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REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA AULA 1 Profª Janete Schmidmeier 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, trataremos dos tipos de remuneração e dos conceitos fundamentais que os envolvem, faremos uma análise histórica sobre a remuneração, ampliaremos nossa base argumentativa por meio das desvantagens dos sistemas de remuneração tradicionais e das vantagens dos sistemas de remuneração estratégica e apresentaremos os novos paradigmas de remuneração. Espero que você esteja motivado e aproveite todos os conteúdos apresentados. CONTEXTUALIZANDO Para iniciar nossa aula, você está convidado a refletir, pensando na organização em que você atua ou já atuou, sobre as seguintes questões: O que é uma estratégia de negócios competitiva? O que é uma estratégia de recursos humanos? O que é remuneração estratégica? Como esses três elementos estão relacionados? Quando tratamos do assunto vantagem competitiva, tanto em aula quanto nas organizações, uma das questões unânimes nas discussões é a necessidade de um alinhamento estratégico nas organizações, o qual deve abranger os profissionais, as áreas e os seus objetivos e metas. Por isso, as quatro perguntas propostas buscam orientar a construção de políticas e procedimentos coerentes e alinhados ao planejamento estratégico da organização e, mais especificamente, na tomada de decisão sobre qual método de remuneração é mais adequado. Coerente com os argumentos apresentados, Marras (2012, p. 123) defende que todo sistema de remuneração estratégica, por princípio, exige um perfil diferenciado de organização. Dificilmente um modelo remuneratório desse gênero poderá ser implantado em uma organização onde impere uma hierarquia rígida, com modelos de tomada de decisão centralizados e onde não se privilegie a autonomia de ações, a criatividade e o sentido de equipe. 3 TEMA 1 – TIPOS DE REMUNERAÇÃO A política de remuneração adotada pelas organizações bem como os tipos de remuneração adotados nessa política têm sido pauta de muitos estudos e discussões sobre os sistemas de gestão que motivam resultados espetaculares, tanto individuais, quanto nas equipes e organizações. Mas do que se trata a política de remuneração e qual a sua relação com o tema remuneração estratégica? Em primeiro lugar, segundo Marras (2012, p. 93), “o instrumento que permite à empresa determinar os parâmetros que deseja imprimir, fixando condições e normas a serem seguidas ao longo de toda estrutura organizacional é a política de remuneração”, ou seja, são as diretrizes que norteiam a forma de gerir as decisões sobre a remuneração, as quais devem ser coerentes com o planejamento estratégico da organização, ou seja, sua visão, missão e objetivos, e com a cultura organizacional. Se falamos em política de remuneração alinhada ao planejamento estratégico da organização, a forma de remunerar tende a ser estratégica, caracterizando, portanto, uma remuneração estratégica, tema desta aula. Mas antes de nos aprofundar no assunto, precisamos conhecer alguns conceitos fundamentais que envolvem a remuneração estratégica, iniciando pelo conceito de remuneração. Remuneração, para Chiavenato (2010, p. 282), é “o processo que envolve todas as formas de pagamento ou de recompensas dadas aos funcionários decorrentes do seu emprego”. Já para Moreno (2014, p. 27), “é o processo de troca, no qual as expectativas de trabalho de uma organização são recompensadas por meio do trabalho desenvolvido por uma pessoa”. Na literatura sobre remuneração, existem várias lentes de análise que tratam dos tipos de remuneração, dentre elas a apresentada por Krauter (2009), conforme a Figura 1. 4 Figura 1 – Formas de remuneração Fonte: Krauter, 2009, p. 44. Baseado na Figura 1, a remuneração total é dividida em remuneração financeira, composta pela compensação econômica do trabalho e remuneração não financeira, composta pelas recompensas indiretas como o desenvolvimento pessoas, perspectivas de encarreiramento, aspectos ligados à qualidade de vida no trabalho etc. A remuneração financeira, por sua vez, está dividida em remuneração direta composta pela remuneração fixa, ou seja, remuneração acordada e paga regularmente e a remuneração variável, ou seja, aquela paga em decorrência do alcance das metas estipuladas. Por fim, a remuneração indireta, representada pelos benefícios concedidos ao colaborador, engloba os benesses concedidos como valor agregado à remuneração direta. Outra diferenciação muito utilizada é apresentada por Marras (2012, p. 1), que divide a remuneração total em remuneração funcional e remuneração estratégica, sendo que remuneração funcional “é aquela utilizada pela maioria das empresas, quando ajustam suas estruturas de cargos e salários por um sistema de pontos”. Na estruturação desse modelo de remuneração, a área de gestão de pessoas utiliza como referência as médias de remuneração do mercado aplicada a descrição de cargos e salários definidas pela organização. Já, segundo o autor, remuneração estratégica é um misto de todas as formas de remuneração disponíveis atualmente, ou seja, a remuneração fixa, propriamente dita, os benefícios e demais vantagens oferecidas pela organização: a remuneração por competências e/ou habilidades, remuneração variável, remuneração por resultados e outras formas (Marras, 2012, p. 2). A adoção, por parte das organizações, de um sistema de remuneração estratégica tem como princípio fundamental não fixar um valor para a remuneração do profissional de forma genérica, mas utilizar métodos Remuneração total Remuneração financeira Remuneração direta Remuneração fixa Remuneração variável Remuneração indireta BenefíciosRemuneração não financeira 5 estratégicos de construir a remuneração com base na contribuição efetiva do colaborador com a realização do planejamento estratégico da organização e, consequentemente, do alcance dos objetivos e metas da organização, da equipe e individuais. Saiba mais Agora, que tal aumentar o seu conhecimento? Para um maior aprofundamento sobre os tipos de remuneração e os conceitos fundamentais atrelados a eles, leia o capítulo 1 (“Conceitos e definições”) do livro a seguir: MORENO, A. I. Administração de cargos e salários. Curitiba: InterSaberes, 2014. TEMA 2 – HISTÓRICO DA REMUNERAÇÃO Para iniciar as discussões sobre o histórico da remuneração, vamos refletir sobre a afirmativa a seguir? “O mundo mudou... as empresas mudaram” (Wood Jr., 2012) Na maioria das rodas de conversa entre executivos e profissionais de gestão de pessoas, um tema vigente constante nas pautas é a evolução dos sistemas de gestão organizacional, o qual está sendo impulsionado pelas mudanças tecnológicas, no mercado e no perfil dos profissionais e das organizações. Mas qual é o impacto dessas mudanças e consequentes adaptações para a gestão de pessoas e os sistemas de remuneração? Em primeiro lugar, a gestão de pessoas está evoluindo em direção a um modelo mais orgânico, flexível, descentralizado e com foco nas pessoas e relações. Para Ceribeli (2015, p. 130), a Gestão de Pessoas passou a ser reconhecida no meio empresarial a partir da década de 1980, após o surgimento das ciências comportamentais, em razão da constatação empírica de que gerenciar o capital humano nas organizações impacta positivamente em seu desempenho e no nível de competitividade alcançado. Em segundo lugar, dentro da função de gestão de pessoas de atrair e reter os profissionais, mais especificamente o produto remuneração, a evolução está atrelada à ampliação do olhar individualizado para os resultados do profissional em detrimento do olhar genérico para o cargo. Segundo Marras (2012, p. 122), 6 enquanto a ARH tradicional desenvolve planos de estruturas salariais fundamentadasnos limites das exigências do cargo, utilizando como parâmetros comparativos, por um lado uma avaliação de pontos interna e, por outro, as médias salariais do mercado, a ARH estratégica busca complementar esse sistema com o que se chama ‘remuneração estratégica’. Portanto, ao tratar de evolução em sistemas de gestão, é preciso atentar para o fato de que a concorrência para manter funcionários valiosos e de alto desempenho é imprescindível no sentido de garantir a vantagem competitiva das organizações. Um sistema de desempenho e recompensas estratégicas é uma das formas mais eficazes de reter os melhores talentos na empresa e aumentar os seus lucros. O modelo de remunerar os funcionários por meio de compensações variáveis atreladas ao desempenho individual surgiu nos EUA no início do século XX e, com a globalização da economia e a instalação de empresas multinacionais no Brasil, o conceito foi disseminado a partir das décadas de 50 em nosso país. As áreas comerciais adotam o modelo de remuneração variável por meio das comissões de vendas há muito tempo, porém a remuneração estratégica e meritocrática para as demais áreas é mais recente no mundo e no Brasil. Outro fator que impulsionou a adoção de modelos mais modernos de remuneração foi a revolução tecnológica nas atividades organizacionais, as quais exigiam a atuação de profissionais altamente qualificados, e uma das estratégias utilizadas para atrair e manter estes profissionais foi o desenvolvimento de modelos de remuneração estratégica competitivos e atrativos. Mais uma questão a ser analisada, ao tratar da evolução dos sistemas de remuneração, é o cenário atual de constantes mudanças no ambiente, nos mercados e nos sistemas de gestão. Segundo Pinheiro (2017), esses adventos têm motivado as organizações a inovar seus métodos de coordenar e recompensar o trabalho, “valorizando os colaboradores criativos que trabalham em equipe e se auto gerenciam, em detrimento dos sistemas antigos e/ou tradicionais baseados na descrição de cargos e funções intrínseca à gestão burocrática”. Para concluir, é importante ressaltar que a remuneração é resultado da evolução do ambiente, dos mercados e dos sistemas de gestão na organização, uma vez que, para se manter competitiva, as organizações precisam buscar a 7 eficácia e eficiência máxima do seu capital intelectual e uma das formas mais efetivas para isso é o incentivo por meio do reconhecimento dos melhores resultados por meio da remuneração estratégica. Saiba mais Caso você queira aprofundar um pouco mais sobre o tema, acesse o link a seguir e assista a um vídeo sobre os tipos de remuneração: ENTREVISTA tipos de remuneração. Emprego e Renda TV, 18 abr. 2012. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=sGSayshhykw>. Acesso em: 25 nov. 2019. TEMA 3 – LIMITAÇÕES DOS SISTEMAS TRADICIONAIS DE REMUNERAÇÃO A tendência mundial no que tange os sistemas de remuneração é a migração da remuneração tradicional para a remuneração estratégica, como apresentado anteriormente. Mas quais são as principais limitações dos sistemas tradicionais de remuneração? Segundo Wood Jr. (1996, p. 37-39), os sistemas tradicionais apresentam inúmeras limitações: Inflexibilidade: os sistemas tradicionais de remuneração tendem a tratar diferentes de forma homogênea. Não consideram convenientemente peculiaridades das empresas, áreas, funções e níveis hierárquicos; Falsa objetividade: a aparente racionalidade destes sistemas esconde uma visão reducionista da realidade organizacional, ou seja, implica ignorar a complexidade organizacional; Metodologia desatualizada: os sistemas tradicionais são trabalhosos, inflexíveis e pouco ágeis; Conservadorismo: os sistemas tradicionais reforçam a estrutura burocrática, privilegiando as ligações hierárquicas em detrimento do foco nos processos críticos e no cliente; Anacronismo: os sistemas tradicionais constituem-se em entraves à evolução do processo de mudança; Divergência: os sistemas tradicionais não consideram a visão de futuro e a orientação estratégica da organização, dificultando a convergência de esforços para objetivos comuns. 8 Ademais, para Adesse (2018, p. 31), as principais limitações da remuneração estratégica são as seguintes: a. remunera as pessoas em função do tempo disponibilizado e não pelo desempenho ou pelo alcance das metas ou resultados; b. não incentiva o espírito empreendedor nem a aceitação dos riscos e responsabilidades; c. funciona como elemento da conservação da rotina e do status quo; e d. não apresenta motivação intrínseca: apenas funciona como fator higiênico. Somado a essas limitações descritas pelo autor, a sua pesquisa empírica destacou outra limitação elencada pelos próprios profissionais atuantes nas organizações pesquisadas: a ausência de incentivo do espírito de pertencimento da causa, ou seja, o funcionário não se sente proprietário da situação, o que faz com que este não se empenhe o máximo que ele pode (Adesse, 2018). Além das suas limitações, o modelo tradicional tem várias desvantagens. Para Shimko (2000, p. 30): Pode aumentar os custos operacionais do sistema de pagamento da organização, uma vez que, normalmente, necessita da contratação de uma empresa de consultoria para fornecer auditorias de compensação e dados de pesquisa contínuos; O modelo tradicional recompensa as pessoas pela criação de despesas gerais e custos mais altos porque supervisionar orçamentos maiores e mais subordinados leva a salários mais altos; Os colaboradores rapidamente percebem que a maneira de vencer o sistema de remuneração é criar descrições de trabalho extravagantes e excessivamente inclusivas; Dar mais dinheiro a uma pessoa simplesmente por assumir novas responsabilidades recompensa as mudanças de emprego, em vez do desempenho excepcional ou desenvolvimento de habilidades necessárias; Como a remuneração é determinada pelo nível de um funcionário e pela classificação do trabalho, o modelo limita sua flexibilidade para recompensar as pessoas com base em seu desempenho individual; 9 A remuneração tradicional reforça uma orientação de carreira vertical. Isso leva a equipe a buscar funções onde elas podem não ser tão eficazes; Reforça a hierarquia e a burocracia, atribuindo valor aos empregos em termos de sua posição hierárquica e nível de controle, o modelo tradicional promove comportamentos e relações de poder indesejáveis. Concluindo, a adoção de um sistema de remuneração tradicional na política de remuneração da organização pode influenciar toda a cultura organizacional, os estilos de trabalho e as relações de poder e controle, uma vez que este modelo é mais burocrático, fortalecendo características como a hierarquia rígida e vertical, a adoção de sistemas inflexíveis de controle dos processos, a resistência à mudança, a lentidão e a ineficiência na resolução de problemas, entre outros. Saiba mais Que tal ampliar sua base argumentativa sobre o tema? Leia o capítulo 3 – Remuneração Tradicional ou Fixa - do livro a seguir: MARRAS, J. P. Administração de remuneração. 2. ed. São Paulo: Pearson Education Brasil, 2012. TEMA 4 – REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA COMO VANTAGEM COMPETITIVA Para iniciar as discussões sobre este tema, vamos utilizar o argumento de Wood Jr (1996, p. 39), o qual defende que A questão central é transformar a visão usual da remuneração como fator de custo para uma visão de remuneração como fator de aperfeiçoamento da organização, como impulsionador de processos de melhoria e aumento da competitividade. Quando o autor defende a visão de remuneração como fator impulsionador do aperfeiçoamento da organização, defende também uma visão estratégica da remuneração como vantagem competitiva. Portanto, a primeira vantagem a ser considerada quando tratamos da remuneraçãocomo vantagem competitiva está baseada na premissa de que uma remuneração atrativa aos olhos dos profissionais e do mercado tende a fortalecer a imagem da organização e a torna mais atraente para os talentos 10 existentes no mercado. Ou seja, aumenta a sua capacidade de atração para os melhores talentos do mercado. A segunda vantagem a ser destacada é a redução do turnover organizacional. Ou seja, aumenta a sua capacidade de retenção dos seus talentos e demais profissionais. A terceira vantagem é baseada no argumento de que a existência de uma compensação financeira atrelada ao desempenho, aumenta o nível de motivação para o alcance das metas e objetivos individuais, da equipe e da organização. Ou seja, aumenta a motivação e o engajamento dos profissionais para o alcance de melhores resultados. A quarta vantagem é a melhoria no clima organizacional, uma vez que, ao perceber uma remuneração coerente com as entregas individuais e não exclusivamente com a descrição do cargo, os colaboradores tendem a se sentir mais satisfeitos e felizes em seu ambiente de trabalho. Ou seja, aumenta o nível de satisfação pessoal, melhorando o clima organizacional. Somada às vantagens listadas, Marques (2017) apresenta outros argumentos que posicionam a remuneração estratégica como vantagem competitiva: 1. ajuste da remuneração com o desempenho e alcance de metas do colaborador; 2. trabalha o lado emocional do profissional, pois serve como agente motivador; 3. incentiva o desempenho além da média; 4. proporciona retenção de talentos à empresa; 5. eleva a produtividade da organização; 6. estimula o trabalho em equipe; 7. reduz a diferença de níveis hierárquicos, pois promove autonomia aos colaboradores; 8. gera rapidez e flexibilidade na tomada de decisões e entrega de resultados; 9. estimula o colaborador a procurar por qualificação profissional, uma vez que ele desejará ser qualificado para executar determinada tarefa e, assim, ser bem remunerado. 11 Concluindo, a remuneração estratégica pode ser uma ferramenta-chave de recrutamento e retenção e deve sempre ser aproveitada para motivar os colaboradores em direção ao alcance dos objetivos da organização. Saiba mais Quer saber mais sobre as vantagens competitivas baseadas na remuneração estratégica? Acesse o link a seguir e leia um artigo sobre as vantagens da remuneração estratégica: REMUNERAÇÃO estratégica impulsiona melhores resultados. Blog RH, 13 jul. 2017. Disponível em: <https://blogrh.com.br/remuneracao-estrategica- impulsiona-melhores-resultados/>. Acesso em: 25 nov. 2019. TEMA 5 – NOVOS PARADIGMAS DE REMUNERAÇÃO Muita coisa tem mudado no que tange à relevância da estratégia de remuneração tanto na visão dos profissionais quanto das organizações. Neste tema iremos tratar justamente das mudanças de paradigma envolvendo a remuneração. Mas o que são paradigmas? Paradigma, para Guba (1990, p. 17), é o “conjunto básico de crenças que guiam a ação”. Para Caravantes, Panno e Kloeckner (2005, p. 9), trata-se de “uma constelação de crenças, valores, e técnicas compartilhadas por membros de uma determinada comunidade científica”. Portanto, os paradigmas englobam crenças, valores e princípios que direcionam as ações. Com base na definição de paradigmas, é possível elencar uma série deles envolvendo a remuneração. Para Pereira Filho & Wood Jr. (1995, p. 24), “o sistema de remuneração passa a ser parte do sistema gerencial da organização e, se bem balanceado, fonte autêntica de diferenciação e vantagem competitiva.”. Outro paradigma a ser considerado é o fortalecimento da diversidade e das individualidades como vantagem competitiva e, portanto, a adoção de sistemas de remuneração cada vez mais personalizados e flexíveis. O alinhamento da política e método de remuneração com as estratégias organizacionais, abarcando objetivos de curto, médio e longo prazos com base na missão, visão, valores e cultura organizacional também representa um dos novos paradigmas da remuneração. 12 Os sistemas de remuneração devem se tornar mais ágeis e flexíveis a fim de garantir a rápida adequação das estruturas de remuneração às constantes mudanças de ambiente, bem como às novas profissões e competências que estão emergindo no mercado de trabalho. Outra perspectiva sobre as mudanças de paradigmas no que tange à remuneração é apresentada por Oliveira (2001), segundo a qual, os novos paradigmas de remuneração devem ser baseados em cinco pilares: 1. Integração, ou seja, está associada ao alinhamento entre os objetivos individuais e da organização; 2. Flexibilização, para ampliar a capacidade de adaptação às mudanças contextuais; 3. Estratégia, ou seja, em comum acordo com os objetivos e estratégias do negócio; 4. Transparência, abertura da empresa em relação ao conhecimento por parte dos empregados do desenvolvimento das políticas de recompensa; 5. Meritocracia, ou seja, a recompensa aos melhores desempenhos. Para concluir a análise sobre os novos paradigmas de remuneração, que tal analisar a organização em que você atua ou em que já atuou e identificar quais são os paradigmas que norteiam as decisões acerca de remuneração? Trata-se de uma organização burocrática ou flexível? Trata-se de uma organização que entende a remuneração como custo ou como elemento de atração e retenção de talentos? A política de remuneração é coerente com os valores e a cultura organizacional? Todas essas questões devem nortear os processos de tomada de decisão rumo a modelos mais assertivos de remuneração, lembrando que mudanças estruturais como esta devem ser bem planejadas e levam um certo tempo para serem implementadas. O importante é iniciar o processo e adotar os novos paradigmas que têm garantido a sustentabilidade e as vantagens competitivas das organizações. 13 Saiba mais Para um maior aprofundamento sobre o tema, acesse o link a seguir e leia o artigo sobre a importância do reconhecimento: LINHARES, A. Reconhecimento além da remuneração. Revista Melhor, 14 ago. 2017. Disponível em: <https://revistamelhor.com.br/reconhecimento- alem-da-remuneracao/>. Acesso em: 25 nov. 2019. TROCANDO IDEIAS Considerando as temáticas estudadas, leia o trecho a seguir: O Brasil precisa inovar na arte de remunerar seus profissionais, precisamos sair do salário fixo e migrar rapidamente para o salário variável por resultados, a arte de remunerar precisa de empreendedores dispostos a sair de dentro da caixa, quebrar velhos conceitos (paradigmas) e adotar critérios justos e transparentes, capaz de comprometer os empregados a ponto de gerar resultados acima da expectativa (Rigaud, 2015). Baseado no texto, discuta sobre a importância da transparência no que tange aos métodos, às formas e às regras da remuneração adotada pela organização para todo o quadro de colaboradores. NA PRÁTICA A Consultoria Michel Page, em seu Estudo de remuneração (Page, 2017), obteve como resultado de sua pesquisa junto a 3000 profissionais de alta e média gerências atuantes no Brasil, os principais fatores de desmotivação e de motivação dentre os profissionais consultados, conforme as Figuras 2 e 3. 14 Figura 2 – Fatores de desmotivação Fonte: Page, 2017, p. 9. Figura 3 – Fatores de motivação Fonte: Page, 2017, p. 9. Baseado nas Figuras 2 e 3, responda à seguinte questão: – Por que o salário é elencado tanto como principal motivo que encoraja os profissionais a permanecerem na organização quanto como principal fator desmotivador? FINALIZANDO Nesta aula, tivemos a oportunidade de iniciar o nosso contato com o tema remuneração estratégica, seus conceitos fundamentais e a sua evolução histórica coerente com o desenvolvimento de sistemas de gestão mais humanizados e orgânicos. Abordamos também as limitaçõese as desvantagens dos sistemas de remuneração tradicionais com base no contexto em que as organizações estão inseridas, contexto este que exige dos processos e políticas internas uma maior flexibilidade para permitir a emergência das inovações necessárias na garantia da vantagem competitiva da organização. Por fim, concluímos apresentando as vantagens da remuneração estratégica e os novos paradigmas de remuneração, ampliando, dessa maneira, o escopo de argumentos favoráveis à implantação de sistemas mais coerentes e alinhados à estratégia organizacional. 15 REFERÊNCIAS ADESSE, V. F. O uso da remuneração variável como ferramenta estratégica organizacional, Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Administração de empresas) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: <https://www.maxwell.vrac.puc- rio.br/37655/37655.PDF. Acesso em; 25 nov. 2019. CARAVANTES, G. R.; PANNO, C. C.; KLOECKNER, M. C. Administração: teorias e processo. São Paulo: Pearson. 2005. CERIBELI, H. B. et al. Remuneração estratégica: um estudo multicasos. Revista de Globalização, Competitividade e Governabilidade, v. 9, n. 3, p. 129-144, 2015. CHIAVENATO, I. Comportamento organizacional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. GUBA, E. G. The Alternative Paradigm Dialog. In: GUBA, E. G. (Ed.) The Paradigm Dialog. London: Sage, 1990. KRAUTER, E. Contribuições do sistema de remuneração dos executivos para o desempenho financeiro: um estudo com empresas industriais brasileiras. Tese (Doutorado em Administração) – Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009. MARQUES, R. Saiba como a remuneração estratégica pode ser usada na motivação de uma equipe. IBC – Instituto Brasileiro de Coaching, 7 jun. 2017. Disponível em: <https://www.ibccoaching.com.br/portal/saiba-como- remuneracao-estrategica-pode-ser-usada-na-motivacao-de-uma-equipe/>. Acesso em: 25 nov. 2019. MARRAS, J. P. Administração de remuneração. 2. ed. São Paulo: Pearson Education Brasil, 2012. PAGE, M. Estudo de remuneração. Campinas: Michael Page, 2017. Disponível em: <https://www.michaelpage.com.br/sites/michaelpage.com.br/files/Estudo_de_R emuner%C3%A7%C3%A3o_MP_2017.pdf>. Acesso em; 25 nov. 2019. MORENO, A. I. Administração de cargos e salários. Curitiba: InterSaberes, 2014. 16 OLIVEIRA, L. M. Barbosa de. Remuneração: estabelecimento e tendências: um estudo nas empresas do Brasil. XXV Encontro Anual dos Programas de Pós- Graduação em Administração – ENANPAD, 2001. PEREIRA FILHO, J. L., WOOD JR, T. Remuneração estratégica: a nova vantagem competitiva. 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