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Prob5-fech-Mód8 (Anne Caroline Maltez) 1 Pediatria DESCREVER OS PRINCIPAIS DÉFICITS DE APRENDIZAGEM EM ESCOLARES DE 5 A 10 ANOS A expressão “dificuldades de aprendizagem”, no entanto, agrupa todos os problemas de aprendizagem, quer sejam intrínsecos ao indivíduo ou relacionados com fatores externos, por exemplo, uma metodologia de ensino desadequada. Porém, passamos a descrever apenas as que, por possuírem definições exclusivas, causas próprias e características muito particulares, são comumente consideradas “dificuldades de aprendizagem específicas”, ou seja, a Dislexia, a Disgrafia, a Disortografia e a Discalculia. 1.DISLEXIA: É caracterizada por dificuldades na correção e/ou fluência na leitura de palavras e por baixa competência leitora e ortográfica. Estas dificuldades resultam tipicamente de um déficit na componente fonológica da linguagem que é frequentemente imprevisto em relação a outras capacidades cognitivas e às condições educativas. Secundariamente podem surgir dificuldades de compreensão leitora, experiência de leitura reduzida que podem impedir o desenvolvimento do vocabulário e dos conhecimentos gerais. 2.DISGRAFIA: Deriva dos conceitos “dis” (desvio) + “grafia” (escrita), ou seja, é “uma perturbação de tipo funcional que afeta a qualidade da escrita do sujeito, no que se refere ao seu traçado ou à grafia.” prende- se com a “codificação escrita (…), com problemas de execução gráfica e de escrita das palavras. A criança com disgrafia apresenta uma escrita desviante em relação à norma/padrão, isto é, uma “caligrafia deficiente, com letras pouco diferenciadas, mal elaboradas e mal proporcionadas”; a chamada “letra feia”. Obviamente que uma criança em processo de aprendizagem da escrita apresenta, naturalmente, dificuldades no traçado das letras. Assim, durante este período, o professor deverá revelar especial atenção e fornecer as orientações necessárias para que os alunos realizem adequadamente a escrita, evitando, deste modo, na ausência de outras problemáticas associadas, a permanência de traçados incorretos que, consequentemente, poderão evoluir para um quadro de disgrafia. 3. DISORTOGRAFIA: Deriva dos conceitos “dis” (desvio) + “orto” (correto) + “grafia” (escrita), ou seja, é uma dificuldade manifestada por um conjunto de erros da escrita que afetam a palavra, mas não o seu traçado ou grafia, pois uma criança disortográfica não é, forçosamente, disgráfica. As dificuldades centram-se na organização, estruturação e composição de textos escritos; a construção frásica é pobre e geralmente curta, observa-se a presença de múltiplos erros ortográficos e [por vezes] má qualidade gráfica. 4. DISCALCULIA: Deriva dos conceitos “dis” (desvio) + “calculare” (calcular, contar), ou seja, é um distúrbio de aprendizagem que interfere negativamente com as competências de matemática de alunos que, noutros aspetos, são normais. Assim, trata-se de uma desordem neurológica específica que afeta a habilidade de uma pessoa compreender e manipular números. Indicadores estatísticos dizem- nos que a maior parte dos alunos revela problemas na aprendizagem desta disciplina. Muitos deles não compreendem os enunciados dos problemas, outros demoram muito tempo a perceber se precisam de somar/dividir/multiplicar e alguns não conseguem concluir uma operação aparentemente simples. É importante referir, no entanto, que estas Prob5-fech-Mód8 (Anne Caroline Maltez) 2 dificuldades podem não estar associadas a fatores como a preguiça/desmotivação/desinteresse (como alguns pais/professores julgam), mas relacionadas com a discalculia. 5.TDHA: O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), também conhecido como perturbação de hiperatividade com défice de atenção (PHDA), é um distúrbio neuro- comportamental muito comum na infância, que se caracteriza por hiperatividade, impulsividade e/ou desatenção, que são desproporcionais à idade da criança e intensos o suficiente para afetar o seu funcionamento cognitivo, acadêmico, comportamental, emocional e social. O TDAH é o distúrbio mental mais comum nas crianças e adolescentes e pode persistir durante a vida adulta. Esse transtorno é mais comum em meninos do que em meninas, e habitualmente é descoberto durante os primeiros anos escolares, quando a criança começa a ter problemas de comportamento ou dificuldades para se manter atenta. ELUCIDAR O CICLO, MORFOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTICOS DAS ENDOPARASITOSES Doenças cujos agentes etiológicos são helmintos ou protozoários e que em pelo menos um dos períodos do ciclo evolutivo se localizem no aparelho digestório. A principal fonte de infecção: oral-fecal, água e alimentos contaminados. São muito prevalentes em países em desenvolvimento. ASCARIDIASE É causada pelo agente etiológico helminto nematódeo chamado Ascaris Lumbricoides. CICLO É do tipo monoxênico; cada fêmea é capaz de botar cerca de 200.000 ovos por dia. Estes chegam ao exterior junto com as fezes. Os ovos férteis em presença de ambiente favorável se tornarão embrionados em 15 dias. A primeira larva, L1 sofre uma muda em 15 dias e se transforma em L2, após nova muda novamente de 15 dias transforma-se em L3, infectante dentro do ovo. Após a ingestão, os ovos contendo L3, atravessam todo o trato digestivo e vão sofrer eclosão no intestino delgado. As larvas liberadas penetram na mucosa do intestino grosso caem nos vasos linfáticos e veias, e invadem o fígado 18h-24h após a infecção. Dois a três dias depois invadem o coração, através da veia inferior. Migram para o pulmão e sofrem muda para L4 (oito a nove dias após ingestão dos ovos). Rompem os capilares e caem nos alvéolos, onde sofrem muda para L5. Sobem pela árvore brônquica e traqueia, chegando até a faringe. Daí podem ser expelidas com a expectoração ou serem ingeridas; chegam ao intestino delgado onde se transformam em machos e fêmeas, as quais 30 dias depois iniciam a oviposição. MORFOLOGIA É estudado a morfologia do macho, da fêmea e do ovo. Prob5-fech-Mód8 (Anne Caroline Maltez) 3 O tamanho da A. lumbricoides depende do número de formas abrigadas pelo hospedeiro e estado nutricional deste. Macho -Mede cerca de 30 a 20 cm de comprimento. -Cor leitosa. -Boca ou vestíbulo bucal colocada na extremidade anterior, contornada por 3 fortes lábios. -À boca segue-se o esôfago musculoso e, depois, o intestino retilíneo. -O reto é encontrado próximo a extremidade posterior. -Apresenta ainda dois espículos que funcionam como órgãos acessórios da cópula. -Apresenta o caráter sexual externo que o diferencia facilmente da fêmea já que esse se apresenta fortemente encurvado. Fêmea -Mede cerca de 30 a 40 cm e é mais grossa que o macho. -A cor, a boca e o aparelho digestivo são semelhantes aos do macho. -Apresenta dois ovários filiformes e enovelados que se continuam como ovidutos que, por sua vez, se diferenciam em úteros que vão se unir em uma única vagina, que se exterioriza pela vulva. -A extremidade posterior da fêmea é retilínea. FISIOPATOLOGIA Dano direto nos tecidos A resposta imunológica do hospedeiro à infecção por larvas, ovos ou vermes adultos Obstrução de um orifício ou do lúmen do trato gastrointestinal por uma agregação de vermes Sequelas nutricionais da infecção MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A maioria das infecções com A. lumbricoides são assintomáticas. A doença clínica é em grande parte restrita a indivíduos com uma alta carga de vermes. Quando os sintomas ocorrem, eles relacionam-se com a fase de migração das larvas ou com a fase intestinal do verme adulto. Estes sintomas podem ser classificados em: Manifestações pulmonares e de hipersensibilidade: Sintomas respiratórios transitórios podem ocorrer em hospedeiros sensibilizados durante a fasede migração larval através dos pulmões. Os sintomas associados à pneumonia, que são conhecidos como síndrome de Loffler, tendem a ocorrer uma a duas semanas após a ingestão dos ovos. Sintomas intestinais: desconforto abdominal, anorexia, náuseas e diarreia. No entanto, não foi confirmado se estes sintomas não específicos podem ou não ser verdadeiramente atribuídos à ascaridíase. Obstrução intestinal: uma massa de vermes pode obstruir o lúmen do intestino em infecções pesadas de Ascaris, levando a obstrução intestinal aguda. A obstrução ocorre mais comumente na válvula ileocecal. Os sintomas incluem dor abdominal cólica, vômitos e constipação. Vômito pode conter vermes. Sintomas hepatobiliares e pancreáticos: Os sintomas relacionados à migração de vermes adultos para a árvore biliar podem causar dores abdominais, cólicas biliares, colecistite acalculosa, colangite ascendente, icterícia obstrutiva ou perfuração do ducto biliar com peritonite. Estenoses da árvore biliar podem ocorrer. DIAGNÓSTICO O quadro clínico apenas não a distingue de outras verminoses, havendo, portanto, necessidade de confirmação do achado de ovos nos exames parasitológicos de fezes. PROFILAXIA a) Gerais - Medidas de educação sanitária e de saneamento básico. b) Específicas - Evitar as possíveis fontes de infecção, ingerir vegetais cozidos e lavar bem e desinfetar verduras cruas, higiene pessoal e na manipulação de alimentos. O Prob5-fech-Mód8 (Anne Caroline Maltez) 4 tratamento em massa das populações tem sido preconizado por alguns autores para reduzir a carga parasitária, entretanto, se não for associada a medidas de saneamento, a reinfecção pode atingir os níveis anteriores em pouco tempo. TRATAMENTO Albendazol (ovocida, larvicida e vermicida), 400mg/dia, em dose única para adultos; em criança, 10mg/kg, dose única; Mebendazol, 100mg, 2 vezes ao dia, durante 3 dias consecutivos. Não é recomendado seu uso em gestantes. Essa dose independe do peso corporal e da idade. Levamizol, 150mg, VO, em dose única para adultos; crianças abaixo de 8 anos, 40mg, e acima de 8 anos, 80 mg, também em dose única. Tratamento da obstrução intestinal: piperazina, 100mg/kg/dia + óleo mineral 40 a 60ml/dia + antiespasmódicos + hidratação. Nesse caso, estão indicados sonda nosogástrica e jejum +mebendazol, 200mg ao dia, dividido em 2 tomadas, por 3 dias. ENTEROBIOSE A Enterobiose, também chamada de oxiurose, é um exemplo de verminose causada por um nematódeo chamado Enterobius vermicularis. CICLO MORFOLOGIA É um pequeno verme fusiforme branco. A fêmea adulta tem 8-13 mm de comprimento e 0,4-0,5 mm de largura; os machos são menores, atingindo 2,5-5 mm de comprimento e 0,5-0,6 mm de largura. Eles têm três lábios e um par de asas cefálicas laterais que permitem a sua aderência à mucosa do intestino. Possui um esôfago robusto que termina em um bulbo esofágico altamente desenvolvido. O nome antigo de oxiuro (cauda afiada). O sistema reprodutivo é altamente desenvolvido e tem a forma de T. Em uma seção transversal, os ovos característicos são observados dentro do útero. Os machos adultos têm uma cauda curvada ventralmente, com asa caudal e uma única espícula copulatória grande Os ovos medem 50-54 μm x 20-27 μm, são ovóides, um de seus rostos achatados e outro convexo, quase incolor. FISIOPATOLOGIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A patogenicidade é usualmente baixa, o que é ilustrado pela ausência de sintomatologia ou por manifestações clínicas leves na maioria dos casos. Quando uma quantidade maior de vermes está presente, as consequências negativas para o hospedeiro, tendem a ser mais significativas. Não há usualmente alterações macroscópicas e histológicas no ceco e adjacências. O prurido anal ou perineal é o sintoma mais comum. Também pode haver formigamento local e dor aguda. No entanto, a maioria das infecções é assintomática. Outros sintomas mais intensos ocorrem à noite. Estes incluem insônia, inquietação e fadiga. As crianças podem ficar anoréxicas, perder peso ou sofrer de concentração prejudicada, irritabilidade, instabilidade emocional e urinar na cama (urinar involuntariamente na cama). Também pode gerar bruxismo ou estalo de dentes, náusea, vômito, diarréia e sialorréia (salivação excessiva), dor abdominal e até cólicas. Como sintomas secundários, lesões por arranhões e infecções subsequentes Prob5-fech-Mód8 (Anne Caroline Maltez) 5 podem ocorrer. Nas meninas, ocorrem casos de vulvovaginite. Alguns estudos associam a ação do Enterobius vermicularis à diminuição de oligoelementos como cobre, zinco e magnésio, relevantes para o desenvolvimento infantil DIAGNÓSTICO Para diagnosticar a doença, é necessário identificar com precisão a presença de vermes adultos de Enterobius vermicularis ou seus ovos. Na identificação, é útil aplicar uma fita plástica adesiva (conhecida como método de Graham) na área perianal à noite ou logo após acordar, antes de defecar. Os vermes e os ovos estão presos a ele e podem ser observados ao microscópio. Testes de rotina nas fezes fornecem apenas resultados positivos em 5 a 15% dos casos. PROFILAXIA Orientar a população em hábitos de higiene pessoal, particularmente o de lavar as mãos antes das refeições, após o uso do sanitário, após o ato de se coçar e quando for manipular alimentos. Manter as unhas aparadas rente ao dedo para evitar acúmulo de material contaminado. Evitar coçar a região anal desnuda e evitar levar as mãos à boca. Eliminar as fontes de infecção através do tratamento do paciente e de todos os membros da família. Troca de roupas de cama, de roupa interna e toalhas de banho, diariamente, para evitar a aquisição de novas infecções pelos ovos depositados nos tecidos. Manter limpas as instalações sanitárias. TRATAMENTO Mebendazol - 200mg, 2 vezes ao dia, por 3 dias, VO; niclosamida ou clorossalicilamida - adulto e criança com 8 anos ou mais, 2g e crianças de 2 a 8 anos, 1g, VO, dividido em duas tomadas; praziquantel, VO, dose única, 5 a 10mg/kg de peso corporal; albendazol, 400mg/dia, durante 3 dias ANCILOSTOMOSE A ancilostomíase é causada por parasitos nematoides das espécies Necator americanus e Ancylostoma duodenale. É uma das formas de infecção crônica mais comum em humanos com estimativa de especialmente em áreas rurais pobres dos trópicos e subtrópicos segundo a OMS. CICLO Ao serem eliminados nas fezes, em condições favoráveis do meio, os ovos eclodem após 18 a 24 horas eliminando as lavas do primeiro estádio. Estas, chamadas de rabditóides deslocam- se pela película líquida que envolve as partículas do solo, nutrindo-se aí de bactérias e material orgânico até se transformarem em larvas de segundo e terceiro estádio, ao fim de cinco a sete dias. As larvas de terceiro estádio são as únicas infectantes para o homem. Neste estádio, elas já não se alimentam, mas permanecem ativas na superfície do solo ou vegetais por semanas ou meses até que se esgotem suas reservas nutritivas. A penetração se faz principalmente pela pele das extremidades inferiores por meio do contato direto do hospedeiro com o meio ambiente. Após a penetração elas chegam às vênulas subcutâneas e vasos linfáticos atingindo a circulação aferente do hospedeiro até atingirem os capilares pulmonares onde se alojam. Prob5-fech-Mód8 (Anne Caroline Maltez) 6 Nesta fase atravessam a parede alveolar e entremeadas às secreções mucosas, sobem pela árvore brônquica, ganhando laringe e faringe onde são deglutidas chegando ao intestino delgado. No intestino ocorrem as últimas ecdises com crescimento das larvas para o estádio de vermes adultos tanto machos quanto fêmeas. É necessário intervalo de cinco a nove semanas entre a penetração cutânea das larvas e o desenvolvimento dos vermes adultos. As larvas de A. duodenale podem ser também infectantes por via oralMORFOLOGIA Os ancilostomídeos são pequenos vermes redondos, de cor branca, com cerca de 1 Centímetro de comprimento, que apresentam duas estruturas muito características: a cápsula bucal, nas fêmeas e machos, e a bolsa copuladora, nos machos. As fêmeas medem em torno de 1 centímetro de comprimento e tem o corpo cilíndrico, adelgaçando-se nas extremidades, principalmente na posterior, que termina em uma ponta fina. Os machos são menores e se distinguirem, mesmo a olho nu, por terem a extremidade posterior expandida para formar a bolsa copuladora. Ancylostoma duodenale possui dimensões diferentes um pouco maior que o Necator americanus, seu corpo é um tanto encurvado, lembrando a letra C. O Necator apresenta outra curvatura na região esofagiana, voltada dorsalmente, pelo que imita um S alongado. FISIOPATOLOGIA O processo fisiopatológico mais importante da infecção em humanos é a perda crônica de sangue intestinal causada pela fixação dos vermes adultos à mucosa e submucosa do intestino. Ela ocorre quando os vermes usam seu aparato bucal para aderir à parede intestinal contraindo seu esôfago quando então geram uma pressão negativa que suga um tampão de tecido em suas cápsulas bucais. Este processo leva ao rompimento de capilares e arteríolas não somente por efeito mecânico, mas também pela ação de enzimas hidrolíticas eliminadas pelo processo de alimentação do parasita. Para manter o fluxo de sangue, os vermes secretam anticoagulantes facilitando significativamente a sua alimentação e em consequência levando a uma maior perda sanguínea pelo individuo infectado. A ancilostomíase é, portanto, uma enfermidade que tem como principal consequência a anemia resultante da deficiência de ferro por ingestão continuidade sangue pelos parasitos. Em virtude das reservas de ferro limítrofes, crianças, gestantes e puérperas são os principais grupos susceptíveis ao desenvolvimento de anemia causada pela infecção por ancilostomídeos. Entre crianças escolares e adultos residentes em regiões pobres, onde as reservas de ferro orgânicas se encontram costumeiramente diminuídas, é bem estabelecida a relação entre a infecção e os valores de hemoglobina. Grávidas residentes em áreas endêmicas apresentam um quadro ainda mais grave, pois têm uma demanda fisiológica consideravelmente superior de ferro, o que lhes confere um risco particular para o desenvolvimento de anemia, tornando-se um importante fator contribuinte para mortalidade materna, sobretudo no momento do parto e ainda estar relacionada ao baixo peso ao nascimento. O quadro clínico causado pela infecção contribui para o maior índice de mortalidade neonatal observadas em áreas endêmicas. Sabe-se que nesse grupo, a intensidade da infecção tem relação direta com a gravidade da anemia MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Uma manifestação pruriginosa em qualquer parte do corpo, frequentemente envolvendo os pés, podendo evoluir a um exantema maculopapular com duração de Prob5-fech-Mód8 (Anne Caroline Maltez) 7 até duas semanas. É a principal manifestação relacionada à penetração das larvas infectantes pela pele. Cerca de 10 dias após a penetração da larva, a sua presença nos pulmões pode cursar com um quadro de pneumonite semelhante à síndrome de Löeffler (associação de pneumonite e eosinofilia nos pulmões), porém de menor intensidade que na infecção por Ascaris lumbricoides, salvo nas infecções maciças, podendo demandar mais de um mês até que as larvas deixem completamente os pulmões e atinjam o trato gastrointestinal. Sintomas gastrointestinais relacionados à presença do parasito no intestino tais como dor abdominal e vômitos costumam ocorrer de quatro a seis semanas após a exposição, precedendo o aparecimento de ovos nas fezes. reservas de ferro orgânicas se encontram costumeiramente diminuídas, é bem estabelecida a relação entre a infecção e os valores de hemoglobina. DIAGNÓSTICO Em geral clínico, devido ao prurido característico. O diagnóstico laboratorial é realizado pelo achado de ovos no exame parasitológico de fezes, por meio dos métodos de Lutz, Willis ou Faust, realizando-se, também, a contagem de ovos pelo Kato-Katz. PROFILAXIA Desenvolver atividades de educação em saúde, particularmente com relação a hábitos pessoais de higiene, como de lavar as mãos antes das refeições e o uso de calçados. Evitar a contaminação do solo mediante a instalação de sistemas sanitários para eliminação das fezes, especialmente nas zonas rurais (saneamento básico). TRATAMENTO Mebendazol, 100mg, 2 vezes ao dia, durante 3 dias consecutivos. Não é recomendado seu uso em gestantes. Essa dose independe do peso corporal e da idade. Pode ser usado albendazol, 2 comprimidos, VO, em dose única (1 comp = 200mg), ou 10ml de suspensão (5ml = 200mg). O controle de cura é realizado e nos 7º, 14º e 21º dias, após o tratamento, através de exames parasitológicos de fez TENÍASE A classe cestoda compreende um grupo de parasitos hermafroditas, que apresentam o corpo achatado dorsoventralmente, órgão de adesão sem cavidade geral e sem sistema digestório. Dentre eles os mais encontrados parasitando o homem pertencem à família Taenidae, na qual são destacadas Taenia saginata e Taenia solium. CICLO MORFOLOGIA Para o estudo morfológico, o parasita é classificado de acordo com a sua fase evolutiva: Ovo, Larva (cisticerco) e Verme adulto Ovos: esféricos, morfologicamente indistinguíveis, medindo cerca de 30mm de diâmetro. São constituídos por uma casca protetora formada por blocos de quitina que lhe confere resistência ao meio ambiente. Prob5-fech-Mód8 (Anne Caroline Maltez) 8 Cisticerco: É constituído de uma vesícula translúcida com líquido claro, contendo invaginado no seu interior um escoléx com 4 ventosas e colo. A T. solium apresenta ainda o rostelo que é ausente na T. saginata. A parede do cisticerco é composta por 3 membranas: cuticular ou externa, uma celular ou intermediária e uma reticular ou interna. Estas larvas podem atingir até 12mm de comprimento, após 4 meses de infecção. No SNC pode permanecer viável por vários anos. A larva apresenta ao longo do tempo modificações anatômicas e fisiológicas até a sua completa calcificação. Verme adulto: corpo achatado dorsoventralmente em forma de fita dividido em: -Escólex = órgão de fixação à mucosa intestinal do homem. Apresenta subdiferenças morfológicas entre as duas espécies: - T. solium: Escólex globoso, com rostro, com dupla fileira de acúleos e 4 ventosas. - T. saginata: Escólex quadrangular, sem rostro, sem acúleos e 4 ventosas. -Colo = local onde as células estão em intensa atividade de multiplicação, é a zona de crescimento do parasita ou de formação das proglotes. -Estróbilo É o restante do corpo do parasita. A solium pode atingir até 3m, produz 80 mil ovos. A T. saginata pode atingir até 8m, produz até 160 mil ovos. PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA Teníase: • Ação espoliativa ->Desnutrição • Ação traumática -> Pode deixar pontos hemorrágicos, destruir do epitélio e produzir inflamação com infiltrado celular com hipo ou hipersecreção de muco. • Ação mecânica -> obstrução intensa • Ação tóxica -> fenômenos tóxico alérgicos através de substâncias excretadas. Na maioria dos casos a teníase é assintomática, mas pode provocar certos sintomas como dores abdominais, náuseas, debilidade, perda de peso, flatulência, diarréia ou constipação. Cisticercose: As alterações da cisticercose têm início com a fixação da larva no tecido, se desenvolvendo dois processos distintos: • Uma ação mecânica (deslocamento ou compressão dos tecidos) • Uma ação inflamatória (Presença de linfócitos, plasmócitos, eosinófilos e monócitos). Os sintomas dependem de fatores como: – Localização, tamanho e número de larvas que infectaram o indivíduo; – Fase de desenvolvimentodos cisticercos – Resposta imunológica do hospedeiro aos antígenos da larva *Muscular ou subcutânea: Geralmente assintomática, mas pode provocar Dor, fadiga e cãibras, especialmente quando localizados nas pernas, nuca e região lombar. No tecido subcutâneo o cisticerco é palpável, em geral indolor. *Cardíaca: pode resultar em palpitações e ruídos anormais ou dispnéias quando os cisticercos se instalam nas válvulas. *Mamária: é uma forma rara. Clinicamente pode se apresentar na forma de um nódulo indolor com limites precisos, ou ainda como uma tumoração associada a processos inflamatórios provavelmente devido ao estágio degenerativo da larva. *Ocular: o cisticerco pode alcançar o globo ocular através dos vasos coróides, instalando-se na retina e pode provocar seu deslocamento ou perfurar o humor vítreo. Pode causar reações inflamatórias como opacificação do humor vítreo; sinéquia posterior da íris e uveítes. Isso pode resultar em perda parcial ou total da visão e até mesmo a perda do olho. • Neurocisticercose: A invasão se dá por um ou muitos cisticercos. Normalmente o número é inferior a dez, mas podendo chegar excepcionalmente a mais de 2.000. • Se localizam mais frequentemente na substância cinzenta, tem longevidade Prob5-fech-Mód8 (Anne Caroline Maltez) 9 estimada de 2 a 5 anos no SNC. Os sintomas podem ser: Crises epilépticas, meningite cisticercótica, distúrbios psquícos, forma apoplética ou endarterítica e síndrome medular, mais raramente. DIAGNÓSTICO Teníase: O diagnóstico pode ser clínico (mais difícil por ser predominantemente assintomática). O exame laboratorial para investigação de ovos é mais utilizado empregando métodos rotineiros como o método de Faust e Hoffman, ou pelo método da fita gomada. Para o diagnóstico específico, há necessidade de se fazer tamização (lavagem em peneira fina) de todo o bolo fecal, recolher as proglotes existentes e identificá-las pela morfologia da ramificação uterina. Cisticercose Tem como base aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratorias. O diagnóstico laboratorial é fundamentado em observações anatomopatológicas das biópsias, necropsias e cirurgias. O cisticerco pode ser identificado por meio direto, através de exame oftalmoscópico de fundo de olho. PROFILAXIA a) Trabalho educativo da população - Uma das medidas mais eficazes no controle da teníase/cisticercose é a promoção de extenso e permanente conhecimento dos principais meios de contaminação constituem medidas importantes de profilaxia. b) Bloqueio de foco do complexo teníase/cisticercose - Foco do complexo teníase/cisticercose pode ser definido como sendo a unidade habitacional com pelo menos: indivíduos com sorologia positiva para cisticercose; um indivíduo com teníase; um indidíduo eliminando proglótides; um indivíduo com sintomas neurológicos suspeitos de cisticercose; animais com cisticercose (suína/bovina). Serão incluídos no mesmo foco outros núcleos familiares que tenham tido contato de risco de contaminação. Uma vez identificado o foco, os indivíduos deverão receber tratamento com medicamento específico. c) Inspeção e fiscalização da carne - Essa medida visa reduzir, ao menor nível possível, a comercialização ou o consumo de carne contaminada por cisticercos e orientar o produtor sobre medidas de aproveitamento da carcaça d) Fiscalização de produtos de origem vegetal TRATAMENTO Pamoato de pirvínio, 10mg/kg, VO, dose única. Mebendazol, 100mg, 2 vezes ao dia, durante 3 dias consecutivos. Essa dose independe do peso corporal e da idade. Albendazol, 10mg/kg, VO, dose única, até no máximo de 400mg. Todas as 3 drogas são contraindicadas em gestantes AMEBÍASE É uma infecção do intestino grosso causada pela Entamoeba histolytica, um parasita unicelular. Esse parasita existe sob duas formas durante o seu ciclo de vida: o parasita ativo (trofozoíto) e o parasita inativo (quisto). CICLO Prob5-fech-Mód8 (Anne Caroline Maltez) 10 MORFOLOGIA A Entamoeba histolytica é morfologicamente idêntica a Entamoeba dispar. Possuem 4 formas: 1.trofozoíto 2.pré-cisto 3.metacisto 4.cisto O trofozoíto mede de 20 a 40 micrômetros, só tem um núcleo, é pleomórfico, emite pseudópodes e tem o citoplasma diferenciado em ectoplasma, que é claro e hialino, e endoplasma, que é granuloso e tem vacúolos e restos de substâncias alimentares. O pré-cisto é uma fase intermediária entre o trofozoito e o cisto. Ele é oval, tem o núcleo igual ao do trofozoito e tem no citoplasma corpos cromatóides em forma de bastonetes. Os cistos podem ser esféricos ou ovais, medem de 8 a 20 micrômetros de diâmetro, tem o cariossoma pequeno, apresenta 1-4 corpos cromatóides em forma de bastonetes e apresenta vacúolos de glicogênio no citoplasma. O metacisto é a forma multinucleada que emerge do cisto no intestino delgado, ainda no intestino delgado, o metacisto vai sofrer divisões e vai dar origem aos trofozoítos. FISIOPATOLOGIA A infecção amebiana ocorre quando os cistos maduros da Entamoeba histolytica são ingeridos por um indivíduo suscetível, pois nem todos desenvolvem a doença. Depois de ingerido os cistos atravessam o estômago sem ser afetados desencistando- se no intestino delgado. O processo de invasão tecidual tem localização preferencial no ceco e no retossigmóide, sendo iniciado pelo reconhecimento de uma molécula do epitélio intestinal pelo parasito. A Entamoeba histolytica tem dificuldade em penetrar na mucosa íntegra, acredita-se que a ameba penetre inicialmente nas regiões intraglandulares, em seguida ocorre o processo de adesão celular com a formação de um espaço intracelular denominado foco de adesão, onde as amebas secretam enzimas proteolíticas: hialuridases, proteases e mucopolissacarideases. As proteínas como cisteína-proteinases e lectinas específicas, além da proteína quinase C que atua no processo de citólise e de adesão trofozoítica na superfície celular, favorecendo maior liberação de cisteína-proteinases no local da adesão, causando maior dano à célula-alvo, ocorrendo, como conseqüência, uma reposta inflamatória aguda com presença de leucósitos polimorfonucleares e macrófogos, ocasionando ulcerações profundas ou ocasionando uma formação de massa gramulomatosa, chamada ameboma, formação esta que não é comum na amebíase. Oito genes que codificam as cisteína-proteases foram identificados, porém apenas um pequeno grupo desses genes é expresso em condições artificiais de cultivo, dificultando o estudo da ação dessas enzimas no tecido intestinal. A superfície da mucosa é privada de fluxo sanguíneo, o que determina a necrose, com perfuração da parede intestinal, levando a infecção sistêmica através da circulação sanguínea atingindo principalmente o fígado, formando abscessos, necrose coliquativa, podendo atingir também o pulmão e raramente o cérebro, atingindo ainda a pele e a região anal ou vaginal. Segundo estudos feitos a flora bacteriana intestinal, principalmente anaeróbicas, propiciam ambiente favorável ampliando a virulência de cepas da Entamoeba histolytica na luz do intestino potencializando a invasão da mucosa intestinal, ou do fígado, através de certos receptores de superfície. Ao penetrar nos tecidos crescem e se multiplicam produzindo extensas lesões necróticas em condições assépticas. Uma vez invadida a mucosa, os trofozoítos se multiplicam por divisão binária e prosseguem penetrando nos tecidos formando microulcerações em Prob5-fech-Mód8 (Anne Caroline Maltez) 11 direção à muscularis mucosae. Na submucosa as amebas progridem em todas as direções liberando enzimas e substâncias tóxicas, determinando inicialmente uma ulceração atípica chamada “botão de camisa” ou “colo de garrafa”, as ulceras variam muito de tamanho e forma podem estender-se a grandes proporções do intestino grosso As amebas podem penetrar nosvasos sanguíneos e, através da circulação porta, atingir primeiramente o fígado, que é o principal órgão com acometimento extra- intestinal, formando abscessos “necrose coliquativa”. A Entamoeba histolytica induz resposta celular e humoral em humanos e animais, porém não é indicativo de imunidade efetiva após a infecção. Na imunossupressão ocorre a exacerbação da doença sugerindo uma ação protetora no sistema de defesa do organismo. A Entamoeba histolytica estimula o aparecimento dos linfócitos na área infectada e a formação de anticorpos específicos além da ativação do sistema fagocítico mononuclear. Os Neutrófilos e monócitos são rapidamente recrutados e ativados em resposta a esse padrão. Ocorrendo lise das células de defesa pelos trofozoítos, liberando mediadores químicos de seus grânulos citoplasmáticos resultando em dano tecidual. Os parasitas mudam os seus antígenos de superfície durante seu ciclo de vida no hospedeiro vertebrado. No caso da Entamoeba histolytica, a eliminação do antígeno é feita de modo espontâneo ou depois de se ligarem ao anticorpo específico tornando- se resistente ao mecanismo efetor. Santos e Soares (2008) relataram que no início da invasão tecidual a imunidade inata do hospedeiro exerce papel importante na resolução da colite. Os enterocitos reconhecem a molécula antigênica de padrões associados ao patógeno (PAMPs). Nas amebas os PAMPs, são formados por lectinas específicas, moléculas de serina- proteinases e moléculas ricas em lipofosfoglicanos (LPGs) e lipofosfopeptideoglicanos (LPPGs). As células epiteliais possuem receptores chamados de toll-like receptors (TLRs) que reconhecem a estrutura molecular da ameba. Mudanças na estrutura molecular, de LPGs e LPPGs formam novos PAMPs, determinando uma heterogeneidade na sua patogenia, não sendo reconhecido pelas células da resposta imune. Com o reconhecimento das moléculas antigênicas de padrões associados ao patógenos PAMPs pelos TLRs ocorrem a ativação intracelular e liberação de citocinas pró-inflamatórias e fatores solúveis, como as interleucinas 1, 6 e 8, o fator de necrose tumoral alfa (TNF), o fator estimulador de granulócitos e macrófagos. Ao atingir a circulação sanguínea os trofozoítos atraem anticorpos específicos, entretanto as amebas possuem habilidades de concentrar ou agregar os anticorpos em uma região específica da membrana plasmática denominada uróides, estrutura caracterizada morfologicamente por dobras na membrana plasmática. Esse fato deve-se ao transporte ativo realizado pelas moléculas de actina, miosina e proteínas associadas à actina que direcionam os agregados para os uróides sendo desprendidos da superfície da membrana plasmáticas por forças contráteis geradas nessa região. Nas lesões hepáticas o mecanismo fisiopatogênico do parasita é semelhante aos outros órgãos e ao visto na colite amebiana. Na inflamação tecidual ocorre a lise dos neutrófilos mediados pelos trofozoítos, ampliando a lesão inicial, ocasionando a morte dos hepatócitos, desenvolvendo uma lesão hepática constituída por material espesso homogêneo, acastanhado e estéril. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Se dividem em amebíase intestinal e amebíase extra-intestinal e se evidenciam por um conjunto de fatores ligados ao parasito e ao hospedeiro. Na amebíase intestinal tanto pode ocorrer formas assintomáticas ou com poucos sintomas, como pode ocasionar formas latentes que conduzem a surtos agudos, ou eventualmente, a complicações graves. Já Prob5-fech-Mód8 (Anne Caroline Maltez) 12 na forma sintomática os reflexos fisiológicos costumam mostrar-se subitamente, com evolução semelhante à disenteria, com dor abdominal, febre, leucocitose inferior a 10 mil glóbulos brancos por microlitro e evacuações frequentes. As fezes apresentam-se a princípio líquidas, passando a uma mistura de muco e sangue com frequência de 10 ou mais evacuações, com grandes perdas hídricas e eletrolíticas, acompanhando-se de flatulência; febre moderada nem sempre presente, tenesmo (sensação imperiosa de defecação em espasmos periódicos) e as cólicas intestinais atingem todo o abdome principalmente o quadrante inferior direito, acompanhado de dor epigástrica, pirose e sensação de plenitude, este quadro clinico é conhecido como colite amebiana aguda ou amebíase intestinal invasiva. Os sintomas mais graves se atenuam após o quarto ou quinto dia, passando para a fase crônica ou subaguda A colite não-desintérica é uma das formas clínicas mais frequentes, com manifestações de duas a quatro evacuações pastosas ou contendo muco sanguinolento, tenesmo, flatulência e febrícula, com alternância desse quadro com períodos de constipação Outra complicação da amebíase intestinal é o ameboma que se apresenta na forma de tumor benigno do seco, causado pela ação dos trofozoítos no tecido conjuntivo, onde ocorre a formação do granuloma responsável pelo edema que estreita a luz do intestino. O indivíduo com essa manifestação clínica, queixam-se de surtos esporádicos de diarreia, inapetência, perda de peso, podendo ocorrer também constipação intestinal, além de cólicas intestinais. Na amebíase extra-intestinal, a Entamoeba histolytica atinge principalmente o fígado podendo disseminar para o pulmão, vísceras abdominais, cérebro e pele, causando derrame pleural, pericardite com tamponamento cardíaco, derrame peritonial, entre outros. Ao penetrar na corrente sanguínea os trofozoítos migram pela mesentérica superior, chegando ou fígado através do sistema porta, provocando inflamações difusas. Os processos inflamatórios difuso, a degeneração celular e a necrose determinam o abscesso hepático, que tem a localização preferencial no lobo direito, podendo atingir grandes proporções, esse envolvimento do fígado pode surgir de um a três meses depois do quadro intestinal, ou concomitantemente, sendo que a incidência é dez vezes mais frequente em adultos do que nas crianças. Sua evolução é insidiosa mesmo que os sintomas se instalem subitamente. A sintomatologia predominante na forma aguda é a dor referida ao hipocôndrio direito, que exarceba com qualquer movimento, a intensidade da dor é variável e simula cólica biliar, irradiando-se para a região escapular do mesmo lado da dor referida, hepatomegalia. Invariavelmente crescente, a febre atinge 40°C, contínua principalmente à noite acompanhada de calafrio, suores, náusea e vômitos. Os pacientes ainda se queixam de fraqueza geral, inapetência e tosse Na forma subaguda, a perda de peso é um dado importante, enquanto febre e a dor são menos frequentes. DIAGNÓSTICO Realizado pela análise de cistos e/ou trofozoítos no material fecal. Essas espécies apresentam características morfológicas semelhantes, sendo diferenciadas somente por meio de técnicas moleculares específicas. A detecção de anticorpos é uma ferramenta que auxilia no diagnóstico da infecção. No entanto não distingue infecções recentes de anteriores devido à persistência de anticorpos circulantes Testes de difusão em gel, fixação do complemento, métodos de imunofluorescência indireta. Os testes de Prob5-fech-Mód8 (Anne Caroline Maltez) 13 ELISA disponíveis no mercado pesquisam a presença de anticorpos IgM ou IgG antilectinas. PROFILAXIA a) Gerais - Impedir a contaminação fecal da água e alimentos através de medidas de saneamento básico e do controle dos indivíduos que manipulam alimentos; b) Específicas - Lavar as mãos após uso do sanitário, lavagem cuidadosa dos vegetais • Evitar práticas sexuais que favoreçam o contato fecal-oral. c) Isolamento - Em pacientes internados precauções do tipo entérico devem ser adotadas d) Desinfecção - Concorrente, com eliminação sanitária das fezes. TRATAMENTO •1ª opção - a) Formas intestinais - Secnidazol - Adultos - 2g, em dose única. Crianças -30mg/kg/dia, não ultrapassando máximo de 2g/dia. •2ª opção- b) Formasgraves - (Amebíase intestinal sintomática ou Amebíase extra- intestinal) - Metronidazol, 750mg, VO, 3 vezes/dia, durante 10 dias. Em crianças, recomenda-se 50mg/kg/dia, durante 10 dias. •3ª opção - c) Formas extra-intestinais – Tinidazol 50mg/kg/ dia, durante 2 ou 3 dias, a depender da forma clínica. Em formas graves, utilizar a mesma dosagem das formas leves, por 3 dias. Em crianças, a dosagem recomendada é 50mg/kg/dia. •4ª opção - Somente para formas leves ou assintomáticas: Teclozam, 1.500mg/ dia, divididas em 3 tomadas de 500mg, dose única para adultos. Em crianças, a dosagem recomendada é de 15mg/kg/dia, durante 5 dias. GIARDIASE É uma doença intestinal causada pela infecção pelo parasita Giardia lamblia, que vive em água contaminada. CICLO A infecção ocorre pela ingestão de cistos em água ou alimentos contaminados. No intestino delgado, os trofozoítos sofrem divisão binária e chegam à luz do intestino, onde ficam livres ou aderidos à mucosa intestinal, por mecanismo de sucção. A formação do cisto ocorre quando o parasita transita o cólon, e neste estágio os cistos são encontrados nas fezes (forma infectante). No ambiente podem sobreviver meses na água fria, através de sua espessa camada. MORFOLOGIA Existem duas formas evolutivas de Giardia: o cisto e o trofozoíto. O trofozoíto tem forma de pera, com simetria bilateral, medindo cerca de 20 µm de comprimento por 10 µm de largura. Em seu interior são encontrados dois núcleos. Possui quatro pares de flagelos. O cisto tem forma oval, medindo cerca de 12 µm de comprimento por 8 µm de largura. Encontra-se dois ou quatro núcleos em seu interior. FISIOPATOLOGIA O processo patológico depende do número de parasitos que colonizam o intestino delgado, da cepa do protozoário e do sinergismo entre bactérias e fungos, além http://4.bp.blogspot.com/-Sy6yjzqVmWc/VgLQjMCUwYI/AAAAAAAAACM/BgG0VJJ1d0c/s1600/Ciclogiard%25C3%25ADase.jpg Prob5-fech-Mód8 (Anne Caroline Maltez) 14 de fatores inerentes ao hospedeiro, como hipocloridria e deficiência de IgA e IgE na mucosa digestiva. Uma alta carga parasitária pode provocar ação irritativa sobre a mucosa intestinal, levando à produção excessiva de muco e a alterações da produção de enzimas digestivas principalmente dissacaridases, ocasionando intolerância ao leite e derivados, além da formação de barreira mecânica. Todos dificultam a absorção (vitaminas lipossolúveis, ácidos graxos, vitamina B12, ácido fólico e ferro). Ocorrem também lesões produzidas pelos trofozoítos fortemente aderidos ao epitélio intestinal ao nível das microvilosidades intestinais, e até invasão da lâmina própria. Geralmente não são observadas alterações macroscópicas no intestino, mas em alguns casos crônicos pode-se evidenciar achatamento das microvilosidades ao estudo histopatológico. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A maioria dos casos é assintomática ou oligossintomática, sobretudo em pacientes adultos. Contudo, a doença pode apresentar amplo espectro clínico em crianças ou adultos jovens; as crianças pequenas podem, em raros casos, evoluir com hemorragia retal e fenômenos alérgicos. As manifestações podem surgir de forma súbita ou gradual. Na giardíase aguda os sintomas surgem após um período de incubação, geralmente de uma a três semanas. Na giardíase crônica os sintomas podem ser contínuos ou episódicos, persistindo por anos, e o paciente não necessariamente desenvolve manifestações agudas. Menos frequentemente pode ocorrer disseminação extraintestinal, na qual os trofozoítos migram para os dutos biliares e pancreáticos. A manifestação clínica mais frequente é a síndrome diarreica, caracterizada por diarreia de evolução crônica, contínua ou com surtos de duração variável, acompanhada por cólicas abdominais, com alternância de exonerações normais e constipação intestinal. As evacuações em geral ocorrem duas a quatro vezes ao dia. As fezes são pastosas, abundantes, fétidas e com predomínio de muco. Outras apresentações clínicas menos comuns são: síndrome de má absorção, que causa emagrecimento, anorexia, distensão abdominal, flatulência, desnutrição, raquitismo e esteatorreia, além de anemia; síndrome dispéptica, com sensação de desconforto epigástrico, plenitude gástrica pós-prandial, eructações, pirose e náuseas, além de vômitos; e síndrome pseudoulcerosa, constituída por dor epigástrica ou pirose, que melhora com a ingestão de alimentos e retorna com o jejum. DIAGNÓSTICOS A clínica é inespecífica. O diagnóstico definitivo é realizado a partir do encontro dos trofozoítos, cistos ou antígenos de G. intestinalis em qualquer amostra de fezes ou fluido duodenal. No entanto, deve-se ficar atento, pois o diagnóstico de giardíase através da pesquisa de trofozoítos ou cistos apresenta elevada percentagem de resultados falso-negativos. Em relação ao laboratório, é importante ressaltar: — Pesquisa de cistos (em fezes formadas) — Pesquisa de trofozoítos em fezes líquidas Além disso, esta metodologia como procedimento de rotina proporciona o processamento de várias amostras simultaneamente. O teste de ELISA também se mostrou útil devido a sua alta sensibilidade, que varia de 85% a 100%. PROFILAXIA As medidas mais importantes para a prevenção da giardíase são o acesso a adequadas condições de saneamento, ingestão de água tratada ou fervida, cuidados com a higiene pessoal e adequada preparação e conservação dos alimentos. Além disso, são importantes o controle de insetos e o adequado diagnóstico e tratamento dos doentes, Prob5-fech-Mód8 (Anne Caroline Maltez) 15 visando interromper a cadeia de transmissão. TRATAMENTO O Ministério da Saúde propõe os seguintes tratamentos para a giardíase: — Secnidazol 2g VO em dose única para adultos, e 30mg/kg ou 1ml/kg para crianças, em dose única, após refeição. — Tinidazol 2g VO, em dose única. — Metronidazol 250mg duas vezes ao dia, por cinco dias, para adultos; em crianças, 15mg/kg/dia, VO, divididos em duas tomadas, por cinco dias, não ultrapassando 250mg. MECANISMO DE AÇÃO E EFEITOS COLATERAIS DO TRATAMENTO DE ENTEROPARASITOSES FARMÁCOS ANTI-PROTOZOÁRIOS -Entamoeba H. -Giardia lamblia METRONIDAZOL: destrói os trofozoítos da E. histolytica, porém não tem efeito sobre os cistos. Trata-se do fármaco de escolha para a amebíase invasiva do intestino ou do fígado, porém mostra-se menos efetivo contra os microrganismos na luz do intestino. O metronidazol é ativado pelos microrganismos anaeróbicos para um composto que danifica o DNA, provocando, então, apoptose em células parasitárias. « Em geral metronidazol e administrado por via oral e é completamente absorvido. Preparações retais intravenosas também pode ser administradas. O metronidazol é rapidamente distribuido pelos tecidos , atigindo concentrações elevadas nos líquidos corporais , incluindo o liquido cerebroespinhal, outra parte é metabolizada , porem a maior parte é eliminada na urina. « O uso disseminado de metronidazol levou ao desenvolvimento de resistência do Helicobacter pylori, uma causa bacteriana comum de gastrite e úlceras pépticas. « Os efeitos adversos do metronidazol consistem em desconforto gastrintestinal, cefaléias, neuropatia ocasional, gosto metálico e náusea. O metronidazol também provoca náusea e rubor quando tomado concomitantemente com álcool. O Metranidazol não deve ser administrado em gravidas. A nitazoxanida é um derivado nitrotiazolil- salicilamida estruturalmente relacionado com o metronidazol. Possui amplo espectro de ação, incluindo atividade contra protozoários, bactérias anaeróbicas e helmintos. Nos Estados Unidos, foi aprovada para uso em crianças com giardíase e em adultos e crianças com criptosporidiose. Como análogo estrutural do pirofosfato de tiamina, a nitazoxanida inibe a PFOR, que converte o piruvato em acetil CoA nos protozoários e nas bactérias anaeróbicas.« Seu mecanismo de ação contra os helmintos não está bem esclarecido. Após administração oral, a nitazoxanida é rapidamente hidrolisada ao metabólito ativo, a tizoxanida. O metabólito ativo é excretado na urina, na bile e nas fezes. Em geral, a nitazoxanida é bem tolerada. DILOXADINA: Ou mais comumente, seu éster insolúvel, o furoato de diloxanida, é o fármaco de escolha no caso do paciente infectado assintomático e, com frequência, é administrada preventivamente, após a doença ter sido revertida com o metronidazol. Ambos os fármacos têm ação amebicida direta, afetando os parasitas antes do encistamento. « O furoato de diloxanida é administrado oralmente e age sem ser absorvido. Tem excelente perfil de segurança « efeitos gastrointestinais adversos. TINIDAZOL: Mostra-se efetivo contra diversos protozoários e é licenciado para o tratamento da giardíase, amebíase. « Seu mecanismo de ação não está bem esclarecido, porém acredita-se que seja semelhante ao do metronidazol e Prob5-fech-Mód8 (Anne Caroline Maltez) 16 relacionado com a geração de radicais livres citotóxicos. Um benefício particular do timidazol é que a duração de um ciclo terapêutico do fármaco é mais curta do que a do metronidazol. « O tinidazol também é mais bem tolerado do que o metronidazol, porém é também ineficaz como agente luminicida para o tratamento de infecções por amebas. « Os efeitos adversos são raros e discretos e consistem em desconforto gastrintestinal e desenvolvimento ocasional de gosto metálico na boca. O tinidazol não é recomendado durante o primeiro trimestre de gravidez, durante o aleitamento e para crianças com menos de 3 anos de idade. FÁRMACOS ANTI-HELMÍNTICOS Agem por paralisação do parasita (p. ex., evitando a contração muscular), por dano do verme, de forma que o sistema imune do hospedeiro possa eliminá-lo, ou alterando o metabolismo do parasita (p. ex., afetando a função dos microtúbulos). Uma vez que as exigências metabólicas desses parasitas variam muito de uma espécie para outra, os fármacos que são altamente eficazes contra um tipo de verme podem revelar-se ineficazes contra outros. Para produzir efeito, o fármaco deve ser capaz de penetrar na dura cutícula exterior do verme ou ter acesso a seu trato alimentar. Isso pode apresentar dificuldades, porque alguns vermes são exclusivamente hemófagos (“alimentam-se de sangue”), enquanto outros são descritos como “herbívoros de tecido. • Ascaris lumbricoides( ascaridiase) ---> levamisol, mebendazol, piperazina • Teniase---> praziquantel ,niclosamida • ancilostomose ---> albendazol, mebendazol. BENZIMIDAZOIS: Esse grupo inclui mebendazol, tiabendazol e albendazol, que são anti-helmínticos de largo espectro amplamente utilizados . « Considera-se que atuem por meio da inibição da polimerização da β-tubulina helmíntica, interferindo, assim, nas funções dependentes dos microtúbulos, como, por exemplo, a captura de glicose. A inibição da polimerização da tubulina impede a motilidade e a replicação do DNA dos nematódeos, resultando em alterações degenerativas nas células tegumentares e intestinais dos helmintos e causando finalmente a imobilização e a morte dos vermes. « Apenas 10% do mebendazol são absorvidos depois da administração oral, porém uma refeição gordurosa aumenta a absorção. É rapidamente metabolizado, sendo os metabólitos eliminados na urina e na bile em 24-48 horas. Em geral, é administrado em dose única para os nematódeos filiformes e duas vezes ao dia, por três dias, no caso de infestações por ancilóstomo e por nematelminto. « Os efeitos adversos são poucos com o albendazol ou com o mebendazol, embora algumas alterações gastrointestinais possam ocorrer ocasionalmente. O mebendazol não deve ser administrado a mulheres grávidas ou crianças com menos de 2 anos. PRAZIQUANTEL: constitui o fármaco de escolha no tratamento de pacientes infestados por cestódeos adultos (tênias) e trematódeos (fascíolas). Também constitui o fármaco de escolha no tratamento de pacientes com esquistossomose, uma infestação por trematódeos que provoca considerável morbidade e mortalidade no mundo inteiro. « MECANISMO DE AÇÃO = O fármaco compromete a homeostase do Ca2+ no parasita, unindo-se aos locais de ligação reconhecidos da proteína quinase C, em uma subunidade β dos canais de cálcio controlados por voltagem do esquistossomo. Isso induz o influxo do Ca2+, com contração rápida e prolongada da musculatura, e também eventual paralisia e morte do verme. O praziquantel compromete ainda o tegumento do parasita, disponibilizando novos antígenos, e, como resultado, pode tornar-se mais Prob5-fech-Mód8 (Anne Caroline Maltez) 17 suscetível às respostas imunológicas normais do hospedeiro. « O praziquantel apresenta efeitos adversos mínimos em sua dosagem terapêutica. Tais efeitos, quando ocorrem, costumam ser transitórios e raramente têm importância clínica. Incluem alterações gastrointestinais, tontura, dores musculares e articulares, erupções cutâneas e febre baixa. Os efeitos podem ser mais marcantes nos pacientes com infestação acentuada de vermes e podem ser causados pelos produtos liberados pelos vermes mortos. O praziquantel é considerado seguro em mulheres grávidas e lactantes, propriedade importante para um fármaco que é comumente adotado nos programas de controle nacional da doença. PIPERAZINA: Pode ser usada para tratar infestações pelos nematelmintos comuns (A.lumbricoides) e pelo nematódeo filiforme (E. vermicularis). Essa substância inibe, de modo reversível, a transmissão neuromuscular no verme, provavelmente simulando o GABA , nos canais de cloro controlados pelo GABA no músculo do nematódeo. Os vermes paralisados são expelidos vivos pelos movimentos peristálticos intestinais normais. « É administrada em conjunto com um laxante, a fim de facilitar a expulsão dos vermes. A piperazina é administrada oralmente e parte, porém não toda, é absorvida. É parcialmente metabolizada, e o restante é eliminado, de modo inalterado, pelos rins. « O fármaco apresenta pouca ação farmacológica no hospedeiro. Quando usada para tratar os nematelmintos, a piperazina é efetiva em dose única. No caso dos nematódeos filiformes, faz-se necessário usá-la por um período maior (7 dias), em dosagem menor. « Os efeitos adversos podem incluir alterações gastrointestinais, urticária e broncoespasmo. Alguns pacientes apresentam tonturas, parestesias, vertigens e dificuldade de coordenação. O fármaco não deve ser administrado a pacientes grávidas ou com função renal ou hepática comprometidas. NICLOSAMIDA: é amplamente usada no tratamento das infestações pela tênia, juntamente com o praziquantel. O escólex (a cabeça do verme que se liga ao intestino do hospedeiro) e um segmento proximal são irreversivelmente danificados pelo fármaco; assim, o verme separa-se da parede intestinal e é expelido. Para a T. solium, o fármaco é administrado em dose única, após refeição leve, em geral seguida por purgativo duas horas depois, no caso de os segmentos danificados de tênia liberarem ovos, os quais não são afetados pelo fármaco. No caso de outras infecções pela tênia, essa precaução não é necessária. A absorção é desprezível no trato gastrointestinal. • Efeitos adversos: podem ocorrer náuseas, vômitos, prurido e cefaleia de leve intensidade, mas, em geral, esses efeitos são poucos, infrequentes e transitórios. LEVAMISOL: é um antiparasitário indicado para o tratamento de vermes causados por lombrigas, sendo o Ascaridil o nome comercial do medicamento. «Possui ação nicotina-símile , estimulando e, subsequentemente, bloqueando as junções neuromusculares. Os vermes paralisados são, então, expelidos nas fezes. Os ovos não são destruídos. « O fármaco é administrado oralmente, é rapidamente absorvido e amplamente distribuído. Atravessa a barreira hematoencefálica. É metabolizadono fígado em metabólitos inativos, que são eliminados através do rim. Sua meia-vida plasmática é de quatro horas. « Tem efeitos imunomoduladores e, no passado, foi usado para tratar vários tumores sólidos. Pode causar perturbações gastrointestinais, mas também efeitos mais graves, como a agranulocitose, e foi retirado do mercado norte-americano. Prob5-fech-Mód8 (Anne Caroline Maltez) 18 EXPLANAR AS CONDIÇÕES SÓCIO CULTURAIS DAS ENTROPARASITOSES Do ponto de vista social, as enteroparasitoses representam um grave problema de saúde pública. Elas são responsáveis pela diminuição da qualidade de vida da população causando grandes perdas econômicas, diminuição de sua produtividade, dificuldade de aprendizado, prejuízo da função de alguns órgãos vitais, além de contribuir para o aumento da desnutrição. O grau de insalubridade do meio, o nível e extensão do saneamento básico de uma região, bem como os hábitos de higiene da população podem ser mensurados pelo estudo epidemiológico das infecções parasitárias, sendo observadas com maior frequência nas classes salariais mais baixas e com menor grau de escolaridade. Uma alta prevalência de enteroparasitoses em estudantes, o que permitiu avaliar as más condições de higiene, aliadas a uma precária situação sócio-econômica Na Bahia, através de análises documentais em 2001, as doenças infecciosas e parasitárias respondiam por 10,0% dos óbitos de crianças menores de um ano e considera que essa taxa ainda é elevada devido às condições demográficas, sociais e econômicas. Para considerações como esta, três fatores, a clássica tríade epidemiológica das doenças parasitárias, são indispensáveis para que ocorra a infecção: as condições do hospedeiro, o parasito e o meio ambiente. A prevalência de parasitoses intestinais no Brasil é alta nas crianças, principalmente na faixa de 3 a 12 anos, mas esse índice depende da região e da cidade e correlaciona-se com as condições de saneamento básico, moradia e estrato socioeconômico
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