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Gestão da Segurança do Trabalho Aula 7: Fiscalização e validação da segurança e saúde do trabalho: poder público, órgãos de classe e disposições entre as partes Apresentação Analisaremos o tema da �scalização e validação, uma das principais medidas legais que podem prevenir acidentes de trabalho imediatos e/ou estancar ações ou omissões humanas, direta ou indiretamente, envolvidas com o desenvolvimento de doenças laborais de médio e longo prazo. O poder público aparece como um dos principais responsáveis por sua aplicação prática, juntamente com órgãos de classe, acordos de empregadores e empregados e outras ações que buscam, de um modo ou de outro, melhorias nas condições do trabalho seguro e saudável. Objetivos Reconhecer o poder �scalizador e validador como importante atuação preventiva em prol de um ambiente laboral seguro e saudável; Identi�car os papéis destinados ao poder público no campo da �scalização e validação de um ambiente de trabalho seguro e saudável; Examinar como empregadores, empregados, órgãos de classe e a sociedade civil participativa podem atuar na prevenção de ambiente de trabalho seguro Trabalho seguro: uma questão de Direito A preocupação com um ambiente de trabalho seguro é tema da mais alta preocupação atualmente. Até a presente aula você pôde observar como o Brasil e o mundo se organizam em prol de atuações públicas e privadas protetivas não só do trabalhador, mas da atividade econômica em si. Um ambiente laboral seguro é também um ambiente laboral mais produtivo, mais e�ciente e em condições de competir com mercados internacionais, seja em negócios individuais, coletivos, públicos ou privados. O direito ao trabalho seguro elencado como um direito humano e fundamental integra também o escopo mais inovador e contemporâneo ao meio ambiente saudável e sustentável, envolvendo também o próprio ser humano como elemento integrante e indissociável da natureza. Tais direitos devem ser respeitados em prol da geração atual e das gerações futuras, dada a importância jurídica ou mesmo moral e ética em torno das discussões dos limites de exploração de recursos naturais, manutenção de áreas de preservação, acesso à água e outros temas correlatos. Sim, é isso mesmo. O Direito não se sustenta com base moral e ética, pois o agir e não agir do ser humano é diferente da teoria para a prática, havendo necessidade não só de se proibir, mas de se �scalizar a proibição. É tema ainda pouco explorado, mas que renderia boas cifras públicas e privadas se aplicado fosse com o mínimo de compromisso ético, para não se exigir uma moral natural, já afastada por pensadores e juristas, ao menos por hora. Comentário Sim, é isso mesmo. O Direito não se sustenta com base moral e ética, pois o agir e não agir do ser humano é diferente da teoria para a prática, havendo necessidade não só de se proibir, mas de se �scalizar a proibição. É tema ainda pouco explorado, mas que renderia boas cifras públicas e privadas se aplicado fosse com o mínimo de compromisso ético, para não se exigir uma moral natural, já afastada por pensadores e juristas, ao menos por hora. Como já avançamos bem na regulação normativa do poder público em suas várias esferas de interesse e atuação (CLT, OIT, NR, CRFB 88, Lei 8213/1991 etc.), é preciso apresentar aos atuais ou futuros gestores públicos e privados outros papéis do poder público que não aquele de criar normas. Agora vamos conhecer outras atividades importantíssimas do poder público conforme o quadro abaixo, com destaque na presente aula para a Fiscalização, sem prejuízo de menção às outras atividades. Atividades do poder público Clique nos botões para ver as informações. inspecionar ambientes de trabalho no cumprimento das normas e aplicar medidas administrativas de prevenção e reação, como multas, interdições etc; Fiscalização apurar e denunciar à Justiça condutas violadoras das normas, requerendo medidas judiciais preventivas e reativas; Denunciação julgar os casos denunciados e aplicar a lei, corroborando medidas administrativas ou proferindo decisões próprias que deverão ser cumpridas sob as mais variadas possibilidades. Acesso à Justiça Fiscalização: Auditores do trabalho e as atividades de inspeção A CRFB 88 já prevê o direito ao trabalho como um direito fundamental à manutenção de uma vida digna. Está assim o Brasil alinhado à OIT – Organização Internacional do Trabalho no papel e na ação efetiva, como vimos em vários projetos aplicados no campo social. A mesma CRFB 88 prevê também, em seu art. 21, a competência legal da União para tratar da Inspeção do Trabalho, mediante a atividade dos Auditores Fiscais do Trabalho, por exemplo, no que diz respeito ao trabalho análogo ao regime de escravidão. Art. 21. Compete à União: [...] XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; [...] É bem verdade que esta parte da CRFB 88 tem um caráter mais delimitador de competências, isto é, de�ne que ente público (União, Estados, Distrito Federal, Territórios ou Municípios) podem legislar sobre determinado tema. É, portanto, um dispositivo normativo da mais alta importância, mas não esgota os temas ali apontados. É necessário entender como funciona, na prática, a máquina estatal diante de um outro assunto. No caso especí�co da �scalização e inspeção do trabalho, os Auditores Fiscais do Trabalho estão vinculados à SIT - Secretaria de Inspeção do Trabalho, uma unidade administrativa hoje vinculada ao Ministério da Economia, braço direto da Presidência da República no exercício do Poder Executivo. É muito importante que governantes realizem mudanças no tratamento do tema do trabalho, direcionando-o a uma governança mais ou menos liberal, mais ou menos intervencionista, sem prejuízo do cumprimento formal de nossa legislação. No caso do Brasil, as modi�cações realizadas no então Ministério do Trabalho demonstram claramente uma Administração Pública mais direcionada para o trabalho em meio à economia, e não necessariamente o trabalho em si próprio. Do contrário, as alterações formais deveriam ser no sentido oposto. Isso não signi�ca dizer, em absoluto, qualquer ação em detrimento do direito fundamental ao trabalho, mas um realinhamento das políticas públicas associadas ao tema. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Principais atribuições da SIT: 1 Formular e propor as diretrizes da Inspeção do Trabalho brasileira 2 Promover a integração com outros órgãos governamentais para a formulação de programas de proteção ao trabalho; 3 Formular as diretrizes e as normas de atuação da área de segurança e saúde do trabalhador; 4 Supervisionar as atividades voltadas para o desenvolvimento de programas de ações integradas de cooperação técnico-cientí�ca com organismos nacionais e internacionais, em matéria de proteção ao trabalho; 5 Acompanhar o cumprimento, em âmbito nacional, dos acordos e das convenções rati�cadas pelo Brasil junto a organismos internacionais, em especial à OIT; 6 Inspecionar, por meio de seu corpo técnico de Auditores Fiscais do Trabalho, o cumprimento da legislação nacional e internacional aplicável ao tema no campo do trabalho no Brasil. 7 Promover, por meio da ENIT - Escola Nacional de Inspeção do Trabalho, capacitação, produção e disseminação de conhecimento dirigido às atividades institucionais da Inspeção do Trabalho; Os Auditores-Fiscais do Trabalho têm um escopo pautado na legalidade de vários diplomas já discutidos aqui na disciplina. No âmbito nacional - desde CLT e normas diversas, passando pelas Normas Regulamentadoras, CRFB 88, Lei 8213/1991 e dispositivos relacionados à OIT – Organização Internacional do Trabalho -, a Inspeção do Trabalho tem um destaque ou elo de conexão. Todos, de um modo direto ou indireto, contribuem para as competências previstas acima para a SIT- Secretaria de Inspeção do Trabalho, das quais destacamos aqui as seguintes características mais especí�cas e de nosso interesse, sem con�gurar um exaurimento técnico. Auditores�scais – características da atuação: Clique nos botões para ver as informações. Departamento de Segurança e Saúde do Trabalho e realizam a gestão das atividades de Segurança e Saúde no Trabalho no território brasileiro mediante o planejamento, supervisão, orientação, coordenação e execução das atividades de inspeção, por meio da �scalização de ambientes e respectivas condições de trabalho, conforme cada atividade econômica e sua respectiva regulamentação técnica, normalmente associada às Normas Regulamentadoras. Integram o DSST em caráter mais especí�co, o PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador e a CANPAT – Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho; Planejam e coordenam ja atualização e criação de novas Normas Regulamentadoras, de acordo com a Portaria MTB 1124, de 28 de dezembro de 2018, com vistas a readequar a realidade normativa técnica brasileira, seguindo a metodologia de criação de grupos de estudo, grupos de trabalho, e comissões permanentes envolvendo poder público, empregados e empregadores, seguindo os parâmetros da OIT; Coordenam e elaboram cadastros de empresas que utilizam substância com legislação e uso restrito; Organizam e mantém cadastros de empresas fabricantes e importadoras de EPI e respectivos certi�cados de aprovação nos termos da Legislação (https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/epi-equipamentos-de-protecao-individual). Organizam e controlam Saiba mais Leia o texto: Aprenda Mais sobre a Segurança e Saúde no Trabalho A esta altura, você já: Identi�cou que o direito ao trabalho é fundamental para a sobrevivência digna de pessoas naturais, jurídicas e mola precursora da economia produtiva de uma cidade, região, estado ou País; Compreendeu que o tema é assim considerado em todo o mundo, haja vista a atuação já centenária da OIT- Organização internacional do Trabalho; Reconheceu o processo tardio e ainda ativo da industrialização e aperfeiçoamento técnico do Brasil no campo das relações homem-máquina; javascript:void(0); Tem ciência da atuação pública legisladora e �scalizadora do trabalho seguro e saudável de acordo com cada área da economia e suas especi�cidades, principalmente com base nas Normas Regulamentadoras. Assim, caso você esteja em um ramo de negócio A ou B, já sabe que deve buscar encontrar, juntamente com outros pro�ssionais técnicos (juristas, engenheiros, médicos etc.), o correto enquadramento de suas atividades e respectivas sujeições legais e �scalizadoras, bem como o que não deve ser pactuado com empregadores, empregados, sindicatos e outros órgãos de classe que estejam à margem da legalidade e sujeitos à �scalização severa do poder público. Leitura Leia os textos abaixo sobre atuação dos Auditores-Fiscais do Trabalho na temática da submissão de trabalhadores em condições supostamente fora da legalidade e dignidade da pessoa humana. Fiscais do Trabalho resgatam oito ‘escravos’ em fazenda no Pará; Há 15 anos vítima de trabalho escravo, trabalhador ainda foi usado para pegar empréstimo; Fiscalização resgata 10 trabalhadores no Centro do Rio de Janeiro. Você pode estar se perguntando como fazer para denunciar casos aos Auditores-Fiscais do Trabalho. Ora, para além da atuação mais latente de ofício, veja na página da própria SIT- Secretaria de Inspeção do Trabalho as formas de interação com o poder público �scalizador e altamente quali�cado: Dica Descubra como Denunciar. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Como vimos nas legislações anteriores, a �scalização e inspeção do trabalho tem poder de polícia para ações preventivas e reativas, podendo expedir noti�cações prévias, solicitar informações, autuar empresas e, em casos mais graves, como visto acima, libertar trabalhadores mantidos em condições inadequadas e, não raro, em regimes análogos ao de escravidão, seja em grandes centros ou mesmo no meio rural. javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); É também importante rati�car que o poder público não está apenas representado pelo Executivo e, na prática, pelos Auditores-Fiscais do Trabalho. Como veremos em aulas seguintes, o Ministério Público do Trabalho e Poder Judiciário, também conhecido pela função que exerce como “Justiça do Trabalho”, podem atuar em conjunto com medidas, inicialmente propostas pela �scalização, particulares e que desaguam no campo judiciário, normalmente com grande impacto coletivo. Atenção Não podemos encerrar a presente parte sobre atuação do poder público sem prestar uma referência a um caso que chocou o País em 2004, com o assassinato de três auditores-�scais no cumprimento de seu trabalho. Leia o texto: Chacina de Unaí: 13 anos depois, mandantes do crime continuam soltos. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Atividade 1. A �scalização e inspeção do ambiente de trabalho deve ser: a) Realizada pelo poder público, através da Justiça do Trabalho, pois não existe mais o Ministério do Trabalho. b) Um ato de ofício ou mediante provação por denúncia. c) Um ato de ofício apenas, salvo denúncias do Ministério Público do Trabalho. d) Realizada pelo Ministério Público, seguido de denúncia, se for o caso. e) Um ato de ofício de juízes do trabalho, sob pena de invasão de privacidade dos Auditores-Fiscais. 2. A respeito dos Auditores-Fiscais do Trabalho, marque a opção correta. a)São oriundos de representantes de empregados e empregadores, por indicação e mandato de dois anos. b) Integram o quadro público da União, não sendo sujeitos às decisões do Ministério Público e da Justiça do Trabalho. c) São responsáveis pela fiscalização e inspeção do trabalho em todo território nacional, sendo ligados à Secretaria de Inspeção do Trabalho, do Ministério da Economia. d) Foram criados recentemente, não havendo ainda carreira pública regulamentada. e) Não podem fiscalizar atividades laborais não industrializadas, como fazendas de agricultura e gado. javascript:void(0); 3. Os Auditores-Fiscais do Trabalho são responsáveis por: a)Formular as diretrizes e as normas de atuação da área de segurança e saúde do trabalhador. b) Supervisionar os casos que tramitarão na Justiça do Trabalho. c) Formular pedidos de fiscalização ao Ministério Público, sob pena de nulidade de seus atos próprios. d) Formular pedidos de validação de inspeções ao Ministério Público, sob pena de nulidade de seus atos. e) Supervisionar as ações de investigação do Ministério Público. 4. É correto a�rmar que a CRFB 88: a)Trata da Justiça do Trabalho, mas deixa a política de inspeção do trabalho para estados e municípios. b) Trata do Ministério Público do Trabalho, mas extinguiu o Ministério do Trabalho, reduzindo-o a uma secretaria sem importância. c) Trata da organização, manutenção e execução da inspeção do trabalho, atribuindo competência para a União legislar sobre o tema. d) Não prevê mais assuntos do Ministério do Trabalho, inclusive sobre segurança do trabalhador, considerando sua extinção. e) Trata da organização, manutenção e execução da inspeção do trabalho, atribuindo competência para estados e municípios legislarem sobre o tema. 5. Empregadores e empregados podem pactuar normas que eliminem a necessidade da inspeção do trabalho, considerando a Reforma Trabalhista de 2017 e, mais recentemente, a Medida Provisória 881/2019. Tal a�rmação é: a) Correta, considerando o princípio da liberdade contratual das partes.. b) Correta, mas depende da anuência do Ministério Público. c) ) Incorreta, pois é matéria de ordem pública, não sendo possível modificar texto constitucional, muito menos restringir, deste modo, direito fundamental. d) Parcialmente correta, pois elimina apenas medidas reativas. e) Parcialmente correta, pois elimina apenas casos preventivos. Notas Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulaçãode texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Referências ATLAS, Equipe. Segurança e Medicina do Trabalho. 78. ed. São Paulo: Atlas, 2019. BRASIL. Planalto. Lei Áurea. Disponível em: http ://legislacao .planalto .gov .br /legisla /legislacao .nsf /Viw_Identi�cacao /lim %203 .353 -1888 ?OpenDocument. Acesso em 30 abr. 2019. CAMISASSA, Mara Queiroga. Segurança e saúde no trabalho: NRs 1 a 36 comentadas e descomplicadas. 5. ed. São Paulo: Método, 2018. Próxima aula Fiscalização e validação da segurança e saúde do trabalho; Novos espaços de trabalho; Certi�cações obrigatórias e voluntárias no mercado. Explore mais Segurança e Saúde no Trabalho - MENU Fiscalização do Trabalho no Setor dos Transportes Fiscalização da Construção Civil Trabalho Portuário e Aquaviário Plantão Fiscal javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0);
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