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PÓS- GRADUAÇÃO LATO SENSU GESTOR DE PESSOAS E SEU DESENVOLVIMENTO SUMÁRIO UNIDADE 5 GESTOR DE PESSOAS: SEU ENVOLVIMENTO PLENO NAS TRANSFORMAÇÕES ESTRUTURAIS E NAS ESTRATÉGIAS DA ORGANIZAÇÃO 1. PRELIMINARES 2. CONTEXTUALIZAÇÃO; ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS E GESTÃO DE PESSOAS 3. AS ATRIBUIÇÕES DO(A) TITULAR DA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS E DO GESTOR DE PESSOAS 3.1. Os primeiros 100 dias 4. O GESTOR (ESTRATÉGICO) DE PESSOAS 4.1. Condicionantes atitudinal e comportamental 4.2 Ação e reação estratégica; competências 5. MODELOS DE AÇÃO ESTRATÉGICA 6. ENFIM... 7. IMPRESCINDÍVEL SABER 8. QUIK CASE 9. ESTUDO DE CASO 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UNIDADE 5 GESTOR DE PESSOAS: SEU ENVOLVIMENTO PLENO NAS TRANSFORMAÇÕES ESTRUTURAIS E NAS ESTRATÉGIAS DA ORGANIZAÇÃO 1. PRELIMINARES O titular da área de pessoas tem de ter uma ideologia que vá permear o seu comportamento, gestos e atitudes frente ao corpo funcional. 2. CONTEXTUALIZAÇÃO; ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS E GESTÃO DE PESSOAS A transformação da administração de pessoal em gerência de recursos humanos é facilmente demarcada. A incorporação de conhecimentos técnicos, afora incursões teóricas, do campo da administração trouxe profissionais de administração para a área de pessoas e, por essa razão, em pouco tempo as gerências de RH passaram a ser ocupadas por aqueles que tinham assimilado as tantas técnicas e abordagens de toda sorte do campo da administração, não importando a sua formação, mas abrindo caminhos para administradores, essencialmente, psicólogos, assistentes sociais e, naturalmente, advogados ou mesmo os bacharéis de direito que, em bom momento, resolveram buscar especializações num campo que eles conheciam muito pouco. No entanto, a passagem da administração de recursos humanos para a gestão de pessoas continua não estando muito clara, nem bem definida, embora seja nosso entendimento a inevitabilidade dessa passagem, pois, caso contrário, teremos grandes dificuldades na manutenção de uma estrutura social que corresponda às exigências do mundo moderno. E você percebeu que ao longo do texto fortalecemos a gestão de pessoas, embora não tenhamos abandonado a administração de recursos humanos por uma razão muito simples: ainda não houve a completa transição para a gestão de pessoas. Quando perguntamos qual a nomenclatura das unidades, 36% confirmaram a gerência de recursos humanos e 16% confirmaram o departamento de recursos humanos, totalizando 52%, e 8% dos demais se distribuíram por outras rotulagens que incluíam a terminação em recursos humanos, como por exemplo: divisão de recursos humanos e gerência corporativa de recursos humanos. Portanto, é significativa a presença dessa expressão. Temos uma diretoria de gestão de pessoas em 2% das respostas. Essa pesquisa foi respondida por 50 titulares em RH. Quando pedimos a nomenclatura das unidades, obtivemos 53% como gerentes de recursos humanos e 19% como titulares de departamentos de recursos humanos. Fica evidente que as unidades denominadas gerências e departamentos são comandadas por gerentes. Temos nos restantes apenas 14% que têm outras denominações, ou seja, não privilegiam a expressão recursos humanos. A pesquisa foi respondida por 40 titulares de RH. Fica transparente o uso consagrado de recursos humanos ao longo dos quase 30 anos de sua incorporação. E fica, agora, a evidência de que temos uma proposta que nos conduz a uma nova nomenclatura que melhor representará esse novo esforço, por enquanto, ainda bastante acadêmico, como foi a introdução da denominação recursos humanos em substituição à denominação administração de pessoal. Finalizando, convém informar que a terminologia, denominação, nomenclatura, rotulagem, enfim, qualquer uma dessas palavras que conduzam às expressões administração de recursos humanos e gestão de pessoas, tem necessariamente de ter uma origem e que essa origem permaneça. Se a alteração é mandatária e sofre modificações importantes, pode, em relação ao que originou o termo, dificultar a assimilação, principalmente do alunado dos cursos de graduação que estão em processo de formação. Por essa razão, vamos listar a seguir as atribuições dos titulares da área de pessoas. 3. AS ATRIBUIÇÕES DO (A) TITULAR DA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS E DO GESTOR DE PESSOAS O (a) titular da administração de recursos humanos, quase sempre um gerente, teve na origem (anos 70) atribuições que o tornavam responsável pelo controle das atividades que eram direcionadas a recrutamento e seleção; cargos e salários; treinamento e desenvolvimento; planos de carreira; avaliação de desempenho; benefícios sociais; saúde e segurança; e relações trabalhistas e sindicais. No final dos anos 70 e daí até a segunda metade dos anos 90, o conhecido gerente de RH tinha nas responsabilidades grande chance de fazer o seu trabalho aparecer e, com isso, aumentar o seu prestígio pessoal. Mas, note que todas as atividades eram integralmente conduzidas pela sua unidade e apenas em casos excepcionais eram transferidas a consultores, profissionais liberais ou mesmo empresas, e em nenhum momento se fazia referência a terceirizações porque o titular de RH estava sempre presente. E é certo afirmar que restava pouco tempo para o exercício de outras atribuições, embora não fossem em número que causasse alguma preocupação. Eram reuniões, poucas, é verdade; entrevistas com instrutores internos e externos para os programas de treinamento. A integração com as demais unidades era sempre uma sugestão e acontecia. O caráter sistêmico das organizações já era uma realidade palpável e realizada sem grandes dificuldades. Contudo, o mundo vinha mudando. E muito. A segunda metade dos anos 90 trazia a revolução da informação, a acirrada competição, a mundialização dos mercados, as muitas possibilidades de estruturação organizacional, com a consequente queda de importância da hierarquização, a quebra frequente de paradigmas e uma luta constante pela sobrevivência. Dutra (2002) acrescenta e dá uma excelente contribuição ao mostrar as principais mudanças que iriam gerar alterações nas organizações, não importando os seus objetivos finais. De forma sintetizada, diz o autor que as principais mudanças seriam: a) Estruturas e formas de organização do trabalho flexível e adaptável às contingências impostas pelo ambiente, gerando demanda por pessoas em processo de constante adaptação; b) Processos decisórios ágeis e focados nas exigências de mercado, necessitando de pessoas comprometidas e envolvidas com a organização; c) Velocidade para entrar e sair de mercados locais e globais, demandando pessoas atualizadas com as tendências de mercado; e d) Altíssimo grau de competitividade em padrão global, exigindo a articulação entre pessoas que tenham excepcional formação acadêmica e profissional e em contínuo processo de aprimoramento e aperfeiçoamento. E é a partir do quase final do século passado que mais expressivamente surge uma denominação que melhor viria caracterizar uma nova roupagem para RH, dando essa alternativa para equiparação de nossas organizações junto às organizações de outras sociedades, algumas consideradas de "primeiríssimo" mundo. Falamos da gestão de pessoas. 3.1. Os primeiros 100 dias Vale a pena citar Neff e Citrin (2005) que escreveram You're in charge - now what? Ou seja, você está no comando. E agora? As sugestões a seguir para os primeiros 100 dias sinalizam um novo papel do gestor de pessoas: Prepare-se para os primeiros 100 dias: aqui os autores sugerem a inevitabilidade do planejamento da unidade porque consideram os primeiros 100 dias fundamentais para que se ganhem respeitabilidade e conquista da confiança de muitos ou todos, preferencialmente. Alinhe as suas expectativas:significa, além de alinhar, ordenar expectativas checando as possibilidades de serem expectativas as que resultem positivas. Coloque seu time, sua equipe em ordem. Ajuste comportamentos e estilos individuais: considerar comportamentos, fazer ajustes e compreender os vários estilos individuais. Essa é uma sugestão que traz implicações porque demonstra ao gestor a relevância de seu pessoal, da sua equipe. Dê continuidade à proposta de Hrebiniak (2005), que diz "Não desmotive o seu pessoal, a sua equipe. No geral, as pessoas querem fazer bem o seu trabalho. Incentivos ajudam, punição nem sempre." E note que deixar que as próprias pessoas da unidade encontrem seu caminho não é uma boa alternativa. Prepare sua estratégia cuidadosamente, artesanalmente: a palavra estratégia tem uma presença muito forte, porque os autores consideram que estratégias têm de ser cuidadosamente preparadas, não podem ser entendidas apenas como pretensão e que provavelmente dará certo. O fato do gestor da área de pessoas ter seu trabalho originado de informações e dados que recolheu de outras unidades vai exigir esse cuidado, esse detalhamento no preparo de sua ação em futuro próximo. Queremos que você esteja certo de que ainda retornaremos aos cuidados estratégicos, por ser nossa grande opção para um verdadeiro gestor de pessoas. Comece a mudança cultural, se puder: a Parte II — Não precisamos registrar a máxima cautela que se deve ter com culturas organizacionais. Seria o mesmo que estarmos numa loja de cristais e, de olhos vendados, andarmos para lá e para cá sem poder quebrar nada. Ajuste-se com a chefia superior: quase sempre a chefia superior é um componente da alta administração e, considerando o papel do gestor, esse ajuste é essencial, porque o gestor de pessoas trabalha com toda a organização e a possibilidade de conflitos não pode ser excluída. Estar em consonância com a alta administração dá uma razoável tranquilidade e o trabalho fluirá de forma positiva. Comunicar sempre: seja um gestor presente, mas não deixe as pessoas dependerem de você, caso contrário, as coisas só se resolverão com a sua presença. Evite falhas (e estendemos: cuidado com o sucesso): contorne-as e as transforme em bons exemplos. Você sabe que falhas acontecem, algumas falhas podem ser contornadas, mas muitas falhas geram desconfiança e queda de prestígio. A continuidade de comportamento organizacional errático levará ao desligamento da empresa. Então, a nossa sugestão é a de constante reciclagem no campo acadêmico, ao menos. Siga o conselho de Lombardi (2005), que afirma algo bastante interessante: "Pense que você tem de pagar o preço quando vale a pena e sucesso tem um preço. Ser sempre um sucesso tem um preço: alguma inveja aqui e ali, sacrifícios, muita leitura, pensamentos constantes sobre o trabalho, não poder passar um fim de semana longe de tudo ou mesmo passar um fim de semana longe do companheiro (a)." Apesar disso tudo, é sempre bom lembrar que sucesso só vem antes de trabalho no dicionário, qualquer dicionário, até mesmo em inglês e espanhol: success and work e suceso y trabajo. No âmbito da organização, o titular da área de pessoas encontra novos processos, em face da terceirização que se transformou nos últimos 15 anos num modismo de consequências ainda não mensuradas. A área de pessoas terceirizou um número expressivo de atividades. Assim aconteceu com recepção, recrutamento, seleção, treinamento, serviço social, limpeza e restaurante. Em nossa pesquisa sobre terceirização apresentada no Capítulo 10, temos 48% das atividades típicas hoje nas mãos de terceiros. E, embora não pesquisadas, temos outras atividades, também típicas, com terceiros, a saber: avaliação de desempenho, sistemas de gerenciamento os mais variados. Em certo sentido, o gestor foi liberado de processos que tomavam muito tempo e pouco acrescentavam. De qualquer maneira, há os contatos frequentes com os terceiros. No ambiente externo, o gestor de pessoas competente é aquele que melhor entende a volatilidade do mercado. Isso mesmo, do mercado. Para incorporar o novo papel do titular da área de pessoas, é exigida boa percepção dos negócios, ou seja, da atividade-fim, qualquer que seja ela. Nos últimos 30 anos essa convivência era sugerida, mas a expectativa de participação efetiva era pequena, embora existisse com bons resultados. Na realidade, somente o próximo segmento dará a você um elenco de atribuições que vai diferenciar o gestor de pessoas do gerente de recursos humanos. Apenas colocamos a sua disposição dois relevantes aspectos, um aspecto vinculado ao ambiente interno e o vinculado ao ambiente externo. 4. O GESTOR (ESTRATÉGICO) DE PESSOAS Você notou que nesta pós-graduação, em muitos momentos, registrávamos o gestor (estratégico) de pessoas. Assim mesmo, o estratégico entre parêntesis. Em outros momentos, apontávamos uma característica mandatória a quem desejava atuar em consonância com o mundo moderno, sendo útil à sua unidade, ao mesmo tempo sendo útil à organização com contribuições de efeito global, porque incluía, também, o ambiente com suas contingências (turbulências, incertezas, reorientação do mercado são exemplos). Buscou-se durante todo momento trabalhar um dos principais pontos onde se encontra o chamado capital intelectual das organizações. Diz-se isto, pois tais conhecimentos das pessoas da organização são considerados, sem dúvida, uma vantagem competitiva (PORTER, 1990); logo, é fundamental saber onde encontrá-los. Neste sentido é Stewart (1998) quem aponta três "lugares", a saber: pessoas, estrutura e clientes. Sendo as pessoas a base, a estrutura o meio e, a relação com o cliente, o local onde o capital intelectual se transforma em valor agregado. Inclusive o autor afirma ser este último o mais mal administrado e acredita que os setores criados para tal fim, como call centers, por exemplo, são tentativas de melhorar tal administração Portanto, sendo as pessoas responsáveis diretas por tal transformação, o gestor de pessoas tem de utilizar estratégias que perpassem toda a organização, pois é um gestor das pessoas, todas da organização. Antes de listarmos as atribuições, seria interessante passar a você alguns condicionantes e competências essenciais que irão marcar a sua presença na organização: 4.1. Condicionantes atitudinal e comportamental a) Desenvolva o seu trabalho onde outros gestores não querem (HANEBERG, 2005): em outras palavras, há trabalhos que cansam as pessoas. Ou porque há algum risco em colocar o gestor numa situação delicada frente à administração superior ou porque é algo muito comum, que todo mundo faz e que poderia afetar a sua imagem. Por exemplo: caiu papel no chão e dado gestor pode achar que sua imagem será afetada se ele se abaixar e pegar o papel, colocando na lata de lixo. Sem dúvida, é um exemplo ingênuo, mas queremos passar a você a ideia do que é possível fazer para fortalecer a imagem do gestor de pessoas. Afinal, não se esqueça de que ele é o gestor de todas as pessoas da organização; b) Se o trabalho não é necessário, então não é preciso fazer o trabalho (THE RESULTS-DRIVEN1VIANAGER, 2005): deixe clara a sua atitude frente a trabalhos que não necessitam ser feitos. É comum a perda de tempo com burocracias desnecessárias que levam o nada a coisa alguma. Deixe claro que muito esforço, sacrifícios mesmo, só fazem sentido quando há algum ganho; c) Aprenda os segredos do KING (BOWLES; SILVANO e SILVANO, 2005): Know yourself. Know others; Identify the issues; Mame your team; Get goals and get going. Em bom português: Conheça você. Conheça os outros; Identifique as questões; Forme a sua equipe; e Fixe objetivos e vá em frente. Nessa posição, é essencial que você tenha controle sobre você mesmo e tenha uma equipe competente que tenha qualidades semelhantesa você; d) Penso sempre assim? (LESSER e ZBA, 2005): pergunte-se sempre quando estiver pronto para tomar decisões cruciais. Não se perguntando você poderá estar tomando decisões sempre baseadas em reflexões muito semelhantes, se não absolutamente iguais. E, com certeza, convém você refletir sobre você mesmo; e) Saiba impactar (THE RESULTS-DRIVEN MANAGER, 200$): desenvolva uma imagem positiva (lembra aquela pessoa que sempre acha que vai chover? Ou, então, aquele que acha que nada vai dar certo?). Percebendo que está em desvantagem, pense, antes de uma reunião, por exemplo, numa coisa boa. Vá aos encontros onde você pensa estar em desvantagem sempre com um sorriso. Sorriso abre portas, até mesmo nos encontros sociais. Se você vai a um encontro profissional de real significado, pare de pensar só em você, pense no encontro; f) Quando o relacionamento extrapola (RUNION, 2005): pense na sua posição funcional e pense que você estará sempre sendo observado. Diga num relacionamento mais íntimo que no trabalho é só trabalho. Não importa se o relacionamento é de natureza amorosa, mesmo que todos saibam. Na organização, somos parte dela e não podemos ter comportamentos que extrapolem os limites organizacionais. Na melhor das hipóteses, peça ajuda à pessoa com a qual você, gestor, está se relacionando; g) Lidando com pessoas difíceis (THE RESULTS-DRIVEN MANAGER, 2005): nada melhor do que enfrentar pessoas que se comportam fora dos padrões da organização. E muitas vezes é interessante que você estabeleça por escrito o que se espera daquela pessoa ou daquele grupo de pessoas. Contudo, você só deve-se valer desse "contrato" se pressentir que algo não está indo muito bem. Veja a seguir os principais itens que você pode desenvolver com uma ou mais pessoas: - Acordo: escreva num documento o que se espera de positivo e o que acontecerá se o resultado for negativo. Tudo transparente. Não haverá surpresas. - Monitorando a performance: converse sempre sobre o que está acontecendo. Ou com quem você assinou o documento ou com a equipe. Repetindo: converse sempre; - Aplicar as consequências: isso quer dizer: como há acordo escrito, dar consequência aos resultados negativos será menos doloroso. Mas não se esqueça das consequências positivas; e - Revisão do acordo: é normal fazer revisões do acordo escrito. Gestores com frequência têm dificuldades em manter seu pessoal preso aos compromissos. Mas empresas num oceano de concorrentes não podem aceitar essa dificuldade pura e simplesmente. Há que se lutar para manter os compromissos; h) Não há substituto para a vitória (KINNI e KINNI, 2005): essa deve ser a sua atitude: não há substituto para a vitória. Essa é uma frase de um líder militar dos Estados Unidos: General Douglas McArthur. Ele considerava que a vitória deve ser perseguida sempre. Lógico que entendemos que, havendo a derrota, o fundamental é entender seus porquês e aprender como fazer da próxima vez; i) Prepare-se para os eventuais cortes de pessoas (ZEISS, 2005): tenha uma atitude firme quando a direção superior determinar cortes. Exponha seus argumentos e, se vencido, tenha a atitude esperada de um profissional: siga em frente, mas tomando o corte o menos doloroso possível. Há literatura que orienta o gestor de pessoas em situações extremas como essa, a do corte de pessoas da organização; e j) Ser ético: o mundo moderno trouxe à tona comportamentos inadequados. O final do século passado e os primeiros anos deste século mostraram ao mundo fraudes e mais fraudes sempre originadas no terço superior das organizações, principalmente as lucrativas. Empresas de consultoria de renome internacional deixaram de existir ou receberam outro rótulo. Em certo momento, chegamos a considerar a existência da crise das gerências, tal o número de fraudes e os valores "estratosféricos" de cada escândalo, jamais inferiores ao milhão de dólares. Você, gestor ou futuro gestor, deve ter em mente que seu maior patrimônio é você e, por essa razão, o comportamento ético deve presidir suas ações e intenções. Ser ético e estar consciente de seu papel, que deve ser o de trabalhar na busca de resultados dentro dos mais rigorosos preceitos legais e de profundo respeito pelo próximo, qualquer que seja a sua posição na organização. Muito provavelmente você pensará em outros comportamentos, outras atitudes. Já leu ou lerá sobre essa temática. Apenas se convença da necessidade de cuidar da sua imagem quando se defrontar numa posição como a de gestor de pessoas. Saiba que você poderá ser possuidor das competências essenciais todas, mas, se não souber preservar a sua imagem como propomos, muitas dificuldades surgirão. 4.2. Ação e reação estratégica; competências Repetimos uma vez mais: Qualquer gestor pode ser um gestor de pessoas, mas somente um tem os meios necessários para se tornar um bom gestor de pessoas. E essa pessoa é o titular (ou a titular) da área de pessoas. E para se tornar um excelente gestor terá de agir estrategicamente. Sempre! O gestor de pessoas tem acesso a todas as informações de todo o corpo funcional; tem amplas condições de saber, inclusive, a origem de cada pessoa e, em seguida, dos procedimentos de recrutamento e seleção que definiram a contratação. Desnecessário dizer o que mais pode saber, pois pode saber muito mais. E insistimos: somente ele ou ela tem acesso ético à vida funcional de cada um, ao passo que os demais gestores têm acesso apenas aos seus subordinados. Mas é importante mencionar que cada gestor de qualquer área deve ser um gestor de seu pessoal, aplicando as mesmas recomendações que a literatura técnica vem apresentando nos últimos cinco anos. E entendemos que para o sucesso completo dos esforços profissionais do gestor de pessoas é imprescindível o exercício de competências a quem busca os melhores resultados: a ação estratégica. Não podemos imaginar um vitorioso gestor de pessoas sentado em sua sala e de lá disparando e-mails, telefonemas, mensagens na intranet, mesmos para os gestores das demais áreas. E apenas alguns contatos aqui e ali ou nas reuniões convencionais. Não obstante vale destacar que vivemos a denominada "Era do conhecimento". Em outras palavras, se há pouco se vivia a Era da informação, onde chegou-se a acreditar que a tecnologia "tomaria conta", ou seja, seria a responsável direta por grandes transformações, colocando o ser humano num segundo plano, como nos primórdios da administração onde se acreditava que deveria "adaptar o homem a máquina"; hoje entende-se que tal tecnologia consiste num verdadeiro instrumental para o aspecto que de fato diferencia as organizações: o conhecimento. Neste sentido, apesar de não ser uma ideia nova, não faz muito tempo que se começou a pensar na gestão do conhecimento. Modelo de gestão este que busca "favorecer ou criar condições para que a organização possa sempre utilizar a melhor informação e conhecimento disponíveis" (ALVARENGA NETO, 2008). Sendo assim, como a afirmativa sugere e a pesquisa feita pelo próprio autor confirma, que resta à organização localizar o indivíduo possuidor de tal atributo. Em outras palavras, o conhecimento adquirido por um indivíduo não tem como ser 100% transmitido a outro, de modo que cada pessoa detém uma determinada competência que serve como vantagem em sua relação com a organização. No entanto, o que entendemos por competências no mundo de hoje? Você verá mais à frente que o papel do gestor de pessoas transcende o mero contato. Na verdade, atendendo a nossas recomendações, o papel desse gestor trará ganhos excepcionais em todos os sentidos. Entretanto, convém definir estratégia e depois sugerir alternativas que fortaleçam e preencham os requisitos para o pleno exercício dessa competência essencial: ser um gestor estratégico das pessoas. Estratégia é uma somatória de planos e açõesintegradas que, considerando as frequentes variações ambientais, visa assegurar vantagens competitivas contínuas, geradoras de estímulos internos à sua estrutura social e de diferenciações excelentes de seus produtos e/ou serviços, atingindo plenamente o segmento de mercado desejado. Na verdade, a palavra estratégia tem hoje um número expressivo de definições e conceituações e a origem dessa pequena explosão está na "descoberta" por muitos que consideram que a ação estratégica, quando aplicada competentemente, produz ganhos extraordinários. É certo que agir estrategicamente não é o comportamento funcional que vai determinar o sucesso de profissionais na organização. Mas é certo que agir estrategicamente de forma inteligente é um degrau a mais na escada de acesso ao sucesso pessoal e profissional. Abrimos o tópico com uma definição e logo no parágrafo seguinte informamos que estratégia tem muitas definições. Ficamos apenas com a que iniciou o tópico, mas é bom estender um pouco mais o que concebemos por estratégia. Por exemplo, a ação estratégica exige uma relação perfeita com o ambiente externo. É essencial saber sobre o produto ou serviço, saber dos stakeholders (pessoas ou organizações que tenham algum interesse negociai) e não apenas saber qual é o mercado, ou seja, quem compra, quem recebe o serviço. É um engano buscar o ambiente externo apenas para confirmar preferências, interesses, encantos e desencantos dos consumidores/clientes. Governo, nos níveis federal, estadual e municipal, comunidades, fornecedores, candidatos a posições na organização e... clientes e consumidores. O gestor da área de pessoas poderá obter informações de como a organização conseguirá vantagens frente à concorrência, quando for o caso. Esta seria uma típica estratégia de negócio que o gestor poderá contribuir eficazmente, enquanto atua internamente. Há outras estratégias, como a produzida pela administração superior, que resultavam em políticas operacionais para determinados períodos. Nesse caso, o gestor de pessoas estará muito à vontade para prestar informações, passar dados relevantes relacionados aos talentos da organização. Não se esqueça de que o gestor de pessoas tem sempre informações sobre todo o corpo funcional e tem condições de apontar talentos ou talentos potenciais ou avaliar o possível desempenho de uma parcela do corpo funcional, eventualmente envolvida na formulação de políticas de negócio ou operacionais. Ainda assim teríamos uma clara relação com o negócio da empresa. O profissional brasileiro sabe sair de situações difíceis com alguma habilidade, melhor do que profissionais de outras nacionalidades. Na Apresentação, mencionamos o jeitinho brasileiro como algo positivo e não depreciativo. No entanto, em estratégias só se dá curso a ação de forma imediata se estiverem dentro do quadro estratégico projetado. Sempre será possível o jeitinho brasileiro, mas ainda assim será melhor agir conforme o projetado. No Brasil, as dificuldades são de toda ordem. Não estamos numa sociedade estabilizada como algumas da Europa e na América do Norte, os Estados Unidos e o Canadá. Em outras palavras, incertezas são a única certeza dos profissionais brasileiros e certamente fazem parte de nosso cotidiano. Incertezas originadas de todos os pontos do ambiente. É uma alteração em recolhimentos tributários; é uma turbulência política qualquer; é o dólar que sobe muito repentinamente ou o dólar que cai, também repentinamente; é uma medida provisória que surte efeitos quando publicada, mas que pode ser rejeitada pelo Poder Legislativo. Enfim, coisas que só acontecem num país em crescimento como o nosso. E são essas alternâncias, boas e más, que exigem de todos nós uma capacidade incrível de buscar novas soluções. Vale conhecer a posição de um renomado autor de obras no campo das estratégias. Porter (1999) diz que estratégia é "criar uma posição exclusiva e valiosa, envolvendo um diferente conjunto de atividades". Ele considera que, se houvesse apenas uma única posição ideal, não haveria necessidade de estratégias; e mais: a elaboração de estratégias não teria a característica que tem hoje, qual seja, a de servir de forte munição à empresa que deseja realmente sobreviver e ser competitiva com base em que informações será possível estabelecer a melhor estratégia. No campo das competências gerais das empresas, é vital concentrar esforços nas competências essenciais (core competentes ou key competences, em inglês), pois são as que oferecerão resultados mais relacionados aos resultados finais. Portanto, a dedicação extrema às competências todas da organização produz resultados de excelência, mas, talvez, fosse mais recomendável um foco naquilo que a empresa mais necessita para dar a dinâmica que deseja aos seus negócios. Vamos falar um pouco das estratégias específicas para o gestor (estratégico) de pessoas e onde se sentirá melhor por estar no seu campo de ação. Nos tempos atuais, os esforços direcionados a cargos e salários, planos de carreira, recrutamento, seleção, treinamento e até mesmo benefícios dependem de variáveis externas, ou seja, originadas do ambiente. A organização terá de estabelecer estratégias que conduzam a, por exemplo, contratação de talentos ou remuneração mais adequada ou mesmo oferecer planos de carreira que a concorrência não imaginou e que candidatos gostariam de cumprir na certeza de um futuro de sucesso. Abandonar essa visualização do mundo lá fora é um passo rumo à obsolescência e daí rumo a resultados nada positivos. Mas, também, é importante pensar nas pessoas da organização, ou seja, como a organização se relaciona com o seu quadro funcional. A estratégia está em conhecer como as organizações atuam frente ao seu quadro funcional e a partir daí estabelecer as linhas internas de ação. Desnecessário dizer da importância do estabelecimento de estratégias para a relação de natureza sindical. Ou com os próprios sindicatos ou centrais sindicais ou com organizações que negociem com os mesmos sindicatos. É fácil afirmar que esse cuidado com sindicatos vai propiciar mais tranquilidade na relação com o corpo funcional. Ou, pelo menos, uma ação mais consciente, mais sólida e com propensão a negociações menos sofridas. Para finalizar, é altamente salutar fazer um registro sempre endereçado à estrutura social e ao público-alvo. Falamos de Visão, Missão e Valores. Você já deve ter percebido que, quando chega a muitas organizações, depara com um quadro e essas três palavras aparecem em bom tamanho e com um texto demonstrativo das intenções e propósitos. Visão é uma posição que inclui o futuro, assim: "Ser a melhor empresa de serviços bancários, sempre prestando o melhor atendimento e buscando ser a melhor sempre." Missão tem a ver como que a organização pretende alcançar. Aqui não se trata de uma informação objetiva e sim uma afirmação de boa amplitude. Um bom exemplo seria a missão da Fundação Getúlio Vargas, uma instituição de ensino e pesquisa, onde a missão é assim expressada: "Avançar nas fronteiras do conhecimento na área das Ciências Sociais e afins, produzindo e transmitindo ideias, dados e informações, além de conservá-los e sistematizá-los, de modo a contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do país, para a melhoria dos padrões éticos nacionais, para uma governança responsável e compartilhada, e para a inserção do país no cenário internacional." Valores referem-se às muitas qualidades que a organização acredita ter. São crenças fundamentais frente a clientes e consumidores, principalmente. E são bons exemplos: respeito às pessoas da organização, ética, comprometimento, rapidez, credibilidade e integridade. 5. MODELOS DE AÇÃO ESTRATÉGICA A elaboração e a aplicação de um modelo de ação estratégica são importantes para o gestor de pessoas dar um norte à implementação dequalquer esforço que envolva a sua área, a organização, parcial ou totalmente, na tentativa de incorporar ganhos frente à concorrência. O modelo que segue é de assimilação e aplicação imediata. 1. Conhecer bem o ideário da empresa tem um significado bem mais denso do que se possa imaginar. Não é incomum encontrar profissionais mais preocupados em estabelecer a estratégia propriamente dita e aí... projetar a estratégia equivocada. Projetar estratégia com equívocos pode acarretar dificuldades as mais diversas. Então, conhecendo a missão, o ideário mesmo será um proveitoso subsidio que permitirá um bom início e um bom prognóstico da estratégia a ser projetada e o titular da área de pessoas terá, assim, condições de orientar bem a estrutura social. Sem dúvida, o gestor de pessoas é o gestor mais indicado para exercer esse tipo de atividade porque conhece todas as pessoas. 2. Saber bem as metas e objetivos de curto, médio e longo prazo da organização. Isso não quer dizer que saber as muitas metas e os tantos objetivos da organização garanta um bom plano estratégico na área de pessoas e, desse plano, a integração ao plano estratégico da organização; mas não saber o que se pretende fazer de forma objetiva é garantia de insucessos. Insistimos ao afirmar que fazer um bom plano estratégico não é montar em cima de dados, números, resultados financeiros anteriores, projeções variadas de números e mais números. Também é fazer tudo isso, mas sabendo onde a organização está e para onde quer ir, oferecendo caminhos e informando sobre os talentos que podem ser acionados em momentos cruciais. 3. Conhecer bem o ambiente e suas tendências no que interessa à organização e à sua área. O gestor de pessoas, responsável pela elaboração do seu plano estratégico dará passos importantes se considerar esse item um dos mais importantes, porque é um dos mais importantes mesmo. Veja anteriormente o que mencionamos a respeito do ambiente externo específico da área de pessoas. No Brasil, estamos repetindo uma vez mais essa observação, as turbulências ambientais são muitas. Repetindo um famoso político brasileiro, mas colocando a sua fala em nosso contexto: o ambiente externo é como uma nuvem, você olha, a nuvem está de um jeito, e você olha daqui a alguns poucos minutos, e ela estará com outro desenho. E é isso mesmo. O ambiente modifica-se com incrível facilidade, diferentemente das sociedades mais desenvolvidas, onde o caráter estável da economia torna simples o esforço de projeção das ações organizacionais. 4. Avaliar as incertezas (ameaças) e as certezas (boas oportunidades) ambientais. Embora a literatura nos últimos 30 anos venha insistindo na relação organização/ambiente, seria difícil afirmar que essa relação é cuidadosamente praticada. Há exemplos de insucesso motivados pela pouca disposição em considerar como vital essa relação. O gestor de pessoas tem de se acautelar, pois as incertezas exigem talentos para minimizá-las, desenvolvimento pessoal contínuo e um belo trabalho em equipes. Dar importância ao ambiente é vital, entender o ambiente é difícil. As incertezas e as certezas, as ameaças e as oportunidades surgem de contingências, portanto, de momentos não necessariamente esperados, imaginados. E, por isso, os envolvidos nas formulações estratégicas, incluindo o gestor de pessoas, têm de estar atentos às turbulências e a seus efeitos quase sempre danosos e, da mesma forma, às prováveis turbulências dentro do tempo a ser projetado para as estratégias. Adicionalmente é bom insistir no fato de o ambiente externo não ser composto unicamente pelos vários concorrentes. É natural, bastante mesmo, que uma primeira consideração seja feita com relação à concorrência, mas temos que concordar que entendê-la é vital para o sucesso de um plano estratégico, mas não só isso. As ameaças e oportunidades derivam, como estamos vendo, da concorrência e, também, do governo (todos os níveis), consumidores, consumidores potenciais, comunidades, investidores, acionistas e demais interessados (do inglês stakeholders). Fica claro que esse item de nosso modelo é crucial e exigirá dos envolvidos serem eles portadores de enorme bagagem de conhecimentos acadêmicos e práticos. O antigo chefe de pessoal jamais poderia imaginar que o atual gestor de pessoas tem de entender as contingências que derivam de todos os atores anteriormente mencionados. 5. Identificar as vantagens e desvantagens da organização e da sua área frente ao ambiente. Bastante semelhante à etapa anterior, na formulação, mas muito diferente na ação. Aqui os envolvidos têm de identificar as vantagens e desvantagens da empresa frente aos concorrentes, consumidores, potenciais consumidores e demais stakeholders e preparar sua ação estratégica calcada nos valores positivos e mantê-los. Ter cuidados excepcionais com as desvantagens frente ao ambiente como um todo. É bom deixar claro que as vantagens e/ou desvantagens se referem à organização e não a um aspecto particular como a área de marketing ou a área de logística ou a área financeira. Ou, então, a própria área de gestão de pessoas. O correto é identificar os quês e porquês da relação organização/ambiente. Dar preponderância a dada área só se justificará em circunstâncias especiais. No caso da área de pessoas, a preponderância se justificaria na eventualidade de crescimento expressivo do quadro ou de redução drástica do quadro funcional. Nesse caso, o outplacement deve ser realizado com a máxima qualidade, porque essa é uma função das organizações: cuidar de seu pessoal, mesmo que em processo de retirada provocada por contingências ambientais. 6. Buscar meios e modos de adaptação da organização às turbulências originadas do ambiente; incluem meios e modos das competências das pessoas da organização que poderão estar envolvidas em todos os momentos do planejamento e da ação estratégica. A questão das competências pessoais ultrapassa os limites das preocupações internas, da competência frente a programas, projetos, atividades as mais variadas e chega até as competências exigidas para a correta confrontação com as variações ambientais. É comum encontrarmos pessoas que afirmam que se consideram em condições de fazer tal ou qual atividade, mas, quando têm de estabelecer relacionamentos que envolvem vários atores externos e outras organizações, se consideram pouco capazes de abrir seus raciocínios, ou seja, têm condições de fazer análises micro e pouca facilidade para estudos macro. Em sala de aula, é muito comum ouvir estudantes relatarem suas dificuldades nesse sentido e é perceptível nas aulas de macro ou microeconomia, principalmente. Aqui o gestor de pessoas terá ação de fundamental relevância, inclusive, porque essa é uma das suas mais importantes atribuições. A identificação das competências essenciais a cada área da organização tem de ser um trabalho desenvolvido de forma interativa dele, gestor de pessoas, e a área naquele momento em ação conjunta. É certo que as competências essenciais, ou seja, aquelas mais diretamente ligadas à atividade-fim, podem com o tempo sofrer redução de ênfases ou mudança de foco e aí a área de pessoas tem de intervir e ajustar a ação das pessoas envolvidas. 7. Dar clareza à sua estratégia. Não raras vezes nos defrontamos com projeções estratégicas elaboradas em textos quase que dirigidos a uns poucos, resultando daí entendimentos errôneos ou ausência de melhor entendimento. O correto é ser humilde, ou seja, mesmo podendo elaborar textos numa linguagem rebuscada, com muitos termos em inglês ou em outro idioma de algum domínio das pessoas da organização, registre as suas proposições de natureza estratégica numa linguagem simples e de fácil compreensão. Ser claro deriva do ser humilde. E todo gestor de pessoas deve estar consciente desse seu papel. 8. Ter clareza de forma fundamentadade cada área estratégica da organização e dar clareza à área de gestão de pessoas. Essa é uma evidente extensão do item anterior, mas vale pelo reforço que desejamos dar a nossa firme sugestão no sentido de tornar simples, sem ser simplório, as muitas proposições de cunho estratégico na área de pessoas. Fundamentar é essencial, ou seja, é mandatório. Já não é mais possível ter textos não fundamentados, calcados em famosos "eu acho que", "eu penso que". Gente competente justifica, junta dados, traz exemplos e argumenta, argumenta e argumenta. Assim tem de ser, principalmente, nas formulações estratégicas que, se bem planejadas e implementadas, garantem a excelência da área de pessoas e, por consequência, da atividade-fim. 9. Compatibilizar a sua área estratégica com os negócios da organização. Você pode imaginar que estamos cometendo algum erro ao apresentar este item, pois é claro que a estratégia da área de pessoas tem de estar relacionada com os negócios da organização. Mas ocorre que muitas vezes o entusiasmo, a vontade forte, as consideradas evidentes e as oportunidades fazem com que o formulador ou os formuladores acabem por produzir um documento que não é compatível com essa ou aquela área estratégica. E mais: quando as estratégias ocorrem em organizações corporativas, os cuidados têm de ser ainda maiores. Nesse caso, os negócios da empresa são, na realidade, negócios das empresas que, juntas, formam a corporação. Daí a forte recomendação nessa etapa de a compatibilidade ser uma presença na mente das pessoas envolvidas na formulação do documento que apresentará a quem de direito. 10. Formular a estratégia da sua área. Sabemos todos que a estratégia resulta de um somatório de ações integradas para assegurar uma vantagem competitiva e que esse somatório tem de ter sustentabilidade. Essa tem sido à nossa maneira de apresentar e desenvolver o modelo. Formular estratégia (s) implica atender corretamente às etapas todas de nosso modelo. Vale para a área de pessoas, que é a única que tem de estar presente em formulações estratégicas globais, porque trata do ativo mais importante: as pessoas. Faça como sugere Kim (2005), que diz que: "red ocean é o que existe hoje, palpável, que você pode sentir e trabalhar sabendo o que está acontecendo e blue ocean 'mostra' o que não existe hoje". Blue ocean não tem mercado, concorrentes, nem há demandas visíveis, nem mesmo perceptíveis e blue ocean pode ser criado a partir do red ocean. Isso significa dizer que você, gestor de pessoas, poderá formular estratégias em sua área e depois conformá-las com as estratégias da organização partindo de coisas reais (red ocean) e entrando no blue ocean, onde reside o desconhecido e de onde podem sair magistrais esforços estratégicos. Criatividade e inovação podem derivar dessa concepção de red e blue ocean. Formular implica discutir, compreender, convencer, argumentar, perder e ganhar batalhas rumo à melhor estratégia e não implica apenas sentar e digitar um texto bem escrito. É bom dizer que formular a (s) estratégia (s) inadequada (s) e conseguir aprová-la (s) é o mais perigoso passo no sentido da falência dos negócios. O profissional jovem, principalmente em função executiva, tem uma característica muito boa, mas que pode trazer algum prejuízo. Referimo-nos à impetuosidade, coragem, agressividade (funcional, é claro) geradoras quase sempre de excelentes resultados, mas nem sempre. Isso justifica nossa sugestão de nesse momento colocar-se o ímpeto de lado e agir de maneira corajosa, mas cautelosa. É bom pensar em red e blue oceans, mas com as cautelas nem sempre presentes nos mais jovens. 11. Sensibilizar e ganhar aceitação da estratégia da sua área. Você deve estar pensando: mas qualquer proposta deve levar o seu idealizador a sensibilizar pessoas, buscando a concordância, e isso inclui propostas de estratégias das organizações. O que desejamos é fazer esse registro como um reforço a mais no sentido de ver chegar a bons resultados um esforço de natureza técnica e que é um esforço que demandará algum tempo. Estabelecer estratégias corretas que conduzem a vantagens competitivas e, em seguida, à excelência nos negócios exige dos formuladores ações típicas de negociadores, só que os negociadores vão se sentar à mesa de outras pessoas da mesmíssima organização. Mas cremos que estamos sendo entendidos. Sensibilizar é mostrar com clareza os objetivos a serem alcançados, a natureza do esforço, o que será exigido de cada um. Sensibilizar é quebrar eventuais discordâncias que permaneceram após a formulação de toda a ação estratégica e sensibilizar é, em outras palavras, buscar aceitação consciente e não porque as pessoas foram convencidas a aceitar. É, sobretudo, um esforço político que vai envolver, além da competência técnica, muita habilidade. É também o uso da imaginação que pode ser um recurso artístico, mas de muita emoção (DAVIS; MCINTOSHI, 2005) e essencial em processos de sensibilização e negociação. Temos convicção de que falamos diretamente ao gestor de pessoas, que de todo o corpo de gestores é aquele que, em princípio, tem condições plenas de realizar um excelente trabalho de sensibilização, em face da sua formação e da área que escolheu para trabalhar. 12. Comunicar à estrutura social. Há organizações em que persiste a disposição de muitos dirigentes em transmitir a toda estrutura social as decisões superiores como, por exemplo, ações e decisões de cunho estratégico. Há organizações onde essa consideração sequer é mencionada. Nas organizações mais abertas, a comunicação deve ser feita de forma a atingir toda a estrutura e com a utilização das linguagens adequadas, variando na mesma medida que variam os níveis funcionais. Em itens anteriores, pedimos que a linguagem seja sempre de acordo com as pessoas envolvidas e aqui, logicamente, insistimos uma vez mais no uso adequado de termos e mesmo, eventualmente, de textos que sejam distribuídos como, por exemplo, os comunicados, jornal interno e avisos afixados em refeitórios, salas de convivência, associações de funcionários e assim em diante. O gestor de pessoas tem grande possibilidade de dar suporte aos procedimentos de comunicação interna, em face da sua formação, principalmente, e porque tem acesso mais direto ao cotidiano da área de comunicações, ou, melhor, quando da inexistência de uma unidade específica para comunicação, essa responsabilidade para ele ou ela, gestor de pessoas. Nossa intenção é deixar à sua disposição um modelo que possa ser aplicado não na sua totalidade, mas que seja um modelo ajustável às circunstâncias da área de pessoas e da organização. Um modelo que, à semelhança de tantos outros modelos, sirva como um norte para dinâmicas de toda natureza. A estratégia é um instrumento forte no cotidiano e vital para uma presença diferenciada no mercado. E mais: decisiva nos processos de luta por vantagens competitivas e crescentes. Enfatizando o que dissemos no início deste tópico: esse é um modelo simples que pode ser implementado com alguma facilidade. E, com certeza, com resultados positivos. O Quadro 14.2 mostra mais objetivamente um modelo direcionado à integração estratégica, que é, afinal, a razão de ser da ação estratégica. Serve para complementar o quadro reforçando alguns pontos mencionados anteriormente e dentro deste mesmo tópico. O gestor tem de ter intimidade com os negócios ou com as atividades fins da organização, porque o seu território é toda a organização, já que lá está todo o corpo funcional que ele conhece bem e tem condições, dentro de suas atribuições, de orientar. Essa conscientização é indispensável, sob pena de se tornar apenas um gestor de pessoas. Insistimos que a diferença entre gestores de pessoas estará na vocação ou na disposição de um se integrar ao todo organizacional e participar das movimentaçõesestratégicas, levando consigo demais profissionais de talento da sua área. Tudo isso nos leva ao próximo componente que é a própria gestão de pessoas, que tem de ser estratégica e, portanto, integrada com as demais áreas da organização, reafirmando nossa posição já manifestada em outros momentos que, também, consideramos irreversível, qual seja, a absoluta integração da área com as demais áreas da organização. Isso inclui não somente o gestor, mas também os demais talentos que têm de passar por treinamentos que os capacitem a atuar de forma estratégica, tal qual o gestor, mas em seu posicionamento na estrutura organizacional. A introdução de planejamentos em longo prazo se deve ao caráter indispensável de uma visão a mais ampla possível das certezas e incertezas provocadas por alterações ambientais de toda ordem. A ênfase na mensuração da eficiência e eficácia se justifica porque o propósito é envolver o mais possível o grupo nas questões de negócio ou estreitamente relacionadas com as atividades fins. Note que essa alternativa de cunho estratégico tem por origem a pouca afinidade histórica de áreas consideradas meio (como a área de pessoas) com as atividades fins. Na verdade, essa dicotomia de meios e fins fez muito sentido nas primeiras três décadas do século passado, quando Willoughby, sugeriu a existência de ambas as atividades. O tempo passou e muitos ainda se referem à dicotomia, convencidos de que nada mudou de quase 100 anos para os nossos dias. O alto nível de envolvimento das pessoas como parte das atribuições na gestão de pessoas é uma marca desta obra. A obrigatoriedade da ação estratégica como imprescindível traz, naturalmente, esse envolvimento, e a questão das competências está inextricavelmente conectada com tal envolvimento. Competência modernamente entendida como um conjunto de atribuições que agreguem valor à organização, via internalização, integração, transferência de conhecimentos, com também assimilação de novas habilidades que sejam altamente relevantes para a organização. O que não se deseja é a internalização de conhecimentos ou incorporação de experiências que pouco influem nos muitos processos, principalmente os processos críticos e que nem mesmo justifiquem a sua disseminação no plano interno. Em outras palavras: não é participar de programas de treinamento que nada acrescentem ou que só acrescentem conhecimentos pouco significativos para a organização. Você leu não só nesta obra, mas em outras de abordagem semelhante, a existência das competências essenciais. Nesta Unidade, fizemos menção às competências essenciais e vamos explicitar um pouco mais. Competências essenciais são aquelas que apontamos nos modelos de ação estratégica e no de integração estratégica, como são exemplos: ser competente no entendimento da sua cultura organizacional, da distribuição de poder e na identificação das muitas lideranças e suas variações; é ser competente no conhecimento das muitas alternativas de estruturação e dinâmica da organização; é ser competente no relacionamento interpessoal e saber equacionar e promover resultados na solução de conflitos de natureza organizacional ou, mesmo eventualmente, de natureza pessoal; e, finalmente, é dar consequências positivas às contingências originadas do ambiente e com fortes conexões com a concorrência, com clientes e consumidores e stakeholders (são pessoas ou organizações que tenham algum interesse negocial). Para fechar, as competências essenciais incorporadas por parte representativa do quadro funcional diferem das outras competências, porque agregam algum valor de real significado e, consequentemente, oferecem condições de crescimento e fortalecimento da organização. Por fim, no modelo da integração estratégica, temos os ambientes interno e externo, já mencionados, mas com novas indicações ainda não registradas nas muitas páginas anteriores. O importante aqui é a busca sistemática dos impactos como parte integrante dos processos de tomada de decisão, visando a sua formulação de natureza estratégica. E as questões de prazo longo conectadas ao negócio ou à atividade-fim da organização devem ser tratadas via integração de bases de dados na empresa ou corporação e, logicamente, das pessoas da organização. Apontamos um segundo modelo de ação estratégica que tem semelhanças com o modelo anteriormente apresentado e, portanto, como um reforço às nossas propostas de instalação definitiva de um gestor que se envolva de forma plena com as unidades superiores, formando assim o grupamento ideal para planejamento e execução de estratégias que visem à excelência organizacional. Deixamos a indicação de uma obra interessante que fala extensivamente sobre estratégias em negócios. O livro escrito por Hagstrom (2005) discorre sobre Warren Buffett, que fala ampla e francamente sobre seu sucesso e, provavelmente, vai ajudar você a entender o porquê das empresas em estar sempre voltadas para o negócio, mas sem desprezar as unidades que oferecem apenas suporte para que as demais unidades alcancem resultados quantificáveis. 6. ENFIM... A transformação da administração de pessoal para a gerência de recursos humanos é facilmente explicada por praticantes e estudiosos. Foi a chamada "mudança da água para vinho". A administração de pessoal era marcadamente jurídico-trabalhista, tanto que, na maioria das organizações, era chefiada por pessoas com formação em direito. No entanto, a transformação da área de recursos humanos para a gestão por pessoas não foi nem facilmente será explicável, porque não há um traço marcante, um divisor de águas bem visível, embora seja possível perceber que há uma mudança em andamento. Nas gerências de recursos humanos, não tínhamos uma clara preocupação com o todo organizacional, e na prática e nos livros sobre gestão de pessoas existem propostas de um envolvimento maior da área e assim teríamos algo separando RH da gestão de pessoas. É tão verdade que não há um claro divisor, que é possível encontrar muitas organizações com a nomenclatura gerência de recursos humanos e a função sendo a de gestão de pessoas. Ou seja, há um propósito claro de envolvimento bem maior com as demais unidades da organização. É no ambiente que serão encontrados novos padrões, novas técnicas e mesmo teorizações que serão incorporados ou ao menos testados ao longo de certo tempo. Em outras palavras, tudo isso significa dizer que consideramos como inexorável o gestor de pessoas atuar de forma estratégica, qualquer que seja a sua abordagem. Ou atuando para dentro da sua unidade, ou atuando de forma integrada com uma ou mais unidades. Demonstramos ao longo de todos as Unidade, que trabalhamos no sentido de fortalecer a área objeto de nosso estudo e esse fortalecimento pode ser medido pela nossa insistência em ter o gestor de pessoas atuando de forma integralmente estratégica. Simples procedimentos de recrutamento devem obedecer a algum aspecto estratégico. Nada pode iniciar e terminar nas gavetas da unidade nem nas trocas de e- mails apenas entre o pessoal da unidade. Algo mais tem de ser feito e isso implica voos estratégicos. Ademais, estratégias foi o caminho encontrado com todas as suas implicações que exigem pleno envolvimento e pleno exercício das competências exigidas para que você agora ou num futuro próximo seja o mais valioso gestor (estratégico) de pessoas. Contudo, as oportunidades no campo teórico ainda estão largamente dependentes das contingências ambientais. Haja vista a crise mundial que alcançou em setembro de 2008 uma quantidade extraordinária de países. Após essa crise, certamente, as teorias, práticas, planos, projetos já estabelecidos e conhecidos, serão, nos próximos anos, drasticamente reavaliados e, por algum tempo, teremos uma gestão essencialmente contingencial e aí é o talento que vai determinar os passos seguintes.O talento, sim, mas com uma forte dosagem de conhecimentos universais, planetários melhor dizendo. Podemos afirmar com segurança que crises têm ao menos um mérito, qual seja o de deixar patentes, visíveis, os reais talentos das empresas. 7. IMPRESCINDÍVEL SABER Diante das constantes mudanças: sociais, políticas e culturais em todo o mundo, é natural a necessidade de adaptação também constante nos contextos organizacionais. Contudo, tais mudanças, quase sempre, ocasionam conflitos. Conflitos estes, em sua maioria, resultantes do uso inadequado da comunicação. E é aí que entra a nova visão do gestor de pessoas, uma pessoa capaz de promover a comunicação eficaz dentro da organização. Pode parecer fácil, mas tenha certeza de que não é. Aliás, a comunicação é um dos grandes desafios de uma organização, e o uso impreciso pode trazer danos irreparáveis. Assim, buscar uma comunicação eficaz disseminada e inserida é um dos grandes desafios do gestor de pessoas. Neste sentido, quem diria que um simples "aprender a ouvir" seria tão importante para o futuro de uma organização? Como os leitores certamente perceberam, este é um capítulo que se torna uma espécie de envoltório de todo o livro e esse é o propósito no sentido de prover o estudioso ou mesmo o gestor de pessoas não somente de um instrumental de trabalho, mas, também, permitindo reflexões diárias sobre as ações a serem desenvolvidas junto às demais pessoas que compõem a já conhecida estrutura social. Desde a 23 edição até os dias atuais percebemos um extraordinário incremento nos compromissos que o gestor tende a assumir, como, por exemplo, desenvolver esforços no sentido da retenção de talentos, antes apenas um desejo até mesmo de somente algumas empresas, e agora esta 33º edição (2014) afirma que muitos esforços têm de ser aplicados para reter o bom profissional. Na realidade, empresas de outros países têm interesses nos (as) nossos (as) profissionais (para que não haja dúvidas) muito mais agora do que em anos passados. Portanto, não entenda que essa procura é semelhante à de anos passados. Daí ser fundamental que tais profissionais ampliem seus interesses em todo e qualquer aspecto das organizações. Ser um bom profissional não é saber muito sobre uma determinada área. Não tem de ser um conhecedor profundo, mas deve-se saber do que se está falando a tal e qual público. Repetimos o que já está na 23 edição: ser um estrategista, saber conectar pontos, amarrar proposições, saber envolver com competência e ser absolutamente claro em seus propósitos. Nada de ser um make believe, ou seja, fazer de conta que acredita no que está falando, propondo. Enfim, ser real SEMPRE. 8. QUIK CASE A proposta era muito simples. Dar uma nova nomenclatura à unidade que tratava dos recursos humanos da empresa. E, então, o gerente de RH foi conversar com o diretor administrativo que comanda RH e outras unidades, tais como logística e tecnologia da informação, e sugeriu: gestão estratégica de pessoas. O diretor foi receptivo à ideia, só não via qual a vantagem na troca de rótulos. Pelo que o gerente falara, o diretor entendia que não havia nada que justificasse a troca de nomenclatura, a não ser apenas a vontade de mudar. O gerente pensa que foi claro na proposição, acha que detalhou a "nova" unidade, mas percebeu que o diretor não "comprara" totalmente a ideia. Mas ouviu a promessa de voltar ao assunto dali alguns dias. E foi o que aconteceu. O diretor voltou ao assunto e disse não. O gerente ficou negativamente impactado e começou a articular uma nova argumentação que fizesse o seu diretor entender os porquês da mudança de rótulos. E que não era apenas a sua vontade pessoal. Como seria, então, essa argumentação que convenceria o diretor e demais diretores? 9. ESTUDO DE CASO A chegada de José Antônio, novo diretor, trouxe uma nova nomenclatura para a agora ex-diretoria de Recursos Humanos: Diretoria de Talentos. A expectativa era grande e por várias razões: a empresa da área da tecnologia da informação vinha crescendo e acabava de fechar dois contratos com duas grandes empresas. A necessidade de contratação de profissionais de TI era imediata e essa foi a razão principal para a contratação do novo diretor. E, de fato, poucos dias depois, uma nova profissional é contratada não para Gestor de Pessoas seu Envolvimento Pleno nas Transformações Estruturais e nas Estratégias da Organização 399 a ex-gerência de recursos humanos, mas para a nova unidade denominada Gestão de Pessoas. Martha Tomar, já no primeiro dia, pede uma reunião com as demais chefias. Fala de sua experiência anterior, sempre em grandes empresas, fala de seus planos e deixa claro que a empresa entra numa nova trajetória à semelhança das grandes empresas norte-americanas: valorização do corpo funcional, programação dinâmica em treinamento e desenvolvimento e processo de recrutamento e seleção moderno. Pede auxílio de todos e termina dizendo que a porta de sua sala estará sempre aberta para que todos possam chegar e entrar. E que só sai da sala em situações especiais. Entendia que a sua sala era o melhor local da empresa. Ali estaria ao longo de cada dia. André Monteiro é o titular de T&D (treinamento e desenvolvimento) e, após a frustração de não ser o escolhido para o cargo de gestor de pessoas, firmara o compromisso público de dar todo o apoio necessário à gestora. Entretanto, chegou a manifestar a sua decepção com relação às palavras da sua nova chefe. Falou o que todo mundo fala, ou seja, não disse nada de novo. Apregoava a sua insatisfação pelos cantos da empresa. Isso foi entendido pela titular de R&S (recrutamento e seleção) como dor de cotovelo por não ter sido escolhido o novo titular da área de pessoas. Menos de um mês depois, a população funcional é abalada com a demissão de André e junto com ele Toninho Montes, seu substituto eventual e algumas outras pessoas de T&D. Nova reunião com a nova gestora e não há menção da demissão de André até que alguém pergunta e "ouve" o silêncio como resposta. Outro mês passa e a gestão de pessoas entra em ritmo normal. E a nova gestora de pessoas cumpriu o prometido, mal saía da sala e preferia que os demais gestores viessem conversar com ela sobre programas de treinamento, planos de carreira, cargos e salários e recrutamento e seleção. E combinou um encontro mensal em sua sala de reuniões com os demais gestores. Numa das reuniões, Juliana, gestora financeira, perguntou por que não recebia uma visita dela, gestora, já que assim conheceria ao menos a área física de finanças. Ela sorriu, disse que faria uma visita, mas tinha essa norma de raramente sair da sala. Assim, poderia dar apoio permanente à turma dela A conversa continua e a gestora financeira começa a fazer comentários específicos da sua área. Fala do acompanhamento orçamentário, da próxima visita dos auditores independentes, de alguma dificuldade em convencer algumas unidades no sentido da obediência ao cronograma aprovado. Nesse ponto foi interrompida pela gestora, que disse não ser especialista em finanças e que estava entendendo alguma coisa, mas não muito. E a conversa termina aí. Meses depois, José Antônio, diretor de talentos, marca uma reunião com todos os gestores. E informa que não há uma agenda a ser tratada e estipula um horário pequeno. Todos comparecem e o diretor faz uma preleção inicial e passa a palavra à gestora de pessoas, que faz um longo relato desde seu ingresso até aquele momento. Em seguida, pela ordem alfabética pede a participação dos gestores. Os comentários são semelhantes, elogiosos até, e há apenas alguns reparos. Por exemplo, alguns manifestaram estranheza com a súbita demissão de André Monteiro e outros de T&D que vinham atuando de forma a não comprometer a área. Depois, as demissões ocorreram de forma abrupta, pois nem mesmo os gestores tiveraminformações, embora fosse um assunto só da área dela. A gestora se defendia tranquilamente, dizendo que cada área era cada área e não via motivos para maiores comentários. "Todos sabem que não me envolvo em área alguma, respeito o trabalho de cada gestor. Sou assim há muitos anos e por onde passei acredito que deixei boas recordações. Vocês devem ter notado que na nossa reunião de planejamento eu ouvi todos falarem e na minha vez dei o meu recado. Nada comentei sobre as outras áreas porque me especializei em recursos humanos, digo, gestão de pessoas." Na manhã seguinte, a gestora foi conversar com seu diretor José Antônio e disse que ela poderia muito, mas não poderia tudo. E isso significa dizer que ela se sente confortável na área de sua especialização e é assim que tem de ser. O que ela não poderia ser é quase que uma gerenciadora de informações, o que a obrigaria a ter informações de todas as áreas. O diretor concordou e falou que era natural que os demais gestores agissem da maneira que estavam agindo. "Não se esqueça de que você é muito nova em idade e nova aqui na empresa e isso causa uns ciuminhos." Contudo, dois meses depois, o diretor de talentos resolveu contratar uma consultora, Bete Nunes, que tinha muito boa experiência profissional, boa formação acadêmica e dois cursos em nível de pós-graduação em gestão estratégica de pessoas. E seu compromisso seria prestar consultoria à gestora de pessoas, visando a uma atuação de forma estratégica. Difícil imaginar o grau de relacionamento entre a gestora de pessoas e a consultora. Você (e seu grupo, se for o caso) deve comentar o caso, considerando o último parágrafo e falando exaustivamente sobre a nova gestora e a contratação da consultora de gestão estratégica de pessoas. Nota: este caso é hipotético; qualquer semelhança com pessoas, empresas etc. será mera coincidência. 10. BIBLIOGRAFIA 1. 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