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PACIENTES COM NECESSIDADES ESPECIAIS UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE ODONTOLOGIA CENTRO DE PESQUISAS EM ODONTOLOGIA SOCIAL CURSO DE PACIENTES COM NECESSIDADES ESPECIAIS Introdução ao módulo de saúde mental Política Nacional de Saúde Mental (2001) Orientações e conduta clínica odontológica ao paciente com transtorno mental Política Nacional de Saúde Mental • A atual política de saúde mental brasileira é resultado da mobilização de usuários, familiares e trabalhadores da Saúde iniciada na década de 1980. • O objetivo era mudar a realidade dos manicômios onde viviam mais de 100 mil pessoas com transtornos mentais. LEI N. 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001 • O movimento antimanicomial alimentou-se das experiências exitosas de países europeus na substituição de um modelo de saúde mental baseado no hospital psiquiátrico por um modelo de serviços comunitários com forte inserção territorial. • Nas últimas décadas, esse processo de mudança se expressa especialmente por meio do Movimento Social da Luta Antimanicomial e de um projeto coletivamente produzido de mudança do modelo de atenção e de gestão do cuidado: a Reforma Psiquiátrica. LEI N. 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001 Política Nacional de Saúde Mental Direitos da pessoa portadora de transtorno mental: I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades; II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade; III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração; IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas; V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização involuntária; VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis; VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento; VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis; IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental. LEI N. 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001 Política Nacional de Saúde Mental Na década de 1980, experiências municipais iniciaram a desinstitucionalização de moradores de manicômios criando serviços de atenção psicossocial para realizar a (re)inserção de usuários em seus territórios existenciais. Foram fechados hospitais psiquiátricos à medida que se expandiam serviços diversificados de cuidado tanto longitudinal quanto intensivo para os períodos de crise. Política Nacional de Saúde Mental Equipamentos “substitutivos” ao modelo manicomial Atenção Básica: • Possibilita o primeiro acesso das pessoas que demandam um cuidado em saúde mental ao sistema de Saúde; • Desenvolve ações em um território geograficamente conhecido, possibilitando aos profissionais de Saúde uma proximidade para conhecer a história de vida das pessoas e de seus vínculos com a comunidade/território onde moram, bem como com outros elementos dos seus contextos de vida. Atenção Básica Residenciais Terapêuticos Oficinas de geração de renda Centros de Convivência Enfermarias de SM CAPS Os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS são serviços da Rede de Atenção Psicossocial - RAPS abertos destinados a prestar atenção diária a pessoas com transtornos mentais. . Os CAPS oferecem atendimento à população, realizam o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Os CAPS também atendem aos usuários em seus momentos de crise. . O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) é um serviço específico para o cuidado, atenção integral e continuada às pessoas com necessidades em decorrência do uso de álcool, crack e outras drogas. CAPS Lei Antimanicomial – prós e contras Mauro Aranha de Lima, psiquiatra e vice-presidente do CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de SP) http://gcn.net.br/noticia/163749/franca/2012/03/FIM-D0S-MANICOMI0S-PR0V0CA-P0LEMICA-ENTRE-ESPECIALISTAS-163749 Rede extra-hospitalar não funciona adequadamente Falta de acesso e cuidado aos pacientes em risco de agressão ou autoagressão (crise) Modelo de assistência interdisciplinar e multiprofissional Reinserção social http://gcn.net.br/noticia/163749/franca/2012/03/FIM-D0S-MANICOMI0S-PR0V0CA-P0LEMICA-ENTRE-ESPECIALISTAS-163749 Movimento antimanicomial Conquistas e Desafios Em substituição ao modelo de tratamento centrado na super medicalização e segregação em hospitais psiquiátricos, o movimento de luta antimanicomial trouxe diversos dispositivos: Centros de Atenção Psicossocial, Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), Centros de Convivência e Cultura, Unidades de Acolhimento, leitos de atenção integral, além de outras iniciativas, como o programa De Volta para Casa, que oferece bolsas a pacientes egressos de longas internações em hospitais psiquiátricos. Além dessas mudanças concretas na forma de tratamento e condução dos casos, o movimento conseguiu trazer visibilidade e conquistar maior apoio da sociedade quanto aos problemas enfrentados pelos portadores de doenças mentais, modificando em parte a visão estereotipada do “louco” que precisava ficar preso por ser incapaz de conviver com os demais. http://gcn.net.br/noticia/163749/franca/2012/03/FIM-D0S-MANICOMI0S-PR0V0CA-P0LEMICA-ENTRE-ESPECIALISTAS-163749 Dentre os desafios, está a ampliação da capacidade de atendimento dos dispositivos substitutivos. O Ministério da Saúde estima que 3% da população geral sofre com transtornos mentais severos e persistentes, ou seja, 5,7 milhões pessoas. Outras 12 milhões apresentam transtornos psiquiátricos graves decorrentes do uso de álcool e outras drogas e 12% da população, ou cerca de 23 milhões de pessoas, necessitam de algum atendimento em saúde mental, seja ele contínuo ou eventual. Também há pacientes que não possuem condições de viver fora de instituições psiquiátricas tradicionais e é preciso garantir que recebam o atendimento necessário, em instalações dignas. Além disso, é necessário permanecer investindo na conscientização e mobilização da sociedade e de todos os atores envolvidos na problemática da saúde mental: pacientes, familiares e profissionais de saúde. Movimento antimanicomial Conquistas e Desafios ODONTOLOGIA E TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS A odontologia deve buscar o conhecimento epidemiológico e técnico da situação para planejar a forma de atuação coletiva nos pacientes com transtornos psiquiátricos, adequando seus serviços a esta nova realidade! • Realizar anamnese sobre o estado de saúde do usuário, registrando o uso de antipsicóticos, antidepressivos, e demais medicações usualmente indicadas, a possibilidade de medos, visões, alucinações, ansiedade, perda de interesse pelas coisas de que gosta, sentimento de culpa, sofrimentos, afastamento social. • Entrar em contato com o psiquiatra do paciente e/ou demais profissionais que o acompanham nas unidades Básicas, CAPS, NASF se necessário. Conduta clínica odontológica • Avaliar e combinar com o médico a possibilidade de uso de pré-medicação para o controle dos episódios de ansiedade, medos e fobias ao tratamento odontológico caso necessário. • Usar técnicas de gerenciamento de comportamento e estabelecimento de vínculo. A abordagem deve ser amigável, suave, buscando tranquilizá-lo com relação ao tratamento e ao prognóstico. Conduta clínica odontológica Conduta clínica odontológica • Para os pacientes com esquizofrenia, se tiverem alucinações (negam a realidade e a evidencia de seus sentidos e a apresentam alucinações ou falsas percepções, foge da realidade para entrar no seu mundo fantasioso, sendo ele desligado de seu meio ambiente) durante a consulta odontológica, encarar com naturalidade, falar um pouco sobre o fato e tentar desviardo assunto chamando atenção para outro fato. • Os pacientes com TOC podem ter obsessão pela escovação dentária causando abrasões dentárias e lesões gengivais. A orientação deve ser dada com muita clareza, sem “assustar” quanto a presença de bactérias no biofilme. O uso de escovas extra macias é indicado. • A depressão é um diagnóstico geralmente acompanhado pela baixa autoestima. Nestes pacientes, a orientação de higiene deve ser reforçada e muito estimulada. A odontologia estética e preventiva pode ser um auxiliar no resgate da autoestima. Conduta clínica odontológica • Realizar exame estomatológico atentando para presença de candidíase e lesões cancerizáveis. • Usar com cautela agentes anestésicos devido ao risco de interação com a medicação antipsicótica, por ser depressora do sistema nervoso central; • Priorizar a educação em saúde e medidas preventivas; • Utilizar a odontologia estética e educação em saúde como auxiliar no resgate da autoestima; • Planejar atendimentos de curta duração e visitas trimestrais ao consultório. Conduta clínica odontológica Aproveite o módulo de Saúde Mental!