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P á g i n a | 1 Tuberculose na Infância Epidemiologia OMS: 10,4 milhões de casos novos de tuberculose. Desses 10% acontece em < 15 anos. 1 milhão de crianças tem TB por ano e cerca de 210.000 mortes por TB. Incidência estimada < 15 anos: 50 a cada 100 mil crianças. Mais comum no sudeste asiático, África e pacifico ocidental. Mortalidade em crianças não tratadas: 21,9% e em não tratadas < 5 anos: 43,6% No Brasil: < 2 anos: 6,4 para cada 100 mil crianças. 5-14 anos: 4,8 para cada 100 mil. É um dos países com mais casos de TB, em relação ao HIV. Maior incidência de bacilíferos: privados de liberdade e moradores de rua. o Em situação de rua: 56x maior o HIV: 28x maior o Privadas de liberdade: 28x maior o Indígenas: 3x maior Importância Decorre de uma exposição domiciliar: Buscar ativamente adultos bacilíferos e investigar crianças comunicantes de casos bacilíferos. Dificuldades de diagnóstico: situação socioeconômica desfavorável e precariedade de informação e de acesso a serviços de saúde. Há um possível ciclo em que o pouco diagnóstico levaria à pouca suspeição e, ao mesmo tempo, também à pouca valorização da criança na investigação da rede de contatos. Controle de contatos bacilíferos depende da busca ativa deles. Crianças tem: Maior suscetibilidade a infecção: 70-80% < 1 ano. Maior suscetibilidade ao adoecimento: < 1 ano: 40%; 5-10 anos: 2% (idade outro TB); > 10 anos: 20% Maior risco de formas graves e disseminadas, principalmente nos < 10 anos, que tem 15-20% das formas extra-pulmonares de TB. Após a infecção, a criança pode manifestar a doença em qualquer momento da vida, dependendo da imunidade. Etiopatogenia Isabela Terra Raupp Micobactéria Complexo Mycobacterium tuberculosis M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. canetti, M. microti, M. pinnipedi e M. caprae. M. tuberculosis É um bacilo álcool-ácido resistente (BAAR), aeróbio, com parede rica em lipídeos. celular rica em lipídios. P á g i n a | 2 A Transmissão acontece por via respiratória (gotículas de Flügge). Elas ressecam e ficam suspensas no ar por horas e podem alcançar os alvéolos onde se multiplica e provocam a primo-infecção. Estima-se que 1 pessoa com baciloscopia positiva infecte 10-15 pessoas em 1 ano Ambientes pequenos, aglomerados, pouco arejados, sem iluminação solar são mais predispostos. Acontece pela tosse, fala ou espirro de um doente com tuberculose pulmonar ativa pulmonar ou laríngea. Resposta imune a micobactéria: 1) Imunidade inata: o Progressiva dicotomização pulmonar → brônquios se dividem cada vez mais, formado uma proteção inata. o Tosse/clareamento mucociliar → ajuda a retirar partículas que causam infecções nos pulmões, mas os bacilos geralmente são resistentes a esse mecanismo. o Neutrófilos e macrófagos o Células dendríticas o Células Natural Killer (NK) 2) Imunidade adaptativa: o Resposta Th1: INF-gama e citocinas → impede disseminação da micobactéria pelo corpo Particularidades nas crianças: Deficiência funcional dos macrófagos e de algumas citocinas Imaturidade funcional das celulas dendríticas Baixa concentração e efetividade de células NK. Fagocitose do bacilo e produzem fator de necrose tumoral para impedir progressão para todo o corpo Maior suscetibilidade a infecção primária, adoecimento e formas graves extra- pulmonares P á g i n a | 3 Predomínio de resposta adaptativa Th2 (Th1 é a mais importante para a defesa) A infecção Aspiração de partículas infectantes (gotículas de Flügge ou partículas de Wells). Ativação da imunidade específica: demora cerca de 15 dias → forma pulmonar. Enquanto está ativando a imunidade com maior eficácia, ocorre a disseminação desse bacilo para outras regiões do corpo. Disseminação linfo-hematogênica e/ou por contiguidade → formas extrapulmonares. Atraso na resposta imune eficaz → formas graves (miliar e neurotuberculose). A criança tem maior predisposição a fazer uma doença primária 1 a 3 meses após já que tem menor imunidade inata e adaptativa. o A partir dos linfonodos regionais, os bacilos entram na circulação sistêmica diretamente ou via ducto linfático. A disseminação hematogênica oculta ocorre antes da resposta imune adequada. o Os bacilos podem sobreviver por longos períodos em órgãos-alvo Doença pós-primária: anos após a infecção o Forma mais comum nos adolescentes e adultos o Por reinfecção ou reativação o Queda na imunidade Criança < 15 anos doente Formas pulmonares (85%): Baciloscopia positiva em 20% → difícil diagnóstico o Porque a doença pulmonar na criança é menos localizada, menos exsudativa e menor formação de cavitações. Formas extrapulmonares (15%): Linfoganglionar: 65% Meningoencefalite: 15% TB pleural: 5% TB osteoarticular: 5% P á g i n a | 4 Diagnóstico História de exposição ao adulto bacilífero → tem que identificar adulto bacilífero Teste tuberculínico positivo (PPD) Quadro clínico compatível Radiografia de tórax alterada Teste anti-HIV Investigação de órgão-alvo Teste tuberculínico Aplicação intradérmica de PPD (complexo proteico purificado) na face anterior do antebraço Leitura em 72 horas – mensurar o diâmetro da enduração Avalia resposta alérgica de hipersensibilidade mediada pela resposta celular → maior enduração e o paciente já teve contanto prévio com a micobactéria. Interpretação: o < ou = 4 mm: não reator. o > ou = 5mm: reator. Quadro clínico Pneumonia complicada ou que não melhora ao tratamento adequado → simula outras doenças pulmonares. Tosse> 2 semanas Astenia Baixo ganho ponderal ou perda de peso Febre baixa ou intermitente vespertina Sudorese profusa Linfadenomegalia Hepatoesplenomegalia Eritema nodoso Os principais sintomas da tuberculose pediátrica incluem fadiga, perda de apetite, sudorese noturna, fraqueza, perda de peso e febre (moderada, persistente por 15 dias ou mais, e frequentemente vespertina). P á g i n a | 5 Ceratoconjuntivite Dor articular Irritabilidade Escarro sanguinolento/hemoptise é infrequente Doença nos pulmões → dor torácica e tosse (produtiva ou não) 20% tem apresentação em outros órgãos → linfonodos, rins, ossos, meninges. Em pacientes com HIV, o grau da apresentação clínica é dependente da imunossupressão. Precisa sempre de investigação diagnóstica invasiva, como líquido pleural e LCR e biopsia de órgãos sólidos. Radiografia Pode se apresentar com opacidade de evolução lenta ou opacidade com cavitação. As opacidades são mais comuns em lobos superiores. Linfonodomegalia unilateral ou paratraqueal – compressão brônquica – pode levar a atelectasia ou enfisema por obstrução do brônquio. Na dúvida, pode ser feito TC para caracterizar melhor a linfonodomegalia. < 10 anos: imagens compatíveis com a TB primária e complexo primário evoluindo para manifestações nos primeiros 5 anos após primoifecção – linfadenopatia hilar, miliares (micronodulos ou nódulos difusos bilaterais) ou pnm crônica de evolução lenta. 10-18 anos: TB pós-primária predominante no terço superior ou segmento superior do lobo inferior, com cavitações geralmente. Baciloscopia e cultura de escarro em 3 amostras Positivo em apenas 20% dos quadros pulmonares. Criança não sabe escarrar – em > 10 anos é mais fácil Doença tem menos exsudato O escarro induzido é mais sensível que o lavado gástrico. Lavado gástrico: Positivo em 50% das amostras Tem que internar para realizar Usa-se coloração de Ziehl-Neelsen tradicional para pesquisa de BAAR, mesmo sedo baixa sensibilidade para amostras com concentrações abaixo de 5 x 10³ bacilos/mL (explica os resultados negativos em crianças). TB na infância é paucibacilarNegatividade no exame não afasta diagnóstico de TB P á g i n a | 6 Outras opções são: microscopia com fluorescência com diodo emissor de luz (+ específica e + ssensível). Cultura: meio de Löwenstein-Jensen tradicional ou líquido de Middlebrook 7H9 – detecção dcom tempo médio de 7 dias. Molecular Testes genotípicos de amplificação de ácidos nucleicos – Xpert MTB/RIF – resultado rápido com alta E e S. IGRA Pesquisa de linfócitos TCD4 produtores de interferon que são ativos quando tem contato novamente quando em contato com a micobactérias. Pacientes previamente sensibilizados pelos antígenos do M. tuberculosis Específico para M. tuberculosis → maior diferença do PPD Maior sensibilidade em imunodeprimidos Não consegue diferenciar os doentes dos infectados. Não é recomendado em < 2 anos. Em crianças < 5 anos, 10% dos testes são indeterminados. Escore diagnóstico P á g i n a | 7 Evolução da TB pulmonar Tratamento Em crianças menores de 10 anos não é aconselhado dar etambutol pelo risco de neurite óptica, que não é referido pela criança, geralmente. Em casos de neuroTB: o Prolongar fase de manutenção por 10 meses. o Prednisona por 4-8 semanas. Fase 5 Após calcificação, mais de 3 anos após primoinfecção. Manifestações tardias reativação Fase 4 Até calcificação do coplexo primário. TB osteoarticular em < 5 anos. TB ativa em adolescentes. Pode ter manifestações tardias Fase 3 3 a 7 meses após infecção Derrame pleurar em > 5 anos doença brônquica em < 5 anos Fase 2 1-3 meses após infecção (após disseminação hematogênica) Maior risco de meningite TB e miliar Fase 1 3-8 sem após infecção. Ao final paciente pode apresentar febre, PT+, complexo primário visto no RX. P á g i n a | 8 Tratamento é domiciliar: mas deve ser diretamente observado Na avaliação da coinfecção tuberculose/HIV em criança: recomenda-se que devam iniciar a terapia antirretroviral (TARV) combinada, independentemente da forma clínica da tuberculose e da contagem de linfócitos T CD4+. Deve-se ter em mente que as formas atípicas da doença ocorrem em pacientes com maior grau de imunodeficiência causada pela infecção pelo HIV. Ainda não existem fármacos de segunda linha disponíveis em formulações adequadas para crianças → impacto negativo na adesão. Internação: o Invetigação e tratamento inicial de formas graves o Comorbidades o Motivos sociais o Reações adversas graves aos medicamentos Seguimento Clínico mensal: o Raro toxicidade hepática: não fazer exames bioquímicos de rotina. Só faz se icterícia, dor abdominal... o Observar melhora clínica: ganho de peso e tosse o Escarro: mensal se fácil coleta Controle radiológico: o Evolução favorável: 2º mês de tratamento o Evolução desfavorável: 1º mês de tratamento o Término do tratamento. Medidas de Prevenção Busca ativa de bacilíferos e identificação de seus contatos infantis. Para isso, é necessário fazer diagnóstico e tratamento precoce da TB. Comprovar tratamento adequado. Prevenção do abandono do tratamento Estima-se que a cada 10 indivíduos < 15 anos expostos a bacilíferos, 3 ou 4 vão ser infectados e 1 estará doente. Porque o caso fonte é o adulto (crianças tem a forma paucibacilar). Mesmo que a criança seja assintomática, se ela é contato de um bacilífero ela tem que ser avaliada. Avaliação clínica + complementar: o < 10 anos: RX tórax e teste tuberculínico o > 10 anos: teste tuberculínico e se necessário (suspeita) RX. ILTB: Contato Bacilífero + Teste tuberculínico positivo+ Ausência de sinais e sintomas da doença + RX tórax normal. P á g i n a | 9 Profilaxia Vacina BCG ao nascer: Cepa de Mycobacterium bovis. Ativa a resposta celular a antígenos comuns das micobactérias. Prevenção das formas graves e disseminadas da doença (neuroTB e TB miliar). Não evita TB pulmonar Tratamento da ILTB: Em todos os < 15 anos Notificação compulsória Objetivo: evitar o adoecimento Isoniazida por 9 meses (270 doses) ou rifampicina por 4 meses (120 doses). Quimioprofilaxia primária: RN exposto a adulto bacilífero. Objetivo: evitar infecção Conduta: o NÃO vacinar com BCG. o Isoniazida ou rifampicina por 3 meses. o Ao final dos 3 meses solicito um teste tuberculínico. Tuberculínico não reator (<5 mm) Interromper medicação Vacinar BCG Reator (> 5mm) INFECÇÃO Avaliação Clínica + RX - TB doneça? Apenas TT positivo: ILTB * Completar + 3 meses isoniazida ou 1 de rifampicina * Não precisa vacinar BCG
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