa=X&ved=0ahUKEwi04p_LivbRAhXGipAKHUWaBRsQmxMIoAEoATAW
https://www.google.com.br/search?espv=2&biw=1536&bih=671&q=Hipona%2BArg%C3%A9lia&stick=H4sIAAAAAAAAAOPgE2LXz9U3KDcrV-IAMXJyLEy15LOTrfQLUvMLclL1U1KTUxOLU1PiC1KLivPzrFIyU1MAgpyvsDYAAAA&sa=X&ved=0ahUKEwi04p_LivbRAhXGipAKHUWaBRsQmxMIoAEoATAW
12 
claro em seus escritos intitulados Confissões. A corrente neoplatônica contribuiu 
muito para o seu desenvolvimento filosófico e religioso. 
Um aspecto importante a ser destacado é que Teodósio, o Grande, foi 
imperador romano a partir de 379 d.C., e com o Édito de Tessalônica (380 d.C.) 
tornou o Cristianismo a religião oficial do Império Romano do Oriente. 
Nesse período Agostinho se dedica aos estudos e leitura das sagradas 
escrituras e, para ele, a leitura da Bíblia gera uma das questões que mais o 
atormentam: qual é a origem do mal? 
Para alcançar essa resposta ou ao menos seguir em sua busca, Agostinho 
se apoia no pensamento maniqueísta. O maniqueísmo é uma filosofia religiosa, 
com origem na Pérsia, e foi fundada por Maniu Maquineu no século III, tendo uma 
influência muito grande sobre o Império Romano. No entendimento de Maquineu, 
o mundo é dividido entre o bem e o mal. O primeiro é representado pelo “Reino
da Luz”, e o segundo pelo “Reino das Sombras”, evidenciando a eterna luta entre 
Deus e o Diabo. No entendimento de Maquineu, toda a natureza material é 
essencialmente má, entretanto a bondade se encontra presente no mundo 
espiritual. Essa divisão tem claramente sua importância no que diz respeito à 
distinção entre o mundo espiritual e o mundo físico. Porém, com o passar dos 
anos, Agostinho percebe que o pensamento maniqueísta não consegue 
responder a seus questionamentos sobre a origem do bem e do mal, assim como 
sobre a liberdade humana, e com isso ele passa desacreditar em tal teoria. 
O questionamento de Agostinho como o ser humano, fruto da criação, 
poderia apresentar tendência a praticar o mal – pois para ele o ser humano é obra 
de Deus, que em Sua essência é amor. Esse questionamento fica claro quando 
Agostinho expressa que se o ser humano foi criado por Deus (que seria amor e 
bondade), como seria capaz de gerar um sujeito que comete tanta maldade? 
Nesse momento aparece o conceito do livre-arbítrio: para Agostinho, somos 
criaturas de Deus, mas somos corrompidos naturalmente pelo pecado de Adão e 
Eva, e tais pecados teriamsua absolvição na Graça Divina. 
Portanto, a ética, para Agostinho tem em Deus sua origem. Para ele, a 
origem dos mandamentos éticos universais que devem conduzir a vida do ser 
humano testá no divino. A moral é consolidada ou firmada na pessoa de Deus e 
em Seu caráter, dessa maneira os dez mandamentos foram dados para que o ser 
humano tivesse uma orientação clara de que maneira deveria viver e conduzir 
suas ações. Desta forma, para Agostinho a moralidade de um ato não depende 
 
 
13 
das situações que envolvem o ser humano, mas simplesmente da escolha do 
indivíduo em obedecer à vontade divina ou não. O que fica evidente nessa ideia 
de Agostinho é a plena obediência do ser humano a Deus, e por essa razão é 
necessária a comprensão de sua ética deontológica. 
É importante analisar a etimologia do termo deontologia: este é formado 
pela junção de duas palavras gregas: déontos que significa “dever”, e lógos, cujo 
siginficado é “tratado”. A deontologia é uma filosofia que faz parte da filosofia 
moral contemporânea, e pode ser compreendida como a ciência do dever e da 
obrigação, ou seja: um tratado dos deveres e da moral. Isso tudo envolve as 
escolhas do ser humano, e que devem ser realizadas pelo indivíduo. 
Saiba mais 
O termo deontologia foi criado no ano de 1834 pelo filósofo inglês Jeremy 
Bentham. A deontologia é também conhecida como a teoria do dever. Immanuel 
Kant também deu sua contribuição para a deontologia, uma vez que a dividiu em 
dois conceitos: razão prática e liberdade. 
O que fica claro na teoria teológica de Agostinho é que existe um peso de 
julgamento moral e de valores preconcebidos. Agostinho deixou claro que o 
pensamento de que o amor a Deus consiste na divisão entre o bem e o mal. Para 
ele, a conduta do indivíduo pode alcançar uma vida ética que tem seu mais 
profundo valor quando conduzida de acordo com os princípios estabelecidos por 
Deus na sagrada Escritura. 
A pessoa de Jesus Cristo é o ponto central para o pensamento 
desenvolvido por Santo Agostinho, pois essa ética prega o amor a Deus e também 
ao semelhante. Com base nessa afirmação, se esses dois aspectos forem 
praticados, teremos o cumprimento da ética. 
Para Agostinho, o indivíduo ético está intimamente ligado a Deus, ou seja, 
aquele que se distancia de Deus deixará de ser uma pessoa moralmente correta 
e, portanto, será um indivíduo não ético. 
TEMA 5 – TOMÁS DE AQUINO 
Tomás de Aquino nasceu no ano de 1225 na Itália, e faleceu no dia 7 de 
março de 1274. Entrou na universidade em 1245 e lá permaneceu até 1248. 
Tomás de Aquino foi muito influenciado pela filosofia de Aristóteles. Na 
universidade conheceu a ordem dos dominicanos, e a eles se juntou. Entre os 
 
 
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anos de 1248 e 1259 estudou na Faculdade de Teologia em Colônia (Alemanha), 
e trabalhou como professor na Universidade de Paris entre 1252 e 1259. 
Figura 5 – Busto de Tomás de Aquino 
 
Crédito: claudio zaccherini/Shutterstock. 
Tomás de Aquino tem como base o pensamento ético na filosofia grega e 
na filosofia patrística. O pensamento patrístico pode ser entendido como o período 
do pensamento cristão que se seguiu à época do novo testamento e chega ao 
começo da escolástica, isto é, no século VII d.C. Esse período da cultura cristã é 
designado com o nome de patrística e representa o pensamento dos padres da 
igreja, que são os pilares da teologia católica. A filosofia patrística teve como 
objetivo afirmar e solidificar o papel da igreja e propagar os ideais do cristianismo. 
A combinação da filosofia cristã com a filosofia pagã resultou em um 
período tomado por longas discussões acadêmicas na Idade Média, porém houve 
uma reviravolta do pensamento filosófico e teológico. 
Tomás de Aquino bebeu nessas duas fontes, e dessa forma fundamentou 
seu pensamento. Desse modo, a ética de Tomás está, por um lado, fundamentada 
no pensamento cristão, que tem sua base nas escrituras sagradas, e por outro, 
no pensamento de Aristóteles, para quem havia a distinção entre o homem e o 
animal, em virtude de o ser humano ter a faculdade da razão, que lhe permite agir 
de maneira voluntária, e não por instinto, como os animais. 
O pensamento ético de Tomás de Aquino se assemelha ao pensamento 
clássico da ética, pois tem sua fundamentação na ordem: ao falarmos em ordem, 
entendemos que há um objetivo implícito para que a perfeição seja atingida. Esse 
pensamento foi herdado de Santo Agostinho e de Platão. No entanto, um ponto 
 
 
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importante a ser salientado é o fato de Tomás de Aquino se alimentar das ideias 
de Aristóteles com relação à ideia de perfeição como sendo a mais sublime. 
Para Aquino, “a ética consiste em agir em conformidade à natureza 
racional, sendo que todo ser humano é de livre-arbítrio, orientado pela consciência 
e tem uma capacidade inata de perceber e captar os conselhos da ordem moral”. 
Saiba mais 
Para saber mais sobre ética, assista a esta entrevista com Mário Sérgio 
Cortela: “O que é Ética – Mário Cortella”. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=XNpfJwuh0Es>. Acesso em: 2 ago. 2017. 
FINALIZANDO 
Nessa aula abordamos as proposições de cinco grandes ícones do 
pensamento ocidental, três deles – Sócrates, Aristóteles e Platão – pertencentes 
ao período clássico da Grécia Antiga, e os outros dois – Santo Agostinho e Tomás 
de Aquino – do período Medieval da história do Ocidente. 
A contribuição desses pensadores foi e ainda é muito importante para a 
produção de conhecimento, pois suas ideias são extremamente influentes em 
nossa cultura. 
 
 
 
16 
REFERÊNCIAS 
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AQUINO, T. de. Seleção de textos. São Paulo: Nova Cultural, 2004. 
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m/aristoteles/>. Acesso em: 2 ago. 2017. 
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Mario da Gama Kury. 4. ed. 
Brasília: UnB, 1985. 
ÉTICA EM SANTO AGOSTINHO. Disponível em: 
<https://eticaesantoagostinho.wordpress.com/>. Acesso em: 2 ago. 2017. 
FERRAZ, C. A. Ética: elementos básicos. Disponível em: 
<http://nepfil.ufpel.edu.br/publicacoes/3-etica-elementos-basicos.pdf>. Acesso 
em: 2 ago. 2017. 
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tecnológica. Rio de Janeiro: PUC Rio, 2011. 
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Labor, 1950. 
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Leituras, v. 2. 
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<https://prezi.com/_ts0kwk-zlcc/a-evolucao-da-etica-no-contexto-historico/>. Acesso em: 
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https://politicaonlineblog.files.wordpress.com/2016/05/04-aristc3b3teles-v-2-c3a9tica-a-nicc3b4maco-poc3a9tica-os-pensadores.pdf
http://dx.doi.org/10.15603/1982-8993/ml.v2n2p9-24

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