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Pare de gostar do que te faz mal - Teco Mendes

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Pare de gostar do 
que te faz mal 
 E Emagreça Sendo Paleo Teco Mendes 
SendoPaleo.com 
 
 
 
 
 
Teco Mendes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
 
 
Teco Mendes 
 
 
Pare de gostar do que 
te faz mal 
E Emagreça Sendo Paleo 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
Copyright © 2015 Teco Mendes 
Todos os direitos reservados 
 
 
 
Diagramação e Revisão: Vila Romana Bureau de Letras 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
Sumário 
 
Introdução .................................................................... 11 
O estado emocional e a dieta ........................................ 16 
O que é dieta Paleo? ..................................................... 24 
Sobre as Dietas de baixa caloria e pouca gordura .......... 29 
Você é enganado pelo que é divulgado ......................... 33 
Por que não eu? ............................................................ 39 
O Conhecimento, a prática e a realidade ....................... 47 
Parar de gostar daquilo que faz mal .............................. 55 
A força dos hábitos ....................................................... 65 
Saindo da Zona de Conforto .......................................... 69 
Sendo Paleo por Definição ............................................ 75 
E quão Paleo você se propõe a ser? .............................. 78 
Minhas dicas de como começar a dieta paleo ............... 82 
Furei a dieta. E agora? ................................................... 90 
10 motivos para você fugir do IMC ................................ 93 
Escolha sua meta. ......................................................... 98 
Esqueça sua meta. ........................................................ 98 
Vamos falar sobre suplementos? .................................103 
Dúvidas sobre a dieta Paleo .........................................112 
5 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
Contar calorias na paleo ajuda? ...................................120 
Por que a gordura saturada é bem-vinda na Paleo? .....125 
Usando a gordura como fonte de energia ....................130 
Como estudar a paleo ..................................................136 
Disciplina .....................................................................146 
Maturidade ..................................................................156 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
Dedicatória 
 
 
À minha falecida avó Iracema que 
sempre me deu muito amor nas melhores 
formas que sabia. 
 
 
 
7 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
 
8 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
Sobre o autor 
 
 
 
Teco Mendes é Administrador de Empresas, 
autor do Blog SendoPaleo.com , Personal Coach 
membro da Sociedade Brasileira de Coaching e 
Primal Expert pelo The Primal Blueprint 
Institute. 
 
9 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
 
10 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
INTRODUÇÃO 
Hello Friends! 
E aqui dou início a mais um capítulo em 
minha vida. Ou melhor, vários capítulos. Uma 
coletânea de ideias, dicas e experiências que 
resultaram neste livro. 
Um novo projeto, um novo começo. 
Sempre cheio de boas expectativas e muita 
esperança com os resultados, como tudo que 
começamos: seja um relacionamento, um novo 
negócio, um novo emprego, um novo curso. Não 
pode faltar aquele friozinho na barriga, aquela 
ansiedade, afinal, tudo o que queremos e 
almejamos é ter muito sucesso naquilo em que 
estamos nos empenhando. Queremos ser o Bill 
Gates dos negócios, a Ivete Sangalo da música, o 
Neymar do futebol, o Paulo Coelho dos livros (ou 
a J. K. Rowling, aquela do bruxinho), enfim, 
miramos nos exemplos que deram certo com a 
perspectiva de termos bons resultados. 
E por falar em algo que começamos... 
11 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
A dieta! 
Para algumas pessoas, dieta é aquilo que 
elas mais começam na vida. Você faz parte desse 
grupo? 
Vejamos: pegue os últimos 12 meses – 
quantas vezes começou uma dieta nesse 
período? E aqui não estou me referindo a visitas 
a um nutricionista ou leituras de livros sobre o 
assunto. Quantas vezes você afirmou a si 
mesmo, “estou de dieta”, e tentou algum tipo de 
controle, seja qual for, sobre o que come? 
Por exemplo, numa segunda-feira você 
pulou as frituras e a sobremesa no almoço e 
comentou com os colegas “vou dar uma 
maneirada...”. Já na terça-feira teve uma 
festinha de aniversário no trabalho e o bolo 
servido era o seu preferido. Se você já passou 
por algo parecido, sabe o fim dessa história. 
É aqui que eu entro. 
Essa foi minha realidade de vida. Lendo 
muito, interessado em tudo e experimentando 
todas as formas de dieta possíveis – algumas 
nem tão possíveis – que passaram pela minha 
frente. 
12 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
Se tem alguém que entende de dieta é 
gordinho. Sabe tudo. Não só de fórmulas como 
de formas também: Vigilantes do Peso, Spas, 
diferentes tipos de treinos em academias. 
E, depois de anos, entendi. Entendi o que 
realmente acontecia, o porquê das dietas, fossem 
quais fossem, não darem certo comigo, entendi o 
processo que me levava a comer. Está achando 
isso muito parecido com depoimentos de 
qualquer gordo que emagreceu, com as 
introduções de vários livros de dieta, propaganda 
de “coisalife” ou comerciais de shakes 
milagrosos? Sim, é. Porque todos dizem a mesma 
coisa: que têm a chave para a solução do 
problema – e não é a chave de um cadeado para 
a geladeira. 
No meu caso, acredito que realmente 
entendi o segredo dessa prática. Assim, me 
formei em Coach para estudar a melhor forma de 
compartilhar essa descoberta e trabalhar com o 
comportamento das pessoas e ajudá-las a se 
livrarem desta tortura que é ser infeliz com o 
próprio corpo, se sentir com baixa autoestima e 
até mesmo com a autoimagem desvalorizada. 
13 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
E qual o segredo? Vem comigo! 
Você já tentou de tudo antes e eu não vou 
aqui ensinar dieta, porque não sou nutricionista, 
tampouco passar treinos ou exercícios, porque 
não sou um educador físico. 
A grande sacada que mudou minha vida foi 
“conseguir” fazer uma dieta. Qual? A dieta 
Paleolítica, Primal, de nossos ancestrais – LCHF: 
Low Carb High Fat (baixo carboidrato, rica em 
gordura). 
Este é o principal tema deste livro: 
– Por que as pessoas não conseguem seguir 
dietas por muito tempo? 
– Qual a razão disso? 
– Qual o segredo para conseguir manter e 
viver esse estilo de vida? 
São coisas que não nos ensinam nos livros 
de dieta. O que vemos ali são receitas e fórmulas 
restritivas – coma isso, evite aquilo, faça assim –
acompanhadas de explicações sobre o porquê 
fazer: melhorar a saúde, redução de peso, 
gordura trans faz mal. Você lê esses livros, se 
empolga, se sente motivado e começa um novo 
projeto cheio de expectativas e sonhos, até que 
chega aquela terça-feira, festinha de aniversário 
14 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
no trabalho, aquele bolo irresistível e... Pronto. 
Voltamos ao início desta conversa. 
É com esse círculo vicioso que vamos 
acabar a partir de agora. 
Com os livros sobre a dieta Paleo você 
aprenderá o quê e por que fazer. O que eu vou 
ensinar a você é “como fazer”.Que comece, a partir deste livro, a melhor 
fase de sua vida! E que você tenha preocupação 
com outros projetos pessoais ou profissionais, 
porque sobre emagrecer e estar bem consigo e 
com seu corpo, isso vamos resolver aqui. 
 
 
 
 
15 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
O ESTADO EMOCIONAL E A DIETA 
Vou começar falando sobre pessoas que me 
contratam como Coach para ajudar nessa 
transição. Geralmente já conhecem a dieta Paleo, 
LCHF, já estudaram bastante, se consultaram 
com um nutricionista Paleo, assistiram 
palestras, mas mesmo assim não conseguem 
seguir adiante. E não por dúvidas técnicas, 
porque isso é fácil resolver. 
E o que percebi em algumas consultas? 
Elas se sabotam, furam a dieta, não têm 
comprometimento, se perdem no mundo de 
informações, não têm um plano, uma sequência. 
Quando iniciamos uma sessão de 
videoconferência, percebo que essa pessoa está 
com cara de derrotada, de destruída. Em nossa 
conversa, ela se diz fracassada, perdedora, idiota 
– e o negócio vai ladeira abaixo. 
E frequentemente uma pessoa entra nesse 
estágio porque está acima do peso que considera 
ideal, quer emagrecer, entende que a dieta Paleo 
é o caminho, mas ela simplesmente não 
consegue. Começa na segunda-feira, dia 
mundial de começar dieta, e na quarta-feira já 
16 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
desistiu por algum motivo. E tenta de novo, e de 
novo. 
E um detalhe, cada vez que tenta 
novamente, o estado psicológico fica pior. Por 
quê? Porque ela veio de uma derrota ontem. Não 
está motivada. 
O foco dela é emagrecer, então, em seus 
pensamentos, ela não pode ser feliz enquanto 
não emagrecer. Ela não tem esse direito. Ela 
quer emagrecer para ser feliz. 
Só que o processo não é esse. 
Emagrecer para ser feliz ou estar feliz para 
emagrecer? 
A motivação conta muito para iniciar uma 
dieta. E o seu estado de espírito também. Na 
dieta Paleo, passamos por uma fase de 
adaptação em que não necessariamente 
emagrecemos. Isso nas primeiras semanas. 
Mais adiante trataremos das estratégias e 
dos possíveis sintomas nesse início de processo. 
Vamos continuar falando aqui do lado emocional 
dessa pessoa que quer desesperadamente perder 
peso, fica ansiosa, se pesa quatro vezes por dia, 
começa a contar calorias – coisa que não fazemos 
17 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
na Paleo –, tudo foge do controle e ela acaba 
furando a dieta. 
Imagine-se numa partida de futebol 
decisiva, final de campeonato – o técnico, antes 
da partida, está lá no vestiário, conversando e 
motivando os jogadores. Eles estão com gana, 
com raça, sangue nos olhos mesmo. 
– Vamos ganhar! 
Eles querem ganhar o jogo para ter força de 
vontade? Não. Eles precisam ter garra, precisam 
estar bem para vencer o jogo. 
Então você me fala: 
– Ok, Teco, entendi. Eu tenho que focar no 
processo e não na meta final, só que não consigo. 
Estou triste e desanimado porque estou acima 
do peso. O que fazer? 
Começamos analisando a sua vida num 
contexto geral. Como estão as outras áreas fora 
desse problema com dieta. 
Histórias 
Eu tive uma coachee1 que começou nossa 
videoconferência com a frase “eu sou uma loser 
1 Cliente de um Coach 
18 | P á g i n a 
 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
(perdedora) ”. Uma moça bonita, sarada, o 
orgulho do Personal Trainer dela, muito bem 
casada, profissional competente e bem-sucedida 
em sua área. E começamos a conversar sobre 
essa relação de ela ser infeliz porque queria ter a 
barriga mais seca. E você vê que, na verdade, ela 
está sendo mal-agradecida com a vida – está 
colocando o foco num problema e deixando isso 
transformá-la numa pessoa amargurada, sendo 
que ela tem tantas coisas maravilhosas ao seu 
redor para se orgulhar. 
Nestes casos, muitas vezes conseguimos 
direcionar o foco e o pensamento da pessoa, ela 
já se liga na situação real e acaba ficando até 
meio constrangida de estar agindo daquela 
forma. 
Li certa vez um livro do Dr. Lair Ribeiro, 
cardiologista, nutrólogo e autor de vários livros, 
em que ele conta uma passagem de sua vida 
muito interessante: o pai dele morreu no mesmo 
dia do aniversário da filha, no mesmo dia que a 
filha nasceu. Acontece que no dia do aniversário 
da filha ele não sabia se ficava triste, pelo 
aniversário de morte do pai, ou se ficava feliz, 
pelo aniversário da filha. Ele ficava em uma briga 
interna, meio feliz, meio triste, lembrando do pai 
19 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
com tristeza, vendo que tinha a festinha da filha. 
Um dia a esposa falou para ele: 
– Seu pai não morreu exatamente hoje, do 
dia da sua filha? 
– Pois é, morreu. 
– Olha só, que legal. 
Ele olhou espantado, e ela continuou: 
– Olha como deus é bacana. No mesmo dia 
que ele tirou uma pessoa que você amava tanto, 
te deu uma pessoa que você ama tanto. 
A partir daí tudo mudou. Não precisou mais 
nada, só o fato de reavaliar como ele estava 
levando esse fato mudou a sua forma de ver e 
começou a ficar feliz. E nada mudou, só a forma 
de enxergar a questão. 
Às vezes você está extremamente 
insatisfeito porque você está gordo, as roupas 
não servem mais, sua calça está apertada, 
porém, se você for orientar para analisar o resto 
da sua vida, começa a ver de outro jeito. 
A gratidão é um pilar da felicidade. Ser grato 
pelo que tem não significa que não quer mudar 
ou melhorar alguma coisa na sua vida, mas você 
reconhece que tem coisas que são muito 
20 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
positivas. E a gratidão é uma ferramenta muito 
grande para mudar o seu modo de ver a sua 
própria vida. 
Houve uma época em que eu estava 
esgotado física e emocionalmente, inclusive 
tomava remédios para depressão e para 
ansiedade – hoje já não tomo mais. Uma amiga 
Coach me passou uma técnica para me livrar 
dessa depressão que consistia numa coisa muito 
simples e que vale a pena fazer: durante o banho, 
quando você está sozinho, começa a listar 40 
coisas pelas quais você é grato na sua vida. 40 é 
muito? É, e não sei o porquê desse número. Mas 
faça isso por 21 dias – o tempo para tornar essa 
tarefa mental um hábito. 
Tomando um banho, relaxado, listando 40 
coisas pelas quais é grato – sou grato por isso, 
por aquilo... Você vai pensando e sentindo a 
gratidão. Começa a detalhar, imaginar, refletir, e 
seu estado de espírito vai mudando. 
E é interessante, porque conforme os dias 
vão passando fica mais difícil achar essas coisas, 
então começamos a procurar por minúcias. Por 
exemplo, minha mãe sempre me falou, “Teco, 
agradeça que você é alto” – tenho 1.82m, nem 
sou tão alto assim – “porque as mulheres altas 
21 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
gostam dos altos e as baixinhas também gostam 
dos altos, porque é genético, está no cérebro 
delas, elas querem que os filhos sejam altos e 
fortes também”. E você continua buscando 
vários motivos e começa a enxergar o mundo de 
uma forma diferente. Quando eu não era grato, 
não ficava focado nas coisas boas da minha vida 
– 100% dela era problema, e eu era infeliz. 
Quando se faz esse exercício, percebe-se 
que o problema é só uma faceta da vida – não é 
para desprezar – mas enxergando várias coisas 
positivas ficamos mais fortes para enfrentar essa 
pequena parte que nos aflige e não deixamos ela 
tomar conta do todo. 
Nossa felicidade é baseada em expectativa 
Geralmente não somos felizes com o que 
está acontecendo agora; ficamos felizes com o 
que acreditamos que vá acontecer com a gente. 
Sexta-feira à tarde – como se sente? Feliz 
porque é sexta e sabe que não vai trabalhar no 
sábado. 
Já no domingo à noite, apesar de ter feito 
coisas boas no final de semana, fica deprimido– 
por causa da expectativa da segunda-feira, ter 
que acordar cedo e começar tudo de novo. 
22 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
Se você está internado em um hospital e 
terá alta em três dias, mas fica sabendo que 
ganhou um prêmio na loteria, o que acontece? 
Você ficara feliz nesses três dias sabendo que vai 
sair dali com uma bolada nos bolsos. Mesmo não 
estando ainda com esse valor, ficará feliz. 
Então, essa é a ideia principal deste 
capítulo: mudar o estado de espírito para 
começar a dieta. É hora de cuidar do jardim da 
sua vida: preparar a terra, adubar, semear e 
cuidar, pensando, sempre com alegria, na 
recompensa que esse trabalho trará. 
Assim como na sexta-feira, quando você fica 
feliz pelos dias futuros, fique feliz agora, porque 
seu objetivo será alcançado. Já conte com isso, 
já sinta isso, já viva isso. Você está com a dieta 
certa e com vários recursos profissionais para 
ajudá-lo. Inclusive este livro. Já está sorrindo? 
Ótimo! Este sorriso vai levar você longe. Confie 
em mim. 
23 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
O QUE É DIETA PALEO? 
Caso você ainda não conheça a Dieta Paleo, 
vamos dar aqui uma rápida pincelada antes de 
partir para nossas dicas. Mas já vou avisando: 
ela vai contra a maioria das ideias sobre dieta 
que aprendemos, pregamos ou estivemos 
fazendo. 
Também conhecida como Paleolítica ou 
Primal, essa dieta parte da ideia de nos 
alimentarmos conforme nossos ancestrais, 
aqueles antiguinhos, do Período Paleolítico, que 
abrange de 2,6 milhões a.C. até 10.000 a.C. 
Um amigo me disse que assim que soube dessa 
dieta viu que ela fazia todo sentido: nunca 
encontraram restos mortais de nossos 
ancestrais gordinhos – só pele e osso. Sim, esse 
meu amigo é magro, por isso está sempre 
fazendo piadinhas sobre as dietas. 
A base dela é de que nossos ancestrais 
evoluíram por milhares de anos se alimentando 
de caça, vegetais e frutas que podiam colher. E 
sempre se mantendo com ótima agilidade, 
disposição e energia, caso contrário virariam 
caça em vez de caçadores. Gordinho ali não tinha 
vez. E como temos, praticamente, a genética 
24 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
idêntica a esses nossos ancestrais, nosso corpo 
está preparado para esse tipo de padrão 
alimentar. Ou melhor, nosso corpo evoluiu para 
e com esse padrão alimentar. 
A Paleo é, basicamente, uma dieta de baixo 
carboidratos, não por definição, mas por 
consequência. E relativamente alta em gorduras, 
principalmente a temida gordura saturada. A 
diferença entre essa e as outras dietas de baixo 
carboidrato é que na Paleo, convencionada a 
menos de 150g por dia, devemos excluir do 
cardápio os grãos, laticínios, legumes e outras 
iguarias que nossos amigos das cavernas não 
comiam. Restrições menos controversas, até 
porque fazem parte de toda dieta que se intitula 
como saudável, são os alimentos processados, 
óleos vegetais e açúcar. 
Mas sem grãos? O nosso feijão com arroz? 
E os integrais? 
E gordura saturada, como bacon, faz bem? 
E aqueles atletas saudáveis que evitam a 
gordura e se alimentam de comida integral? 
 
25 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
PIRÂMIDE 
ALIMENTAR PALEO 
 
 
Ervas, Temperos, 
Extratos 
Altamente antioxidantes / 
Valor nutricional 
Indulgências sensíveis 
Chocolate amargo, Vinho tinto 
Suplementos 
Multivitamínicos, ômega-3, 
Probióticos, Vitamina D, 
Proteína liofilizada 
 
Comidas moderadas 
Frutas da estação – produção local 
Laticínios com alto teor de gordura 
Tubérculos com alto teor de amido, 
quinoa, arroz selvagem – opção para 
carboidratos para atletas 
Oleaginosas (inteiras ou em pasta) e sementes 
– boa opção para lanches – 
 
Gorduras saudáveis 
Gorduras animais, manteiga e óleo de coco 
Abacate, produtos de coco (sem açúcar) azeitonas 
Azeite de oliva, macadâmias (comer) 
 
Vegetais 
Produzidos localmente e/ou orgânicos. 
Porções abundantes para dar sabor, nutrição e 
antioxidantes 
 
Carnes, Peixes, Aves e Ovos 
 
Principal fonte de calorias: gordura 
saturada (energia, saciedade, funcionamento 
hormonal e celular) e proteína (para construir 
massa magra). Dê ênfase à produção local, 
 alimentada com pasto ou certificadamente orgânica. 
 
 
26 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
Vamos às respostas: 
Conforme preconizado pelos autores da 
dieta Paleo, e até com suporte de vários estudos 
científicos, os grãos possuem antinutrientes que 
fazem mal ao organismo não adaptado do 
homem, causando inflamações que algumas 
vezes são visíveis e claras, como no caso de 
doenças celíacas, e outras que dificilmente 
ligamos à nossa alimentação, como artrite e 
alergias de pele. 
Já a gordura saturada, por sua vez, em 
recentes e diversos estudos ficou comprovado 
que é uma gordura que devemos consumir e que 
não há relação com doenças cardíacas ou 
qualquer outro problema de saúde. Muito pelo 
contrário. A história de como esse pavor de 
bacon começou é muito interessante e merece 
até um capítulo especial. 
Outras premissas da Paleo nos mostram 
que muitos dos nossos conceitos sobre 
alimentação precisam ser revistos: 
– Comer de 3 em 3 horas? 
Não. Comer uma ou duas vezes por dia. Ou 
não comer. Jejum intermitente é parte de como 
27 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
evoluímos. Na Dieta Paleo come-se quando se 
tem fome. 
– Quantos litros de água devo beber por dia? 
Beber quando se tem sede. E pronto. 
E agora você está aí, relendo esta página, 
olhando desconfiado... A Dieta Paleo é um 
assunto muito interessante e que deve ser 
estudado com a mente aberta e tolerância com 
novos conceitos. E se tudo que nos foi colocado 
até sobre alimentação estiver mesmo errado? 
Intrigado? Bem-vindo à Paleo. 
 
28 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
SOBRE AS DIETAS DE BAIXA 
CALORIA E POUCA GORDURA 
Dieta de baixa caloria 
Segundo nutricionistas, médicos, revistas 
de dietas, subcelebridades e outros 
superespecialistas: 
– 1 grama de gordura tem 9 calorias; 
– 1 grama de proteína tem 4 calorias; 
– 1 grama de carboidrato tem 4 calorias. 
Então, obviamente, se você quer emagrecer, 
o vilão é a gordura. 
Assim, você pode comer mais comida para 
garantir que tenha um déficit calórico diário, isto 
é, seu metabolismo basal é de 1.800 calorias; se 
você consumir 1.500, seu corpo utilizará sua 
reserva de gordura para completar a energia que 
faltou (no caso, 300 calorias). E se você fizer duas 
horas de spinning por dia, vai gastar ainda mais. 
Comprando só produtos Diet e Light, com suas 
versões menos calóricas, emagrecerá mais. E se 
comprar mil reais de suplementos por mês, 
melhora ainda mais! E se ainda substituir uma 
29 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
das suas refeições por shake, ah...! Bingo! 
Sucesso! E você sabe, gordura entope suas 
artérias e você pode morrer por isso. Então, odeie 
gordura. Bacon mata. 
Quer provas disso? Basta ver qualquer 
musa fitness frango-com-batata-doce com 
milhares de seguidores no Instagram. Ou 
aquelas atletas admiráveis, os fisiculturistas de 
barrigas chapadas, os vários exemplos de 
transformação que cada nutricionista 
tradicional tem. E aquelas pessoas que ficam 
uma semana em um Spa comendo 600 cal/dia e 
emagrecem horrores em uma simples semana. 
Ou aquela vez que você teve um rompimento 
amoroso e perdeu 10 kg porque não conseguia 
comer de tanta tristeza. 
A explicação 
Essa dieta de baixa caloria, Low Fat, 
tradicional, não é factível, isto é, não é fazível 2. 
Você pode até pensar que é, porque tem um 
monte de gente magra que vive nessa dieta. Mas 
então por que você não está com o corpo ideal? 
Por que já emagreceu váriasvezes e engordou 
2 Sim, a palavra “fazível” existe e está dicionarizada. 
Coloquei o “factível” antes só para gastar minha erudição 
 
30 | P á g i n a 
 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
tudo de novo? Por que está sempre tentando, 
falhando, recomeçando, sentido culpa, se 
gostando menos? 
A resposta dos sites e perfis motivacionais 
de fitness é simples: o que você come escondido 
aparece em público. Se você não está no peso 
ideal é porque é preguiçoso, indisciplinado, não 
tem comprometimento, enfim, não quer de 
verdade emagrecer. 
Mas a pior parte é quando você passa a 
acreditar nisso. 
E, acreditando nisso, você continua fazendo 
o que sempre fez e obtendo os mesmos 
resultados, afinal, a culpa não é da dieta, porque 
você sabe por todas as evidências mostradas nos 
sites e perfis, que ela funciona. O culpado é você! 
Sim, você, que não segue a dieta à risca. 
A verdade 
Acredite, essa dieta tradicional é errada. É 
uma mentira. Níveis baixíssimos de gordura e 
alto em carboidratos com suas barrinhas 
“saudáveis” de cereais cheias de química, isso faz 
mal para a saúde. Você nunca vai conseguir 
seguir por muito tempo e, caso consiga, vai ser 
uma guerra constante entre desejo, compulsão e 
31 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
força de vontade – ou falta dela. Mas vamos 
tratar disso em outro capítulo mais à frente, 
senão você se cansa deste e desiste, afinal você é 
preguiçoso, indisciplinado e não tem 
comprometimento. Rá! 
Calma, que tudo se esclarece. 
 
 
 
 
32 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
VOCÊ É ENGANADO PELO QUE É 
DIVULGADO 
Será que você vai seguir dieta de baixa 
caloria após este capítulo? 
 
Considero este capítulo muito importante, 
então, gruda os olhos no texto que segue e vamos 
juntos chegar a uma conclusão. 
Um pouco de matemática 
É sabido que 95% das pessoas que 
emagrecem com dietas tradicionais acabam 
voltando ao peso original – ou mais – em até um 
ano após emagrecer. São várias as fontes de 
pesquisa e estudos sobre esse tema. É o famoso 
fenômeno conhecido como efeito ioiô – quando a 
dieta acaba e volta-se a consumir a quantidade 
normal de alimentos, aqueles níveis metabólicos 
baixos continuam garantindo a estocagem extra 
de calorias. 
Mas nem tudo é tão ruim quanto parece. 
Ainda dá para piorar... 
33 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
Sim, porque falamos aqui das pessoas que 
conseguiram emagrecer. Se formos contar todas 
as tentativas de emagrecer e dietas abortadas 
com o bolo da terça-feira da festa de aniversário 
no trabalho, aí a coisa complica. De todos que 
começam dietas, independentemente se 
perderam peso ou não, quantas chegaram a 
emagrecer mesmo e de vez? Vamos chegar a 
99,9% de falha dessa dieta. 
Divulgações Enganosas 
Existe um exercício proposto por Stephen 
Kanitz com o nome de “vigilância epistêmica”, 
que consiste em filtrarmos tudo o que lemos, 
ouvimos e aprendemos com outras pessoas para 
não sermos enganados. 
Epistemologia é a explicação do que 
pensamos a respeito de algo. É o estudo das 
formas como adquirimos nossos conhecimentos 
e envolve a natureza dos conceitos, como eles 
foram construídos, a validade e a lógica de 
raciocínio, assim como dos pensamentos, ideias, 
memórias, emoções e tudo relacionado à mente. 
Muitas pessoas funcionam apenas como 
condutores de ideias, regras e crenças. Recebem 
numa ponta e repassam na outra, sem filtros. 
Exemplos? Vamos lá: 
34 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
Redes sociais. No Instagram vemos muitos 
perfis específicos de transformações, tanto em 
inglês como em português. São fotos de ‘antes e 
depois’, e você realmente vê um emagrecimento, 
vê uma melhora. Garotas mais bundudas, com 
menos gordura e barriga chapada; rapazes mais 
magros e fortes, e assim vai. 
Mas... e as pessoas que não conseguiram 
seguir a dieta? Postam o fracasso? 
Quantas vezes você tirou uma foto do antes, 
mas nunca rolou tirar a foto do depois, porque 
você não chegou lá? Eu, por exemplo, tenho uma 
coleção de fotos de ‘antes’ – devidamente 
escondidas a sete chaves, senhas e não entrego 
nem sob tortura. 
Aquelas fotos ‘antes e depois” são 
momentos congelados no tempo. Não é um 
documento de acompanhamento que possa nos 
dizer se ela manteve aquele progresso. Em 2012, 
tivemos o exemplo do ex-jogador Ronaldo, 
Fenômeno, no quadro “Medida Certa”, do 
Fantástico, na Rede Globo. Dieta restrita, muitos 
exercícios, acompanhamento, câmeras vigiando 
e milhões de reais na conta bancária. Resultado: 
emagreceu. Vivas! A Dieta de baixas calorias 
funciona! 
35 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
Mas... Opa! Pera lá! Algum tempo depois ele 
apareceu como comentarista da Globo nos jogos 
da Copa do Mundo de 2014. E todos o vimos 
gordinho novamente. É isso. O fracasso não é 
mostrado, só o sucesso. 100% do que você vê 
sobre a dieta é sucesso – desta forma, 
automaticamente você fica com a forte sensação 
de que ela funciona para sempre. E quando vê o 
Ronaldo gordo novamente, o pensamento que 
vem à sua cabeça é aquele mesmo de quando 
você fura a dieta: gordo preguiçoso, sem força de 
vontade. 
Vamos fazer uma simulação? Imagine um 
livro mágico que mostre fotos de ‘antes e depois’ 
de todas as pessoas que começam uma dieta, 
independente de terem largado em 3 dias ou não 
– até porque não ser fazível é a parte falha dessa 
dieta. Teríamos nesse livro 1 sucesso para cada 
mil casos. Ou 0,01%. 
E lá vai você, folheando esse livro e 
comentando as fotos e os resultados: “gordo”, 
“gorda”, “gordo”, “gorda”, “mais gordo”, 
“gordíssimo”, “gordelícia”, “gordo”, “gorda”, 
“outro gordo”, e por aí vai. Depois de muitas 
fotos, uma magra! Mas antes de se empolgar, 
você continua: “gordo”, “mais gordo”, “outra 
gorda”... 
36 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
Claro, trata-se de um exagero, uma 
brincadeira, dizer que todos que começam essa 
dieta não fazível estão gordos, até porque 
algumas pessoas que não estão muito acima do 
peso e só querem perder alguns quilos fazem 
parte dessa lista – acredito mesmo que sejam a 
grande maioria. Não são exatamente gordos, mas 
estão infelizes com o corpo, e a felicidade é o 
ponto principal deste livro. 
Agora, a grande pergunta: 
Você sempre colocou a culpa em si mesmo 
por não conseguir seguir essa dieta. Mas você 
seguiria uma dieta na qual praticamente 
ninguém consegue emagrecer para sempre ou 
sem sofrer com as vontades, tentações e 
abstinências? 
Você seguiria uma dieta depois de ver que 
ninguém alcança o resultado desejado e que 
tudo que viu como ‘sucesso’ foram situações 
momentâneas ou até raras exceções? 
Você pegaria um voo que vai do ponto X ao 
ponto Y sabendo que 99% dos aviões caem nessa 
rota e aquelas fotos maravilhosas do ponto Y são 
mandadas pelo 1% sobrevivente? Não, né. Você 
quer chegar ao ponto Y, mas não com essa 
companhia aérea (dieta). “E eu que achei que o 
37 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
problema era comigo... Simbora procurar outro 
meio de transporte”. 
Até agora você sofreu em vão 
Toda vez que você se sentiu culpado e 
angustiado por não seguir a dieta, não era de 
verdade culpa sua. Toda vez que entrou em 
processo de depressão sério sem querer sair de 
casa por se achar feio ou feia, não foi culpa sua. 
Toda vez que colocaram apelido em você na 
escola, que a roupa no provador da loja não ficou 
boa, que você quase se matou na academia na 
segunda-feira porque enfiou o pé na jaca (jacou) 
no final de semana, não foi culpa sua. 
Nunca foi culpa sua. 
Você foi mal orientado por essa ilusão que 
nos é vendida. Mas agora vamos mudar isso 
juntos. Vai dar tudocerto, acredite. Está 
emocionado? Calma, calma, essa fase de 
sofrimento acabou. 
No próximo capítulo vamos aprofundar 
nesse assunto: por que algumas pessoas 
conseguem, outras se mantêm e você tem que 
rasgar essa passagem de avião que não vai levá-
lo até lá. 
 
38 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
POR QUE NÃO EU? 
Por que algumas pessoas emagrecem com 
dieta de pouca gordura e baixa caloria e eu 
não? 
 
♫ Vamos pegar o primeiro avião 
Com destino à felicidade 
A felicidade pra mim é você ♪ 
 
No capítulo anterior vimos que essa dieta 
Low Fat não é o avião que queremos pegar com 
destino à felicidade. No entanto, nos lembramos 
de muitas pessoas que aparentemente se dão 
bem com essa dieta: as musas das escolas de 
samba, as garotas fitness, atletas, aquela amiga 
do colégio que comia de tudo, igual a Magali, e 
tinha a barriga chapada e um corpo lindo, ou 
aquela tia (minha tia Valéria) que nunca fez dieta 
e sempre foi magra – é magra até hoje. 
Comecemos falando de nós. 
Logo de cara, um fato: nós temos um 
relacionamento diferente com a comida. Vemos 
39 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
a comida não só como uma forma de suprir as 
necessidades nutricionais do corpo – ela 
representa muito mais. Enquanto, para alguns 
poucos, comida é só comida, apenas uma fonte 
de sobrevivência, outros já acordam pensando 
no que irão comer de sobremesa no almoço. 
E de onde vem essa conexão mental de que 
comida não é só alimento? 
Na verdade, o carboidrato é o grande vilão. 
O simples, o doce, a farinha, o excesso. Você 
entra no carro, de madrugada, vai ao drive-thru 
do McDonald’s, torcendo para o pneu não furar 
porque você está de pijama, e volta com um Big 
Mac, fritas, tortinha de morango e sundae – e o 
que é pior, tinha comida em casa. Mas não, você 
queria porque queria o McDonald’s. 
Você é viciado em carboidrato. 
Veja este trecho de uma matéria da Revista 
GQ de setembro de 2011: 
“Estou em um estabelecimento que vende 
drogas. Observo uma fila de pessoas no balcão, 
comprando livremente uma mercadoria que, para 
algumas, poderá se transformar (se ainda não se 
transformou) em um vício capaz de arruinar sua 
vida. Quem sabe você esteja no mesmo caminho. 
O problema nem sempre é evidente: nada que se 
40 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
compare ao massacre associado à cocaína ou ao 
álcool. É um vício que demora a se revelar, mas 
com percurso igualmente traiçoeiro. O lugar é uma 
padaria. E, certamente, aqui vende-se saladas e 
produtos light. Mas por que a oferta de bolos e 
docinhos supera a de alimentos saudáveis? 
Porque os carboidratos – assim como a cocaína – 
dão barato. E esse barato pode levar à fissura 
quando se fica muito tempo sem uma “dose”. Só 
que, diferentemente da cocaína, o consumo de 
carboidratos faz mais do que estabelecer novas 
conexões no sistema neurológico: o corpo sofre 
uma espécie de curto-circuito. Nosso metabolismo 
normalmente armazena energia para ser usada 
como combustível. Só que calorias não queimadas 
viram estoque de gordura. Quando a fome bate, 
você não fica doido para comer o que estiver à 
mão, mas deseja as mesmas besteiras cheias de 
calorias que o levaram à dependência. Pense 
nesse efeito como o de uma droga. ” 
(Reportagem de Paul John Scott e Thaís Cavalheiro) 
Alguém poderá dizer, “vício, desordem 
alimentar, compulsão? Isso é coisa de obeso 
mórbido”. Não é bem assim. Há graus. Essa é a 
grande sacada, a grande diferença entre todos 
nós. É o que acontece com qualquer coisa 
viciante. 
41 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
Eu, por exemplo, não bebo. Não consigo. 
Não gosto. Nunca bebi sequer uma latinha de 
cerveja. No outro extremo, temos o cara que bebe 
compulsivamente, todos os dias, e acaba se 
prejudicando no trabalho, com a família, com a 
sociedade. Entre um ponto e outro há uma gama 
de dependência. Trabalhei com um colega, 
excelente profissional, chegava cedo do trabalho, 
dedicado, competente, mas que era alcoólatra. 
Chegava em casa, abria uma lata de cerveja, 
depois outras, até dormir com uma na mão. 
Bebia muito, todos os dias, não tinha vida social. 
Chegou a ser internado, com o apoio da empresa, 
para uma reabilitação. Não adiantou. 
Meu pai e meu tio. Dois grandes amigos. 
Meu pai, empresário, meu tio, funcionário 
público em nossa cidade. Vida tranquila, meu 
pai acordava cedo antes do trabalho para fazer 
ginástica todos os dias, e também todos os dias 
eles se reuniam e bebiam 3 doses de uísque. 
Sempre. Em casa, no clube ou no barzinho. Não 
ficavam bêbados, aquilo não atrapalhava em 
nada a vida deles. Isso é aceitável? Eram 
dependentes, e só me dei conta disso depois de 
adulto. Os dois já se foram, em consequência 
dessa submissão ao álcool. Teriam vivido muito 
mais, não fosse o vício. Isso é aceitável? 
42 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
No nosso caso, essa variação é bem 
parecida. Em maior ou menor grau, é um vício. 
Temos aqueles obesos mórbidos que aparecem 
em programas de TV e choram no primeiro 
episódio porque estão com medo de morrer 
devido a complicações de saúde. Quem não sabe 
o tamanho da compulsão deles (vício) 
simplesmente pensa, “é só fechar a boca, seu 
gordo baleia saco de areia”. 
Mas ocorre que você, com seus 5 quilos 
acima do peso e que não consegue seguir à risca 
a dieta e se livrar desse excesso, está na mesma 
situação. 
Não podemos julgá-los da mesma forma que 
não devemos ser julgados por pessoas que não 
tem a menor noção do que passamos. Na visão 
delas, o que nos falta é força de vontade. E o 
somente se ganha essa batalha se a força de 
vontade for maior do que a compulsão. 
Então, não venha com esse ar superior para 
cima de mim, porque seu resultado positivo (ficar 
magro) não significa que sua força de vontade e 
disciplina sejam maiores do que as minhas. Pode 
apenas significar que sua compulsão seja bem 
menor e você acaba ganhando a batalha com 
menor esforço (força de vontade). 
43 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
Imagine a seguinte situação: eu, que não 
bebo, vou a uma reunião do Alcoólicos Anônimos 
dar uma palestra e ensinar como ter controle e 
não beber. 
Me apresento e conto meus casos de 
sucesso. Que vou a barzinhos com os amigos e 
não bebo nada, que vou para a balada e bebo 
cerveja sem álcool, enfim, conto como a minha 
vida sem vício é boa. Todos passam a me admirar 
e querem ser iguais a mim. E o que vem depois? 
Passam a me seguir no Instagram. Posto 
uma foto tomando limonada num churrasco 
regado a cervejas. 1.000 likes e vários 
comentários sobre como sou uma inspiração! 
Num outro dia, coloco uma foto minha, num 
jantar romântico, segurando uma taça de vinho 
(para dar um clima) e comento que às vezes pode, 
não precisa ser radical em nada na vida, afinal 
de contas eu mereço e tals e tals. Pronto. 5.000 
likes. Nível máximo de admiração! E é uma frase 
motivadora com resultado contrário, ou seja, 
piora a condição de quem não consegue ter esse 
tipo de controle (que para mim é fácil) e essas 
pessoas acabam se sentindo mal sobre si 
mesmas. Aí vai lá o alcoólatra seguir meu 
exemplo e acaba se mantendo no círculo vicioso 
do vício. Faz sentido isso? 
44 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
Bem, você já percebeu aonde eu quero 
chegar. 
Sim, estou comparando você e essa sua 
busca pelo corpo ideal em lugares aonde não 
deveria buscar e com pessoas que não sabem o 
que nós sentimos – e podem ser nutricionistas, 
médicos ou modelos com corpos lindos. 
Muitas pessoas têm, mesmo que forma mais 
branda, esse vício em carboidrato. Mais um 
exemplo: tenho uma amiga, magrinha, faz 
ginástica 5 vezes por semana, se mantêm 
tranquilamentena dieta. Então ela não entra no 
nosso grupo, certo? Errado. Entra sim. Ela me 
confidenciou que a tentação dela é o sorvete de 
um quiosque de picolés mexicanos que ela 
sempre vê no shopping. Sabe de todos os sabores 
e conhece a tabela nutricional de todos eles, mas 
não toma nem nunca tomou. Ela simplesmente 
está ganhando a batalha entre a compulsão 
versus força de vontade. Porém, a guerra interna 
continua, mesmo que pouca, mesmo que consiga 
comer um chocolate de vez em quando e voltar à 
dieta depois. 
Não temos de ser assim. 
45 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
Comida não pode e não será o foco de nossa 
vida! Temos mais coisas para fazer do que pensar 
naquilo que nos faz mal. 
E tem a solução? 
Sim, tem solução. 
Porém, o buraco é mais embaixo. O vício 
físico é um dos problemas. Temos também a 
dependência psicológica e emocional com 
comida, algo que não é falado e não é tratado da 
forma como deveria. 
Mas tenha certeza, você vai conseguir. É 
que o caminho que estava seguindo até agora 
que não era o correto. 
*** 
Em tempo: já faz mais de 20 anos que 
terminei o ensino médio e quando encontro com 
alguma garota daquela época, a gostosinha que 
comia de tudo e não engordava, percebo que a 
característica de supermetabolismo dela só 
funcionava na adolescência. 
 
46 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
O CONHECIMENTO, A PRÁTICA E 
A REALIDADE 
Lendo vários livros sobre o assunto serei 
Paleo? 
 
“Na teoria, não há diferença 
entre teoria e prática. Mas na 
prática, tem. ” 
 
Minha primeira leitura sobre dieta Paleo foi 
em 2012, quando fui apresentado ao livro The 
Primal Blueprint (lançado em Portugal com o 
nome “Energia Paleo”), do autor norte-americano 
Mark Sisson, um ex-maratonista, ex-triatleta, 
que tem no currículo um 4º lugar em uma prova 
de Ironman, o que não é pouco. 
Ironman é uma prova que, só de descrever, 
já me dá um certo cansaço: são 3,8 km de 
natação, 180 km de ciclismo e 42,2 km de corrida, 
e tudo isso deve ser completado em até 17 horas. 
Mark Sisson é um dos principais porta-
vozes da dieta Paleo e mantém um dos mais 
47 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
completos blogs sobre o assunto, chamado, 
Mark’s Daily Apple. 
Terminada a leitura, veio toda aquela 
empolgação – É isso! Show! Não preciso mais 
procurar sobre dietas! Vou ficar magro, lindo e 
livre de doenças, como câncer, Alzheimer, 
artrites e artroses. Vou passar dos 100 anos 
fácil, fácil! 
Fácil? 
O conceito era novo, mas a história, uma 
reprise. Aquele sentimento de iluminação 
interior, de encantamento e entusiasmo era um 
autoplágio de frenesis anteriores. 
Sim, já li muitos livros de dieta. Vários. 
Muitos mesmo. Daria para escrever uma trilogia 
só sobre minhas leituras e aventuras em dietas. 
O primeiro que comprei sobre o assunto foi “Só é 
Gordo Quem Quer”, de João Uchôa. Isso em 
1984. Não recomendo. Em 1997, todo 
tecnológico, ligado na internet, e tal e coisa, 
adivinha qual foi minha primeira compra online? 
Um livro chamado “The Anabolic Diet”, do Dr. 
Mauro Di Pasqualli. Então, tenho conhecimento 
de causa – como usuário, claro. 
 
48 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
Vou descrever um livro de dieta: 
Começa falando do problema da obesidade 
no mundo, com abundância de gráficos e dados 
mostrando índices vultosos e fortes. Trata do 
assunto como epidemia, apresentando números 
e porcentagens opulentas que farão você chegar 
à conclusão de que em 15 anos o mundo acabará 
em decorrência de explosão em massa de gordos. 
A partir daí, apresenta a dieta tema, seja qual 
for. A teoria é sempre baseada em estudos 
científicos que comprovam porque aquela dieta é 
a ideal, explica o papel da insulina, os malefícios 
da gordura trans, e descreve 678 hormônios que 
afetam seu corpo e como isso pode melhorar. 
Fecha com chave de ouro, apresentando casos 
de sucesso, depoimentos emocionantes e, em 
alguns casos, com receitas culinárias, afinal, um 
livro mais grosso e encorpado com mais páginas 
justifica um preço maior. Na lógica editorial, um 
livro obeso vale mais que um livro esbelto. 
Resumindo: apresentam o problema de 
forma alarmante e a solução de forma 
impressionante. E você se empolga, coloca uma 
roupa de ginástica e corre postar uma foto no 
Instagram #foconadieta. 
49 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
No meu caso com a Paleo, houve uma 
diferença. Eu não havia apenas adquirido o livro 
e o conhecimento, eu realmente comprei a ideia 
da dieta. Porém, a sequência dos fatos se 
repetiram. Entusiasmado, contei para a família, 
amigos, tentava converter a todos, me declarava 
Paleo e tal e coisa. Daí furava a dieta, voltava, 
sentia culpa, comia, comia, comia. Sentia culpa, 
voltava, furava, e assim passaram-se alguns 
meses até eu me dar conta de que o resultado 
era o mesmo das dietas anteriores. E ia atrás de 
mais livros e artigos sobre a Paleo. Entrei no 
círculo novamente. 
Até que caiu a ficha. 
Sei por que tenho que fazer e o que tenho que fazer. 
Mas como faço? 
Quando os autores descrevem nos mínimos 
detalhes o benefício da Paleo, a expectativa deles 
é de que você, ao virar a última página, pense, 
“Pronto! Odeio Donuts, bolos, arroz com feijão, 
batata frita e todas essas comidas do mal”. Só 
que o que acontece, na verdade, é que ao fechar 
o livro você pensa, “Odeio ‘adorar’ Donuts, bolos, 
arroz com feijão, batata frita e todas essas 
comidas do mal. 
50 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
Há um abismo enorme entre um 
pensamento e outro. Os livros focam no que fazer 
e o porquê, mas não dizem como fazer. E por que 
é assim? Por que não há um capítulo específico 
sobre as dificuldades de se começar uma dieta, 
abstinência e sintomas provocados pela falta de 
glicose? 
A resposta é bem simples. Porque a maioria 
dos autores não têm noção disso que passamos. 
Mesmo que tenham emagrecido, a realidade 
deles é diferente da minha e da sua. Agora, um 
triatleta me ensinando a emagrecer? Sério? Isso 
tem de ser dito por alguém que fale a nossa 
língua, saiba o que acontece no dia a dia, afinal, 
não somos máquinas que podem ser 
simplesmente reprogramadas. Nos passam as 
informações, salvamos no disco rígido do nosso 
cérebro, reiniciamos nosso sistema e pronto? 
Não, não é por aí. Da mesma forma que não sei 
como é ser um alcoólatra ou um fumante, eles 
não sabem o que é não conseguir seguir uma 
dieta. 
Alimentando o lado racional do cérebro 
Ler sobre o assunto é indispensável. É 
preciso estar 100% convencido do porquê seguir 
determinada orientação. Seu lado racional 
51 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
precisa ser alimentado constantemente, porque 
informações conflitantes – que podem desviá-lo 
do caminho – virão com força por várias mídias. 
Exemplos: 
Em certo período, eu estava estudando 
muito sobre “jejum intermitente”, que faz parte 
do estilo Paleo. Nessa mesma época fui a um 
supermercado e vi, exposta num display ao lado 
do caixa, uma revista com uma manchete que se 
sobressaía na capa: “Jejum dá Barriga”. Matéria 
escrita por um médico, com base em ‘estudos 
científicos’. Na semana seguinte, uma amiga me 
mandou um link de outra matéria com vários 
detalhes sobre o mesmo tema, também escrita 
por um médico, com foto ‘antes e depois’ de um 
sujeito, antes magro, depois barrigudo. 
Pesquisando mais sobre jejum intermitente, 
encontrei um perfil no Instagram, de uma 
transformação real, de um cara supersarado que 
fazia jejum intermitente. No YouTube você 
encontra uma entrevista do ator Hugh Jackman, 
quando fez o papel do Wolverine no cinema, onde 
ele conta sobre a sua boa forma conseguida com 
o jejum intermitente de 18 horas por dia. 
 
52 |P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
Razão e emoção 
Estar 100% certo, racionalmente, de que 
seguir a dieta Paleo resolve o problema? Não, 
porque não tomamos decisões baseadas apenas 
no racional. Há o fator emocional, as decisões 
impulsivas, que são responsáveis pelas escolhas 
mais simples e rápidas. E elas são baseadas em 
experiências anteriores que estão gravadas em 
nossa memória. 
Somos emocionais, não seguimos friamente 
uma lógica de dados e números para nortear 
nossos passos. Descobrir que aquelas comidas 
que lhe deram tanto prazer, por tanto tempo, 
são, na verdade, péssimos alimentos para você 
não é algo fácil de aceitar e ficar bem resolvido a 
esse respeito. Mas para os autores é algo tão 
simples que chega a irritar. 
Se fosse fácil assim, seria algo viral: uma 
pessoa compra o livro e em dois meses está 10 
kg mais magra, feliz, pele linda. Repassa a 100 
amigos os benefícios da Paleo. Todos compram o 
livro, ficam mais magros, felizes, e repassam, 
cada um, a mais 100 pessoas. Seria o fim do 
McDonald’s e a dominação total da dieta Paleo. 
Mas o que aconteceu comigo, de terminar o 
livro e continuar batendo a cabeça, é a nossa 
53 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
realidade. E não é só por causa do vício físico, 
senão bastaria uma internação em um SPA para 
tratar a dependência. Temos de tratar dos 
paradigmas enraizados, da dependência 
emocional, psicológica e também dos hábitos. 
É o que vamos ver nos próximos capítulos. 
 
54 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
PARAR DE GOSTAR DAQUILO 
QUE FAZ MAL 
“Eu poderia deixar o chocolate, mas 
não sou dessas que desiste 
facilmente das coisas” 
(Ditado Popular de Chocólatra) 
 
Por que nosso corpo é tão dependente de 
carboidratos como fonte de energia? 
Porque foi assim que ele foi acostumado e 
tratado durante anos de alimentação errada, 
mesmo não tendo sido projetado para isso. E 
para que ele reaprenda a usar a gordura de 
forma rápida e eficiente para suas necessidades, 
serão muitos os efeitos colaterais causados pela 
abstinência que podem acontecer. 
Então, depois de nos acostumarmos a 
comer carnes e saladas não sentiremos mais 
falta de açúcar, certo? Será? 
Certa vez perguntei a uma amiga, Personal 
Trainer, qual o alimento que mais atrapalhava 
sua dieta. A resposta veio automaticamente: 
55 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
– Chocolate. 
Uma resposta igual à de 90% das mulheres. 
– E você não gostaria de ‘não’ gostar de 
chocolate? 
– Não! 
Juro que esperava um ‘sim’ como resposta. 
– Por que não? 
– Porque eu gosto. 
“Nossa! Que Burra!” – pensei, mas não falei. 
No meu entendimento, deixar de gostar daquilo 
que nos faz mal deveria ser o objetivo de 
qualquer pessoa. Aprendi isso em 2007, quando 
fui me consultar com um nutrólogo que usava 
Dieta Ortomolecular. Começamos a conversar 
sobre alimentos de baixo índice glicêmico, base 
dessa dieta, algo que eu já conhecia, mas tinha 
uma dúvida: 
‒ Se minhas reservas de glicogênio 
estiverem muito baixas, posso comer um 
chocolate de vez em quando que não vou 
engordar, certo? 
Ele fez uma pausa, olhou para mim e disse: 
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Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
‒ Você deveria parar de gostar daquilo que 
te faz mal. 
Uau! Essa frase me deu uma chacoalhada. 
É óbvia sem ser óbvia. Se pararmos de gostar 
daquilo que nos faz mal, tudo fica lindo. 
Podemos ainda levar essa frase para os nossos 
relacionamentos pessoais, profissionais e tudo o 
mais. Por maior que seja nosso vínculo com algo 
que gostamos, se esse algo nos faz mais mal do 
que bem devemos focar em parar de gostar dele. 
E foi por isso que classifiquei como “burra” a 
resposta da minha amiga. Se você não gostar 
mais, não vai sofrer. E esse deve ser o objetivo de 
quem segue a dieta Paleo: simplesmente parar de 
gostar de doces, sorvetes, grãos, etc., e não 
apenas evitar. É um sentimento muito mais 
completo e definitivo. 
Pare de Gostar do Que te Faz Mal 
E como é a vida sem gostar do que 
gostamos? 
Não é fácil nos imaginarmos sem gostar de 
chocolate porque usamos uma cabeça que gosta 
de chocolate para pensar nessa hipótese. E 
assim fica difícil mesmo. Mas pense como você 
se sente em relação a algum alimento que outras 
pessoas gostam e você não dá a mínima. Por 
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Teco Mendes 
 
exemplo, eu não como frutos do mar. Nada. 
Nunca acordei de manhã e pensei, ‘ai, que 
vontade de comer um espetinho de camarão’. 
Nunca. Nem sei o gosto. O cheiro não me atrai, 
não desperta meu apetite. Se tivermos a meta de 
chegarmos a esse ponto com as comidas ‘não 
Paleo’, não as comer será algo tranquilo e sem 
sofrimento. Afinal de contas, estamos falando de 
alimentos, não de pessoas ou animais que 
amamos. Não faz sentido ser tão difícil assim. 
Evoluindo do “eu não posso” para “eu não quero” 
Quando seguimos uma dieta tradicional, o 
sofrimento vem de não nos esforçarmos para 
parar de gostar daquilo que gostamos e que nos 
faz mal – a fase do ‘eu não posso comer isso ou 
aquilo’. Então temos que contar com um poder, 
de curto prazo, que é a força de vontade. O 
problema é que ela sempre perde. Vai 
enfraquecendo com o tempo, enquanto o desejo 
e a compulsão vão aumentando numa dieta que 
não seja Low Carb. E, por fim, quando cedemos, 
quando a força de vontade perde essa luta, não 
comemos só um docinho para compensar ‒ 
comemos até as paredes, se nos disserem que 
são feitas de açúcar. 
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Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
A dependência com a comida não é só física ou 
psicológica 
Certa feita, saí para jantar com uma amiga 
e fomos a uma churrascaria, daquelas com 
buffet maravilhoso, um oceano de guloseimas 
para gordinho mergulhar de barriga e sair 
nadando de braçadas e boca aberta. E essa 
amiga ficou histérica com uma das opções, 
salada de palmitos, bem bonitos e tenros. 
– Você viu isso? Olha esses palmitos! 
Eu não tinha visto. Voltei para ver, e eram 
gigantes. Pareciam colunas de mármore de um 
templo grego. 
‒ Legal – foi o único comentário que fiz, e 
continuei minha busca por queijos gordos no 
buffet. Como não gosto de palmito, nem liguei. 
Tanto que nem os tinha visto. Os olhos acabam 
filtrando. Não tem sofrimento, não tem vontade, 
nada. Se fosse assim com tudo que é fora da 
dieta Paleo, que maravilha! 
E segui minha vida com essa teoria ótima e 
sem furos, pelo menos na minha cabeça estava 
tudo resolvido e entendido. Até que um dia, num 
estabelecimento atacadista, me deparo com uma 
prateleira só de doces de leite. De várias marcas, 
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Teco Mendes 
 
tipos, misturas, com coco, com chocolate. A 
visão do Paraíso. Então me veio um sofrimento 
daqueles de chorar em posição fetal. 
Eu simplesmente não queria ‘não’ gostar de 
doce de leite. Minha conexão com ele era muito 
forte. Era emocional. 
A história do garoto “Doce de Leite” 
Minha mãe nasceu em uma fazenda, em 
Minas Gerais, numa época em que as parteiras 
eram respeitadíssimas pelo dom trazer ao 
mundo a maioria da população da região, 
incluindo-se toda a família dela. A cozinha era o 
coração da casa, o ponto principal, e ali o fogão 
a lenha reinava absoluto. Era o lugar de se 
conviver durante o dia, durante a preparação das 
comidas, do café, do bolo, e o lugar para se 
conversar e se esquentar nas noites frias, tudo 
sempre acompanhado pela luz das brasas e 
aroma das lenhas queimando. 
Das muitas guloseimas preparadas no 
tacho de cobre, o doce mais comum era o de leite, 
até pela simplicidade de fazer: leite, açúcar e 
horas no fogo. E essa é minha paixão – o doce de 
leite. Trem bão demais da conta, sô. 
Fui criado na cidade, mas dentro dessafartura de tradição da roça e carinho de família. 
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Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
Quando eu era bem pequeno, meu tio Sérgio, que 
foi como um pai para mim, costumava me levar, 
junto com minha irmã, para comer churros. Não 
era um passeio que terminava em churros. Era 
uma saída para comer churros que poderia 
terminar ou não com um passeio, isso não me 
importava – a finalidade, para mim, eram os 
churros. Comia o quanto podia e ainda levava 
alguns para casa. 
Aos 13 anos, meu pai decidiu pintar nossa 
casa. Achei uma daquelas paletas de cores e 
decidi que queria meu quarto pintado de marrom 
claro, porque era a cor do doce de leite. Todos 
meus bolos de aniversário tiveram recheio de 
doce de leite. Minha primeira foto no Instagram 
foi de churros. Meus amigos, quando viajavam, 
me traziam de presente variedades de doces de 
leite. O Vinicius Valverde, repórter e 
apresentador da Rede Globo, um grande amigo, 
formigão como eu, brinca que nossa amizade foi 
selada num mousse de doce de leite que 
comemos em Punta del Este, no Uruguai, outro 
país famoso pela produção da iguaria, assim 
como a Argentina. 
Quando eu fazia dieta e começava a ter 
alucinações de desejo de doce, porque nunca 
tirava o carbo e assim mantinha o vício, sonhava 
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Teco Mendes 
 
com bolo de aniversário recheado de churros – 
sim, churros saindo pelas bordas do bolo, 
pingando doce de leite. 
Foram muitas minhas histórias, dariam 
vários contos, mas vou contar a última parte. 
Eu era o neto preferido na minha avó, 
daquelas bem típicas de filmes e desenhos, 
cabelinho branco, carinhosa, já meio curvadinha 
pelas experiências que carregava em seu corpo. 
Me amava mais que tudo, e todos sabiam disso. 
Fui o primeiro neto e, quando nasci, ela me criou 
por dois anos. 
Já adulto, quando ela vinha me visitar, eu a 
via entrar em casa com um sorriso tão doce 
quanto seu coração, trazendo, mas mãos, um 
prato fundo, com outro por cima tampando, 
enrolados em um pano de prato. 
Sabe o que tinha dentro? 
Se você respondeu “doce de leite”, errou. 
Era amor. Amor puro de uma avó por seu 
neto, amor saboroso, amor materno em dobro. 
E, de repente, leio em livros e vejo em 
matérias que isso é veneno? Que sobe minha 
insulina, me engorda, começa um processo 
inflamatório no meu corpo e pode me matar? 
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Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
Não. Aquilo era amor. O amor da família, o amor 
da minha avó, que sempre me trazia um pratinho 
com meu doce preferido, do meu tio que me 
levava para apreciar o doce, o amor e a alegria 
das datas festivas representadas com bolos. 
Aquela era a minha origem, minhas raízes. 
Aí me lembrei da conversa com minha 
amiga Personal Trainer, aquela do chocolate... E 
descobri que o “burro” era eu. 
Cada um tem uma história com comida que 
deve ser respeitada. Comida não é só comida. 
Para muitos, o cérebro fez uma conexão que 
relacionou isso a emoções – e não é nossa culpa. 
Comemoramos aniversários em torno de bolos, 
comemoramos datas especiais com jantares, 
presenteamos com caixas de chocolate, ovos de 
páscoa, ceia de natal, churrasco com amigos, 
aquela sopinha deliciosa que a mamãe preparava 
quando ficávamos doente – “sopa de amor”. 
Caetaneando: 
“Cada um sabe a dor e a delícia de 
ser o que é” 
Cada um pode ter ou não uma história 
parecida com alimentos que não são saudáveis. 
E precisamos resolver isso. 
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Teco Mendes 
 
E resolvemos com maturidade, respeitando 
nosso passado e, principalmente, com clareza e 
certeza de que hoje sabemos o que é bom para 
nós. É uma quebra de relacionamento, como 
quando entregamos a chupeta aos pais, doamos 
brinquedos antigos porque não faziam mais 
sentido, quando nos afastamos de antigas 
amizades, mesmo que tenham sido importantes 
no passado, mas hoje nos fazem mais mal do que 
bem, mesmo que não tenham essa intenção. 
Minha carta de despedida: 
“Doce de Leite, você foi bom para mim, mas 
depois vi que nossa relação trazia uma felicidade 
rápida e que, no fundo, eu era infeliz. Vivia preso 
a você me sentindo cada vez pior, por mais que 
fosse bom nos momentos em que estávamos 
juntos. Temos que terminar nossa relação para 
sempre. Adeus.” 
Precisamos parar de gostar daquilo que nos 
faz mal. 
Dizer “eu não quero” em vez de “eu não 
posso”. Algumas vezes, de forma fria e seca. 
Outras, com carinho. Mas precisamos dizer. 
 
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Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
A FORÇA DOS HÁBITOS 
Um aspecto bem pouco discutido quando se 
fala das influências que nos levam a ter 
determinado tipo de comportamento em relação 
à comida é o ‘hábito’. Fala-se muito sobre a 
necessidade de se criar bons hábitos com relação 
à prática de exercícios, levantar cedo para correr 
no parque, e coisas do tipo. Mas sobre o 
alimento, muito pouco. 
O hábito é uma faceta de nosso 
comportamento pouco explorada, mas que tem 
uma substancial influência nas decisões que 
tomamos no dia a dia, principalmente sobre o 
que comemos. 
Charles Duhigg, um jornalista norte-
americano, ganhador do prêmio Pulitzer, conta 
em seu livro, The Power of Habit (O Poder do 
Hábito), a história de um paciente, um senhor de 
71 anos, que teve a parte do cérebro relacionada 
à memória destruída por uma doença. Ele não 
conseguia se lembrar de nada, mas se ficasse 
com fome ele sabia onde conseguir comida, 
mesmo sem saber explicar onde era a cozinha. 
Ele sempre caminhava a pé pelas redondezas de 
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Teco Mendes 
 
sua casa e voltava sozinho, mas não sabia dizer 
seu endereço nem onde morava. Era o hábito. 
Temos uma parte no cérebro específica para ele. 
Talvez para poupar energia do cérebro para 
coisas que fazemos rotineiramente, sem pensar. 
Você já se pegou indo ao shopping de carro, se 
distraiu durante o trajeto e acabou fazendo o 
caminho do trabalho? É a força do hábito. 
Gostamos de imaginar que estamos no 
controle das nossas ações, tomando decisões 
racionalmente, mas a verdade é que seguimos 
hábitos automáticos. 
Comece a analisar seus hábitos 
Outro aspecto importante do hábito é que 
às vezes a razão dele existir não é explícita. Por 
exemplo, nunca fui de fazer ou tomar café em 
casa. Mas em uma empresa que trabalhei por 
anos desenvolvi esse hábito – sempre passava 
algum colega por minha mesa me chamando 
para um cafezinho, e isso era um momento de 
distração e relaxamento. Foi o cafezinho, que 
antes eu não bebia, que criou o hábito da pausa 
ou a pausa era necessária e o cafezinho era 
apenas um símbolo daquele intervalo? 
Da mesma forma, você pode ter hábitos que 
o levem a comer. Nos diz ainda Charles Duhigg 
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Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
em seu livro que o simples fato de cortar o 
hábito, sem substituir a verdadeira razão dele 
existir, não será suficiente para livrar-se dele. É 
como o vício do cigarro. 
Substituição é a palavra 
Um pai sai toda sexta-feira do trabalho e 
passa em uma padaria, escolhe alguns doces e 
pães especiais para levar para a família, toma 
um cafezinho enquanto bate um papo com os 
funcionários e alguns frequentadores, comentam 
assuntos do dia, os planos para o final de 
semana. 
Então, ele começa uma dieta e se vê 
obrigado a ir direto para casa todas as sextas-
feiras. O hábito criado e mantido por tempos foi 
cortado ‘na marra’, e isso fará falta em sua vida 
– podendo até arruinar seu esforço para 
emagrecer, mesmo que ele leia livros de dieta, 
contrate um Personal Trainer e uma 
nutricionista. O que ele começou a evitar não 
foram só os doces e pães, mas tudo um processo 
que lhe fazia bem, que lhe dava uma sensação 
boa, de descompressão da semana de trabalho,o relaxamento para chegar em casa já pronto e 
tranquilo para curtir o fim de semana com a 
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Teco Mendes 
 
família – as preocupações do trabalho haviam 
ficado lá, na padaria. 
A solução neste exemplo é substituir o 
hábito por outro que dê os mesmos benefícios 
psicológicos sem os malefícios das massas. 
Procurar essa satisfação da descompressão de 
uma forma que não inclua pães e doces. Enfim, 
um hábito saudável para essa substituição. 
Cada um encontrará o seu jeito. 
Analise seu dia a dia e identifique esses 
hábitos – você poderá encontrar alguns que, 
mesmo não estando relacionados à comida, não 
te fazem bem. 
 
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Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
SAINDO DA ZONA DE CONFORTO 
Vamos jogar Mario Bros? 
O medo sempre aparece quando vamos ter 
alguma mudança em nossa vida. E não importa 
o quanto nossa mente racional tente nos dizer 
que é o melhor a fazer. Desde a criança no 
primeiro dia de aula até o adulto na véspera de 
seu casamento. 
Tudo isso dá frio na barriga ainda mais se 
for algo difícil de voltar atrás. Mudar de cidade, 
novo emprego, sair da casa dos pais, nova 
dieta… Opa! Chegamos ao ponto. 
Esse medo de mudança tem diferentes 
graus entre as pessoas, mas faz parte do ser 
humano. Essa precaução garantiu a 
sobrevivência de nossa espécie. Se mantivermos 
tudo como está, independente de felizes ou não, 
pelo menos estamos vivos. Nos arriscarmos a 
fazer algo novo, mesmo que com 99,9% de 
chance de dar certo e nos levar a um novo 
patamar na vida, mais feliz, próspero e saudável, 
ficamos com medo do 0,01%. 
Você assistiu Os Croods? 
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Teco Mendes 
 
Os Croods é um desenho animado que 
conta a história de uma família Paleolítica cujo 
pai protetor morria de medo de sair da caverna e 
explorar novas possibilidades e sua filha era 
uma adolescente aventureira. Da mesma forma, 
temos os dois personagens dentro de nós. Não 
queremos mudar de fase na nossa vida mesmo 
sabendo que o saldo da mudança é positivo. 
Como diz a famosa frase “cada escolha é uma 
renúncia”. Então temos que nos concentrar nos 
ganhos e desprezar as perdas se o saldo dessa 
mudança for bem positivo. E, no começo, essa 
necessidade é diária. 
Mas qual o medo de mudar na Paleo? Você 
deixa de comer produtos industrializados, grãos, 
passa comer gordura saturada – antes proibida 
– e adota um estilo lowcarb de alimentação. Já 
leu sobre o assunto e sabe que realmente a 
ciência está ao seu lado para apoiá-lo. Qual o 
medo então? Muitos. E o medo não é racional. “E 
seu não conseguir? E se não me adaptar? ”, “E 
se eu falhar como sempre falhei? ”, “E seu ficar 
magro, como será essa vida? Sempre fui gordo e, 
apesar de não ser completamente feliz, eu sei 
viver assim”. 
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Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
A Zona de conforto 
Aí chega já um conceito muito conhecido 
que é a Zona de Conforto. É estar confiante com 
tudo que nos cerca e viver a vida meio que num 
piloto automático. É uma coisa boa, mas a forma 
como é apresentada não é a ideal. Falamos em 
sair de nossa zona de conforto para conseguir 
coisas novas e crescer, como estudar uma 
língua, virar Paleo, começar a academia. Mas 
sair da zona do de conforto não significa ficar 
desconfortável? Ao pé da letra é isso, então o 
correto é mudar a forma de vermos essa frase e 
entender que não temos que sair exatamente, e 
sim expandir essa zona, fazer várias coisas que 
são importantes e nos levem a próxima fase da 
vida. E essa mudança faz toda diferença. Se você 
já entende racionalmente que está na zona de 
conforto falando português, mas precisa falar 
inglês por diversos motivos, então entenda que 
está na hora de expandir para abraçar o inglês 
também. Você está dizendo ao seu cérebro que 
as dificuldades da transição são para ficar mais 
confortável e não para sair do conforto. E, então, 
tudo fica mais fácil. E é nessa transição que dou 
a mão para os meus clientes. 
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Teco Mendes 
 
Lembro-me da primeira sessão de coaching 
com uma cliente de 22 anos que estava na 
faculdade, e ela falou sobre como é difícil mudar. 
– E o que você fazia para se distrair antes 
da faculdade? – perguntei. 
– Eu jogava videogame. Jogava Mario Bros. 
Rimos que ela seria o Mario ou o Luigi. 
– Por que não joga mais? 
– Não tenho mais tempo por causa do 
trabalho e faculdade. 
– E se tivesse, jogaria a mesma quantidade? 
– Hum... não. 
Então chegamos aqui a uma conclusão. 
Mudamos de fases na vida em muitas 
coisas. Mesmo sem querer. 
Nós crescemos, amadurecemos, 
expandimos nossos horizontes mesmo sem 
perceber. Expandimos nossa zona de conforto 
com muitas coisas tendo a fase de adaptação e 
transição muito suave e natural. Assim como 
num videogame, que ficamos muito tempo e com 
dificuldade nas fases iniciais, depois de um 
tempo jogando, ficando mais forte, conhecendo 
72 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
as armadilhas e segredos dessas etapas, elas se 
tornam tão fáceis e óbvias que mudamos de fase 
naturalmente. A anterior já não faz mais sentido. 
Queremos ir para a frente porque estamos 
melhores e mais adaptados. Não faz mais sentido 
jogar tanto videogame, brincar de amarelinha na 
rua, ir para a balada etc. E não estou criticando 
isso, até porque jogo videogame todos os dias. É 
que algumas coisas vão e devem ficar 
carinhosamente no passado. 
Mas algumas coisas são sutis. No caso da 
Paleo, é uma mudança de fase que não tem a ver 
com idade, lugar ou sexo. É uma mudança de 
fase menos óbvia, que as pessoas ao nosso redor 
não estão passando por isso. É individual. 
Depois de tanto estudar tecnicamente os 
benefícios da Paleo, a saúde, a autoestima, a 
longevidade e tudo mais, temos que dar uma 
racionalizada quando tivermos algum 
pensamento que nos prende a uma fase anterior, 
que é do modo de vida tradicional cheio de doces, 
grãos e comidas que nos deixava compulsivos e 
longe de nossos objetivos. Porque assim como a 
amarelinha, aquela fase que estava antes já não 
faz sentido. E muito rapidamente você se sente 
até meio ridículo em pensar em voltar para lá. 
73 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
E na Paleo, como no videogame do Mario, 
você vai ficando cada vez mais habilidoso, mais 
forte, com mais confiança, e as novas 
dificuldades você enfrenta como um desafio e 
não uma ameaça. E aí, lá na frente, no fim do 
jogo, quando o Mario vai resgatar a princesinha, 
depois de passar por tudo isso, olhando todas as 
fases, todos os dragões que venceu (reais ou 
imaginários), como você se superou e cresceu, 
você descobre que nunca foi só o Mario ou o Luigi 
– você sempre foi o prêmio final, a princesinha a 
ser resgatada (ou o príncipe). 
 
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Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
SENDO PALEO POR DEFINIÇÃO 
O último e definitivo estágio 
Nosso tipo de alimentação é 
responsável por 70% da nossa saúde 
e longevidade. 
 
Qual seria o estado mental ideal com 
relação ao que comemos ou deixamos de comer 
e que vem logo após do “eu não posso” e “eu não 
quero”? 
“Eu não como isso” 
É uma frase que o representa, que define 
como você é e como você se relaciona com a 
comida. É como você vê a comida que não gosta 
e os outros gostam. 
Não comer por definição é a fase mais 
libertadora, porque você não discute, não 
questiona, sequer considera a possibilidade. É 
não e pronto. Tem algo maior por trás, uma 
crença, uma filosofia, toda uma de raciocínio já 
trabalhada que o faz pensar assim. 
75 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
Agora, ter esse tipo de “sentimento” por 
uma comida que você nunca gostou é fácil, mas 
como conseguir isso com comidas que 
costumamose gostamos de comer? 
Se você tem um amigo vegetariano, ou 
vegano, ele é um grande exemplo disso. Os 
vegetarianos excluem da alimentação todas as 
carnes, incluindo peixes. Os veganos excluem 
todos os produtos animais não só da 
alimentação, como também do vestuário ou 
qualquer outro tipo de produto, inclusive os que 
usam animais para testes. Então, não adianta 
você insistir para ele comer só uma linguicinha 
no seu churrasco de aniversário, porque não vai 
rolar. Ele não come por definição. Aquele tipo de 
alimento não o atrai. Ele não vai passar 
nenhuma vontade. 
Outro exemplo de não comer por definição 
são as questões religiosas. Um judeu, praticante, 
não come várias coisas “por definição”. É o que 
ele é. 
Imagine-se viajando para a Coreia do Sul. 
Chegando lá, você é convidado para um jantar. 
O prato elaborado, uma suculenta sopa de carne 
de cachorro, uma iguaria para os sul-coreanos. 
Uma tradição milenar, disponível nos mercados 
e restaurantes. Você vai comer? Adianta alguém 
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Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
falar que é saudável e tem “sabor intenso e 
aroma penetrante”? A maioria de nós, que não 
temos essa tradição, não comeríamos por 
definição. 
Quão longe estamos desse nirvana em 
nosso próprio conceito de ser Paleo dependerá do 
tempo e perfil de cada um. Mas é importante 
saber que isso é libertador. Declara-se em alto e 
bom tom que você é o que é, faz toda a diferença. 
Já fui vegetariano por dois anos e nunca tive 
problema nenhum com isso. Foi uma ótima e 
importante experiência de consciência e 
autoconhecimento em minha vida. 
Quanto tempo demora? Não sei responder, 
é uma questão individual. 
Mas sei que esse é o caminho. 
77 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
E QUÃO PALEO VOCÊ SE PROPÕE 
A SER? 
Você pode já estar num estágio de 
velocidade de cruzeiro no seu novo estilo de vida, 
ou seja, sem solavancos, num ritmo constante, 
magro, feliz e saudável. Mas quão Paleo você 
decidiu ser? 
A dieta Paleo é um estilo de vida com foco 
na saúde. Essa é a ideia principal. Uma dieta 
Low Carb (baixo carboidrato), que usa a gordura 
como forma de energia para emagrecer. Porém, 
além de manter os Carbos relativamente baixos, 
a origem não pode ser de grãos, açucares ou 
processados. A gordura – alta – não pode vir de 
óleos vegetais, margarina ou trans. A proteína é 
moderada, e pode vir de carne orgânica, gado 
criado em pasto e não alimentado com ração, 
assim como as aves e suínos. O mesmo para 
vegetais e frutas. Além, claro, do jejum 
intermitente que é supersaudável. A linha de 
raciocínio que temos de seguir é: de que modo 
nossos ancestrais, da era paleolítica, comiam? 
Lembrando sempre que eles, praticamente, eram 
geneticamente idênticos a nós. 
78 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
Porém, ser Paleo vai além da dieta. Engloba 
administrar o estresse, dormir bem, brincar 
muito e se exercitar como nossos ancestrais, que 
davam seus piques para fugir de animais e 
tinham força física para escalar rapidinho uma 
árvore para se proteger. 
Como fazer a adaptação dessa vida para os 
dias de hoje é o que dá margem a muitas 
interpretações e divergências. 
E o que você faz? 
Ache seu equilíbrio. Descubra seu “nível” 
Paleo, assim como os vegetarianos, os religiosos, 
os partidários políticos, os fãs de futebol, e tudo 
o mais que caiba nessa lista e tenha extremistas 
e não radicais. O determinante em achar seu 
equilíbrio é que você poderá se alicerçar no que 
escolheu e ser Paleo por definição no resto. 
Porém, no geral, o saldo tem de ser muito 
positivo na sua mudança de vida. A 
transformação ainda terá de ser enorme – a área 
flexível é restrita. Não tem Paleo que come 
gordura trans ou mais de 200 g de Carbo por dia, 
todos os dias, por exemplo. E o mais importante 
de tudo: não brinque com as compulsões. Seja 
radical com as comidas que já deram problemas 
79 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
no passado. Vale aqui a regra dos alcoólicos 
anônimos: evite o primeiro gole. 
Minhas exceções pessoais (por enquanto) 
O “por enquanto” está ali, entre parênteses, 
porque quanto mais tempo você fica na Paleo, 
quanto mais emagrece, quanto mais saudável, 
mais aumenta seu autocontrole e, assim, pode 
incorporar mais radicalismo – no bom sentido. 
Como diria aquele técnico de futebol, vai 
aumentando sua “Paleobilidade”.... Ou, como 
disse minha amiga, vai se “Paleolizando”. 
Na minha região tenho dificuldade em achar 
carne orgânica – pode ser um problema para 
você também. Como laticínios, mas não bebo 
leite. Frituras, só com óleo de coco, bacon ou 
manteiga. Beber, não bebo, mas em uma 
comemoração pode até rolar um vinho ou uma 
cachaça, pois controlo a ingestão de Carbos. 
Sobre a teoria de ser 100% Paleo 80% do tempo 
É uma frase que tem se tornado comum, 
mas tem muita gente interpretando errado, ou 
seja, pegando esses 20% e transformando em um 
dia livre para comer aquele doce maravilhoso que 
tanto ama. 
80 | P á g i n a 
 
Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
É exatamente sobre isso que estamos 
tratando neste livro – se manter escravo desse 
círculo vicioso que só trouxe infelicidade para 
você. Se é para esquecer, tem que ser para 
sempre. Não há margens de folga aqui para isso. 
 
81 | P á g i n a 
 
Teco Mendes 
 
MINHAS DICAS DE COMO 
COMEÇAR A DIETA PALEO 
Muitas das coisas que irei tratar aqui não 
são encontradas em literaturas normais sobre a 
Dieta Paleo. São dicas de como começar a dieta 
e do que você encontrará pelo caminho. 
Informação 
Entender o quê e saber por que está 
fazendo. Isso é primordial. Quando 
compreendemos a lógica de algo, fica mais fácil 
assimilar o conceito. Então, nutrir o cérebro com 
conhecimento é essencial para que você tenha 
certeza de que comer comida de verdade é o 
caminho a seguir. Há muitos livros 
especializados e matérias na internet, 
infelizmente nem todos em português, mas, 
ainda assim, alguns com boa qualidade nas 
informações. Se ficar perdido, procure um 
nutricionista Paleo para orientá-lo. 
Compartilhar 
Participar de pequenos grupos, em redes 
sociais, de pessoas tão engajadas quanto você 
auxilia muito. Mas, veja bem – grupos pequenos, 
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Pare de Gostar do Que Te Faz Mal 
 
 
de até 5 pessoas, onde possam ser compartilhar 
experiências, imagens, dúvidas, dificuldades, 
sucessos e, principalmente, apoio e suporte. 
Não comece Paleo – comece Low Carb 
A dieta Paleo tem muitos detalhes, envolve 
muita mudança, e começar tudo ao mesmo 
tempo pode ser demais. 
Isso me lembra um provérbio que, imagino, 
só possa ter sido elaborado por um ancestral 
faminto, mas que cabe aqui nesta dica: 
“Qualquer um é capaz de comer um elefante 
inteiro – desde seja devagar, um pedaço de cada 
vez” 
Da mesma forma, ninguém começa 
correndo uma maratona; inicia-se correndo 
alguns quilômetros e, conforme vai se sentindo 
bem e confortável, adiciona-se mais tempo de 
corrida. 
Comece cortando os Carbos para menos de 
100 g/dia – isso vai lhe dar todo o benefício da 
perda de peso, passa pela adaptação, que traz 
alguns incômodos, e, principalmente, já vai 
livrando-o da compulsão e diminuindo a fome. 
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Teco Mendes 
 
Conforme for ganhando o controle do que 
come (porque até agora foi a comida que o 
controlou), você fará os ajustes de forma bem 
mais fácil. Algumas coisas são bem simples e 
com poucas diferenças palatáveis, como trocar o 
óleo de soja para frituras por óleo de coco ou 
manteiga. 
O básico mesmo é Carbo relativamente 
baixo e sem grãos. O que funcionou para mim foi 
limitar a 50 g de Carbo no começo para acelerar 
a perda de peso em cetose3. 
Abasteça a geladeira

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