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Advocacia Imobiliária: demandas judiciais e procedimentos administrativos Pós-Graduação “lato sensu” Profª. Dra. Núbia Elizabette de Paula Pós-Graduação “lato sensu” | Advocacia Imobiliária: demandas judiciais e procedimentos administrativos Profª. Dra. Núbia Elizabette de Paula Unidade I CONDOMÍNIO / LOCAÇÃO / AÇÕES POSSESSÓRIAS Aula 1 Querido(a) aluno(a), Meu nome é Núbia Elizabette de Paula, sou advogada, professora, mestre e doutora em Direito Privado pela PUC/MINAS. Gostaria de contar com seu empenho nesta matéria tão importante e que, às vezes, fica relegada a segundo plano. Porém, a advocacia é um campo muito amplo e temos que estar bem preparados para lidar com qualquer causa, além de enxergar possibilidades cada vez maiores de atuação. Conto com você! Com afeto, Núbia. Pós-Graduação “lato sensu” | Advocacia Imobiliária: demandas judiciais e procedimentos administrativos Profª. Dra. Núbia Elizabette de Paula Pós-Graduação “lato sensu” | Advocacia Imobiliária: demandas judiciais e procedimentos administrativos Profª. Dra. Núbia Elizabette de Paula UNIDADE CONTEÚDO Unidade I – CONDOMÍNIO / LOCAÇÃO / AÇÕES POSSESSÓRIAS Aula 1 – CONDOMÍNIO Aula 2 – LOCAÇÃO Aula 3 – AÇÕES POSSESSÓRIAS Unidade II – CONFLITOS DE VIZINHANÇA / COMPRA E VENDA, DAÇÃO EM PAGAMENTO, PERMUTA / USUCAPIÃO Aula 4 – CONFLITOS DE VIZINHANÇA Aula 5 – COMPRA E VENDA, DAÇÃO EM PAGAMENTO, PERMUTA Aula 6 – USUCAPIÃO CONDOMÍNIO GERAL Conceito: é a sujeição de uma coisa, divisível ou indivisível, à propriedade simultânea e concorrente de mais de uma pessoa. Em outras palavras, condomínio é uma forma de propriedade conjunta ou copropriedade. Este é o condomínio GERAL, pois existe o condomínio EDILÍCIO (em edifícios), que será visto a seguir. No condomínio temos mais de um sujeito ativo, que são os proprietários, exercendo o domínio sobre um mesmo objeto, móvel ou imóvel, divisível ou indivisível (ex: carro, barco, casa, roupa, apartamento, fazenda, terreno, etc). Trata-se de uma propriedade simultânea e concorrente, de modo que todos são donos ao mesmo tempo (por isso é simultânea), e todos podem usar a coisa toda (por isso é concorrente), dentro dos limites da convivência Pós-Graduação “lato sensu” | Advocacia Imobiliária: demandas judiciais e procedimentos administrativos Profª. Dra. Núbia Elizabette de Paula harmônica. Esta harmonia é difícil, tanto que os romanos chamavam o condomínio de “mater discordiarum” (mãe das discórdias), e realmente basta a gente se lembrar de como é complicado dividir um carro/roupa com um irmão, pra gente saber como o condomínio é inviável. Um direito amplo/complexo/importante como a propriedade não dá para ser exercido por mais de uma pessoa sobre a mesma coisa, e é por isso que veremos como a lei facilita e incentiva a extinção do condomínio. Mas a lei permite o condomínio e para isto criou-se uma ficção jurídica, de modo que cada condomínio na verdade só é dono de uma fração ideal, de uma cota (ex: 50% se são dois donos, 33% se são três donos, ou 30% pra um e 70% pra outro, etc). Embora cada um seja dono de uma cota, para viabilizar o condomínio pode usar a coisa toda (1314). O condomínio é uma exceção à regra pela qual toda propriedade é exclusiva (1231). O condomínio também impede o exercício pleno da propriedade, trata-se de um limite à propriedade, pois embora cada condômino possa usar a coisa toda (1314), é preciso respeitar a vontade dos outros condôminos (pú do 1314). Não confundam comunhão com condomínio; esta é espécie e aquela é gênero, então todo condomínio será uma comunhão, mas nem toda comunhão será condomínio. A comunhão é de qualquer direito (ex: pai e mãe têm o direito em comunhão de educar os filhos), enquanto condomínio é apenas do direito de propriedade. Espécies de condomínio: A) VOLUNTÁRIO: Resulta de um ajuste de vontades. Quando duas ou mais pessoas adquirem um mesmo bem, ou quando duas ou mais pessoas exercem composse e todas adquirem a propriedade da coisa pela usucapião. A sua administração é regulamentada nos art. 1.323 a 1324, CC. B) NECESSÁRIO OU FORÇADO: Decorrente da própria lei. Trata-se de uma modalidade forçada ou compulsória de compartilhamento de Pós-Graduação “lato sensu” | Advocacia Imobiliária: demandas judiciais e procedimentos administrativos Profª. Dra. Núbia Elizabette de Paula propriedade, que tem por objeto a meação de paredes, cercas, muros, valas. Portanto, ocorre sem, ou mesmo contra a vontade dos sujeitos: Ex.: doação a várias pessoas, herança para vários filhos, os muros e árvores comuns (1327, § 1º do 1297, 1282), etc. Direitos e deveres dos condôminos utilização livre e defesa da coisa conforme sua destinação (1314), cujo limite é o direito dos demais condôminos (pú do 1314), resolvendo-se os impasses por maioria de votos (1325). arcar proporcionalmente com as despesas para conservação da coisa (1315) os frutos da coisa devem ser divididos entre os condôminos, e o condômino que causar dano à coisa deve indenizar os demais (1319, 1326). a qualquer momento o condômino pode pedir a divisão ou alienação da coisa (1320 e §§); esta regra se justifica para extinguir o condomínio, fonte de muitas discórdias. Assim, se dez pessoas têm um barco e uma delas quiser vender, sua vontade vai prevalecer sobre a dos outros nove, e a coisa será vendida para dividir o dinheiro, salvo se estes nove quiserem comprar a parte do que quer vender (1322). Ressalto que o 1325, que trata do poder da maioria, não prevalece em caso de venda, mas apenas em casos de administração (ex: explorar uma fazenda para pecuária ou agricultura, alugar, emprestar, etc, 1323). Para vender basta um querer, para administrar, prevalece a vontade da maioria. dar preferência a outro condômino quando alguém quiser vender sua cota em coisa indivisível; se a coisa é divisível (ex: terreno grande) não precisa dar essa preferência (504) Pós-Graduação “lato sensu” | Advocacia Imobiliária: demandas judiciais e procedimentos administrativos Profª. Dra. Núbia Elizabette de Paula Administração do condomínio: é fundamental, pois uma coisa com muitos donos termina ficando acéfala e o caos se instala. Hierarquia e direção são muito importantes para o sucesso de qualquer negócio. Se os condôminos não se entendem, vão gastar com advogado e processo na Justiça, e o juiz nomeará um interventor remunerado pelos condôminos. Melhor acordo ruim do que briga boa, reflitam! Extinção do condomínio: se dá por duas formas: a) divisão da coisa: quando a coisa é divisível (ex: uma fazenda grande), então a qualquer momento, em ação imprescritível, o condômino pode pedir a divisão e cada um fica com a propriedade exclusiva de uma parte proporcional a seu quinhão; b) alienação da coisa: seja a coisa divisível ou indivisível, pode ser alienada a qualquer tempo para se dividir o dinheiro e acabar com o condomínio, fonte de discórdias.1 CONDOMÍNIO EDILÍCIO Quando um bem pertence a mais de uma pessoa, ou seja, quando duas ou mais pessoas têm o domínio de um mesmo bem, tem-se um condomínio. Até a Lei nº 13.465/2017, o Direito Civil conhecia apenas duas espécies de condomínio: (1) o tradicional, também chamado de geral, disciplinado a partir do art. 1.314 do CC e (2) o edilício, que é disciplinado a partir do art. 1.331 do CC e, no que não for contraditório, pela Lei nº 4.591/64. Com a Lei nº 13.465/2017, surgiram duas novas espécies de condomínio: (1) o condomínio de lotes, que está hospedado no art. 1.358-A do CC e credenciado também pelo art. 2º, § 7º, e pelo art. 4º, § 4º, da Lei 1 MENEZES, Rafael. Direitos Reais – ainda das águas e condomínio.UFSC Website, 16 nov. 2011. Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direitos-reais-ainda-das-%C3%A1guas- e-condom%C3%B3nio http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/477399971/lei-13465-17 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10647575/artigo-1314-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c�digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10646451/artigo-1331-da-lei-n-10406-de-19-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c�digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104078/lei-do-condom�nio-lei-4591-64 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/477399971/lei-13465-17 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11700464/artigo-4-da-lei-n-6766-de-19-de-dezembro-de-1979 http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direitos-reais-ainda-das-%C3%A1guas-e-condom%C3%B3nio http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direitos-reais-ainda-das-%C3%A1guas-e-condom%C3%B3nio Pós-Graduação “lato sensu” | Advocacia Imobiliária: demandas judiciais e procedimentos administrativos Profª. Dra. Núbia Elizabette de Paula nº 6.766/79; e (2) o condomínio urbano simples, disciplinado pelos arts. 61 a 63 da Lei nº 13.465/2017. O condomínio de lotes é fruto do que designamos de um parcelamento do solo que ora designamos de loteamento condominial, conforme exporemos mais abaixo.2 O condomínio edilício é o condomínio em edifícios, conjuntos residenciais, loteamentos fechados e clubes de campo. O aumento da população urbana, o alto preço do solo nas cidades e a moderna tecnologia de engenharia fizeram crescer a importância do condomínio em edifício, e o direito não poderia deixar de regulá-lo. Além do novo CC, a matéria está regulada pela lei 4.591/64. O velho CC não previa pois não existiam edifícios em 1.900. No condomínio edilício, cada condômino possui a propriedade exclusiva da unidade privativa, que, por representar um imóvel autônomo, recebe uma matrícula própria no Cartório de Imóveis. Lembre-se de que, à luz do princípio da unitariedade ou unicidade matricial, cada imóvel necessariamente deve ter uma matrícula no Cartório de Imóveis. 3 O código civil dispõe sobre essa modalidade de condomínio no art. 1331, tratando-se, todavia de um rol exemplificativo. Ocorre que deve-se ater a inovação trazida pela Lei 13. 465 de 11 de julho de 2017, ao acrescentar o art. 1358-A, prevendo assim a possiblidade de constituição de condomínios de lotes. Desta feita, cite-se: CAPÍTULO VI 2 OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias de. Novidades da Lei nº 13.465/2017: o condomínio de lotes, o condomínio urbano simples e o loteamento de acesso controlado. Jusbrasil, 2017. Disponível em: https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/478658357/novidades-da-lei-n-13465-2017-o- condominio-de-lotes-o-condominio-urbano-simples-e-o-loteamento-de-acesso-controlado 3 MENEZES, Rafael. Direitos Reais – ainda das águas e condomínio. UFSC Website, 16 nov. 2011. Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direitos-reais-ainda-das-%C3%A1guas- e-condom%C3%B3nio http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109566/lei-lehmann-lei-6766-79 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/158674167/artigo-61-da-lei-n-13465-de-11-de-julho-de-2017 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/158674134/artigo-63-da-lei-n-13465-de-11-de-julho-de-2017 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/477399971/lei-13465-17 https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/478658357/novidades-da-lei-n-13465-2017-o-condominio-de-lotes-o-condominio-urbano-simples-e-o-loteamento-de-acesso-controlado https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/478658357/novidades-da-lei-n-13465-2017-o-condominio-de-lotes-o-condominio-urbano-simples-e-o-loteamento-de-acesso-controlado http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direitos-reais-ainda-das-%C3%A1guas-e-condom%C3%B3nio http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direitos-reais-ainda-das-%C3%A1guas-e-condom%C3%B3nio Pós-Graduação “lato sensu” | Advocacia Imobiliária: demandas judiciais e procedimentos administrativos Profª. Dra. Núbia Elizabette de Paula DO CONDOMÍNIO DE LOTES Art. 58. A Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), passa a vigorar acrescida da Seção IV no Capítulo VII do Título III do Livro III da Parte Especial: “Seção IV Do Condomínio de Lotes „Art. 1.358-A. Pode haver, em terrenos, partes designadas de lotes que são propriedade exclusiva e partes que são propriedade comum dos condôminos. § 1o A fração ideal de cada condômino poderá ser proporcional à área do solo de cada unidade autônoma, ao respectivo potencial construtivo ou a outros critérios indicados no ato de instituição. § 2o Aplica-se, no que couber, ao condomínio de lotes o disposto sobre condomínio edilício neste Capítulo, respeitada a legislação urbanística. § 3o Para fins de incorporação imobiliária, a implantação de toda a infraestrutura ficará a cargo do empreendedor.‟” Além de ser proprietário da unidade privativa, o condômino será titular de uma fração ideal do solo e das áreas comuns. A extensão da fração ideal dependerá do disposto no ato de instituição do condomínio, mas, na prática, o comum é que seja proporcional à dimensão da área construída da unidade privativa (art. 1.331, § 3º, do CC). Assim, quem é proprietário de um apartamento de 120 m2 terá uma fração ideal correspondente ao dobro do que teria o dono de um apartamento de 60 m2. Outros critérios poderiam ser adotados no ato de instituição do condomínio. Alerte-se que essa vinculação da unidade privativa a uma fração ideal do solo e das áreas comuns constitui uma situação jurídica propter rem. Isso significa que essa situação jurídica não depende da pessoa que seja a proprietário do bem, e sim apenas da própria existência do bem. Em outras http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c�digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c�digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10646451/artigo-1331-da-lei-n-10406-de-19-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10646317/par�grafo-3-artigo-1331-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c�digo-civil-lei-10406-02 Pós-Graduação “lato sensu” | Advocacia Imobiliária: demandas judiciais e procedimentos administrativos Profª. Dra. Núbia Elizabette de Paula palavras, quem adquirir a propriedade da unidade privativa necessariamente adquire a propriedade da respectiva fração ideal do solo e das áreas comuns. O condomínio edilício pode ser horizontal ou vertical. O condomínio horizontal é aquele em que as unidades autônomas são separadas por planos virtuais horizontais, razão por que também pode ser chamada de condomínio em planos horizontais. Isso significa que os famosos condomínios em prédios de apartamentos de vários andares representam um condomínio horizontal, pois os andares são separados por planos virtuais horizontais. Por outro lado, o condomínio vertical ou em planos verticais é aquele cujas unidades privativas são separadas por planos virtuais verticais. Trata-se dos famosos condomínios de casas. A propósito, o art. 8º da Lei nº 4.591/64 define o condomínio horizontal (de andares) na alínea b e o vertical (de casas) na alínea a, conforme se lê abaixo:4 Art. 8º Quando, em terreno onde não houver edificação, o proprietário, o promitente comprador, o cessionário deste ou o promitente cessionário sobre ele desejar erigir mais de uma edificação, observar-se-á também o seguinte: a) em relação às unidades autônomas que se constituírem em casas térreas ou assobradadas, será discriminada a parte do terreno ocupada pela edificação e também aquela eventualmente reservada como de utilização exclusiva dessas casas, como jardim e quintal, bem assim a fração ideal do todo do terreno e de partes comuns, que corresponderá às unidades;b) em relação às unidades autônomas que constituírem edifícios de dois ou mais pavimentos, será discriminada a parte do terreno ocupada pela 4 OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias de. Novidades da Lei nº 13.465/2017: o condomínio de lotes, o condomínio urbano simples e o loteamento de acesso controlado. Jusbrasil, 2017. Disponível em: https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/478658357/novidades-da-lei-n-13465-2017-o- condominio-de-lotes-o-condominio-urbano-simples-e-o-loteamento-de-acesso-controlado http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11331762/artigo-8-da-lei-n-4591-de-16-de-dezembro-de-1964 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104078/lei-do-condom�nio-lei-4591-64 https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/478658357/novidades-da-lei-n-13465-2017-o-condominio-de-lotes-o-condominio-urbano-simples-e-o-loteamento-de-acesso-controlado https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/478658357/novidades-da-lei-n-13465-2017-o-condominio-de-lotes-o-condominio-urbano-simples-e-o-loteamento-de-acesso-controlado Pós-Graduação “lato sensu” | Advocacia Imobiliária: demandas judiciais e procedimentos administrativos Profª. Dra. Núbia Elizabette de Paula edificação, aquela que eventualmente fôr reservada como de utilização exclusiva, correspondente às unidades do edifício, e ainda a fração ideal do todo do terreno e de partes comuns, que corresponderá a cada uma das unidades” No condomínio edilício existe duplicidade de direitos reais: 1) propriedade plena e exclusiva dos apartamentos, lojas, casas e garagens; 2) condomínio das áreas comuns, disciplinada pela vontade coletiva prevista em convenção e regimento interno, como portaria, escada, circulação, playground, piscina, salão de festas, etc., com uma fração ideal para cada condômino (1331, §§ 1º e 2º).5 Personalidade: o condomínio edilício não é uma pessoa jurídica e nem é pessoa física, sua personalidade é anômala, e o novo CC manteve essa dúvida, apesar do condomínio celebrar muitos contratos na vida moderna. No fundo, o condomínio está mais perto de ser uma pessoa jurídica do que uma pessoa física, sendo representado pelo síndico (1347, 1348). Ao síndico cabe também administrar o condomínio e prestar contas à assembleia geral. Instituição: surge o condomínio pela vontade das partes (1332), sendo muito comuns os condomínios por incorporação (trata-se de um contrato de dir. comercial que prevê a construção de um edifício para a venda dos apartamentos; é o que fazem as construtoras em toda a cidade; ver lei 4.591/64, a partir do art. 28). 5 MENEZES, Rafael. Direitos Reais – ainda das águas e condomínio. UFSC Website, 16 nov. 2011. Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direitos-reais-ainda-das-%C3%A1guas- e-condom%C3%B3nio http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direitos-reais-ainda-das-%C3%A1guas-e-condom%C3%B3nio http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direitos-reais-ainda-das-%C3%A1guas-e-condom%C3%B3nio Pós-Graduação “lato sensu” | Advocacia Imobiliária: demandas judiciais e procedimentos administrativos Profª. Dra. Núbia Elizabette de Paula Regulamentação: além da lei, a vontade coletiva que predomina nos condomínios edilícios está sujeita a uma convenção e a um regimento interno. A convenção é mais ampla, dispõe sobre questões fixas de formação e funcionamento do condomínio (1334), e para ser mudada se exige aprovação de 2/3 dos votos dos condôminos (1351). Já o regimento interno deve ser feito separado e dispõe sobre questões menores, dinâmicas (ex: funções do zelador, cachorro sair pela garagem, uso da piscina, carrinho de feira só pelo elevador de serviço, etc) e pode ser alterado por maioria simples presente na assembleia convocada para este fim. Direitos e deveres dos condôminos: os direitos estão no 1335 e os deveres são obedecer a convenção e o regimento interno, além do 1336. Dívidas antigas de condomínio são de responsabilidade do atual dono, é obrigação real do 1345, que vincula a coisa, e não a pessoa do devedor. Fazer seguro é obrigatório, seu edifício tem seguro (1346)? O descumprimento dos deveres implica em sanções variadas previstas na lei e na convenção. O § 1º do 1336 é criticado por estimular a inadimplência, porque só permite uma multa de 2% para a contribuição condominial paga em atraso, assim vários edifícios fixam altos valores e dão desconto quem pagar na data. É modo de burlar a lei: não se pune quem paga atrasado, apenas se valoriza quem paga na data, que acham? Ainda uma sanção grave para o condômino que descumpre suas obrigações ou tem comportamento antissocial está no 1337 e pú, assegurada ampla defesa.6 Neste ínterim, observe que o pagamento da taxa condominial tem natureza jurídica de obrigação propter rem. Isso significa que o seu inadimplemento 6 MENEZES, Rafael. Direitos Reais – ainda das águas e condomínio. UFSC Website, 16 nov. 2011. Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direitos-reais-ainda-das-%C3%A1guas- e-condom%C3%B3nio http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direitos-reais-ainda-das-%C3%A1guas-e-condom%C3%B3nio http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direitos-reais-ainda-das-%C3%A1guas-e-condom%C3%B3nio Pós-Graduação “lato sensu” | Advocacia Imobiliária: demandas judiciais e procedimentos administrativos Profª. Dra. Núbia Elizabette de Paula poderá resultar na própria penhora do imóvel residencial, não se afigurando possível invocar a proteção do bem de família. Importante ainda acrescentar que o código civil previu a imposição de multa – que comportará aumento gradual, em caso de reincidência, para o condômino com comportamento antissocial. Não se trata de cláusula penal ou pena convencional. Tem natureza de sanção, com caráter essencialmente punitivo e pedagógico, sem prejuízo das eventuais perdas e danos que venham ser apuradas em favor do condomínio e/ou condômino prejudicado. Neste sentido, Enunciado 508, V Jornada de Direito Civil. Assembleia Geral: é o Poder Legislativo do condomínio, enquanto o síndico representa o Poder Executivo. A AG é a última instância do condomínio. Todos os condôminos têm que ser convocados para as assembleias (1354). Existem assembleias ordinárias (todo ano, 1350), e extraordinárias (sempre que houver necessidade, 1355), que decidem por maioria, conforme as frações ideais (1352 e pú). Alguns dispositivos importantes pertinentes à atuação da assembleia de condôminos: Art. 1350 a 1355, CC. Obras no condomínio: 1341; percebam que as benfeitorias úteis sempre exigem prévia autorização. Assim podendo ser resumido: a) se voluptuárias, de votos de 2/3 terços dos condôminos; b) se úteis, de votos da maioria dos condôminos. Extinção do condomínio: 1) por perecimento do bem (1357) 2) por desapropriação do edifício (1358) 3) por venda de todas as unidades a uma só pessoa, caso todas as pessoas queiram vender; aqui é o contrário do condomínio geral, visto na aula passada, pois para vender é necessário Pós-Graduação “lato sensu” | Advocacia Imobiliária: demandas judiciais e procedimentos administrativos Profª. Dra. Núbia Elizabette de Paula o consentimento de todos, enquanto no condomínio geral basta um querer vender para se impor aos demais (1320).7 Até a próxima aula! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MENEZES, Rafael. Direitos Reais – ainda das águas e condomínio. UFSC Website, 16 nov. 2011. Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direitos- reais-ainda-das-%C3%A1guas-e-condom%C3%B3nio OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias de. Novidades da Lei nº 13.465/2017: o condomínio de lotes, o condomínio urbano simples e o loteamento de acesso controlado. Jusbrasil, 2017. Disponível em: https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/478658357/novidades-da-lei-n-13465-2017-o-condominio-de-lotes-o-condominio-urbano-simples-e-o-loteamento-de- acesso-controlado 7 MENEZES, Rafael. Direitos Reais – ainda das águas e condomínio. UFSC Website, 16 nov. 2011. Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direitos-reais-ainda-das-%C3%A1guas- e-condom%C3%B3nio http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direitos-reais-ainda-das-%C3%A1guas-e-condom%C3%B3nio http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direitos-reais-ainda-das-%C3%A1guas-e-condom%C3%B3nio https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/478658357/novidades-da-lei-n-13465-2017-o-condominio-de-lotes-o-condominio-urbano-simples-e-o-loteamento-de-acesso-controlado https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/478658357/novidades-da-lei-n-13465-2017-o-condominio-de-lotes-o-condominio-urbano-simples-e-o-loteamento-de-acesso-controlado https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/478658357/novidades-da-lei-n-13465-2017-o-condominio-de-lotes-o-condominio-urbano-simples-e-o-loteamento-de-acesso-controlado http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direitos-reais-ainda-das-%C3%A1guas-e-condom%C3%B3nio http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direitos-reais-ainda-das-%C3%A1guas-e-condom%C3%B3nio
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