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AULA12 Segurados Obrigatrios PARTE2

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Curso	Ênfase	©	2019
DIREITO	PREVIDENCIÁRIO	–	PHELIPE	CARDOSO
AULA12	SEGURADOS	OBRIGATÓRIOS	PARTE2
1.																					INTRODUÇÃO
Estamos	 estudando	 os	 segurados	 obrigatórios	 do	 Regime	 Geral	 de	 Previdência	 Social
(RGPS)	e	finalizamos	a	aula	anterior	com	os	empregados	e	agora	prosseguiremos	com	as	demais
espécies	de	segurados	obrigatórios.
2.																					SEGURADOS	OBRIGATÓRIOS	NO	REGIME	GERAL	DE
PREVIDÊNCIA	SOCIAL	(RGPS)
2.2.																DOMÉSTICOS
Relativamente	aos	empregados,	o	conceito	da	lei	de	benefícios	é	muito	mais	amplo	do	que
o	conceito	do	direito	do	trabalho,	contudo,	no	que	tange	aos	domésticos,	o	conceito	é	o	mesmo.
Quanto	aos	trabalhadores	domésticos,	a	lei	previdenciária	não	traz	um	conceito	diverso	ou
um	elenco	muito	mais	amplo	do	que	o	que	é	considerado	 trabalhador	doméstico	no	âmbito	do
direito	do	trabalho.
Podemos	dizer	que,	quanto	a	espécie	de	trabalhadores	domésticos,	há	uma	identidade	de
conceito	tanto	na	esfera	trabalhista	quanto	na	esfera	previdenciária.
2.1.1CONCEITO	DE	TRABALHADOR	DOMÉSTICO
O	 conceito	 de	 trabalhador	 doméstico	 vigente	 é	 o	 do	 art.	 1º	 da	 LC	 150/2015,	 lei	 que
regulamentou	o	direito	dos	trabalhadores	domésticos.
Art.	1º.	 Ao	 empregado	 doméstico,	 assim	 considerado	 aquele	 que	 presta	 serviços	 de
forma	 contínua,	 subordinada,	 onerosa	 e	 pessoal	 e	 de	 finalidade	 não	 lucrativa	 à	 pessoa	 ou	 à
família,	no	âmbito	residencial	destas,	por	mais	de	2	(dois)	dias	por	semana,	aplica-se	o	disposto
nesta	Lei.
Parágrafo	 único.	 É	 vedada	 a	 contratação	 de	 menor	 de	 18	 (dezoito)	 anos	 para
desempenho	 de	 trabalho	 doméstico,	 de	 acordo	 com	 a	 Convenção	 no	 182,	 de	 1999,	 da
Organização	Internacional	do	Trabalho	(OIT)	e	com	o	Decreto	no	6.481,	de	12	de	junho	de	2008.
Sendo	assim,	de	acordo	com	a	lei,	é	trabalhador	doméstico	aquele	maior	de	18	(dezoito)
anos	que	presta,	por	mais	de	2	(dois)	dias	por	semana,	serviço	de	natureza	contínua,	subordinada,
onerosa	e	pessoal	a	pessoa	ou	família	no	âmbito	da	residência	em	atividade	sem	fins	lucrativos.
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É	 interessante	 a	 introdução	 do	 elemento	 temporal	 “por	mais	 de	 2	 (dois)	 dias	 por
semana”,	 sendo	 que,	 havendo	 trabalho	 doméstico	 por	 até	 2	 (dois)	 dias	 por	 semana,	 muito
provavelmente	haverá	descaracterização	do	conceito	de	trabalhador	ou	reenquadramento	desse
trabalhador	 em	 outra	 categoria	 de	 segurado	 obrigatório,	 provavelmente	 um	 contribuinte
individual,	como	veremos	na	sequencia	do	nosso	estudo,	haja	vista	que	este	trabalhador	não	terá
um	vínculo	perene,	mas	terá	um	vínculo	eventual	como	diarista	ou	autônomo,	então	o	elemento
temporal	 é	 importante,	 por	 mais	 de	 2	 (dois)	 dias	 por	 semana.	 Se	 não	 houver	 esse	 requisito,
teremos	 o	 reenquadramento	 do	 doméstico	 em	 outra	 categoria	 de	 segurado	 obrigatório,
provavelmente	um	contribuinte	individual.
2.3.																AVULSOS
Tal	como	acontece	com	os	 trabalhadores	domésticos,	há	uma	 identidade	de	conceitos,	o
mesmo	conceito	do	direito	do	trabalho	é	transportado	para	o	direito	previdenciário.
Nesse	 sentido,	 são	 trabalhadores	 avulsos	 aqueles	 que	 prestam	 serviços	 de	 natureza
urbana	 ou	 rural	 a	 uma	 ou	mais	 empresas	 sem	 vínculo	 de	 emprego	 e	 são	 intermediados	 pelo
Órgão	Gestor	de	Mão	de	Obra	(OGMO)	ou	sindicato	da	categoria.
	É	o	mesmo	conceito	do	direito	do	trabalho.
2.4.																SEGURADOS	ESPECIAIS
Temos	um	conceito	próprio	e	exclusivo	do	direito	previdenciário,	não	há	um	equivalente	na
esfera	 do	 direito	 do	 trabalho,	 estamos	 tratando	 de	 um	 conceito	 específico	 no	 direito
previdenciário,	previsto	no	art.	11,	VII	do	plano	de	benefícios	previdenciários,	detalhados	em	uma
série	de	§§	do	artigo.
É	um	conceito	bastante	detalhado	na	lei	de	benefícios	e	é	importante	a	leitura	do	inciso	VII
e	dos	§§	em	razão	do	detalhamento	e	da	incidência	nas	provas	objetivas.
VII	–	como	segurado	especial:	a	pessoa	física	residente	no	imóvel	rural	ou	em	aglomerado
urbano	ou	rural	próximo	a	ele	que,	individualmente	ou	em	regime	de	economia	familiar,	ainda	que
com	o	auxílio	eventual	de	terceiros,	na	condição	de:													
a)	 produtor,	 seja	 proprietário,	 usufrutuário,	 possuidor,	 assentado,	 parceiro	 ou	 meeiro
outorgados,	comodatário	ou	arrendatário	rurais,	que	explore	atividade:					
1.	agropecuária	em	área	de	até	4	(quatro)	módulos	fiscais;													
2.	de	seringueiro	ou	extrativista	vegetal	que	exerça	suas	atividades	nos	termos	do	inciso
XII	do	caput	do	art.	2º	da	Lei	nº	9.985,	de	18	de	julho	de	2000,	e	faça	dessas	atividades	o	principal
meio	de	vida;							
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b)	 pescador	 artesanal	 ou	 a	 este	 assemelhado	 que	 faça	 da	 pesca	 profissão	 habitual	 ou
principal	meio	de	vida;	e																			
c)	cônjuge	ou	companheiro,	bem	como	filho	maior	de	16	(dezesseis)	anos	de	 idade	ou	a
este	 equiparado,	 do	 segurado	 de	 que	 tratam	 as	 alíneas	 a	 e	 b	 deste	 inciso,	 que,
comprovadamente,	trabalhem	com	o	grupo	familiar	respectivo.															
§	 1o	Entende-se	 como	 regime	de	economia	 familiar	 a	 atividade	em	que	o	 trabalho	dos
membros	da	família	é	indispensável	à	própria	subsistência	e	ao	desenvolvimento	socioeconômico
do	 núcleo	 familiar	 e	 é	 exercido	 em	 condições	 de	 mútua	 dependência	 e	 colaboração,	 sem	 a
utilização	de	empregados	permanentes.					
§	 2º	 Todo	 aquele	 que	 exercer,	 concomitantemente,	mais	 de	 uma	 atividade	 remunerada
sujeita	ao	Regime	Geral	de	Previdência	Social	é	obrigatoriamente	filiado	em	relação	a	cada	uma
delas.
§	3º	O	aposentado	pelo	Regime	Geral	de	Previdência	Social–RGPS	que	estiver	exercendo
ou	que	voltar	a	exercer	atividade	abrangida	por	este	Regime	é	segurado	obrigatório	em	relação	a
essa	atividade,	ficando	sujeito	às	contribuições	de	que	trata	a	Lei	nº	8.212,	de	24	de	julho	de	1991,
para	fins	de	custeio	da	Seguridade	Social.					
§	 4º	 O	 dirigente	 sindical	 mantém,	 durante	 o	 exercício	 do	 mandato	 eletivo,	 o	 mesmo
enquadramento	no	Regime	Geral	de	Previdência	Social-RGPS	de	antes	da	investidura.																	
§	5o	Aplica-se	o	disposto	na	alínea	g	do	inciso	I	do	caput	ao	ocupante	de	cargo	de	Ministro
de	 Estado,	 de	 Secretário	 Estadual,	 Distrital	 ou	 Municipal,	 sem	 vínculo	 efetivo	 com	 a	 União,
Estados,	 Distrito	 Federal	 e	 Municípios,	 suas	 autarquias,	 ainda	 que	 em	 regime	 especial,	 e
fundações.																
§	6o	Para	serem	considerados	segurados	especiais,	o	cônjuge	ou	companheiro	e	os	filhos
maiores	 de	 16	 (dezesseis)	 anos	 ou	 os	 a	 estes	 equiparados	 deverão	 ter	 participação	 ativa	 nas
atividades	rurais	do	grupo	familiar.
§	7o	O	grupo	familiar	poderá	utilizar-se	de	empregados	contratados	por	prazo	determinado
ou	de	trabalhador	de	que	trata	a	alínea	g	do	inciso	V	do	caput,	à	razão	de	no	máximo	120	(cento	e
vinte)	 pessoas	 por	 dia	 no	 ano	 civil,	 em	períodos	 corridos	 ou	 intercalados	 ou,	 ainda,	 por	 tempo
equivalente	em	horas	de	trabalho,	não	sendo	computado	nesse	prazo	o	período	de	afastamento
em	decorrência	da	percepção	de	auxílio-doença.		
§	8o	Não	descaracteriza	a	condição	de	segurado	especial:																
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I	–	a	outorga,	por	meio	de	contrato	escrito	de	parceria,	meação	ou	comodato,	de	até	50%
(cinqüenta	por	cento)	de	imóvel	rural	cuja	área	total	não	seja	superior	a	4	(quatro)	módulos	fiscais,
desde	que	outorgante	e	outorgado	continuem	a	exercer	a	respectiva	atividade,	 individualmente
ou	em	regime	de	economia	familiar;							
II	–	a	exploração	da	atividade	turística	da	propriedade	rural,	inclusive	com	hospedagem,	por
não	mais	de	120	(cento	e	vinte)	dias	ao	ano;							
III	–	a	participação	em	plano	de	previdência	complementar	instituído	por	entidade	classista
a	que	seja	associado	em	razão	da	condiçãode	trabalhador	rural	ou	de	produtor	rural	em	regime
de	economia	familiar;	e																	
IV	–	ser	beneficiário	ou	fazer	parte	de	grupo	familiar	que	tem	algum	componente	que	seja
beneficiário	de	programa	assistencial	oficial	de	governo;					
V	 –	 a	 utilização	 pelo	 próprio	 grupo	 familiar,	 na	 exploração	 da	 atividade,	 de	 processo	 de
beneficiamento	ou	industrialização	artesanal,	na	forma	do	§	11	do	art.	25	da	Lei	no	8.212,	de	24
de	julho	de	1991;	e
VI	-	a	associação	em	cooperativa	agropecuária	ou	de	crédito	rural;	e
	VII	 -	 a	 incidência	do	 Imposto	Sobre	Produtos	 Industrializados	 -	 IPI	 sobre	o	produto	das
atividades	desenvolvidas	nos	termos	do	§	12.																
§	 9o	 Não	 é	 segurado	 especial	 o	membro	 de	 grupo	 familiar	 que	 possuir	 outra	 fonte	 de
rendimento,	exceto	se	decorrente	de:												
I	 –	 benefício	 de	 pensão	 por	 morte,	 auxílio-acidente	 ou	 auxílio-reclusão,	 cujo	 valor	 não
supere	o	do	menor	benefício	de	prestação	continuada	da	Previdência	Social;																
II	 –	 benefício	 previdenciário	 pela	 participação	 em	 plano	 de	 previdência	 complementar
instituído	nos	termos	do	inciso	IV	do	§	8o	deste	artigo;													
III	-	exercício	de	atividade	remunerada	em	período	não	superior	a	120	(cento	e	vinte)	dias,
corridos	ou	intercalados,	no	ano	civil,	observado	o	disposto	no	§	13	do	art.	12	da	Lei	nº	8.212,	de
24	de	julho	de	1991;						
IV	 –	 exercício	 de	 mandato	 eletivo	 de	 dirigente	 sindical	 de	 organização	 da	 categoria	 de
trabalhadores	rurais;																
V	–	exercício	de	mandato	de	vereador	do	Município	em	que	desenvolve	a	atividade	rural	ou
de	dirigente	de	cooperativa	rural	constituída,	exclusivamente,	por	segurados	especiais,	observado
o	disposto	no	§	13	do	art.	12	da	Lei	nº	8.212,	de	24	de	julho	de	1991;					
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VI	–	parceria	ou	meação	outorgada	na	forma	e	condições	estabelecidas	no	inciso	I	do	§	8o
deste	artigo;															
VII	–	atividade	artesanal	desenvolvida	com	matéria-prima	produzida	pelo	respectivo	grupo
familiar,	podendo	ser	utilizada	matéria-prima	de	outra	origem,	desde	que	a	renda	mensal	obtida
na	atividade	não	exceda	ao	menor	benefício	de	prestação	continuada	da	Previdência	Social;	e			
VIII	 –	 atividade	 artística,	 desde	 que	 em	 valor	 mensal	 inferior	 ao	 menor	 benefício	 de
prestação	continuada	da	Previdência	Social.						
§	10.	O	segurado	especial	fica	excluído	dessa	categoria:					
I	–	a	contar	do	primeiro	dia	do	mês	em	que:																
a)								deixar	de	satisfazer	as	condições	estabelecidas	no	inciso	VII	do	caput	deste	artigo,
sem	prejuízo	do	disposto	no	art.	15	desta	Lei,	ou	exceder	qualquer	dos	 limites	estabelecidos	no
inciso	I	do	§	8o	deste	artigo;														
b)								enquadrar-se	em	qualquer	outra	categoria	de	segurado	obrigatório	do	Regime	Geral
de	Previdência	Social,	 ressalvado	o	disposto	nos	 incisos	 III,	V,	VII	e	VIII	do	§	9o	e	no	§	12,	sem
prejuízo	do	disposto	no	art.	15;					
c)	tornar-se	segurado	obrigatório	de	outro	regime	previdenciário;	e			
d)	participar	de	sociedade	empresária,	de	sociedade	simples,	como	empresário	 individual
ou	 como	 titular	 de	 empresa	 individual	 de	 responsabilidade	 limitada	 em	 desacordo	 com	 as
limitações	impostas	pelo	§	12;						
II	–	a	contar	do	primeiro	dia	do	mês	subseqüente	ao	da	ocorrência,	quando	o	grupo	familiar
a	que	pertence	exceder	o	limite	de:											
a)	utilização	de	terceiros	na	exploração	da	atividade	a	que	se	refere	o	§	7o	deste	artigo;						
b)	dias	em	atividade	remunerada	estabelecidos	no	inciso	III	do	§	9o	deste	artigo;	e			
c)	dias	de	hospedagem	a	que	se	refere	o	inciso	II	do	§	8o	deste	artigo.						
§	 11.	 Aplica-se	 o	 disposto	 na	 alínea	 a	 do	 inciso	 V	 do	 caput	 deste	 artigo	 ao	 cônjuge	 ou
companheiro	do	produtor	que	participe	da	atividade	rural	por	este	explorada.					
§	12.	A	participação	do	segurado	especial	em	sociedade	empresária,	em	sociedade	simples,
como	empresário	individual	ou	como	titular	de	empresa	individual	de	responsabilidade	limitada	de
objeto	ou	âmbito	agrícola,	agroindustrial	ou	agroturístico,	considerada	microempresa	nos	termos
da	 Lei	 Complementar	 no	 123,	 de	 14	 de	 dezembro	 de	 2006,	 não	 o	 exclui	 de	 tal	 categoria
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previdenciária,	desde	que,	mantido	o	exercício	da	 sua	atividade	 rural	na	 forma	do	 inciso	VII	 do
caput	e	do	§	1o,	a	pessoa	jurídica	componha-se	apenas	de	segurados	de	igual	natureza	e	sedie-se
no	mesmo	Município	ou	em	Município	limítrofe	àquele	em	que	eles	desenvolvam	suas	atividades.
											Tratando	do	conceito	de	segurado	especial	de	uma	forma	mais	analítica,	podemos
conceituar	como	trabalhadores	rurais	de	pequenas	glebas	de	terra,	a	lei	entende	como	pequenas
glebas	 até	 4	 (quatro)	 módulos	 fiscais,	 bem	 como,	 também	 são	 segurados	 especiais	 os
extrativistas	e	pescadores	artesanais.
Estão	 incluídos	 no	 conceito	 de	 segurados	 especiais	 o	 cônjuge	 ou	 companheiro	 desses
trabalhadores	bem	como	os	filhos	e	os	equiparados	a	filhos	desde	que	maiores	de	16	(dezesseis)
anos	e	desde	estes	familiares	trabalhem	com	o	grupo	familiar	tendo	participação	ativa,	é	o	que	se
denomina	regime	de	economia	familiar.
Esses	trabalhadores	devem	residir	em	um	imóvel	rural	ou	em	um	aglomerado	urbano	ou
rural	 próximo	 do	 local	 de	 trabalho	 e	 esse	 trabalho	 na	 agricultura,	 extrativismo	 ou	 na	 pesca
artesanal,	 deve	 ser	 em	 caráter	 de	 essencialidade,	 relevante,	 importante	 para	 o	 sustento	 do
trabalhador	e	da	sua	família,	não	podendo	ser	algo	a	mais	diante	de	outra	profissão,	precisa	ser
relevante	e	essencial.
O	trabalho,	como	dito,	pode	ser	individual	ou	em	regime	de	economia	familiar.	Pode	haver
auxílio	 eventual	 de	 terceiros,	 mútua	 colaboração,	 o	 que	 não	 pode	 acontecer	 é	 que	 esses
trabalhadores	 trabalhem	 de	maneira	 empresária,	 com	 empregados	 fixos,	 vínculos	 duradouros,
mas	pode	haver	mútua	 colaboração,	 auxílio	 de	 terceiros,	 ainda	que	 remunerados,	mas	não	de
forma	empresarial,	não	de	maneira	com	quadro	próprio	de	empregados.
Pode	 haver,	 também,	 trabalho	 intercalado	 de	 natureza	 urbana,	 esse	 trabalhador,	 o
trabalhador	 rural,	extrativista,	o	pescador	artesanal,	podem	de	maneira	eventual	e	 intercalada,
com	a	sua	atividade	principal,	exercer	algum	trabalho	urbano,	isso	é	relativamente	comum	entre
safra	do	pescador	ou	no	período	em	que	não	há	possibilidade	de	plantio,	colheita,	nessas	situações
em	que	não	se	consegue	sobrevivência	com	seu	trabalho	típico,	com	seu	trabalho	principal,	poderá
buscar	uma	renda	urbana,	eventual,	esporádica,	intercalada	com	o	seu	trabalho,	isso	por	si	só	não
descaracteriza	a	condição	de	segurado	especial.
Esse	é	o	conceito	analítico	de	segurado	especial	e	de	forma	sintética	podemos	dizer	que	o
segurado	especial	é	aquele	pequeno	agricultor,	o	extrativista	ou	pescador	que	trabalha	de	maneira
rudimentar,	 em	 pequenas	 glebas,	 sozinho	 ou	 com	 auxílio	 da	 sua	 família,	 e	 o	 faz	 de	 maneira
relevante	 e	 essencial	 para	 o	 seu	 próprio	 sustento,	 não	 faz,	 não	 utiliza	 uma	 organização
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empresarial,	não	possui	quadro	de	empregados,	contando,	no	máximo,	com	o	auxílio	eventual	de
terceiros,	e	nada	impede	que	no	período	de	estiagem,	seca	ou	entre	safra	que	busque	uma	renda
urbana	intercalada	com	a	sua	atividade	principal,	isso	de	maneira	esporádica.
Esse	 é	 o	 cenário	 do	 segurado	 especial,	 observem	 que	 quando	 falamos	 em	 segurado
especial,	 estamos	 falando	de	uma	espécie,	 gênero	 trabalhador	 rural,	 o	 conceito	de	 trabalhador
rural	 é	 bastante	 estrito,	 específico,	 e	 há	 outras	 espécies	 de	 trabalhadores	 rurais,	 nem	 todo
trabalhador	rural	é	segurado	especial,	mas	todo	segurado	especial	é	trabalhador	rural,	vale	dizer,
no	gênerotrabalhadores	rurais	podemos	ter	enquadramento	como	empregado	rural,	avulso	rural,
contribuinte	individual	rural	ou	segurado	especial,	que	é	espécie	do	gênero	trabalhador	rural,	dada
a	especificidade	do	conceito.
3.																					ALGUMAS	PECULIARIDADES
Mencionamos	que	o	segurado	especial	é	o	 trabalhador	 rural,	o	extrativista	e	o	pescador
artesanal,	surge	a	seguinte	questão:
3.1.	ÍNDIO
O	índio	é	segurado	especial	ou	não?
O	 índio	 tem	o	Estatuto	do	 Índio,	 regime	próprio	de	proteção	dos	 indígenas,	mas	não	há
nenhuma	distinção	quanto	a	possibilidade	de	exercer	na	plenitude	os	seus	direitos	trabalhistas	e
previdenciários.	Significa	que,	o	índio,	por	si	só,	não	recebe	uma	classificação,	um	enquadramento
específico	como	segurado,	isso	irá	depender	da	natureza	do	trabalho	que	vier	a	exercer.
O	índio	pode	ser	qualquer	segurado	da	previdência	social,	a	única	peculiaridade	que	há	no
que	diz	respeito	ao	índio	é	que	se	ele	for	segurado	especial	a	FUNAI	(Fundação	Nacional	do	Índio)
emite	a	certidão	comprobatória	dessa	condição	de	segurado	especial,	essa	é	a	única	peculiaridade
quanto	ao	índio.
3.2.																BOIA-FRIA
O	 boia-fria	 não	 é	 segurado	 especial.	 O	 boia-fria,	 em	 regra,	 não	 é	 aquele	 indivíduo	 que
trabalha	 em	 determinada	 gleba	 de	 terra,	 sua	 ou	 de	 terceiro,	 fixo,	 trabalha	 sempre	 naquele
mesmo	 local,	 mesma	 gleba	 de	 terra,	 exercendo	 a	 lavoura	 ou	 fazendo	 extrativismo	 ou	 pesca
artesanal.
Por	 definição,	 o	 boia-fria	 é	 um	 trabalhador	 itinerante,	 é	 um	 trabalhador	 volante,	 que
trabalha	 para	 diversas	 tomadores	 conforme	 a	 necessidade,	 a	 safra,	 conforme	 a	 demanda	 do
mercado	 local,	 em	 rigor,	 o	boia-fria	 seria	 um	contribuinte	especial,	 porque	 seria	um	verdadeiro
trabalhador	 diarista,	 autônomo,	 mas	 sabemos	 a	 grande	 vulnerabilidade	 dessa	 categoria	 de
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trabalhadores,	em	razão	disso,	a	jurisprudência	estendeu	aos	boias-frias	as	mesmas	prerrogativas
dos	 segurados	 especiais	 no	 que	 se	 refere	 a	 questão	 probatória	 e	 requisitos	 de	 acessos	 a
benefícios,	significa	que	o	boia-fria	não	é	um	segurado	especial	mas	conta	com	as	prerrogativas
do	segurado	especial	no	que	se	 refere	a	prova	do	seu	 trabalho	e	aos	 requisitos	de	acesso	aos
benefícios.
Veremos	ao	longo	do	curso	que	os	segurados	especiais	possuem	peculiaridades	no	que	se
refere	a	forma	de	provar	a	sua	atividade,	a	dispensa	do	recolhimento	de	contribuições,	requisitos
diferenciados	 para	 a	 aposentadoria	 por	 idade,	 enfim,	 essas	 “prerrogativas”	 que	 gozam	 os
segurados	especiais	são	extensíveis	aos	boias-frias,	não	porque	são	eles	são	segurados	especiais
na	definição	da	lei,	mas	em	razão	da	histórica	vulnerabilidade	social	da	categoria,	por	vezes,	até
maior	do	que	a	do	próprio	segurado	especial.
Nesse	 ponto,	 chegou-se	 a	 discutir	 se	 para	 o	 boia-fria	 a	 dispensa	 da	 necessidade	 de
apresentar	 início	 de	 prova	 especial,	 esse	 entendimento	 chegou	 a	 prevalecer	 em	 um	 dado
momento,	mas	o	STJ	pacificou	em	Recurso	Repetitivo	1321493,	Tema	554,	que	para	o	boia-fria
não	 há	 dispensa	 do	 início	 de	 prova	 material,	 o	 boia-fria	 deve	 sim	 apresentar	 início	 de	 prova
material,	 goza	 das	 prerrogativas	 probatórias	 de	 acesso	 a	 benefícios	 dos	 segurados	 especiais,
portanto,	deverá	observar	as	mesmas	regras,	não	sendo	o	caso	de	dispensar	para	eles	o	início	de
prova	material,	o	que	consistiria	em	privilégios,	prerrogativas,	ainda	maior	que	a	dos	segurados
especiais.
Portanto,	tanto	os	segurados	especiais	quanto	os	boias-frias	devem	realizar	a	prova	da	sua
condição	via	documentos,	via	início	de	prova	material	corroborada	por	testemunhas.
3.3.																GARIMPEIRO
Garimpeiro	não	é	segurado	especial,	sendo	excluído	da	legislação	da	condição	de	segurado
especial,	 provavelmente	é	o	mais	 comum,	é	 considerado	 contribuinte	especial,	 não	é	 segurado
especial.
A	peculiaridade	é	que	também	conta	com	um	redutor	etário	para	fazer	jus	a	aposentadoria
por	idade	e	isso	não	o	torna	um	segurado	especial.
	
4.																					DETALHAMENTOS	DO	ART.	11	(§§7º	E	8º)
Mencionamos	 que	 o	 art.	 11	 da	 Lei	 de	 Benefícios	 possui	 uma	 série	 de	 parágrafos	 com
detalhamentos	sobre	a	figura	do	segurado	especial,	vamos	conhecer	algumas	dessas	normas.
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§7º.	O	grupo	familiar	poderá	utilizar-se	de	empregados	contratados	por	prazo	determinado
ou	de	trabalhador	de	que	trata	a	alínea	g	do	inciso	V	do	caput,	à	razão	de	no	máximo	120	(cento	e
vinte)	 pessoas	 por	 dia	 no	 ano	 civil,	 em	períodos	 corridos	 ou	 intercalados	 ou,	 ainda,	 por	 tempo
equivalente	em	horas	de	trabalho,	não	sendo	computado	nesse	prazo	o	período	de	afastamento
em	decorrência	da	percepção	de	auxílio-doença.		
§8º.	Não	descaracteriza	a	condição	de	segurado	especial:																
I	–	a	outorga,	por	meio	de	contrato	escrito	de	parceria,	meação	ou	comodato,	de	até	50%
(cinqüenta	por	cento)	de	imóvel	rural	cuja	área	total	não	seja	superior	a	4	(quatro)	módulos	fiscais,
desde	que	outorgante	e	outorgado	continuem	a	exercer	a	respectiva	atividade,	 individualmente
ou	em	regime	de	economia	familiar;							
II	–	a	exploração	da	atividade	turística	da	propriedade	rural,	inclusive	com	hospedagem,	por
não	mais	de	120	(cento	e	vinte)	dias	ao	ano;							
III	–	a	participação	em	plano	de	previdência	complementar	instituído	por	entidade	classista
a	que	seja	associado	em	razão	da	condição	de	trabalhador	rural	ou	de	produtor	rural	em	regime
de	economia	familiar;	e																	
IV	–	ser	beneficiário	ou	fazer	parte	de	grupo	familiar	que	tem	algum	componente	que	seja
beneficiário	de	programa	assistencial	oficial	de	governo;					
V	 –	 a	 utilização	 pelo	 próprio	 grupo	 familiar,	 na	 exploração	 da	 atividade,	 de	 processo	 de
beneficiamento	ou	industrialização	artesanal,	na	forma	do	§	11	do	art.	25	da	Lei	no	8.212,	de	24
de	julho	de	1991;	e
VI	-	a	associação	em	cooperativa	agropecuária	ou	de	crédito	rural;	e
	VII	 -	 a	 incidência	do	 Imposto	Sobre	Produtos	 Industrializados	 -	 IPI	 sobre	o	produto	das
atividades	desenvolvidas	nos	termos	do	§	12.		
Esses	 parágrafos	 foram	 introduzidos	 por	 norma	 reformadora	 no	 plano	 de	 benefícios,
positivando	uma	série	de	posicionamentos	da	jurisprudência	sobre	os	segurados	especiais.
Trazem	 um	 elenco	 de	 situações	 que,	 se	 verificadas	 na	 prática,	 não	 descaracteriza	 a
condição	de	segurado	especial.
											Não	descaracteriza	a	condição	de	segurado	especial:
·								contratar	trabalhadores	eventuais	a	razão	de	até	120	(cento	e	vinte)	pessoas	por	dia;
·								outorgar	50%	(cinquenta)	do	imóvel	para	outro	segurado	especial;
·								exercer	atividade	turística	na	propriedade	por	até	120	(cento	e	vinte)	dias	por	ano;
·								auferir	renda	na	entressafra	por	até	120	(cento	e	vinte)	dias	por	ano;
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·								participar	de	cooperativa	agropecuária;
·								ser	dirigente	de	sindicato	de	categoria	rural	ou	ser	vereador	no	município;
·								utilizar	processos	de	beneficiamento	desde	que	rudimentar;
·								participação	em	plano	de	previdência	privada	da	categoria;
·	 	 	 	 	 	 	 	 ser	 beneficiário	 de	 programa	 assistencial	 do	 governo,	 receber	 um	 LOAS,	 bolsa-
família,	etc.;
·								receber	pensão	por	morte,	auxílio-acidente	e	auxílio	reclusão	desde	que
seja	até	1	(um)	salário	mínimo;
·								exercer	atividade	artesanal	e	artística	até	um	salário	mínimo	por	mês;
·	 	 	 	 	 	 	 	 participar	de	microempresa	 rural,	 desde	que	mantenha	a	atividade	 rurícola	para
subsistência.
Vimos	 algumas	 previsões	 da	 lei	 que	 foram	 introduzidas	 como	 forma	 de	 consolidar	 a
jurisprudência	que	foi	solidificando	a	respeito	desse	assunto.
Além	das	previsões	da	lei,	temos	súmula	importantes	sobre	a	compreensãodo	segurado
especial.
Súmula	30,	TNU.	Tratando-se	de	demanda	previdenciária,	o	fato	de	o	imóvel	ser	superior
ao	módulo	rural	não	afasta,	por	si	só,	a	qualificação	de	seu	proprietário	como	segurado	especial,
desde	que	comprovada,	nos	autos,	a	sua	exploração	em	regime	de	economia	familiar.
							A	dimensão	da	propriedade	rural	não	descaracteriza	o	regime	de	economia	familiar	do
segurado	especial,	desde	que	preenchidos	os	demais	requisitos	necessários	à	sua	configuração.
A	lei	prevê	como	segurador	especial	o	trabalhador	rural	que	desenvolve	trabalho	rural	em
pequenas	 glebas	 de	 terra,	 até	 4	 (quatro)	 módulos	 fiscais.	 Às	 vezes,	 no	 caso	 concreto,	 a
propriedade	pode	ser	superior	aos	4	(quatro)	módulos	 fiscais	e	 isso	não	descaracterizaria	a	sua
condição	como	segurador	especial.	Presentes	todos	os	requisitos,	o	tamanho	da	terra,	por	si	só,
pode	 ser	 relevado	 pelo	 julgador,	 muitas	 vezes	 a	 terra	 tem	 área	 não	 produtiva,	 área	 de
preservação	 ambiental,	 uma	 série	 de	 questões	 a	 serem	 consideradas	 na	 equidade	 do	 caso
concreto.
Súmula	41,	TNU.	A	circunstância	de	um	dos	integrantes	do	núcleo	familiar	desempenhar
atividade	urbana	não	implica,	por	si	só,	a	descaracterização	do	trabalhador	rural	como	segurado
especial,	condição	que	deve	ser	analisada	no	caso	concreto.
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ü	STJ	(Seguridade	social.	Previdenciário	e	processual	civil.	Recurso	especial	interposto	com
base	nas	 alíneas	 «a»	e	 «c»	do	 art.	 105,	 III,	 da	CF/88.	Dissídio	 jurisprudencial	 não	 comprovado.
Recurso	 conhecido	 somente	 pela	 alínea	 a	 do	 permissivo	 constitucional.	 Aposentadoria	 rural.
Requisitos	etário	e	cumprimento	da	carência.	Desnecessidade	de	comprovação	simultânea.	Perda
da	qualidade	de	segurada	quando	do	implemento	da	idade).
ü	 STJ	 (Seguridade	 social.	 Previdenciário.	 Agravo	 regimental	 no	 recurso	 especial.
Aposentadoria	rural	por	idade.	Segurada	especial.	Regime	de	economia	familiar	caracterizado).
O	trabalho	urbano	de	um	dos	membros	do	grupo	familiar	não	descaracteriza,	por	si	só,	os
demais	 integrantes	 como	 segurados	 especiais,	 devendo	 ser	 averiguada	 a	 indispensabilidade	 do
trabalho	rural	para	a	subsistência	do	grupo	familiar.
Havendo	a	situação	de	trabalho	em	economia	familiar	e	um	dos	membros	dessa	família
exerce	atividade	urbana	 totalmente	dissociado	da	 atividade	de	 economia	 familiar,	 apenas	esse
trabalhador	que	foi	par	o	meio	urbano	que	será	descaracterizado	como	trabalhador	especial	e	não
toda	a	família.
Se	 uma	 pessoa	 exerce	 o	 trabalho	 urbano	 ela,	 e	 somente	 ela,	 deixará	 de	 ser	 segurada
especial,	o	restante	da	família	continuará	sendo	segurado	especial.
Somente	haverá	uma	descaracterização	completa	do	núcleo	familiar	se	o	trabalho	urbano
desse	 membro	 específico	 retirar	 por	 completo	 a	 relevância	 do	 trabalho	 rural,	 extrativista	 ou
pesqueiro	do	grupo	familiar.
Dependendo	do	grau	de	renda,	passa-se	a	sustentar	a	 família,	a	agricultura,	a	pesca	ou
extrativismo,	deixando	completamente	de	 ter	 relevância	para	a	 família,	nesse	caso,	ocorrerá	a
descaracterização	da	família	inteira,	mas	se	não	for	essa	situação	peculiar	e	é	o	caso	concreto	que
irá	dizer,	o	trabalho	urbano	descaracteriza	apenas	o	membro	que	o	exerce.
Súmula	46,	TNU.	exercício	de	atividade	urbana	intercalada	não	impede	a	concessão	de
benefício	previdenciário	de	trabalhador	rural,	condição	que	deve	ser	analisada	no	caso	concreto.
	O	exercício	da	atividade	intercalada	não	impede	a	concessão	de	benefício	previdenciário	ao
trabalhador	rural,	condição	que	deve	ser	analisada	no	caso	concreto.
Essa	 condição	 da	 atividade	 intercalada	 já	 foi	 positivada	 nos	 §§	 do	 art.	 11,	 o	 segurado
especial	 poderá,	 intercaladamente	 à	 sua	 atividade	 como	 segurado	 especial,	 exercer	 atividade
urbano,	desde	que	seja	esporádico,	eventual	e	limitado	a	120	(cento	e	vinte)	dias	por	ano.
5.																					CONTRIBUINTES	INDIVIDUAIS
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Caracterizam	uma	espécie	residual	de	trabalhadores,	temos	um	conceito	próprio	no	direito
previdenciário,	 não	 há	 um	 conceito	 equivalente	 no	 direito	 do	 trabalho,	 a	 lógica	 do	 legislador
previdenciário	foi	agrupar	aqueles	sem	vínculo	duradouro,	sem	vínculo	perene	com	o	tomador.
Estão	nessa	categoria,	basicamente	os	trabalhadores	que	trabalham	por	conta,	sozinhos	e
de	forma	independente,	ainda	que	prestem	serviços	para	terceiros,	mas	não	de	maneira	contínua,
duradoura.
		São	exemplos	de	contribuintes	individuais:
·								autônomos,	diaristas,	eventuais;
·	empresários,	microempreendedor	individual;
·								cooperados	de	cooperativa	de	produção	de	trabalho;
·								notários	e	registradores,	pois	não	estão	vinculados	ao	regime	próprio,	trabalham	em
delegação,	 não	 há	 vínculo	 de	 provimento	 efetivo	 com	o	 Estado	 e	 trabalham	para	 si,	 não	 tem
vínculo	perene,	são	segurados	obrigatórios	na	condição	de	contribuintes	individuais;
·								médicos	residentes;
·								ministros	de	confissão	religiosa	remunerados
·								síndicos	remunerados;
Há	um	julgado	interessante	do	STJ	que	entendeu	como	síndico	remunerado	aquele	que	não
recebe	 um	 salário,	 remuneração,	mas	 que	 tenha	 dispensa	 do	 pagamento	 da	 taxa	 condominial
mensal,	logo,	é	contribuinte	individual.
·								grandes	produtores	ou	pescadores;	aqueles	que	não	se	enquadram	como	segurados
especiais.
·								magistrados	da	justiça	eleitoral,	fora	do	RPPS.
Na	 Justiça	 Eleitoral	 há	 magistrados	 que	 são	 nomeados	 para	 exercem	 mandato	 e	 não
possuem	vínculo	com	o	regime	próprio.
·								conselheiros	tutelares,	de	acordo	com	a	reforma	do	regulamento	prevista	no	Decreto
4.032/01.
OBSERVAÇÃO:	 o	 segurado	 especial	 faz	 jus	 a	 benefícios	 independentemente	 do
recolhimento	 de	 contribuições,	 basta	 ao	 segurado	 especial	 comprovar	 a	 sua	 atividade	 como
segurado	especial,	ainda	que	não	recolha.	Nessa	condição,	contudo,	fará	jus	à	alguns	benefícios	e
não	a	outros	e	com	renda	mensal	no	valor	mínimo.	Caso	esse	segurado	especial	queira	fazer	jus	a
outros	benefícios	ou	a	benefícios	com	valor	acima	do	mínimo,	a	lei	faculta	que	o	segurado	especial
recolha	 contribuições	 como	 se	 fosse	 um	 contribuinte	 especial.	 A	 lei	 faculta	 que	 o	 segurado
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especial,	 por	 vontade	 própria,	 recolha	 contribuições	 como	 se	 fosse	 um	 contribuinte	 individual,
passando	a	ter	direito	a	aposentadoria	por	tempo	de	contribuição	e	a	outros	benefícios	com	valor
superior	 ao	 mínimo,	 a	 depender	 do	 montante	 de	 contrição	 que	 venha	 a	 recolher	 como	 se
contribuinte	especial	fosse.

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