Buscar

PAPEL DO ENFERMEIRO FRENTE AOS CUIDADOS NOS DESVIOS INTESTINAIS

Prévia do material em texto

PAPEL DO ENFERMEIRO FRENTE AOS CUIDADOS NOS DESVIOS INTESTINAIS
Ana Karolina Soares
Resumo
Estomia é o termo que se refere a realização da comunicação artificial de órgãos e vísceras até o meio externo para drenagens, eliminações ou nutrição. O olhar holístico enfoca-se na atenção ao paciente estomizado voltada para aspectos subjetivos relacionados a representação social do estoma em seu corpo. A alteração de imagem corporal é um fator determinante que reflete na qualidade de vida paciente em fase de reabilitação. Trata-se de um estudo bibliográfico do tipo revisão da literatura, realizou-se levantamento de dados na Biblioteca Científica Eletrônica Online (SCIELO), Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME). Após análise e síntese, foram selecionados 14 estudos. A realização de uma estomia pode gerar um impacto na vida do paciente, devendo assim o enfermeiro realizar a promoção de um novo conhecimento para que estes e aceitem como um ser diferente, ajudando assim a sua imagem e autoconceito. Os cuidados de enfermagem devem estar voltados não apenas para os cuidados técnicos com o paciente mas para a educação em saúde que é necessária para com o paciente e família.
Palavras-chave: desvio intestinal, cuidados e enfermagem
Introdução
Estomia é o termo que se refere a realização da comunicação artificial de órgãos e vísceras até o meio externo para drenagens, eliminações ou nutrição. A criação de uma estomia é realizado de forma cirúrgica sendo considerado um procedimento simples, podendo ser realizados em alças intestinais, sendo prioridade a mobilidade e comprimento para exteriorização na parede do abdômen (POGGETO et al., 2012).
A pessoa com estomia necessita de equipamentos coletores e adjuntos para o processo de reabilitação que podem variar conforme faixa etária, tipo de estomia, características físicas do indivíduo e da própria estomia e quando há ou não complicações (SAÚDE, 2009).
Dependendo da origem da doença, as estomias podem ser temporárias ou definitivas. As temporárias tem como objetivo a proteção de anastomose e podem ser revertidas após um tempo. As definitivas, são indicadas geralmente em casos de câncer e são realizadas quando não há possibilidade de restabelecimento do transito intestinal. Pacientes que utilizam estomias necessitam de cuidados contínuos, visto que seus problemas são duradouros e clínicos (MORAES et al., 2002).
Nos casos de estomas temporários, na cirurgia de reconstrução intestinal há riscos, com presença de taxas de morbimortalidade que variam de acordo com as características do próprio indivíduo, se há doenças associadas, qual a doença que levou a construção da estomia e fatores relacionados aos serviços de saúde (LI et al., 2014).
Porém, a permanência da estomia pode ocasionar complicações como dermatite periestomia podendo evoluir para a correção cirúrgica como prolapso, retração de estomia, hérnia, entre outros (SALOMÉ; ALMEIDA, DE, 2014).
O olhar holístico enfoca-se na atenção ao paciente estomizado voltada para aspectos subjetivos relacionados a representação social do estoma em seu corpo. A alteração de imagem corporal é um fator determinante que reflete na qualidade de vida paciente em fase de reabilitação (MARTINS; ALVIM, 2012).
De acordo com a Declaração Internacional dos Diretos dos Estomizados, o paciente tem o direito de receber cuidados de enfermagem especializados no pré e pós-operatório, tanto em ambiente hospitalar quanto comunitário (OSTOMIZADOS, 2004).
Diversos fatores corroboram para que o paciente desenvolva o autocuidado como a adesão e motivação para o tratamento e as propostas de intervenção (MARTINS; ALVIM, 2012).
Dentre os objetivos tem-se mostrar a importância dos cuidados com pacientes com desvios intestinais, como a presença da estomia pode alterar a vida cotidiana do paciente, como deve-se capacitar este paciente para conviver e cuidar de si próprio, gerando assim um autocuidado e independência por parte do paciente e bem estar.
Metodologia
Trata-se de um estudo bibliográfico do tipo revisão da literatura, acerca dos cuidados de enfermagem frente a pacientes com desvios intestinais, o que propicia a análise de um tema sob novo enfoque, inovando com conclusões críticas. Para a seleção dos estudos, realizou-se levantamento de dados na Biblioteca Científica Eletrônica Online (SCIELO), Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME). Foram critérios de inclusão: artigos com os seguintes descritores: desvio intestinal, enfermagem e cuidado Após levantamento, identificou-se 63 publicações entre artigos de periódicos, dissertações e monografias. Foram excluídos os artigos que, embora tivessem tais descritores, não tinham como foco em pacientes com desvios intestinais, os cuidados necessários com esses pacientes, bem como aqueles que se repetiram os mesmos assuntos. Após leitura flutuante, foram selecionados 14 estudos, iniciando leituras exaustivas dos textos, fazendo uma síntese de cada artigo, buscando o máximo de informações sobre os cuidados de enfermagem frente a pacientes com desvios intestinais. Os dados foram analisados e agrupados de forma a descrever todas as fases do processo e relaciona-las.
Discussão
A realização de uma estomia pode gerar um impacto na vida do paciente, devendo assim o enfermeiro realizar a promoção de um novo conhecimento para que estes e aceitem como um ser diferente, ajudando assim a sua imagem e autoconceito, e o preparo para enfrentar complicações que necessitam ser abordadas pelo profissional para que o paciente possa executar o autocuidado (FERREIRA-UMPIÉRREZ; FORT-FORT, 2014).
No perioperatório devem começar as intervenções dos profissionais de saúde ensinando o cliente e a família sobre a cirurgia, consequências e autocuidado, favorecendo a adaptação a nova condição e minimizando os efeitos negativos referentes a cirurgia. No pós-operatório deve-se retomar os ensinos coma estomia e equipamentos utilizados para que haja conhecimento acerca da ferida, cuidados com a alimentação, atividade física, e atividades cotidianas e laborais, e deve-se encaminhar o paciente para o Programa de Ostomizados do Sistema Único de Saúde (SUS) (MARTINS et al., 2012).
A educação em saúde é fator crucial para que sejam evitados agravos e complicações relacionadas ao manuseio da estomia, devendo o enfermeiro e sua equipe educar e capacitar o indivíduo quantos os cuidados necessários (MORAES et al., 2015).
Durante a orientação devem ser esclarecidos assuntos relacionados ao manuseio da bolsa coletora, as mudanças de vida que devem ocorrer e como realiza-las. Deve-se incentivar a autonomia do paciente a partir da promoção de um novo conhecimento, minimizando medos e incertezas e melhorando a vida do indivíduo de forma saudável (FREIRE et al., 2017).
O enfermeiro deve coordenar, acolher, cuidar, apoiar e aconselhar o paciente referente ao processo de cuidado, realizando atividades de educação em saúde e desenvolvendo a autoaceitação, para que haja sua melhor adaptação (FREIRE et al., 2017).
Outro pronto crucial é entender a percepção do paciente sobre a estomia do ponto de vista físico, emocional e/ou social, visto que estes refletem na autoimagem e autoaceitação (BURESESKA et al., 2012). Sendo assim o enfermeiro surge como apoio a transição para novas experiências, um novo estilo de vida, agindo assim como articulador deste processo.
Para realização de uma assistência de qualidade a pessoa com Estomia e família são necessários conhecimentos técnicos e práticos sistematizados e especializados acerca do manuseio da bolsa coletora. As tecnologias são necessárias para a pessoa com estomia e sua família, visto que o manuseio do dispositivo acontecerá no cotidiano necessitando de conhecimento cientifico e empírico, com ações reflexivas e éticas (SILVA et al., 2008).
A atuação do enfermeiro vai além da troca e manuseio da bolsa coletora este deve implementar a sistematização da assistênciaa pessoa com estomia de forma capacitada e a atualizada. Estes aspectos interferem de forma positiva na reabilitação e readaptação da pessoa estomizada e família, de forma a manter um hábito de vida saudável e integrada socialmente (BARNABE et al., 2008).
O paciente que usa a estomia necessita de cuidados de enfermagem para que sua reabilitação aconteça de forma tranquila e sem intercorrências. é necessário que a equipe de enfermagem não esteja apenas voltada para os procedimentos e técnicas a serem executadas, mas estejam aptos a realizar as orientações de forma correta desde o perioperatório reduzindo assim, medos e incertezas do paciente e família.
Conclusão
A colocação de um estoma gera uma grande mudança na vida do paciente e família devido as necessidades e cuidados que o paciente precisa. A promoção do autocuidado deve ser primordial para que este não se sinta incapaz e inapto a cuidar de si mesmo.
O enfermeiro deve promover a educação em saúde tanto para o paciente quanto para a família para que esses entendam todo o processo do novo estilo de vida tenham plena ciência das mudanças de vida que necessitam acontecer e para que a aceitação por parte do paciente aconteça da melhor forma possível.
Referencias
BARNABE, N. C.; CRISTINA, M.; DELL, Q. Estrategias De Enfrentamiento ( Coping ) En Personas Ostomizadas. Online, v. 16, n. 4, p. 712–719, 2008.
BURESESKA, R. G.; LABER, A. C. F.; DALEGRAVE, D.; FRANSCISCATTO, L. H. G.; ARGENTA, C. Estimulando o autocuidado com portadores de hipertensão arterial sistêmica: a luz de Dorothea Oren. Revista de Enfermagem, p. 235–244, 2012.
FERREIRA-UMPIÉRREZ, A.; FORT-FORT, Z. Experiences of family members of patients with colostomies and expectations about professional intervention. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 22, n. 2, p. 241–247, 2014.
FREIRE, D. D. A.; ANGELIM, R. C. D. M.; SOUZA, N. R. DE; et al. Self-Image and Self-Care in the Experience of Ostomy Patients: the Nursing Look. REME: Revista Mineira de Enfermagem, v. 21, 2017.
LI, L. T.; HICKS, S. C.; DAVILA, J. A.; et al. Circular closure is associated with the lowest rate of surgical site infection following stoma reversal: A systematic review and multiple treatment meta-analysis. Colorectal Disease, v. 16, n. 6, p. 406–416, 2014.
MARTINS, M. C.; AIRES, J. DOS S.; SAMPAIO, A. F. A.; FROTA, M. A.; XIMENES, L. B. Intervenção educativa utilizando álbum seriado sobre alimentos regionais: relato de experiência TT - Educational intervension using a series album on regional food: report of the experiment. Rev. RENE, v. 13, n. 4, p. 948–957, 2012.
MARTINS, P. A. DE F.; ALVIM, N. A. T. SABERES E PRÁTICAS DE CLIENTES ESTOMIZADOS SOBRE A MANUTENÇÃO DA ESTOMIA DE ELIMINAÇÃO INTESTINAL E URINÁRIA E SUA PERTINÊNCIA NO CUIDADO. , p. 64–69, 2012.
MORAES, A. D. A.; BALBINO, C. M.; MELO, M. DE. The discomfort in patient ostomates. Revista Pró-UniverSUS, v. 6, n. 1, p. 5–8, 2015.
MORAES, L.; GEMELLI, G.; INTERPRETACIÓN, L. A.; et al. A INTERPRETAÇÃO DO CUIDADO COM O OSTOMIZADO NA VISÃO DO ENFERMEIRO : UM ESTUDO DE THE MEANING OF OSTOMY CARE TO NURSES : A CASE STUDY. , v. 10, n. 1, p. 34–40, 2002.
OSTOMIZADOS, A. B. DE. Associação Brasileira de Nefrologia. , , n. 21, p. 20021, 2004.
POGGETO, M. T. D.; ZUFFI, F. B.; LUIZ, R. B.; COSTA, S. P. DA. Conhecimento do profissional enfermeiro sobre ileostomia, na atenção básica. revista mineira de enfermagem, v. 16, n. 4, p. 502–508, 2012.
SALOMÉ, G. M.; ALMEIDA, S. A. DE. Associação dos fatores sociodemográficos e clínicos à autoimagem e autoestima dos indivíduos com estoma intestinal. Journal of Coloproctology, v. 34, n. 3, p. 159–166, 2014. Sociedade Brasileira de Coloproctologia.
SAÚDE, M. DA. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria no 400. , 2009.
SILVA, D. C. DA; ALVIM, N. A. T.; FIGUEIREDO, P. A. DE. Tecnologias Leves Em Saúde E Sua Relação Com O Cuidado De Enfermagem Hospitalar. Esc Anna Nery Rev Enferm, v. 12, n. 2, p. 291–298, 2008.