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PÓS- GRADUAÇÃO LATO SENSU TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO SUMÁRIO UNIDADE 4 ....................................................................................... TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO (T&D) ....................... 1. PRELIMINARES ........................................................................... 2. DEFINIÇÕES E CONCEITOS ...................................................... 3. APLICAÇÃO DE T&D .................................................................. 4. FINALIDADES .............................................................................. 5. EVOLUÇÃO DE T&D ................................................................... 6. VANTAGENS NA APLICAÇÃO ................................................. 7. LIMITAÇÕES NA APLICAÇÃO.................................................. 8. ETAPAS DO PROCESSO DE T&D.............................................. 9. T&D: ONTEM, HOJE E TENDÊNCIAS ...................................... 10. ENFIM... ....................................................................................... 11. IMPRESCINDÍVEL SABER ....................................................... 12. BIBLIOGRAFIA .......................................................................... file:///F:/PÓS-GRAD%20-%20TODAS/FAZENDO%20AS%20POS-GRADUAÇOES/MBA%20em%20gestão%20de%20pessoas%20e%20RH/Módulo%20I/Mod.%20I%20-%204.%20Treinamento%20e%20desenvolvimento.doc%23_Toc456290720 file:///F:/PÓS-GRAD%20-%20TODAS/FAZENDO%20AS%20POS-GRADUAÇOES/MBA%20em%20gestão%20de%20pessoas%20e%20RH/Módulo%20I/Mod.%20I%20-%204.%20Treinamento%20e%20desenvolvimento.doc%23_Toc456290721 file:///F:/PÓS-GRAD%20-%20TODAS/FAZENDO%20AS%20POS-GRADUAÇOES/MBA%20em%20gestão%20de%20pessoas%20e%20RH/Módulo%20I/Mod.%20I%20-%204.%20Treinamento%20e%20desenvolvimento.doc%23_Toc456290722 file:///F:/PÓS-GRAD%20-%20TODAS/FAZENDO%20AS%20POS-GRADUAÇOES/MBA%20em%20gestão%20de%20pessoas%20e%20RH/Módulo%20I/Mod.%20I%20-%204.%20Treinamento%20e%20desenvolvimento.doc%23_Toc456290723 file:///F:/PÓS-GRAD%20-%20TODAS/FAZENDO%20AS%20POS-GRADUAÇOES/MBA%20em%20gestão%20de%20pessoas%20e%20RH/Módulo%20I/Mod.%20I%20-%204.%20Treinamento%20e%20desenvolvimento.doc%23_Toc456290724 file:///F:/PÓS-GRAD%20-%20TODAS/FAZENDO%20AS%20POS-GRADUAÇOES/MBA%20em%20gestão%20de%20pessoas%20e%20RH/Módulo%20I/Mod.%20I%20-%204.%20Treinamento%20e%20desenvolvimento.doc%23_Toc456290725 file:///F:/PÓS-GRAD%20-%20TODAS/FAZENDO%20AS%20POS-GRADUAÇOES/MBA%20em%20gestão%20de%20pessoas%20e%20RH/Módulo%20I/Mod.%20I%20-%204.%20Treinamento%20e%20desenvolvimento.doc%23_Toc456290726 file:///F:/PÓS-GRAD%20-%20TODAS/FAZENDO%20AS%20POS-GRADUAÇOES/MBA%20em%20gestão%20de%20pessoas%20e%20RH/Módulo%20I/Mod.%20I%20-%204.%20Treinamento%20e%20desenvolvimento.doc%23_Toc456290727 file:///F:/PÓS-GRAD%20-%20TODAS/FAZENDO%20AS%20POS-GRADUAÇOES/MBA%20em%20gestão%20de%20pessoas%20e%20RH/Módulo%20I/Mod.%20I%20-%204.%20Treinamento%20e%20desenvolvimento.doc%23_Toc456290728 file:///F:/PÓS-GRAD%20-%20TODAS/FAZENDO%20AS%20POS-GRADUAÇOES/MBA%20em%20gestão%20de%20pessoas%20e%20RH/Módulo%20I/Mod.%20I%20-%204.%20Treinamento%20e%20desenvolvimento.doc%23_Toc456290729 file:///F:/PÓS-GRAD%20-%20TODAS/FAZENDO%20AS%20POS-GRADUAÇOES/MBA%20em%20gestão%20de%20pessoas%20e%20RH/Módulo%20I/Mod.%20I%20-%204.%20Treinamento%20e%20desenvolvimento.doc%23_Toc456290730 file:///F:/PÓS-GRAD%20-%20TODAS/FAZENDO%20AS%20POS-GRADUAÇOES/MBA%20em%20gestão%20de%20pessoas%20e%20RH/Módulo%20I/Mod.%20I%20-%204.%20Treinamento%20e%20desenvolvimento.doc%23_Toc456290731 file:///F:/PÓS-GRAD%20-%20TODAS/FAZENDO%20AS%20POS-GRADUAÇOES/MBA%20em%20gestão%20de%20pessoas%20e%20RH/Módulo%20I/Mod.%20I%20-%204.%20Treinamento%20e%20desenvolvimento.doc%23_Toc456290732 file:///F:/PÓS-GRAD%20-%20TODAS/FAZENDO%20AS%20POS-GRADUAÇOES/MBA%20em%20gestão%20de%20pessoas%20e%20RH/Módulo%20I/Mod.%20I%20-%204.%20Treinamento%20e%20desenvolvimento.doc%23_Toc456290733 UNIDADE 4 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO (T&D) 1. PRELIMINARES Seguindo a nova filosofia de administrar com pessoas, vale refletir como o treinamento e o desenvolvimento estão inseridos nesses novos tempos de competição diária pelo melhor posicionamento possível no mercado. Certamente, se estivéssemos tratando deste assunto há algum tempo, a palavra treinar, por si só, já nos daria ideia de todo o processo e a palavra desenvolvimento seria tão somente um reforço à proposta de treinamento. Contudo, nos dias de hoje, o uso destas palavras já não significa sucesso expressivo. Na verdade, a mentalidade de nossos gestores é que necessita ser mudada, dando uma nova e dramática dimensão a T&D. Observe que a mudança de mentalidade à qual nos referimos é, provavelmente, o maior obstáculo que encontramos ao executarmos o treinamento e desenvolvimento de pessoas nas organizações, visto que o fator humano é fundamental para a execução de qualquer atividade dentro da empresa. Esse fato explica o porquê de as empresas de hoje buscarem pessoas ousadas, ágeis, empreendedoras e dispostas a assumir riscos. E isto vale para as pessoas aprendizes de novas circunstâncias profissionais e para as que assumem o papel de educadores organizacionais. Ousar, agir, empreender e assumir riscos são palavras que inexistem em obras anteriores aos anos 90, com certeza. A razão disso é o mundialismo dos negócios, a gigantesca concorrência e a busca (e manutenção) incessantes de novos clientes e consumidores que não permitem ações amadoras que, com frequência, levam empresas "ladeira abaixo". Ademais, a velocidade exigida hoje não é a mesma de tempos passados. Noutro dia, ouvimos um gestor dizer a um profissional da área de tecnologia da informação, ao ser informado de que o programa que ele pediu iria demandar um mês para ficar pronto: "Sinto muito, o prazo de 30 dias acabou no mundo todo." Agora me diga: qual o novo prazo? Talvez o nosso gestor tenha exagerado um pouco, não muito, é verdade. Ousadia e agilidade fazem parte do que é desejado e necessário nas empresas brasileiras. E ousadia, agilidade e ações empreendedoras também, você aperfeiçoa ao enfrentar programas desafiadores de crescimento profissional. Complementado, podemos afirmar que "o investimento em treinamento visando desenvolver profissionais especializados e valorizados ainda é a melhor solução neste processo de transformações" (SHINYASHIKI, 1998). As transformações que comentamos anteriormente incluem o nosso mais perfeito entendimento com relação ao que vem acontecendo nos últimos dez, quinze anos e o que podemos projetar para os próximos tempos. Lógico que projetar o futuro dos negócios no mundo é muito fácil e simples. Difícil é estar preparado para os acontecimentos reais no médio e longo prazo. É essa a função de T&D nas organizações e a nossa função é trabalhar o texto que permita a você, profissional ou futuro profissional em função executiva, empreendedora, de consultoria ou no comando de algum negócio, entender mais adequadamente a complexidade de uma das mais importantes funções da gestão de pessoas. Para começar vamos ver conceitos e razões para sua aplicação. Os demais itens são igualmente importantes, mas esses dois com que iniciamos T&D são fundamentais em todo o processo de gestão de pessoas. Contudo, é bom tranquilizar você. Fique calmo porque o tópico é necessariamente longo em função da importância já mencionada anteriormente. 2. DEFINIÇÕES E CONCEITOS A área responsável pelas atividades de treinamento e desenvolvimento, mais conhecida como T&D (você já percebeu que trata-se de uma sigla que significa, logicamente, Treinamento e Desenvolvimento, sendo hoje bastante conhecida no mundo da administração), foi criada com o intuito de que as pessoas da organização pudessem ser mais bem capacitadas a ocupar determinadas posições na organização e/ou desenvolver seu potencial na posição ocupada. Note que T&D pode enfatizartanto a tarefa quanto a pessoa que vai executá-la, buscando um aprendizado ou aprimoramento como resultado final. Entretanto, ao ser levantado o questionamento do que vem a ser treinar e desenvolver pessoas, muito provavelmente, alguns vão ser colocados numa posição bastante cômoda dizendo que estas palavras são suficientemente claras e não necessitam de nenhuma ajuda auxiliar. Enquanto isso, outros confessarão a dificuldade em defini-las. Será que sabemos realmente do que estamos tratando? Caso a resposta seja sim, talvez não custe arrumar nossos pensamentos; ao contrário, nunca é tarde para aprender. Há um fato importante que vale ser destacado antes de começarmos a conceituar treinamento e desenvolvimento com o propósito de facilitar o entendimento da presente temática. Note que estamos falando do que esperamos ao aplicar um programa de T&D. Essa preocupação é percebida por meio da educação gradual voltada tanto para a pessoa ou equipe de participantes do processo, quanto para o próprio processo, visando a resultados finais excepcionais. Logo, devemos prosseguir a leitura pensando sempre no crescimento, não só de pessoas ou equipes, mas também dos processos e, por consequência, da organização como um todo. Começando pelo treinamento, vale destacarmos o conceito oferecido por Barreto (1995), que sugere ser este (o treinamento) "a educação profissional que visa adaptar o homem ao trabalho em determinada empresa, preparando-o adequadamente para o exercício de um cargo, podendo ser aplicado a todos os níveis ou setores da empresa". É interessante notar que o autor comenta acerca da adaptação do homem à máquina, isto é, a organização. Será que esta visão não tem alguma semelhança com as ideias de Frederick Winslow Taylor e seguidores na abordagem clássica da administração? Pense nisso e pense também que Barreto não foi muito feliz ao elaborar tal conceituação porque leva em consideração apenas uma dimensão, a do interesse exclusivo das organizações. Retomaremos esta conceituação mais à frente. Um posicionamento interessante e um pouco mais abrangente e mais atual é dado por Milkovich e Boudreau (2000), que consideram o "treinamento um processo sistemático para promover a aquisição de habilidades, regras, conceitos ou atitudes que resultem em uma melhoria da adequação entre as características dos empregados e as exigências dos papéis funcionais". Em suma, os autores acreditam que este processo traz benefícios não só à empresa, como também às pessoas, à medida que estas adquirem habilidades, conceitos e atitudes novas. Desta forma, eles defendem que um dos objetivos é o mesmo de Barreto, no entanto, acrescentam que na busca deste as pessoas também ganham, ou seja, o treinamento deve promover ganhos para ambos: organização e profissional. Juntamente com os autores acreditamos que a reunião de vontades trará os melhores resultados possíveis em benefício de todos nós consumidores, clientes e, principalmente, contribuintes. S. Hoyler, no Manual de relações industriais (1970), traz uma visão realmente inovadora (para a época e ainda hoje) à medida que trata o treinamento como um processo voltado para a equipe, ou seja, não somente visa aos resultados individuais, mas nos mostra a importância de termos uma visão que integra as pessoas da organização. Sendo assim, considera o treinamento um "investimento empresarial destinado a capacitar uma equipe" (In: LIMA, 2004). Note que a utilização das palavras investimento e equipe já nos sugere repensar a organização entendendo-a como um organismo vivo, dinâmico em termos da estrutura funcional. Curiosamente, entende-se o treinamento apenas em função da formação de equipes, o que não é errado, mas seria interessante a menção a individualidades. Desta forma, podemos inferir que treinar é sinônimo de um processo que oferece condições que facilitem a aprendizagem e a plena integração das pessoas na organização. No entanto, é extremamente importante entendermos que o aprendizado, para ser considerado eficaz, é necessariamente uma consequência do treinamento. Quando é implementada a atividade de treinamento, o acompanhamento até o término do processo é fundamental. Além disso, é também essencial, para um resultado favorável, que as equipes treinadas sintam-se motivadas durante todo o processo. Contudo, será que você sabe o que significa aprendizagem? Certamente, não é difícil entender o significado da palavra aprendizagem, visto que desde que éramos pequenos ela faz parte de nossas vidas. Além do mais, com as definições e conceitos de treinamento, torna simples deduzir seu significado. Segundo Réus (2002), "a aprendizagem significa uma mudança no comportamento das pessoas por meio da incorporação de novas atitudes, novos hábitos, conhecimentos e destreza". Trata-se, portanto, de uma modificação constante, fruto da experiência de cada uma dessas pessoas. Em outras palavras, é a adaptação destas dentro de uma nova realidade, o que é facilitado pelo processo de treinamento. Para entendermos tal processo, é válido deixar claro que os treinandos e treinandas são pessoas, e pessoas têm comportamentos distintos. Onde queremos chegar com esta afirmação? Para seu melhor entendimento, imagine a seguinte situação: três jovens do sexo feminino que exercem uma função técnica que exige o inglês estão sendo observadas há um mês para receberem determinada promoção numa instituição de ensino, contudo nenhuma delas sabe desta situação. As condições são as seguintes: a primeira Pessoa nunca estudou línguas (um dos itens importantes para a promoção), ou seja, não possui familiaridade com o material (conhecimento bom do idioma inglês), no entanto, é muito capacitada na análise de dissertações. Já a segunda domina a língua inglesa, porém, não a pratica desde o término de seu curso, ou seja, não apresenta experiências anteriores. Finalmente, a terceira conversa perfeitamente bem em inglês, todavia, redige muito aquém do exigido. Portanto, não podemos julgar desta forma qual das candidatas será promovida, na medida em que cada uma delas apresenta um diferencial, de acordo com a familiaridade com o material utilizado, suas experiências anteriores e diferentes habilidades físicas e mentais. Sendo assim, a decisão será feita com base nas necessidades da empresa naquele momento. É importante que você atente às palavras naquele momento, pois é comum que o treinamento surja de uma necessidade temporária. Logo, ainda que as habilidades das pessoas observadas possam auxiliar na escolha, "o que realmente contribui para o desempenho varia de acordo com o processo de aprendizagem" (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000). Queremos dizer que, qualquer que seja a escolhida neste caso, deverá passar por um eficiente processo de incorporação de novas habilidades, competências, enfim, um perfeito processo de aprendizagem. De qualquer maneira, é essencial que seja realizado um teste antes da aplicação do treinamento, a fim de facilitar a adequação da pessoa à promoção obtida. Vale destacar, então, que a atividade treinamento funciona da seguinte forma: primeiramente são selecionadas pessoas que deverão ser treinadas e recursos a serem utilizados e você deve entender esta fase como a entrada (input) deste processo. Em seguida a organização investe de forma efetiva nestas pessoas a fim de que possam melhor se adequar à nova realidade, partindo da premissa de o treinamento ser voltado ao condicionamento das pessoas da organização, visando à execução de determinadas atribuições, que devem estar bem definidas. Entendemos esta fase por processamento (throughput, em inglês), onde o programa de treinamento é efetivamente executado. E, finalizando, as pessoas encerram o treinamento e retornam à plenitude das suas atribuições (output), ou seja, saem prontas para novos desafios. Antes de passarmos à próxima fase do treinamento,cabe ressaltar a forma como é efetuado este processamento, porque é nesta etapa que as pessoas vão desenvolver habilidades, assimilar conceitos e formatar atitudes específicas em prol dos objetivos predefinidos pela organização. Sendo assim, não poucas serão as vezes em que atitudes e relacionamentos interpessoais e, mais objetivamente, entre pessoas e processos, sofrerão alterações expressivas, fato que leva este momento a assemelhar-se a um verdadeiro processo educacional. Chamamos de processo educacional não porque a empresa será a única beneficiada, pois quando tal ocorre a palavra educação ou mesmo educacional perde valor porque a empresa e a beneficiária direta do processo de treinamento. Entendemos ser educacional quando a proposta é voltada para a pessoa, ou seja, o crescimento projetado é para a organização de forma indireta, o que significa dizer que a projeção é diretamente na pessoa e, por pertencer esta à organização que promove o treinamento, todos sairão beneficiados. Concluído este processo, a empresa tem equipes ainda mais aptas e prontas para contribuir fortemente para a excelência organizacional. Há um momento no qual a organização faz o feedback (retroalimentação, em português, tradução raramente utilizada) do seu investimento por meio de pesquisas sistemáticas ou meios informais (aliás, cada vez mais os meios informais são utilizados para retroalimentação). O feedback é fundamental para o momento seguinte, no qual apenas os verdadeiros talentos poderão partir firmes para o seu desenvolvimento. Isto quer dizer que estamos entrando no desenvolvimento de pessoas, que nos permitirá "aperfeiçoar as capacidades e motivações dos empregados a fim de torná-los futuros membros valiosos da organização" (MILKOVICH: BOUDREAU, 2000). Observe que a citação apresenta uma pequena distinção entre os termos treinar e desenvolver, tendo em vista que este último engloba o primeiro, pois considera a formação de talentos valiosos em uma projeção de longo prazo. Podemos notar pela análise morfológica da palavra que desenvolvimento está relacionado à melhoria e, no nosso caso, esta melhoria associada às ousadias conscientes, à velocidade nos processos decisórios, às habilidades, conhecimentos, atitudes e valores éticos. Uma outra definição contraria nosso posicionamento acerca do desenvolvimento, qual seja, "desenvolver qualidades no RH para habilitá-los a serem mais produtivos e contribuir melhor para o alcance dos objetivos organizacionais" (SHINYASHIKI, 1998). Contraria porque existe um único propósito típico da escola clássica, que é o de valorizar, apenas e tão somente, o benefício da empresa, resultante de um esforço direcionado apenas para a produtividade e não para as pessoas envolvidas nas tantas manobras de desenvolvimento. Observe que qualquer semelhança de algumas ideias recentes com a antiga abordagem clássica não é mera coincidência, mas a prova de que elas continuam vivas no mundo dos negócios, principalmente no Brasil, não só nos grandes centros, mas em todo o país. Claro que muitas organizações adotaram a questão das pessoas como peças chave do sucesso, mas muitas outras mantêm a visão taylorista de que o essencial é a produtividade e ponto final. Deixe-nos abrir um parêntesis: ao ler este livro e outras obras no campo da administração, você pode imaginar que só vale o que é moderno, que só as proposições atuais e oriundas de sociedades mais desenvolvidas é que servem ou que devem ser utilizadas no Brasil? Naturalmente gostaríamos que fosse assim, mas não é. Ainda estamos num período que antecede os incríveis saltos de qualidade das empresas de outras sociedades econômica e socialmente mais desenvolvidas. Mas nosso dever é alertar, caminhar no mesmo sentido das organizações que aplicam com muita competência postulados mais atuais, mais modernos e que permitem resultados magníficos na gestão de pessoas. O importante é compreender que, seja qual for o foco utilizado pela empresa, o treinamento e o desenvolvimento serão fundamentais para a crescente busca da excelência nos negócios. Certamente, neste momento, você deve estar se perguntando o porquê da importância que estamos emprestando a estas atividades. Ou melhor, o que nos leva a pensar em treinar e desenvolver pessoas de forma a conquistar a excelência em todos os sentidos, treinandos e treinadores? Como vimos, a divergência observada entre treinamento e desenvolvimento (grosso modo, ambos processos de aprendizagem) é que o primeiro está voltado para o condicionamento da pessoa no sentido da execução de tarefas, as quais devem ser muito bem definidas. Já o outro está dirigido ao crescimento da pessoa no nível do conhecimento, da habilidade, atitudes e valores éticos, de modo que possa desempenhar seu papel da melhor forma e com níveis crescentes de complexidade. Seja focalizando a posição atual e buscando melhorar aquelas habilidades e capacidades relacionadas ao desempenho imediato da posição por meio do treinamento, seja focalizando as posições a serem ocupadas futuramente na organização e as novas habilidades e capacidades que serão reforçadas por meio do desenvolvimento, a questão é: quais motivos levam as organizações à utilização de T&D? Talvez a resposta esteja mais perto do que se pensa. Que tal dar uma olhadinha no item a seguir? Treinamento Desenvolvimento Processo de aprendizagem Processo de aprendizagem Voltado para o condicionamento da pessoa; para a execução de tarefas. Voltado ao crescimento da pessoa em nível de conhecimento, habilidade e atitude. Quadro 4.1. Similaridade e distinção entre treinamento e desenvolvimento. 3. APLICAÇÃO DE T&D Apesar de termos compreendido alguns dos conceitos e definições de treinamento e desenvolvimento, é importante ter consciência do caráter presente de uma pergunta: por que utilizá-los? Por que o treinamento e o desenvolvimento? Observe que a resposta pode estar clara para você, mas a interpretação pode ser um pouco confusa. Sendo assim, iremos, neste tópico, aprofundar as razões pelas quais as organizações sentem necessidade de aplicar a atividade em foco. Para entender melhor esta necessidade de aplicação de que tanto falamos, basta pensar no que você está fazendo agora. Ou melhor, pergunte a si mesmo o porquê de estar lendo este livro neste momento. Observe que, ao se perguntar isso, certamente você perceberá que está sendo parte de um processo de aprendizagem por meio de um treinamento em busca de um desenvolvimento. Avançando nesta mesma linha de raciocínio, reflita sobre o nosso papel neste processo. Perceba que funcionamos como facilitadores com o propósito de minimizar a dificuldade que apresentamos diversas vezes em tentar compreender a parte teórica de determinados assuntos. Por isto, optamos por explorar ao longo do livro um pouco mais a parte prática, partindo de exemplos do dia a dia, de modo que você possa fazer comparações do que lê com as suas aulas na universidade e experiências práticas em nível pessoal e profissional. Em outras palavras, podemos dizer que escolhemos uma técnica por meio da qual acreditamos que o seu processo de aprendizagem será facilitado. Partimos da certeza de que nós, seres humanos, somos distintos e que isto não pode ser ignorado. Contudo, é importante que você compreenda que "não existem técnicas melhores ou piores, e sim técnicas mais ou menos adequadas, conforme os objetivos que pretendermos atingir" (TACHIZAWA; FERREIRA; FORTUNA, 2001). Desta forma, como sugerido anteriormente, apresentaremos mais um exemplo com o intuito de facilitar a compreensão. Imagine a seguinte situação: pessoas de uma determinada organização estão encontrando dificuldades em manusear um novo equipamento de impressão. Neste caso, qual seria a alternativa para enfrentar esta dificuldade? Provavelmente você diria, já que estamostratando de treinamento e desenvolvimento, que o correto seria encaminhar essas pessoas a um dos programas de T&D com o intuito de capacitá-las para a operação do novo equipamento. Esta proposta não está equivocada, mas deve fazer parte de um processo muito maior, ou seja, não consiste simplesmente em encaminhar pessoas a este tipo de programa; é fundamental que tal programa seja constantemente atualizado e integrado a outros programas. Programas isolados fazem parte de um passado onde a velocidade e a competência tinham um ritmo diferente. Fica simples compreender agora as razões que levam organizações a adotarem programas de T&D. Aliás, podemos até afirmar que a nossa vida é feita destes programas, uma vez que aprendemos a todo momento, nos preparando para novas incursões, internalizando procedimentos e desenvolvendo nossos potenciais. É muito difícil listar todas as razões que levam qualquer empresa ao processo de treinar e desenvolver seu pessoal. De qualquer forma, vamos apresentar o que entendemos serem os principais motivos, assim você estará bem informado para os seus primeiros tempos nas empresas: • Identificação de metas: sejam elas de expansão, admissão ou desligamento de pessoas, ou mesmo de alteração nos meios e modos de efetuar determinadas tarefas. O fato é que, ao ser definido tal escopo, seguramente estaremos trabalhando com uma nova realidade, de forma que será preciso capacitar pessoas, peças-chave da organização. • Identificação de gargalos: um exemplo - produtividade aquém da esperada, necessidade de retrabalho (executar o trabalho novamente) e refugo (desperdício). Neste caso, Milkovich e Boudreau (2000) sugerem que procuremos as áreas onde as competências ou CHC (Capacidade, Habilidades e Conhecimento) das pessoas necessitem ser melhoradas com o intuito de atenderem aos requisitos das funções que ocupam. Em outras palavras, os autores sugerem que busquemos os gargalos de forma a realizar o T&D minimizando ou liquidando-os. Importante salientar que gargalos, origem de enormes filas, às vezes têm validade. Por exemplo, a empresa passa por alguma dificuldade que impede a contratação de mais pessoas e/ou todo o esforço de simplificação do trabalho foi realizado, mas resultou em pouca eficiência naquela unidade que apresentou o problema. Nesse caso o gargalo se justifica somente em um pequeno espaço de tempo. • Falhas na comunicação: é comum escutarmos que a língua portuguesa é muito rica. Contudo, poucas são as pessoas que usufruem desta riqueza. Sendo assim, as pessoas optam por utilizar "dialetos" que muitas vezes são interpretados de maneiras diversas. Todavia, ao tratarmos de negócios, estas decodificações acabam por trazer falhas de desempenho na operacionalização das atividades, o que é prejudicial para o cotidiano das organizações. É assim que percebemos a necessidade do treinamento e mesmo do desenvolvimento das pessoas nas organizações. • Remanejamento de pessoas: é muito comum em casos de substituições constantes motivadas por ausência não tão esporádica de pessoas, implantação de novas tecnologias, novos procedimentos de maior complexidade, novos softwares ou férias ou mesmo faltas prolongadas motivadas por licenças de saúde ou para treinamento fora da empresa. Na eventualidade da existência de aviso-prévio, ou seja, no caso de demissões é natural que o demitido atue pelo período do aviso-prévio como um facilitador junto a quem assume a sua posição. O mesmo vale para períodos de licença programada, como, por exemplo, licença-maternidade ou licença para crescimento profissional fora da empresa. • Modernização da organização: talvez este item seja confundido um pouco com a identificação de metas ou com o item anterior, todavia, o nosso enfoque aqui é a atualização do maquinário e equipamentos da organização como um todo. Desta forma, com novas tecnologias sendo implementadas, observa-se uma carência por parte das pessoas na organização pelo simples fato de agora ser necessária uma adaptação à nova situação. A mudança deve ser acompanhada de perto. • Recém-formados com conhecimentos aquém do desejável: é um obstáculo real não só no Brasil. Temos, é verdade, deficiências nos métodos de aprendizagem, uma vez que as instituições de ensino colocam pessoas não qualificadas no mercado. Essas pessoas, por não apresentarem os atributos necessários para atender às novas demandas da empresa, acabam sendo inseridas nos programas de T&D. • Natureza das atividades desenvolvidas pela organização: o importante neste tópico é desfazer a impressão de que a amplitude da organização gera a necessidade do processo. Pelo contrário, "não é o tamanho da empresa que determina ou justifica a necessidade de treinamento, mas a natureza das atividades que nela se desenvolvem" (RÉUS, 2002). Por conseguinte, podemos deduzir que este processo é imprescindível a todo e qualquer tipo de organização. • Comprometimento da alta direção: este comprometimento que estamos tratando é considerado fundamental para o sucesso de qualquer tipo de programa, e com o T&D não é diferente. Note que esta atitude da alta direção e das pessoas que detêm o poder de decisão é fundamental porque tende a propiciar um ambiente adequado para o desenvolvimento dos vários programas. • Diagnose da organização que aprende: isto quer dizer que metas são estipuladas com base numa cuidadosa diagnose organizacional plena que indica as necessidades de treinamento e desenvolvimento de forma que os responsáveis por tal processo obtenham bons resultados. Observe que esta ideia está interligada com os demais itens aqui listados. É a organização que aprende sugerida por Peter Senge, que mostra uma nova realidade no mundo dos negócios. Senge (1990) chegou a conclusões sobre as organizações que aprendem depois de considerar a existência de cinco disciplinas: domínio pessoal, modelos mentais, objetivo comum, aprendizado em grupo e raciocínio sistêmico, tendo dado destaque para o raciocínio sistêmico. Isto significa dizer que a visão sistêmica deve envolver todas as ações da organização, o que inclui a gestão de pessoas e, indubitavelmente, o treinamento e o desenvolvimento. Organização que aprende é a organização que considera irreversíveis as ações integradas e sistêmicas em 100% do tempo. Após listarmos algumas razões que geram a necessidade de treinamento e desenvolvimento é natural que outras, muitas outras, surgirão, porque estamos em permanente mudança e a cada momento novos porquês aparecem, impondo às organizações novas alternativas, com o propósito de melhor adequar a estrutura social. Cabe uma ressalva neste momento, pois, na medida em que o treinamento deve sempre estar vinculado às necessidades identificadas e compreendemos tais necessidades, é fundamental saber quem é o maior responsável por este processo. Quem nos presenteia com tal informação é Réus (2002), mostrando que a função do gestor de pessoas é não só determinar as necessidades do processo, mas também fornecer os meios necessários para a aplicação dos programas. Portanto, ele, gestor, é responsável pela percepção provocada pela carência de treinamento. Note que estamos e estaremos sempre mostrando a você que o gestor de pessoas (ou gerente de RH, ainda hoje em muitas organizações) deve exercer hoje um novo papel que vai muito além do entendimento que tínhamos até muito recentemente de um gerente preocupado diuturnamente com as funções básicas: recrutamento, seleção, treinamento e outras que estão sendo tratadas neste livro. Até bem pouco tempo atrás não havia maiores expectativas em relação ao desempenho do titular da área de RH, pois este permanecia em uma sala onde fazia o mapeamento a distância de toda a organização. Atualmente o papel do titular da área de pessoas exige sua presença física e conhecimento pleno do quadro funcional, semfalar das naturais exigências de envolvimento com o planejamento e ações estratégicas. Neste momento é inevitável questionar: Por que treinar e desenvolver pessoas? Claro que algumas possibilidades de resposta já foram percebidas nas entrelinhas ao serem listados os motivos que levam à necessidade de tal processo, contudo vale a pena seguir com a leitura e ampliar as possibilidades. 4. FINALIDADES Vimos, no tópico anterior, nove razões que levam ao processo de T&D e deduzimos que você tenha entendido todas. Por exemplo: ao pensar em falhas na comunicação, imediatamente buscaremos uma saída cabível, visto que falhas e ruídos não são benéficos à vida da organização. Uma solução possível é a aplicação do processo de T&D visando ao desenvolvimento das pessoas de forma a eliminar os ruídos e falhas. Assim sendo, uma ou outra finalidade listada a seguir pode já ter sido percebida por você nas entrelinhas de tópicos anteriores: • Adequar a pessoa à cultura da empresa: neste caso podemos dizer que os programas de treinamento e desenvolvimento chegam para auxiliar as organizações, porque é comum que existam pessoas fora de sintonia com a cultura organizacional. Logo, podemos submetê-las a programas de T&D a fim de que passem a conhecer melhor os hábitos e costumes da organização, o que promoverá melhor entrosamento entre os envolvidos no programa e a própria organização, reduzindo com isso conflitos de qualquer ordem. É possível que você conheça pessoas que não se adaptaram em um novo emprego, pessoas que não gostaram de algumas exigências internas, tais como horários, trajes, relacionamentos internos e obrigatoriedades no relacionamento com consumidores. • Mudar atitudes: as organizações modernas, como o próprio nome nos induz a pensar, visam alcançar o sucesso porque se adequaram aos novos tempos. Para tanto, há uma forte tendência a alterar as atitudes antiquadas das pessoas para torná-las inovadoras, modernas. Um bom exemplo seria uma atitude de reprovação porque o quadro feminino insiste em vir trabalhar de calça comprida ou calça corsário. Ora, sabemos que as exigências de vestuário para os dias atuais diferem bastante de exigências do passado. Essa característica moderna das organizações faz com que o quadro funcional aceite melhor as novas técnicas de supervisão e gestão, aumentando a satisfação individual e também a produtividade. Hoje entendemos que há uma enorme resistência a atitudes retrógradas e que em nada ajudam a busca pela excelência organizacional. Insistimos em dizer que mudar atitudes implica mudar chefes, supervisores e gerentes e também pessoas da organização que não exerçam alguma função de comando. • Desenvolver pessoas: ao pensarmos em T&D pode parecer redundante e um tanto quanto óbvio este item, contudo, em se tratando de desenvolver pessoas, devemos dedicar uma atenção especial. Dizemos isto pois em nenhum momento podemos esquecer que vivemos num mundo de constante aprendizado, onde as pessoas são peças-chave na busca pelo sucesso organizacional; logo, ignorá-las ou dar importância relativa seria um grande equívoco. Desta forma, seja por intermédio da atualização e/ou da reciclagem (via cursos), é fundamental que a empresa goze das vantagens deste processo, que serão desenvolvidas adiante. • Adaptação das pessoas para lidar com a modernização da empresa: neste momento você, provavelmente, deve estar achando que este item é apenas uma parte que diz respeito a mudança de atitudes, entretanto nos referimos a uma alteração na própria pessoa. Já, ao falarmos em adaptação de pessoas, visamos à adequação destas à nova realidade organizacional, ou seja, à implementação de novas tecnologias modernizadoras. • Desfrutar da competência humana: em outras palavras, gozar da capacidade que o ser humano tem de aprender, ou seja, o potencial de "adquirir novas habilidades e novos conhecimentos modificando comportamentos e atitudes" (TACHIZAWA; FERREIRA; FORTUNA, 2001). Contudo, em nenhum momento podemos nos distanciar de uma correta visão empresarial, logo é fundamental utilizar esta capacidade, segundo os autores, como uma forma de "maximizar o desempenho profissional e elevar os níveis de motivação para o trabalho" na busca de resultados melhores. • Preparar pessoas para serem remanejadas: significa fornecer oportunidades de aprendizagem não só em relação a sua atual posição, mas também visando a outras posições que poderão vir a ser ocupadas num futuro próximo. Neste caso, podemos citar e estender a afirmação que diz que os "programas de T&D [...] visam ao desenvolvimento de habilidades das pessoas para prepará-las e capacitá-las" para ocupação de posições na organização a que servem (RÉUS, 2002). • Passar informações adiante: neste caso o foco é bastante amplo, ou seja, a ideia é que as tarefas normas, políticas, regulamentos, conhecimento em geral sejam passados de treinador para treinando e vice-versa na medida em que o elemento fundamental deste processo é o conteúdo, porém nunca perdendo de vista que a aprendizagem é uma via de mão dupla, onde não só o treinador ensina, como também não só o treinando aprende. Na verdade, queremos enfatizar as vantagens de fazer circular a informação quando nos chega sob a forma de conhecimento sem sentido, queremos saber que informações ficam retidas nessa ou naquela pessoa, nesse ou naquele grupo. Conhecimento é para ser disseminado e ponto. • Reduzir custos na busca por objetivos empresariais: após ter lido os objetivos listados anteriormente, você pode pensar que este item é um tanto quanto óbvio. Entretanto, é uma finalidade bastante importante, dizemos óbvia, pois, ao utilizarmos as atividades de T&D, passaremos a ter pessoas preparadas para uma nova realidade, seja para ela mesma ou para a empresa como um todo. Logo, é natural que a organização alcance seus objetivos de uma maneira econômica, racionalizando suas despesas de investimento. Afinal, T&D é investimento. Além das finalidades mencionadas, vale salientar que "os bons objetivos são aqueles mensuráveis, específicos, que estabelecem datas limites e refletem resultados relevantes para aspectos essenciais" (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000). Em outras palavras, para que obtenhamos sucesso no mundo dos negócios é importante que a determinação de prazos seja apresentada de forma clara, visto que vivemos num ambiente em constante mutação, gerando com certa frequência demandas, sem falar que os objetivos devem estar alinhados com as finalidades, devem ser mensuráveis e se adequar a cada realidade. Certamente você já percebeu quão fundamental é este processo; no entanto deve estar se perguntando: Como devemos executá-lo? Será que o pessoal executivo e técnico deve ser treinado e desenvolvido da mesma maneira? Ou melhor, será que existe uma fórmula padrão para que haja a implementação de T&D? Em se tratando de pessoas, seres inconstantes que somos, parece óbvio responder que não, que não existe uma receita única, porém, mesmo assim vamos listar e explicar mais à frente algumas etapas deste processo e pedimos que fique ciente de que cada realidade irá exigir a devida adaptação. Apenas com o intuito de atender um pouco a sua curiosidade e estimulá-lo a prosseguir com a leitura, queremos compartilhar com você os níveis de T&D propostos por Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001): Gerencial ou de gestão (para ocupantes de posições executivas ou de gerência). Técnico (para ocupantes de posições técnicas). Médio (para certas posições, em face de algumas limitações (por exemplo, escolaridade). Amplo (para todas as posições, por exemplo, curso na área das relações humanas). Fica claro que não existe um único modo de aplicar os processos de T&D. Todavia, seja qual for o nível de aplicação, é importante saber que a sua finalidade é bastantenítida à medida que os resultados esperados ao término de tal procedimento são exemplificados por intermédio "do aumento da eficácia organizacional, melhoria do clima organizacional, da redução de absenteísmo e da elevação de conhecimento das pessoas" (CHIAVENATO, 2000). Vale lembrar neste momento que o treinamento e desenvolvimento de pessoas constitui um processo de aprendizagem, logo não se trata da simples realização de cursos a fim de transferir a informação necessária para o alcance de x resultados, mas sim de um movimento de constante mudança organizacional de forma integrada entre a cultura interna e as pessoas, peças-chave para o sucesso. Ademais, devemos concordar que, por despenderem um certo volume de dinheiro, vale compreender o porquê de transmitir novas habilidades ou mesmo melhorar as já existentes por meio de um complexo processo de aprendizagem. Além disso, devemos entender que tal processo continua vivo no mundo dos negócios. Que tal visualizar de que maneira isso está ocorrendo? 5. EVOLUÇÃO DE T&D Já sabemos exatamente o que significa treinar e desenvolver pessoas, quais os motivos que levam as empresas a tal processo e com que finalidade as mesmas optam por esse caminho que, como visto, não é simples. Afinal de contas, aprender e trabalhar com pessoas, seres inconstantes, não poderia ser muito simples. E capacitá-las, prepará-las para todos os bons e maus momentos, é função de enorme complexidade. É fato que, "cada vez mais, os gastos com programas de T&D têm sido encarados como investimentos estratégicos, similares àqueles realizados com novas instalações e equipamentos" (MILKOVICH; BOTDREAU, 2000). Logo, é simples perceber que estamos falando de um investimento, seja a fim de condicionar pessoas à execução de tarefas (treinar), seja mesmo com o propósito de ampliar o nível de conhecimento pessoal (desenvolver). Ao falar de investimento nesse nosso mundo instável, a qualificação é uma palavra chave, gera uma busca natural por parte das organizações pelos programas de T&D por uma razão simples e objetiva: os resultados de qualquer ordem decorrem do desempenho de todos. Portanto, fica claro que não mais existe a preferência direcionada apenas ao nível gerencial ou de gestão, pelo contrário, a ideia é enfatizar a maior participação das pessoas dos mais variados níveis e é, sem dúvida, uma tendência da organização do futuro próximo. Ademais, "investir no desenvolvimento das pessoas que realizam o trabalho nas organizações significa investir na qualidade dos produtos e serviços e, consequentemente, atender melhor os clientes e ampliar as vendas" (TACHIZAWA; FERREIRA; FORTUNA, 2001). Com a maior participação das pessoas na organização na maioria dos processos decisórios, certamente o treinamento e o desenvolvimento continuam imprescindíveis à organização que deseja conquistar a excelência em todos os níveis. Contudo, no passado não muito distante, o ato de treinar e desenvolver era limitado ao repasse de experiências dos mais para os menos experientes. Sendo assim, é nossa obrigação compreender que em alguns casos esta continua sendo a melhor alternativa no que diz respeito, por exemplo, à substituição de pessoas em uma determinada posição. Todavia, com a necessidade por uma ação competente em termos de treinamento e desenvolvimento, é natural que os gestores de pessoas se utilizassem do crescimento exponencial da tecnologia da informação e de novas tecnologias que estão surgindo no mundo dos negócios. São exemplos: • Workshop: (traduzindo: oficina) é uma reunião de pessoas que possuem objetivos semelhantes, na maioria das vezes referentes a um assunto específico. O interessante nesses encontros é a troca de experiências e realidades entre as pessoas: por intermédio de diversos tipos de dinâmicas as pessoas internalizam novos conhecimentos acerca do tema que as levou a se encontrar. Workshop não é necessariamente algo que surgiu agora, existe faz tempo, mas tomou força mais recentemente com a sua crescente utilização fora do âmbito das organizações. Assim, a utilização de outros espaços, quase sempre salas, mini auditórios em hotéis, gerou uma nova roupagem para os workshops, enobrecendo a prática e tomando-a um hábito saudável. Via de regra o workshop é realizado em um único dia, um dia inteiro, mas nada impede que aconteça num final de semana em ambiente não só profissional, mas também social e esportivo. • Coaching: termo originário da língua inglesa, esta tecnologia consiste numa forma de obter os resultados esperados desenvolvendo as habilidades dos componentes de uma equipe e desta como um todo. Logo, alguns pontos requerem um cuidado especial, visto que a ideia não é dar ordens, e sim aconselhar por intermédio de uma orientação a fim de que resultados sejam alcançados. Entenda com isso que a ideia tem a mesma base de um certo ditado popular que diz: "não dê somente peixe, ensine a pescar". Portanto, você, esportista que é, já percebeu a relação direta entre coach e treinador de algum esporte e essa é a ideia: o coach na empresa seria o treinador de futebol, vôlei, tênis, tendo como função dar apoio integral na relação, que é quase pessoal, mostrando caminhos e orientando. O coach não demite, não promove, não dá férias, não adverte nem elogia, pois não convém ser o chefe, embora isto não seja proibido. Poderíamos dizer que, considerando T&D, coaching seria mais apropriado no treinamento do que no desenvolvimento, por ser mais prático, voltado para o orientar a fazer algo para a organização. E o que se deseja, nas palavras de Baldoni (2005), é ter uma cultura de coaching, tornando a tecnologia algo comum, rotineiro. • Mentoring: apesar da semelhança guardada com o coaching, visto anteriormente, neste caso o responsável pelo processo (o mentor) também é intitulado como: guia, mestre, conselheiro. Entenda, portanto, que o mentor... "... estabelece uma cumplicidade para o desenvolvimento, um compromisso com a verdade, potencializando o humano e o profissional. Ou seja, estabelece uma relação de parceria para o sucesso, num contexto apoiador e potencializador das capacidades do outro" (BERNHOEFT, 2001). Desta forma, a autora proporcionou uma dimensão humana à sua ampla definição e facilitou o entendimento do papel do mentor. Consequentemente, o papel do mentoring, como uma ação compromissada com a verdade entre as pessoas envolvidas e que tem por objetivo potencializar o ser humano de uma maneira conducente à excelência pessoal e profissional sob a forma de parceria, ficou claro. Neste momento, você já percebeu que o mentor desempenhará melhor o seu papel no desenvolvimento de pessoas. Assim, este seria o D do T&D, enquanto o coaching, como vimos anteriormente, encaixa-se no 17. Diz-se isto pois o mentor tem uma ascendência e uma formação consideravelmente superiores ao coach, o que não é nenhum demérito. São métodos importantes que promovem ganhos extraordinários e vale lembrar que tanto coaching quanto mentoring vêm ganhando espaços na organização brasileira, por serem ambas alternativas simples e de resultados, às vezes, surpreendentes. • Teleconferências/videoconferências: muito utilizadas por empresas que são dispersas geograficamente no Brasil ou pelo mundo mesmo, pois facilitam e reduzem o custo de difusão do conhecimento por especialistas-conferencistas e, também, reduzem o custo das reuniões para tomada de decisões, não apenas por empresas ou corporações, mas também por instituições públicas que têm interesse na divulgação de políticas e decisões que afetam uma boa parte da sociedade. É bom salientar que num passado recente a teleconferência era resultado de contatos telefônicos entre três pessoas pelo menos. A tecnologia nos presenteou com a imagem e imediatamente a teleconferência deixou de ser um termo traduzido por pessoasao telefone em vários pontos de um país ou em vários pontos do planeta, para ser uma conferência mesmo com um expositor e uma plateia ou um encontro virtual entre executivos de uma empresa, ou, ainda, outros grupos profissionais ouvindo e participando de temas de seu interesse. É certo que o custo é fator primordial e em se tratando de T&D o ganho é expressivo, pois seria praticamente impossível realizar um programa internacional com um custo inferior a um programa local de algumas poucas horas. No Brasil ainda não podemos afirmar que a tele ou videoconferência alcançou um número expressivo de usuários, principalmente em programas de T&D, mas, provavelmente, o número de usuários é mais significativo no segmento de empresas multinacionais cujas sedes não ficam no Brasil. Não resta dúvida de que a tendência será de uma ampla utilização deste instrumento moderno no terreno das telecomunicações, uma vez que os custos são pequenos e os benefícios, de uma bela magnitude. Em T&D devemos esperar um tempo um pouco maior, mas os prognósticos são positivos em relação a um incremento do uso das facilidades tecnológicas nas telecomunicações, afinal, o Brasil é um país de dimensões continentais e isso justifica o incremento constante do seu uso. • Intranet/Internet: o mundo virtual chegou muito rapidamente e não deu o tempo para uma compreensão adequada e para a utilização plena das incontáveis alternativas do uso tanto da Internet como da Intranet. Em T&D a alternativa virtual ainda não pode ser considerada uma prática da empresa brasileira, embora venha sendo utilizada ainda que de forma pouco expressiva. Nos sites das empresas não há T&D de forma explícita, mas há informações que poderiam ser interpretadas como treinamento e desenvolvimento. Na realidade, entendemos que a área de gestão de pessoas aproveita os benefícios da Internet e da Intranet e inclui textos para que seu corpo funcional possa ler entender, apreender, internalizar e usar seções do tipo quem somos nossa história, missão e valores. Não há T&D da forma como conhecemos, mas é uma boa oportunidade de fixar pontos importantes e que mexam com o sentimento das pessoas da organização, levando-as a possíveis estímulos bastante positivos. Vale citar a existência de alguns sites que oferecem cursos de extensão, cursos técnicos, cursos de capacitação, especialização, entre outros visando ao treinamento e desenvolvimento. Não se trata de T&D da área de gestão de pessoas de uma dada empresa, mas sim de oferecimento do que é feito por organizações que se consideram em condições de atender a demandas de empresas que buscam diversificar suas abordagens para melhor qualificação de seu pessoal. Essas organizações são em sua maioria instituições de ensino, mas é crescente o número de organizações independentes. O que é crescente de forma exponencial é a oferta de cursos on line ou, se preferirem, cursos a distância. Mas ainda não podemos afirmar que o número de empresas interessadas cresce na mesma proporção; o que cresce bastante é o número de estudantes e profissionais interessados nos cursos a distância. Nesse caso, não há relação direta com T&D. Temos até o exemplo de cursos de graduação a distância em pleno funcionamento e autorizados pelo MEC. Um exemplo de instituição que oferece formação e qualificação profissional, além de assessoria tecnológica, ensaios laboratoriais e informações às indústrias e à comunidade, é a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). Assim, vale navegar pelo site e verificar de perto estas informações. Por agora, observe parte do site destacada na Figura 4.3. É possível afirmar com segurança que T&D vai experimentar alterações marcantes no campo da transmissão e internalização de conhecimentos com o avanço tecnológico que está sendo produzido pela área de informática. Por essa razão, podemos afirmar que esta é a atividade que mais cresce em importância estratégica nas organizações e é, por evidência, uma trajetória a ser perseguida pelos (as) gestores (as) de pessoas com o propósito de poder colocar à disposição de toda organização pessoal realmente qualificado e com seguidos saltos de qualidade. Você verá a seguir dois exemplos de empresas que divulgam os seus serviços pela Internet: uma empresa que oferece cursos em geral e de forma convencional e uma outra, moderna, que faz a oferta de cursos a distância Na Figura 4.4 há um exemplo de empresa que oferece cursos do jeito tradicional. Uma rápida busca pela Internet e você encontrará um número espantoso de organizações com ofertas semelhantes. Você pode imaginar como era num passado recente quando a Internet era privilégio de universidades e instituições de excelência. Universidade corporativa (e/ou educação corporativa): recentemente realizamos uma pesquisa, patrocinada pela Fundação Getúlio Vargas, junto a executivos e executivas em empresas de grande porte, deixando claro nas justificativas e objetivos que nossa intenção era entender, via pesquisa cientifica, se a universidade estava acompanhando as profundas alterações promovidas pelo chamado mercado. Sabíamos que no passado havia um razoável distanciamento entre a chamada teoria e a prática. Como resultado final ficou uma evidência bastante clara: a universidade hoje está atenta às constantes mutações nos negócios, o que nos leva a crer que essa aproximação universidade/empresa já é uma realidade que veio para se perpetuar. Um bom exemplo é a universidade corporativa, que, segundo Vegara (2000) (e nos permitimos a uma ligeira extensão): "é um conceito inspirado no tradicional conceito de universidade e abrigado pelo ambiente empresarial e diz respeito ao desenvolvimento de pessoas da organização, clientes, consumidores, fornecedores, franqueados, terceirizados e até mesmo a comunidade". Poderíamos afirmar que a universidade corporativa resulta de excelentes práticas do passado, nas quais a universidade era e ainda é contratada para realizar algum estudo, pesquisa ou ações de consultoria. Tais práticas são facilmente encontradas em outras sociedades que não a nossa. No Brasil esse relacionamento sempre foi pequeno: embora com resultados interessantes, efetivamente não atingiu a maior parte das universidades e nem entusiasmou as organizações, em geral. O entendimento com relação às vantagens da universidade corporativa indica fortemente a possibilidade de ganhos competitivos e a melhor imagem no mercado. A universidade corporativa garante seriedade, ética e competência em face do seu compromisso histórico, e aqui aparece a tecnologia da informação, que aproxima, ainda que virtualmente, a universidade da empresa. Assim, ensino a distância, via satélite, Internet ou e-mail, promove a incrível integração planetária. A eventual dificuldade espacial para acomodar um número expressivo de pessoas cede lugar ao conforto das instalações das empresas e do lar das pessoas envolvidas, eliminando muitos prováveis obstáculos e impossibilidades de qualquer ordem. Tavares e Vasconcellos (2004) demonstram sua preocupação (e nossa também) quanto à compreensão equivocada da universidade corporativa, uma vez que muitas pessoas imaginam existir apenas um rótulo simpático para T&D, e não é nada disso. Embora tenham sido bastante rigorosos na sua comparação, Tavares e Vasconcellos traçam as diferenças entre o treinamento e a universidade corporativa (Quadro 4.2). Você talvez ache o que achamos, ou seja, Tavares e Vasconcellos (2004) teriam feito a referência ao treinamento convencional e não a T&D numa visão um pouco mais moderna. Mesmo assim, o quadro traça uma realidade possível. A parceria da empresa e da universidade teria condições de resultar positivamente porque o caráter proativo estaria garantido, a coesão seria uma garantia em face dapresença de docentes que têm naturalmente um forte sentido de coesão. A inexistência de coesão teria como resultado o declínio e falência da ação integrada. Na verdade, a grande contribuição da universidade corporativa seria no campo estratégico, chave para a excelência empresarial. Vergara e Davel (2001) mais do que justificam a presença da universidade corporativa nas organizações e, portanto, devemos voltar a citá-la e em seguida tecer alguns comentários: "O desenvolvimento das pessoas precisa estar fortemente alinhado aos propósitos da empresa. Neste sentido, universidades corporativas têm caráter doutrinário, a despeito de o discurso organizacional mencionar a capacidade de pensar diferente, de inovar, de romper paradigmas, como a principal competência hoje exigida e, portanto, privilegiada na universidade corporativa. Guardadas as devidas diferenças, pode-se dizer que o Exército é uma das mais antigas universidades corporativas que se conhece." Os argumentos de Vergara e Davel (2001) nos levam a concluir que a aproximação da empresa à universidade tenderá a gerar resultados extraordinários, uma vez que a demanda hoje é por profissionais de talento, que conheçam as possíveis alternativas de ação, independentemente da natureza do problema ou da dificuldade. Inovar, ousar são exigências do mundo moderno e a universidade corporativa abre caminhos para os profissionais que saibam correr riscos calculados, ou seja, agir no limite, sabendo o que acontecerá se ultrapassá-lo. Este é um processo educacional, o que nos leva a uma outra questão: o que seria a chamada educação corporativa? Silva (2005) tem uma posição interessante e inicia seu conceito sobre educação corporativa dizendo que "a universidade corporativa é o guarda-chuva estratégico para o desenvolvimento e educação de funcionários, clientes e fornecedores, com o objetivo de atender às estratégias empresariais de uma organização". Essa é a ideia: a educação corporativa como forte diferencial dependerá da formalização da parceria universidade/empresa. Sem essa concordância formalizada a educação corporativa será apenas um esforço que se misturará a tantos outros esforços em T&D. Na educação corporativa plena, ou seja, na educação promovida pela parceria universidade/empresa, a questão central é não deixar que pessoas da organização se afastem dos processos educacionais independentes, conducentes a melhor formação profissional, e não se distanciem do senso crítico aguçado exigido por muitas organizações. É lógico que é possível T&D traçar programas independentemente de uma relação universidade/empresa que, aliás, é o que acontece hoje na maioria das empresas brasileiras. Contudo, a nova proposta abre espaço para um novo posicionamento de T&D e para isso é conveniente conceituar educação corporativa como "conjunto de práticas educacionais planejadas para promover oportunidades de desenvolvimento do funcionário, com a finalidade de ajudá-lo a atuar mais efetiva e eficazmente na sua vida institucional" (SILVA, 2005). Reconhecemos que num primeiro momento fica difícil você perceber diferenças essenciais entre T&D com a abordagem da universidade e educação corporativa e T&D convencional, mas fique certo que há diferenças significativas além das já apontadas aqui. A mais significativa seria uma mudança de estilo, uma mudança estratégica, pois, com a inserção da abordagem em tela, seria colocada em segundo plano os ensinamentos apenas técnicos e em primeiro plano ficaria a formatação de programas de ensino com base em temáticas culturais, sociais, comportamentais e, logicamente, disciplinas voltadas à prática dos negócios, tais como: marketing, logística, gestão de pessoas e estratégias de negócios. Em outras palavras, a visão essencialmente prática, típica de treinamentos e desenvolvimentos de pessoas, cede lugar à visão crítica, estratégica, globalizante, na qual o risco, a ousadia e a quebra de paradigmas são ingredientes do esforço acadêmico/profissional. Entretanto, há correntes que consideram um sério equívoco dar a essa abordagem um rótulo que contenha a palavra educação. Educar é muito mais do que disseminar conhecimentos de uso específico da empresa parceira. Educar é formar para a vida, independentemente da empresa. No ato de educar o (a) professor (a) não transmite seu conhecimento adquirido em salas de aula, Internet e bibliotecas para atender a determinada empresa. Em uma ação educacional corporativa, críticos colocam em dúvida a imparcialidade dos condutores nas aulas, onde caberia um elogio, por exemplo, a uma empresa concorrente. O exemplo é quase infantil, mas possível, pois a parceira universidade/empresa implicaria um certo compromisso não escrito, porém tácito de fuga a eventuais críticas mais duras à empresa parceira. Apesar das propostas da universidade e da educação corporativa existirem há mais de 50 anos, é certo que sua difusão mundo afora não ultrapassa dez anos e, no Brasil, um pouco menos de dez anos. Por essa razão, ainda não temos capacidade de avaliar com alguma segurança a real contribuição dessa parceria universidade/empresa. Você percebeu que o incremento maior foi proporcionado pela tecnologia da informação com os avanços obtidos nos últimos anos e fica fácil entender que há uma forte tendência de o treinamento e o desenvolvimento virem a serem "clientes" fiéis da videoconferência, com suas múltiplas aplicações. Esta é a razão principal de dedicarmos um amplo espaço à estupenda contribuição de TI. Educação à distância: educação a distância inclui treinamento e desenvolvimento. Você deve estar se perguntando por que estamos nos repetindo, pois, os comentários sobre educação, cursos à distância ou on line aparecem em outros exemplos já citados anteriormente. Nossa justificativa é muito simples: educação a distância cresce a cada dia e desejamos ressaltar que os gestores de pessoas devem estar preparados para utilizar essa nova ferramenta que chegou e vai ficar pelo que tudo indica. Não faltam profissionais acadêmicos que condenem cursos a distância com um argumento poderoso: a falta de contato visual, de aproximação das pessoas envolvidas. Muitos dizem, em tom de brincadeira, que o melhor das aulas são os intervalos, quando os participantes trocam ideias uns com os outros ou mesmo com o professor, discutem e falam bem ou mal de alguém ausente (as conhecidas fofocas). Pode haver um certo exagero na brincadeira, mas concordamos todos que essa convivência é salutar e estimulante. Você lembra de um bom número de aulas onde o clima era pesado, ruim, desestimulante, mas de repente uma piada de um, uma curiosidade lançada pelo aluno ou pelo docente ou, então, um desafio em plena aula, e aí um "estalo" e vem a resposta. Nada disso vai acontecer na educação a distância, nada mesmo. O contato poderá acontecer dependendo da forma de contratação, mas, ainda assim, será um contato curto, o suficiente para manter a característica do curso. É possível que, com o tempo, fórmulas sejam encontradas no sentido de dar vida — a palavra é essa, VIDA, um tipo de dinâmica que faça lembrar a sala de aula. O número de instituições que oferecem cursos a distância tem aumentado consideravelmente, porque oferecem resultados e também porque o uso da Internet é crescente. Contudo, é bom alertar aos profissionais da área de gestão de pessoas que existe um decreto expedido pelo Poder Executivo que traça normas para a educação a distância, programas de ensino a distância em todos os níveis e modalidades de ensino e de educação continuada e inclui, logicamente, o treinamento e o desenvolvimento. Trata-se do Decreto nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, assinado pelo Presidente da República, que regulamenta o art. 80 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n° 9.394, aprovada em 17 de dezembro de1996 e promulgada no dia 20 do mesmo mês. Os muitos exemplos oferecem subsídios para a melhor elaboração e aplicação de programas de treinamento e desenvolvimento. Vale acrescentar que as decisões sobre programas podem ser tomadas à luz dos exemplos que apresentamos, mas estamos certos de que surgem outros exemplos que justifiquem novos procedimentos e novos programas surgirão. Entendemos que a melhor compreensão do que vimos nesse tópico conduzirá você à mais competente aplicação de T&D. 6. VANTAGENS NA APLICAÇÃO É possível afirmar com segurança que a utilização das ferramentas explicitadas anteriormente ou mesmo quaisquer outras que você já tenha incorporado a seu estoque de conhecimento deram a você uma certeza: é fundamental que as pessoas estejam preparadas para todos os procedimentos. Pode parecer repetitivo, mas em se tratando de peças-chave da organização nunca é demais enfatizar a influência do "fator humano no nível de desenvolvimento ou deterioração da organização" (TACHIZAWA; FERREIRA; FORTUNA, 2001). Treinar e desenvolver são funções de todos os envolvidos, de quem recebe o treinamento, de quem está desenvolvendo uma competência essencial ou não ou de quem está à frente do programa como coordenador, condutor, facilitador. Esta permanente e sólida interação tem que prevalecer sempre. A inexistência dessa interação ou mesmo uma interação fraca trará um resultado fraco e, muitas vezes, o resultado fraco vai afetar os resultados globais da empresa e reduzir as chances de ganhos excepcionais. Desta forma, veremos as vantagens proporcionadas por um programa de treinamento e desenvolvimento bem elaborado. Certamente algumas destas você deduziu ao longo da leitura e outras podem parecer bastante óbvias, como, por exemplo, o ganho em competitividade e melhoria contínua na qualidade. Entretanto, vale explicitar uma boa parte das vantagens que consideramos mais importantes com forte subsídio de Carvalho (1995): Ganho em competitividade e em qualidade: talvez este tópico pareça evidente; no entanto, nossa intenção é desfazer qualquer possível dúvida. Sendo assim, vale desenvolver um pouco melhor essa ideia, a fim de mostrar a você onde desejamos chegar. Quando pensamos em treinar e desenvolver pessoas logo nos vem à mente o pensamento de que a nossa empresa, implementando tal atividade, estará mais competitiva e, conquistando esta capacidade de competir, a melhoria da qualidade será uma consequência natural dos esforços empregados. Identifica os pontos fortes e fracos das pessoas e da organização como um todo: é importante atentar para o fato de que os programas de T&D consistem em uma verdadeira relação de troca, na qual todos devem sair ganhando, no caso da organização por intermédio do aproveitamento das aptidões das pessoas e no caso das pessoas por intermédio do seu próprio desenvolvimento e ganho de melhor qualificação para a empresa onde atua e, eventualmente, para que outra empresa possa receber sua colaboração profissional. Ocorre que nem sempre a aposta da empresa tem um resultado positivo, pois há o investimento, há procura pela valorização, mas o esforço revela-se inútil e a demissão às vezes é o único caminho. Aqui registramos uma posição que pode ser contestada, mas dificilmente o será, porque quando a empresa treina e desenvolve a expectativa de que a aplicação de um programa de treinamento naquela pessoa traga resultados altamente positivos para a própria empresa nada impede que a pessoa treinada, em pouco tempo, consiga uma posição melhor numa outra empresa. Assim sendo, a troca acaba não sendo vantajosa para um dos lados, o a da empresa. Este seria um ponto fraco difícil de ser evitado, contornado ou eliminado. Uma posição melhor, uma remuneração superior e a disposição da pessoa em sair são motivações que a empresa não tem como coibir. Pode, sim, fazer ofertas que superem a proposta, provavelmente, de empresa atuante no mesmo segmento, que façam aquele que foi desenvolvido pela empresa repensar e continuar onde está. Capacita as pessoas da organização: seguramente você já deduziu ao longo da leitura que esta é a grande vantagem do treinamento e desenvolvimento de pessoas. Na verdade, a partir do momento em que as pessoas (leia-se: nós) são capacitadas para o curto, médio ou longo prazo, vai ser fácil perceber que elas se sentem em um novo mundo, rico de informações, de novos horizontes, com novos e desejados desafios. Cabe aos executivos maiores entender e dar sequência a esta nova realidade para o treinando e para a empresa, o que deve ser entendido, muito bem entendido, por todos os envolvidos, caso contrário estará sendo criado um gap (lacuna) perigoso, situação que pode transformar-se em uma situação-problema, o que indica que será criada uma situação transformada em problema e sua solução vai depender muito das pessoas envolvidas. Em outro capítulo trataremos adequadamente essa situação-problema. Aumenta a lucratividade da empresa: ao pensarmos numa organização altamente competitiva com pessoas adequadas a sua realidade, pontos fortes e fracos visualizados, o retomo financeiro é uma consequência natural esperada a médio e longo prazo. O gestor de pessoas deve saber que o melhor resultado financeiro e a lucratividade dependem do seu trabalho em todas as subáreas da gestão de pessoas. Infelizmente sabemos de casos onde titulares das mais variadas unidades das organizações não conseguem relacionar o sucesso financeiro com a área de gestão de pessoas, porém este número é declinante e logo todos conseguirão estabelecer uma relação direta entre gestão de pessoas e as demais unidades que integram a estrutura organizacional. Mais à frente apontaremos o aumento de produtividade que difere do possível aumento da lucratividade. Racionaliza procedimentos e desenvolve pessoas: esta vantagem pode ser entendida como a padronização de tarefas e crescimento das pessoas. Note que a palavra padronizar não deve ser entendida no sentido pejorativo, por termos receios de padrões e vivermos hoje uma constante quebra de paradigmas. Ao contrário disso, devemos visualizar o estabelecimento de regras, normas e padrões como agente facilitador para o aperfeiçoamento e facilitação do aperfeiçoamento. Racionalizar procedimentos conduz a exigências funcionais nem sempre recebidas com algum entusiasmo pelas pessoas da organização. Há quem diga que padrões, normas, regras em geral limitam a criatividade e inovações. Muitos falam que seguir padrões cria um hábito que conduz à inércia e com a inércia a tendência é o envelhecimento da organização. Nossa posição segue este mesmo raciocínio, porém sem ser contra a racionalização de procedimentos e o que vem em função disso. Encontrar a medida certa é função da área de gestão de pessoas ao formular programas que alertem para tais eventualidades e dar subsídios que facilitem e deem caráter positivo a essa relação às vezes difícil de equacionar: padrão x criatividade (inovação). Aumenta a produtividade: este tópico não deve ser interpretado como uma obrigatoriedade no processo, mas como uma consequência positiva, à medida que as pessoas tendem a sentir-se mais seguras quando dominam a atividade que exercem. Sendo assim, a produtividade com certeza será maior porque as pessoas se capacitaram e o resultado financeiro, por consequência, será também maior. Propicia um clima organizacional saudável quando o programa de treinamento e desenvolvimento entra em cena, observamos que as pessoas, por estarem mais dispostas a aprender e desenvolver, tendem a estreitar os laços com o intuito de aperfeiçoar as relações entre elas. Sendo assim, podemos dizer que conseguir a elevação do ambiente moral da empresa é apenas uma decorrência natural da afinidade que surge com o próprio programa deT&D. Entenda você que clima saudável não implica sorrisos 24 horas por dia, mas debates, alguma discussão mais acalorada, eventual insatisfação, mas tudo conspirando ou mantendo um clima saudável de responsabilidade, respeito uns com os outros, ou seja, nenhuma ação ou reação que conduza a resultados negativos. Reduz desperdícios e retrabalho (fazer de novo): estamos tratando mais uma vez de uma consequência da racionalização de procedimentos. Para ficar claro, pense que, ao capacitar uma pessoa, esta, em princípio, estará apta a exercer atribuições de que antes era incapaz. Com a interação pessoa/empresa, a possibilidade de ganhos qualitativos aumenta, pois haverá redução de desperdícios e o retrabalho será reduzido a expressão mínima. Ademais, não podemos esquecer que este programa considera os recursos disponíveis, os quais sabemos que são escassos. Portanto, antes de ser aplicado, são considerados viabilidade e dispêndio de recursos dentre outros fatores, de forma a torná-lo acessível a qualquer tipo de organização. Em outras palavras, T&D tem de reduzir desperdícios e praticamente eliminar o retrabalho. É a tal história de dar o exemplo. Como diria o ditado popular, sempre devemos ver os dois lados da moeda, jamais podemos fazer nossas escolhas sem saber exatamente quais são os prós e os contras. Imagine você tomar uma decisão só pensando no lado positivo, no lado bom. Será sempre imprescindível olhar os dois lados da moeda e, por essa razão, vamos ver a seguir algumas limitações para melhor embasarmos o nosso processo decisório em T&D. 7. LIMITAÇÕES NA APLICAÇÃO É comum, ao lerem textos sobre determinado assunto de natureza técnica, alguns autores mostrarem apenas o lado positivo, seja para fortalecer o argumento ou mesmo para evitar questionamentos maiores. A verdade é que dificilmente encontramos o lado não tão positivo, porém aqui estamos tratando de organizações cujas tomadas de decisão podem levar à glória extrema ou à falência inexorável sem contemplação. Com isso queremos registrar alguns pontos fracos dessa sistemática que servirão como um alerta na trajetória profissional de cada um de vocês. • Mobilização de recursos: estamos nos referindo aos recursos que serão disponibilizados na implementação dos vários programas. Como sabemos, processos necessitam de investimentos de diversas origens, e aqui não é diferente. Entretanto, não podemos esquecer que esta mobilização de recursos para os muitos programas gera um compromisso profissional importante, pois os recursos alocados aos programas deixam, logicamente, de ser aplicados em outros programas ou atividades regulares. • Dificuldade de gerir modismos: no caso de a proposta vir de um determinado grupo da empresa que acredita ser "necessário, ou que é possível vender para a direção da empresa algum programa que esteja na moda" (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000). Há hoje um certo descrédito de programas que se originam de modismos, daí a dificuldade de "vender" a moda. Podemos ainda imaginar que determinado modismo tenha surtido o efeito desejado, mesmo assim haverá pessoas insatisfeitas porque esperavam muito mais daquela determinada abordagem. Note você que não somos contra modismos, mas queremos alertar para os constantes perigos de importação de propostas que dão certo numa outra sociedade que não a nossa. Infelizmente temos visto importação de tecnologias que, nem bem deram certo lá fora, são aplicadas no Brasil sem nenhum ajuste. Curiosamente, num primeiro momento, há a aceitação e, depois, não muito mais à frente, é possível perceber o despropósito daquela ferramenta, e aí vem a decepção. Aqui realçamos uma possível ausência de integração entre T&D e as demais ações da gestão de pessoas, motivadas por aplicação de modismos que são ótimos apenas para se matar a curiosidade. O pior é que esses ditos modismos enchem salas de treinamento e, muitas vezes, uma avaliação de programas é baseada no número de inscritos ou no número de profissionais interessados naquele determinado programa direcionado a crescimento. Um fato interessante é que nem na área financeira o modismo é bem aceito. Na Istaé-Dinheiro (2004) podemos encontrar um dos chamados axiomas de Zurique, que diz: "não embarque em modismos. Em geral, a hora certa de comprar um ativo é quando ninguém o quer". Certo ou errado, é um axioma que o mundo ocidental conhece bem. Foi elaborado pelo físico Max Gunther. • Resistência originada por aqueles que "sabem tudo, sabem muito": significa acreditarem que possuem o nível de conhecimento suficiente para que exerçam a atividade para a qual foram chamados a treinar. Ademais, os seres humanos têm uma aversão natural a participar de programas os mais variados porque imaginam que o aperfeiçoamento projetado poderá alterar o seu dia a dia, a sua rotina de trabalho, e aí temem uma ruptura. A insegurança toma conta do inconsciente dessas pessoas na organização. • Pessoas têm dificuldade em perceber seu próprio crescimento: como o aperfeiçoamento é um processo a longo prazo, é natural que as pessoas questionem o que levou a área de gestão de pessoas a fazer a sua convocação para participar de determinado programa. É comum que as pessoas em evolução profissional não percebam o seu crescimento, porque em algumas oportunidades estão mais preocupadas em entender o que estão fazendo ali, sendo provocadas via treinamento e desenvolvimento de profundidade. A responsabilidade por comportamentos dessa natureza é sempre dos titulares da área de gestão de pessoas, principalmente da T&D. Não podemos excluir as gerências de origem dos treinandos que, por vezes, não são suficientemente claras em demonstrar seus objetivos para o pessoal da própria área. • Incerteza quanto à continuidade do programa: este tópico pode ser melhor compreendido quando observamos uma situação que acontece com uma certa e indesejada frequência. Durante um certo período de tempo uma pessoa já em função superior passa por um período de treinamento e desenvolvimento, retorna ao seu ambiente de trabalho e em pouco tempo pede demissão. Como se diz na linguagem popular, "é aí que mora o perigo", pois a empresa mobilizou recursos esperando um retorno que não ocorreu. Nesse caso é justo dizer que não houve investimento e sim despesa, e nada pior para a gestão de pessoas que ter de concordar com críticas que deságuam em despesas, gastos consideráveis, ainda que para argumentação de investimento. • Dificuldade de remanejamento de pessoas: a partir do momento em que estas se encontram em estado de harmonia com o ambiente de trabalho. Quando há um treinamento para o exercício correto de determinado conjunto de tarefas, as pessoas tendem a racionalizar seu trabalho, buscando personalizar, customizar o seu cotidiano funcional. O problema maior é quando há necessidade de transferência, remanejamento de uma área para outra, porque ir para uma outra área vai significar um novo processo de aclimatação onde tudo pode acontecer e o resultado final pode ser um sucesso ou um desastre. Sem dúvida remanejar pessoas dependerá, e muito, da habilidade do gestor e dos titulares das unidades envolvidas. Quando o remanejamento envolve deslocamento geográfico, ou seja, quando a pessoa é transferida para uma outra unidade em outro endereço na mesma cidade, no mesmo Estado ou em outra cidade em outro Estado, certamente será um outro ambiente, uma nova cultura, uma outra gente. Em síntese, tudo será diferente e você pode entender que nem se trata de remanejamento, mas de uma nova posição em outra empresa, tal a variedade de circunstâncias novas que irão surgir. • Pessoas que adquirem competências essenciais além das exigidas: este tópico nada mais é do que uma consequência de planejamento inadequado do programa de T&D. Para entender melhor, imagine uma situação bastante simples. Digamos
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