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Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 85 AULA 12 – INTRODUÇÃO À TRANSFERÊNCIA DE CALOR CONVECTIVA Lei de Resfriamento de Newton Já vimos que a transferência de calor por convecção é regida pela simples de lei de resfriamento de Newton, dada por: )( TTAhq S onde, Ts, T∞ – temperatura da superfície aquecida e do fluido ao longe; A – área de troca de calor, isto é, a área de contato do fluido com a superfície; h = coeficiente de transferência de calor por convecção. O problema fundamental da transferência de calor por convecção é a determinação do valor d h para o problema em análise. Nota-se que a expressão da transferência de calor é consideravelmente mais simples que a da condução. No presente caso, basta resolver uma equação algébrica simples para que o fluxo de calor seja obtido desde que, claro, se conheça o valor de h, enquanto que no segundo caso, exige-se a solução da equação diferencial da condução de calor. Essa aparente simplicidade é, no entanto, enganosa, pois na verdade, em geral, h é função de um grande número de variáveis, tais como as propriedades de transporte do fluido (viscosidade, densidade, condutividade térmica), velocidade do fluido, geometria de contato, entre outras. Nessa e nas demais aulas, serão apreentadas expressões e métodos de obtenção daquela grandeza para diversas condições de interesse prático. Mas, antes, vamos apresentar os números adimensionais que controlam a transferência de calor convectiva. Análise Dimensional A análise dimensional é um método de reduzir o número de variáveis de um problema para um conjunto menor de variáveis, as quais não possuem dimensão física, isto, tratam-se de números adimensionais. Alguns adimensionais que o aluno já deve estar familiarizado a essa altura são o número de Reynolds na Mecânica dos Fluidos, os números de Biot e de Fourier. Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 86 A maior limitação da análise dimensional é que ela não fornece qualquer informação sobre a natureza do fenômeno. Todas as variações que influenciam devem ser conhecidas de antemão. Por isso deve se ter uma compreensão física preliminar correta do problema em análise. O primeiro passo da aplicação do método consiste na determinação das dimensões primárias. Todas as grandezas que influenciam no problema devem ser escritas em função destas grandezas. Por exemplo, considere o sistema primário de grandezas MLtT, onde: Comprimento L Tempo t Massa M Temperatura T Nesse sistema de grandezas primárias, por exemplo, a grandeza força tem as seguintes dimensões: Força ML/t 2 O mesmo pode ser feito para outras grandezas de interesse: Condutividade térmica ML/t 3 T Calor ML 2 /t 2 Velocidade L/t Densidade M/L 3 Velocidade M/Lt Calor específico a pressão constante L 2 /t 2 T Coeficiente De transmissão de calor M/t 3 T Teorema dos Π ou de Buckingham Esse teorema permite obter o número de adimensionais independentes de um problema. É dado por: M = N – P Onde, M – número de grupos adimensionais independentes; N – número de variáveis físicas dos problemas; P – número de dimensões primárias; Sendo um adimensional genérico, pode-se escrever, então: 0),...,( 21 mF Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 87 Para exemplificar, considere um fenômeno físico de 5 variáveis e três dimensões primarias. Logo, M = 5-3 = 2, de onde se obtém: 0),( 21 F ou pode-se escrever um adimensional como função do outro da seguinte forma. )( 21 f Essa relação funcional pode ser teórica ou experimental, obtida em laboratório, como indicado no gráfico abaixo. Note que seria necessário se realizar experimentos com apenas uma variável (grupo adimensional 2) e observar a dependência de 1. Com isso, reduz-se drasticamente o número de experimentos. Caso contrário, seria necessário fazer experimentos envolvendo as 5 variáveis originais do problema. 1 2 erimentalcurvaf exp)( 2 Outro exemplo, seria o caso de um fenômeno descrito por 3 grupos adimensionais. Nesse caso, tem-se: 0),,( 321 F , ou ),( 321 f Pode-se, assim, planejar experimentos laboratoriais mantendo 3 constante, e variando 2, observando como 1 varia, como ilustrado no gráfico abaixo. 2 tesconsdecurvas tan31 Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 88 Adimensionais da transferência de calor por convecção forçada Considere o escoamento cruzado em um tubo aquecido, como ilustrado na figura abaixo. fluido V Tubo aquecido D Sabe-se de antemão que as grandezas que interferem na transferência de calor são: Variáveis Eq. Dimensional D Diâmetro do Tubo L k Condutividade térmica do fluido ML/t 3 T V Velocidade do fluido L/t ρ Densidade do fluido M/L3 μ Viscosidade do fluido M/Lt CP Calor especifico a pressão constante L 2 /t 2 T h Coef. de transferência de calor M/t 3 T Portanto, há N = 7 grandezas e P = 4 dimensões primárias, do que resulta em: M = 7 – 4 = 3 (3 grupos adimensionais) Seja um grupo adimensional genérico do tipo: g c f p edcba hcVKD Substituindo as equações dimensionais de cada grandeza, vem: gfedcb a Tt M Tt L Lt M L M t L Tt ML L 32 2 33 ou, após rearranjo, vem: gfbgfecbfedcbagedb TtLM 32323 Por se tratar de um adimensional, todos os expoentes devem ser nulos, isto é: Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 89 0 0323 023 0 gfb gfecb fedcba gedb Há um sistema de 7 incógnitas e 4 equações. Portanto, o sistema está indefinido. O método pressupõe que se assumam alguns valores para os expoentes. Aqui é um ponto crítico do método, pois há de se fornecer valores com critérios. Por exemplo, (A) – Como h é uma grandeza que nos interessa, vamos assumir o seguinte conjunto de valores 0 1 dc g Assim, pode-se resolver a equação do grupo adimensional, resultando em: a = 1 b = -1 e = f = 0 Esse primeiro grupo adimensional recebe o nome de número de Nusselt, definido por: Nu k Dh 1 (B) – Agora vamoseliminar h e assumir outros valores 0 1 0 f a g (para não aparecer h) A solução do sistema fornece: b = 0 c = d = 1 e = -1 De onde resulta o outro grupo adimensional relevante ao problema que é o número de Reynolds, dado por: D VD Re2 Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 90 (C) - Finalmente, vamos assumir os seguintes valores e = f =1 b = -1 Daí resulta, o terceiro e último número adimensional que recebe o nome de número de Prandtl, Pr3 k cp Então, há uma função do tipo 0),,( 321 F ou 0),,( PrReDNuF . Isolando o número de Nusselt, vem: ),( PrReDfNu Assim, os dados experimentais podem ser correlacionados com as 3 variáveis (os grupos adimensionais) ao invés de sete (as grandezas que interferem no fenômeno). Vimos, então, que: ),( PrReDfNu Diversos experimentos realizados com ar, óleo e água mostraram que existe uma ótima correlação envolvendo estes três adimensionais, conforme ilustrado no gráfico abaixo. Note que, ar, água e óleo apresentam propriedades de transporte bastante distintas e, no entanto, os coeficientes de transferência de calor nesses três fluidos podem ser correlacionados por meio dos números adimensionais. Isto também indica que, uma vez obtida a expressão que rege a transferência de calor, nos sentimos à vontade para usar com outros fluido, caso não existam dados experimentais de laboratório disponíveis. 10 1001 1 3,0Pr Nu 4,03,0 RePr82,0Nu água óleo ar 3<ReD<100 10 0,01 Re Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 91 AULA 13 – CAMADA LIMITE LAMINAR SOBRE UMA PLACA OU SUPERFICIE PLANA Na aula passada vimos que a transferência de calor no escoamento externo sobre uma superfície resulta na existência de 3 números adimensionais que controlam o fenômeno. Essas grandezas são o número de Nusselt, Nu, o de Reynolds, Re, e o de Prandtl, Pr. De forma que existe uma relação do tipo Nu = f(Re, Pr), a qual pode ser obtida de forma experimental ou analítica em algumas poucas situações. Na aula de hoje apresentar-se-á uma situação particular em que esta relação pode ser obtida de forma analítica e exata. Para isso, serão apresentadas as equações diferenciais que regem a transferência de calor em escoamento sobre uma superfície plana em regime laminar. Depois será indicada a solução dessas equações. Para começar o estudo, considere o escoamento de um fluido sobre uma superfície ou placa plana, conforme ilustrado. Admita que o fluido tenha um perfil uniforme de velocidades (retangular) antes de atingir a placa. Quando o mesmo atinge a borda de ataque, o atrito viscoso vai desacelerar as porções de fluido adjacentes à placa, dando início a uma camada limite laminar que cresce em espessura à medida que o fluido escoa ao longo da superfície. Note que esta camada limite laminar vai crescer continuamente até que instabilidades vão induzir a uma transição de regime para dar início ao regime turbulento, se a extremidade da placa (borda de fuga) não for antes atingida. Admite que a transição ocorra para a seguinte condição 5105Re xu xtransição (às vezes também se usa 3 105), onde x é a distância a partir do início da placa (borda de ataque). y u laminar x Transição Turbulento Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 92 No regime laminar, o fluido escoa como se fossem “lâminas” deslizantes, sendo que a tensão de cisalhamento (originária do atrito entre essas camadas) é dada por dy du para um fluido newtoniano (como o ar, água e óleo). Essa condição e geometria de escoamento permitem uma solução exata, como se verá a seguir. Equações da continuidade e quantidade de movimento na camada limite laminar Hipóteses principais: - Fluido incompressível - Regime permanente - Pressão constante na direção perpendicular à placa - Propriedades constantes - Força de cisalhamento na direção y constante Considere um elemento diferencial de fluido dentro da camada limite laminar (CLL), como indicado. x y dy dx Equação da continuidade ou da conservação de massa. dydx x u u )( dxdy y v v )( vdx udy dx dy Como entrasai mm , então substituindo os termos, vem: dydx x u udxdy y v vvdxudy )()( . Simplificando, tem-se 0 y v x u ou 0VDiv Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 93 Equação da conservação da quantidade de movimento Da 2ª lei de Newton, tem-se que extF variação do fluxo da quantidade de movimento Balanço de forças na direção x. Forças externas (pressão e atrito – gravidade desprezível) dxdy y )( dx pdy dydxx p p )( dydx x p pdxdxdy y pdyFx )()( ou, simplificando, dxdy x p dxdy y Fx Mas, por ser um fluido newtoniano, tem-se dy du que, substituindo, em. dxdy x p dxdy y u Fx 2 2 Agora, vamos calcular o fluxo de quantidade de movimento (direção x) dxdy y u udy y v v ))(( vudx dydx x u u 2)( dyu2 Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 94 Juntando todos os termos, tem-se a seguinte expressão: superior ordem de termos2 )( )(2 ))(()( 2 222 22 dxdy y v udxdy y u vdxdy x u u uvdxdxdy y u y v dxdy y v udxdy y u vvudxdyudydx x u dxdy x u udyu uvdxdxdy y u udy y v vdyudydx x u u Ainda é possível simplificar esta equação para obter dxdy y v x u udxdy y u v x u u decontinuida 0 )()( dxdy x u v x u u )( Portanto, agora podemos juntar os termos de resultante das forças externas com a variação do fluxo da quantidade de movimento, resultando na seguinte equação: x p y u y u v x u u 2 2 )( Equação da conservação da energia, ou primeira lei da termodinâmica - Condução na direção x desprezível - Energia cinética desprezívelface à entalpia dxdy y u udy y v v ))(( dydx x u u 2)( dxdy y u u ) )( ( )( 2 2 dy y T y T kdx dx dy y T kdx dxuvhdx uhdy Potência (térmica) líquida das forças viscosas dydy x h hdy x u u ))(( dydy y h hdy y u u ))(( Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 95 dydx y u uu y dydx y u dxudxdy y u u )()( Conservação de energia: tempode unidade na ldiferencia controle de volumeo deixa que energia de fluxo tempode unidade na realizado líquido trabalho tempode unidade na ldiferencia controle de volumeno entra que energia de fluxo Agora, vamos tratar cada termo em particular Fluxo de energia que entra Entalpia + Condução de calor (note que a condução na direção x é desprezível) y T kdxuhdyvhdx Trabalho na unidade de tempo (potência térmica gerada pelas forças viscosas) dxdy y u u y Fluxo de energia que entra )())(())(( 2 2 dy y T y T kdxdydx x h hdx x u udxdy y h hdy y v v Desprezado os termos de ordem superior dxdy x u kdxdy y v hdxdy y h vdxdy x u hdxdy x h udydx y u u y 2 2 00 2 2 0 )( x u k y v x u h x h v x h u y u u y decontinuida Com Tch p e substituindo todos os termos na equação de balanço, resulta na forma diferencial da equação da energia para a camada limite laminar, dada abaixo: y u u yy T k y T vc x T uc pp 2 2 Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 96 Em geral a potência térmica gerada pelas forças viscosas (último termo) é desprezível face ao termo da condução de calor e de transporte convectivo de energia (entalpia). Isso ocorre a baixas velocidades. Assim, a equação da energia pode ser simplificada para: 2 2 y T y T v x T u Retornando agora à equação da conservação da quantidade de movimento. Se o escoamento se der à pressão constante, aquela equação pode ainda ser reescrita como: 2 2 y u y u v x u u onde, é a viscosidade cinemática Comparando as duas equações acima, nota-se que quando , ou seja, 1Pr corresponde ao caso em que a distribuição da temperatura é idêntica a distribuição de velocidades, o que ocorre com as maiorias dos gases, já que 1Pr65,0 . Em resumo, as três equações diferenciais que regem a transferência de calor na camada limite laminar são: Conservação de massa 0 y v x u Conservação da quantidade de movimento direção x x p y u x u v x u u 2 2 )( 2 2 y u x u v x u u pressão constante Conservação de energia 2 2 y T y T v x T u Ver solução das camadas limites laminares hidrodinâmica e térmico no apêndice B do Holman e item 7.2 do Incropera. Solução de Blasius. Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 97 Os principais resultados da solução dessas equações diferenciais são os seguintes: Crescimento da camada limite hidrodinâmica (CLH): x x Re 5 ; Coeficiente local de atrito local : 2/1 , Re664,0 xxfc ; Coeficiente local de atrito médio desde a borda de ataque: 2/1 , Re328,1 LLfc ; Razão entre camadas limites hidrodinâmica (CLH) e térmica (CLT): 3/1Pr t ; Número de Nusselt local: Pr6,0PrRe332,0 3/1 2/1 xxNu 50 Número de Nusselt médio: 3/12/1 PrRe664,0 LLuN . Definição do coeficiente de atrito: 2/ 2 u c sf , s tensão de cisalhamento na parede Os gráficos abaixo indicam o comportamento das camadas limites. Note que o número de Prandtl desempenha um papel importante no crescimento relativo das CLT e CLH. Tu , )1(Pr T )1(Pr T )1(Pr T x C.L.T C.L.H TS T u Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 98 AULA 14 – CAMADA LIMITE LAMINAR – SOLUÇÃO INTEGRAL OU APROXIMADA DE VON KARMAN Na aula passada, vimos as equações diferenciais da camada limite laminar. Os resultados da solução clássica de Blasius foram apresentados. A solução per si não foi discutida, uma vez que o livro-texto apresenta em detalhes o procedimento de solução para o aluno mais interessado. Nesta aula, vamos ver uma solução aproximada baseada no método integral, também conhecida como solução de von Karman. Neste caso, define-se um volume de controle diferencial apenas na direção x do escoamento, enquanto que a altura H do mesmo se estende para além da camada limite, isto é, H , conforme ilustrado na figura abaixo. x y 1 2 A A dx H Leis de conservação na camada limite laminar no elemento diferencial acima: Balanço de massa Fluxo mássico na face 1 – A: H udy 0 Fluxo mássico na face 2 – A: dxudy dx d udy HH 00 Balanço de fluxo de quantidade de movimento Fluxo de Q. M. na Face 1 – A: H dyu 0 2 Fluxo de Q. M. na Face 2 – A: dxdyu dx d dyu HH 0 2 0 2 Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 99 Fluxo de Q. M. na Face A – A: dxudy dx d u H 0 Fluxo líquido de quantidade de movimento para fora do volume de controle (face 2-A) – (face A – A) – (face 1 – A) = Fluxo liquido de Q. M. = dxudy dx d udxdyudx d HH 00 2 Lembrando da regra do produto de diferenciação que: )()()( ddd ou )()()( ddd Fazendo u H udy 0 , vem dx dx du udydxudyu dx d dxudy dx d u HHH 000 dxudy dx du dxudyu dx d HH 00 Agora, substituindo na expressão do fluxo líquido de Q. M, vem: dxudy dx du dxudyu dx d dxdyu dx d MQfluxo HHH 000 2.. Os dois primeiros termos da integral podem ser reunidos para obter a seguinte forma mais compacta: dxudy dx du dxudyuu dx d MQfluxo HH 00 )(.. Agora, vamos obter a resultante das forças externas. No presente caso, só vamos considerar as forças de pressão e de atrito. Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 100 - força resultante da pressão: dx dx dP H - força de cisalhamento na parede: -dx 0 y p y u dx p dx dx dx dP P P Finalmente, a equação integral da camada limite laminar hidrodinâmica pode agora ser escrita (2ª lei de Newton): dxudy dx du dxudyuudx dx dP H y u dx HH y 000 )( Se a pressão for constante ao longo do escoamento, como ocorre com o escoamento sobre uma superfície plana (no caso do escoamento dentro de um canal ou tubo, essa hipótese não vale): 0 dx dP Essa hipótese de P = cte. também implica em que a velocidade ao longe também seja constante, já que, fora da camada limite, é valida a eq. de Bernoulli, ou cte uP 2 De forma que, na forma diferencial: 00 2 2 du duudP Assim, a equação da conservação da Q. M. se resume a: H y udyuu dx dp y u 00 )( Mas como H > δ a velocidade é constante u = u∞, então: 00 )( y y u udyuu dx d Esta é a forma final da equação da conservação da Q.M., válida para o escoamento laminar sobre uma superfície ou placa plana. Até o presente momento, o equacionamento é exato, pois nenhuma aproximação foi empregada. A questão é: se conhecermos o perfil de velocidades u(y), então, a equação acima pode ser integrada. Daí, pode se obter, entre outras coisas, a lei de crescimento da camada limite laminar Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 101 hidrodinâmica, isto é, a espessura da camada limite laminar numa posição x a partir da borda de ataque. (x). A solução aproximada, objeto desta análise, começa quando se admite um perfil de velocidades na direção perpendicular ao escoamento, isto é, u(y). Claro que a adoção desse perfil deve seguir certos critérios. Pense: Se você tivesse que admitir tal perfil de velocidades, provavelmente faria o mesmo que o apresentado aqui. Isto é, você imporia um polinômio de grau tal que as condições de contorno do perfil de velocidades fossem satisfeitas. Certo? Pois é exatamente isso é que é feito. Então, primeiro passemos a analisar as condições de contorno do problema , que são: 0/0 /0 / 0/0 2 2 yp y u yp y u ypuu ypu As três primeiras condições de contorno são simples e de dedução direta. A primeira informa que a velocidade na superfície da placa é nula (princípio de não- escorregamento); a segundo diz que fora da CL a velocidade é a da corrente fluida e a terceira diz que a transição entre a CL e a corrente livre é “suave”, daí a derivada ser nula. A última c.c. é um pouco mais difícil de perceber. Há de se analisar a equação diferencial da conservação da quantidade de movimento da camada limite laminar (aula anterior que requer que essa condição seja nula sobre a superfície da placa). Como são quatro as condições de contorno, uma distribuição que satisfaz estas condições de contorno é um polinômio do 3º grau, dado por: 3 4 2 321)( yCyCyCCyu Daí, aplicando as c.c. para se obterem as constantes C1 a C4, tem-se o perfil aproximado de velocidades: 3 2 1 2 3)( yy u yu Introduzindo-o na eq. da Q. M., vem: 00 33 2 2 1 2 3 2 1 2 3 1 y y u dy yyyy dx d u Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 102 Do que resulta, após algum trabalho: u u dx d 2 3 280 39 2 Integrado essa equação, lembrando que para x = 0 δ = 0 (a CL começa na borda de ataque): u vx x 64,4)( , ou x x x Re 64,4)( Lembrando da aula anterior que solução exata (Blasius) fornecia: x x x Re 5)( Ver Holman Apêndice B ou Incropera Considerando as aproximações realizadas, o resultado aproximado é bastante razoável. Camada Limite Térmica Laminar Uma vez resolvido o problema hidrodinâmico acima, agora pode-se resolver o problema térmico. O objetivo é o cálculo do coeficiente de transferência de calor, h. Note que junto à superfície todo calor transferido da mesma para o fluido se dá por condução de calor e depois este fluxo de calor vai para o fluido. De forma, que pode-se igualar os dois termos da seguinte maneira: 0 )( y p y T kTTh , ou TT y T k h p y 0 Assim, para se obter o coeficiente de transferência de calor é preciso conhecer a distribuição de temperaturas T(y). De forma semelhante ao que foi feito para o caso hidrodinâmico, pode-se aplicar as seguintes c.c. para a distribuição de temperaturas: Condições de contorno Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 103 0/0 / /0 0/ 2 2 yp y T ypTT yp y T ypTT t t p Método integral (aproximado) x y x0 tuT cteTp Considere a figura acima, em que o aquecimento da superfície começa a partir de um ponto x0, a partir da borda de ataque. De forma análoga ao caso hidrodinâmico,desenvolvendo um balanço de energia num V.C. de espessura maior que δ, vem: (ver Holmam) 00 2 0 )( y H p H y T dy dy du c udyTT dx d Admitindo uma distribuição polinomial de grau 3 para a distribuição de temperaturas e aplicando as c.c., vai se obter a seguinte curva aproximada: 3 2 1 2 3)()( ttp p yy TT TyTy (o mesmo que o de velocidades, pois as c.c. são as mesmas) Desprezando o termo de dissipação viscosa, obtém-se a seguinte relação entre as espessuras de camadas limites: 3/1 4/3 03/1 1Pr 026,1 1 x xt Se a placa for aquecida desde a borda, x0 = 0, temos 3/1Pr 026,1 1 t Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 104 No desenvolvimento admitiu-se δt < δ o que é razoável para gases e líquidos 11 11 /Pr t Finalmente, agora, podemos calcular o h, por substituição da distribuição de velocidades, calculada junto à parede tttp p p y x kk TT TTk TT y T k h 2 3 2 3 2 3 )( )(0, ou 3/1 4/3 0 3/1 1 Pr026,1 2 3 x xk hx , ou ainda 3/1 4/3 0 2/1 3/1 1Pr332,0 x x x u khx Lembrando da definição do número de Nusselt, k xh Nu xx , vem: 3/1 4/3 02/13/1 1RePr332,0 x x Nu xx As equações anteriores são para valores locais. O coeficiente médio de transferência de calor será, se x0 = 0: L x dxu L dxh h LL x L 0 2/1 2/1 3/1 0 Pr332,0 , ou 2/ Pr332,0 2/1 2/1 3/1 L L u hL , ou finamente: LxL h L u h 2Pr332,02 2/1 3/1 Analogamente, para esse caso: LxL Nu k Lh uN 2 Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 105 Quando a diferença de temperatura do fluido e da placa for substancial, as propriedades de transporte do fluido devem ser avaliadas á temperatura de película, Tf 2 TT T p f E se o fluxo de calor for uniforme ao longo da placa, tem-se: 3/12/1 PrRe453,0 LL k hL Nu Ver exercícios resolvidos do Holmam 5.4 e 5.5 Exemplo resolvido (extraído do livro de Pitts e Sissom) Num processo farmacêutico, óleo de rícino (mamona) a 40ºC escoa sobre uma placa aquecida muito larga de 6 m de comprimento, com velocidade de 0,06 m/s. Para uma temperatura de 90ºC. Determine: (a) a espessura da camada limite hidrodinâmica ao final da placa (b) a espessura da camada limite térmica t no final da placa (c) o coeficiente de transferência de calor local e médio ao final da placa (d) o fluxo de calor total transferido da superfície aquecida. São dados: Propriedades calculadas a CT f 065 2 9040 = 7,3810-8 ms/s fk = 0,213 W/m o C = 6,510-5 m2/s = 9,57102 kg/m 3 = 6,2210-2 N.s/m2 pC = 3016 Ck J g CTp 90 u T t Solução Verificação se o escoamento é laminar ai final da placa )105(Re5538 105,6 606,0 Re 5 5 transiçãoL Lu (a) x x Re 5 ; x = L = 6m m40,0 5538 65 (b) 3/1 8 5 3/13/1 881 1038,7 105,6 )/(Pr t Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 106 mt 042,0 881 4,0 3/1 (c) 2/1 3/1Pr332,0 L u khx Cm W hx 2 2/1 5 3/1 4,8 6105,6 06,0 )881(213,0332,0 Cm W hh LxL 28,164,822 (d) )( TThAq s m W TTLh L q s p 5040)4090(68,16)( Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 107 AULA 15 – ANALOGIA DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E DE ATRITO – REYNOLDS-COLBURN E CAMADA LIMITE TURBULENTA E TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM ESCOAMENTO EXTERNO 2.5 – Analogia de Reynolds – Colburn Como visto nas aulas anteriores, a transferência de calor e de quantidade de movimento (atrito superficial) são regidas por equações diferenciais análogas. Na verdade, esta analogia entre os dois fenômenos é muito útil e será explorada nesta aula. Essa é a chamada analogia de Reynolds-Colburn que, portanto, relaciona o atrito superficial com a transferência de calor. Qual a sua utilidade? Bem, em geral dados de medição laboratorial de atrito superficial podem ser empregados para estimativas do coeficiente de transferência de calor. Isto é uma grande vantagem, pois, pelo menos no passado, os dados de atrito eram bem mais abundantes que os de transferência de calor. Por definição, o coeficiente de atrito é dado por: 2 2 u C p f Mas, por outro lado, para um fluido newtoniano (todos os que vamos lidar neste curso), a tensão de cisalhamento na parede é: 0 y p y u Usando o perfil de velocidades desenvolvido na aula 14, ou seja: 3 2 1 2 3 yy u u , temos que a derivada junto à parede resulta em: u y u y 2 3 0 Por outro lado, usando o resultado da solução integral ou aproximada da espessura da camada limite, isto é, x x Re 64,4 que, mediante substituição na definição da tensão de cisalhamento na parede, resulta em: Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 108 x uu x p Re 323,0 2 3 Substituindo este resultado na equação da definição do coeficiente de atrito, vem: x xfx xu uC Re 323,0Re 323,0 2 2 Por outro lado, da aula anterior, chegou-se à seguinte expressão para o número de Nusselt, 2/13/1 RePr332,0 xxNu que, mediante algum rearranjo pode ser escrito como: 2/13/2 RePr332,0 PrRe x St x x x Nu , onde Stx uc h p x é o número de Stanton. Então, reescrevendo de forma compacta: x xSt Re 332,0 Pr 3/2 Comparando as duas equações anteriores em destaque, notamos que eles sãoiguais a menos de uma diferença de cerca de 3% no valor da constante, então, esquecendo desta pequena diferença podemos igualar as duas expressões para obter: 2 Pr 3/2 fx x c St Esta é a chamada analogia de Reynolds-Colburn. Ela relaciona o coeficiente de atrito com a transferência de calor em escoamento laminar sobre uma placa plana. Dessa forma, a transferência de calor pode ser determinada a partir das medidas da força de arrasto sobre a placa. Ela também pode ser aplicada para regime turbulento (que será visto adiante) sobre uma placa plana e modificada para escoamento turbulento no interior de tubos. Ela é válida tanto para valores locais, como para valores médios. ______________________________________________________________________ Exemplo resolvido – continuação do anterior Calcule a força de arrasto sobre a placa do exemplo anterior (aula 14). Sabe-se que 3/2Pr 2 tS C f Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 109 Por outro lado, 5 2 1070,9 06,030161057,9 8,16 uc h tS p L Assim da analogia, podemos obter 23/25 1078,1881107,92 fC , de forma que a tensão de cisalhamento na superfície é: 2 2 222 1007,3 2 )06,0(9571078,1 2 m Nu C fp Finalmente, a força de atrito por unidade de comprimento é: m N L L F p p 184,061007,3 2 ______________________________________________________________________ Camada Limite Turbulenta A transferência de calor covectiva na camada limite turbulenta é fenomenologicamente diferente da que ocorre na camada limite laminar. Para entender o mecanismo da transferência de calor na camada limite turbulenta, considere que a mesma possui três subcamadas, como ilustrado no esquema abaixo: x y turbulenta Camada amortecedora Sub camada laminar A CLT é subdividida em: - subcamada laminar – semelhante ao escoamento laminar – ação molecular - camada amortecedora – efeitos moleculares ainda são sentidas - turbulento – misturas macroscópicas de fluido Para entender os mecanismos turbulentos, considere o exercício de observar o comportamento da velocidade local, o que é ilustrado no gráfico temporal abaixo. t u u Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 110 Do gráfico ilustrado, depreende -se que a velocidade instantânea, u, flutua consideravelmente em torno de um valor médio, u . Este fato de flutuação da velocidade local em conjunção com a flutuação de outras grandezas, embora possa parecer irrelevante, é o que introduz as maiores dificuldades do perfeito equacionamento do problema turbulento. Para analisar o problema, costuma-se dividir a velocidade instantânea em dois componentes: um valor médio e outro de flutuação, como indicado: velocidade na direção paralela: 'uuu velocidade na direção transversal: 'vvv pressão: fluctuacàomedio táneoins valor PPP ' tan Em todos os casos, uma barra sobre a grandeza indica um valor médio e um apóstrofe, valor de flutuação. Os termos de flutuação são responsáveis pelo surgimento de forças aparentes que são chamadas de tensões aparentes de Reynolds, as quais devem ser consideradas na análise. Para se ter uma visão fenomenológica das tensões aparentes, considere a ilustração da camada limite turbulenta abaixo. Diferentemente do caso laminar em que o fluido se “desliza” sobre a superfície, no caso turbulento há misturas macroscópicas de “porções” de fluido. No exemplo ilustrado, uma “porção” de fluido (1) está se movimentando para cima levando consigo sua velocidade (quantidade de movimento) e energia interna (transferência de calor). Evidentemente, uma “porção”correspondente (2) desce para ocupar o lugar da outra. Isso é o que dá origem às flutuações. Do ponto de vista de modelagem matemática, essas “simples” movimentações do fluido dentro da camada limite dão origem às maiores dificuldades de modelagem. Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 111 Uma análise mais detalhada do problema da transferência de calor turbulenta foge do escopo deste curso. Assim, referira-se a uma literatura mais específica para uma análise mais profunda. No entanto, abaixo se mostra os passos principais da modelagem. O primeiro passo é escrever as equações de conservação (massa e quantidade de movimento) – aula 13. Em seguida, substituem-se os valores instantâneos pelos termos correspondentes de média e flutuação, isto é, 'uuu , 'vvv e 'PPP . Em seguida, realiza-se uma integral sobre um período de tempo longo o suficiente, isto é, realiza-se uma média temporal. Ao final, vai se obter a seguinte equação diferencial: '' 1 uv y u yx P y u v x u u No processo de obtenção desta equação, admitiu-se que a média temporal das flutuações e suas derivadas são nulas. Com isso surgiram termos que envolvem a média temporal do produto das flutuações (últimos dois termos à direita). Aqui reside grande parte do problema da turbulência que é justamente se estabelecer modelos para estimar estes valores não desprezíveis. Estes termos dão origem às chamadas tensões aparentes de Reynolds que têm um tratamento à parte e não vamos nos preocupar aqui. O importante é saber que existem dois regimes de transferência de calor: laminar e turbulento. Também existe uma região de transição entre os dois regimes. Expressões apropriadas para cada regime em separado e em combinação estão indicadas na tabela 7.9 do Incropera e Witt. Local : 318,0 PrRe0296,0 xxNu 60Pr6,010Re 8 x Médio : 318,0 Pr871Re037,0 LLNu 810Re L 2,0Re37,0 x x 810Re L Nota: outras expressões ver livro-texto – ou tabela ao final desta aula. As propriedades de transporte são avaliadas à temperatura de mistura (média entre superfície e ao longe). Reynolds crítico = 5 105 Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 112 ______________________________________________________________________ Exemplo resolvido (Holman 5-7) Ar a 20 o C e 1 atm escoa sobre uma placa plana a 35 m/s. A placa tem 75 cm de comprimento e é mantida a 60ºC. Calcule o fluxo de calor transferido da placa. Propriedades avaliadas à CT 40 2 6020 Ckg kJ c p 007,1 3 128,1 m kg 7,0Pr Cm W k 02723,0 ms kg x 510007,2 610475,1Re x VL L 2055)871Re037,0(Pr 8,03/1 LL k Lh Nu CmWNu L k h L 2/6,74 WTTAhq s 2238)2060.(1.75,0.6,74)( ______________________________________________________________________ Escoamento Cruzado sobre Cilindros e Tubos No caso do escoamento externo cruzado sobre cilindros e tubos, análise se torna mais complexa.O número de Nusselt local, dado em função do ângulo de incidência , isto é, Nu(), é fortemente influenciado pelo efeito do descolamento da camada limite. A figura ao lado indica o que acontece com o número local de Nusselt. Para ReD 10 5 , o número de Nusselt decresce como conseqüência do crescimento da camada limite laminar (CLL) até cerca de 80 o . Após este ponto, o escoamento se descola da superfície destruindo a CLL e gerando um sistema de vórtices e mistura que melhora a transferência de calor (aumento de Nu(). Para ReD > 10 5 , ocorre a transição e formação da camada limite turbulenta (CLT). Na fase de transição (80 o a 100 o ) ocorre a melhora da transferência de calor. Uma vez iniciada a CLT, novamente se verifica a diminuição do coeficiente local de transferência de calor devido ao crescimento da CLT para, em torno de 140 o , descolar o escoamento da superfície que destrói a CLT para, então, gerar o sistema de vórtices e mistura que volta a melhorar a transferência de calor. No caso turbulento há, portanto, dois mínimos. Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 113 Embora do ponto de vista de melhoria da transferência de calor possa ser importante analisar os efeitos locais do número de Nusselt, do ponto de vista do engenheiro e de outros usuários é mais proveitoso que se tenha uma expressão para a transferência de calor média. Assim, uma expressão bastante antiga tem ainda sido usada, trata-se da correlação empírica de Hilpert, dada por: 3 1 PrRemDD C k Dh Nu onde, D é o diâmetro do tubo. As constantes C e m são dadas na tabela abaixo como função do número de Reynolds. ReD C m 0,4 – 4 0,989 0,330 4 – 40 0,911 0,385 40 – 4.000 0,683 0,466 4.000 – 40000 0,193 0,618 40.000 – 400.000 0,027 0,805 No caso de escoamento cruzado de um gás sobre outras seções transversais, a mesma expresssão de Hipert pode ser usada, tendo outras constantes C e m como indicado na próxima tabela (Jakob, 1949). Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 114 Para o escoamento cruzado de outros fluidos sobre cilindros circulares, uma expressão mais atual bastante usada é devida a Zhukauskas, dada por 4/1 Pr Pr PrRe s nm DD CNu válida para 610Re1 500Pr7,0 D , onde as constantes C e m são obtidas da tabela abaixo. Todas às propriedades são avaliadas à T∞, exceto Prs que é avaliado na temperatura de superfície (parede). Se Pr 10, use n = 0,37 e, se Pr > 10, use n = 0,36. ReD C m 1 – 40 0,75 0,4 40 – 1.000 0,51 0,5 1.000 – 2105 0,26 0,6 2105 – 106 0,076 0,7 ____________________________________________________________ Escoamento sobre Banco de Tubos Escoamento cruzado sobre um banco de tubos é muito comum em trocadores de calor. Um dos fluidos escoa perpendicularmente aos tubos, enquanto que o outro circula internamente. No arranjo abaixo, apresentam-se dois arranjos típicos. O primeiro é chamado de arranjo em linha e o outro de arranjo desalinhado ou em quicôncio. Arranjos em linha ou quicôncio Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 115 Existem várias expressões práticas para a transferência de calor sobre banco de tubos. Para o ar, pode se usar a expressão de Grimison, que também pode ser modificada para outros fluidos, como discutido em Incropera (Seção 7.6). Mais recentemente, Zhukauskas apresentou a seguinte expressão: 4/1 36,0 max, Pr Pr PrRe s m DD CNu válida para 6 max, 10.2Re1000 500Pr7,0 20 D LN onde, NL é o número de fileiras de tubos e todas as propriedades, exceto Prs (que é avaliada à temperatura da superfície dos tubos) são avaliadas à temperatura média entre a entrada e a saída do fluido e as constantes C e m estão listadas na tabela abaixo. Configuração ReD,max C m Alinhada 10-10 2 0,80 0,40 Em quicôncio 10-10 2 0,90 0,40 Alinhada Em quicôncio 10 2 -10 3 Aproximado como um único 10 2 -10 3 cilíndro (isolado) Alinhada (ST/SL>0,7) a 10 3 -2105 0,27 0,63 Em quicôncio (ST/SL<2) 10 3 -2105 0,35(ST/SL) 1/5 0,60 Em quicôncio (ST/SL>2) 10 3 -2105 0,40 0,60 Alinhada 2x10 5 -2106 0,021 0,84 Em quicôncio 2x10 5 -2106 0,022 0,84 a Para ST/SL>0,7 a transferência de calor é ineficiente, e tubos alinhados não deveriam ser utilizados. Se o número de fileiras de tubos for inferior a 20, isto é, NL < 20, então deve-se corrigir a expressão acima, multiplicando o resultado obtido por uma constante C2, conforme expressão abaixo e valores dados na segunda tabela abaixo. 20 2 20 LL N D N D NuCNu Tabela com o fator de correção C2 para NL<20 (ReD>10 3 ) NL 1 2 3 4 5 7 10 13 16 Alinhada 0,70 0,80 0,86 0,90 0,92 0,95 0,97 0,98 0,99 Em quicôncio 0,64 0,76 0,84 0,89 0,92 0,95 0,97 0,98 0,99 Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 116 O número de Reynolds ReD,max é calculado para a velocidade máxima do fluido que percorre o banco de tubos. No arranjo em linha, a velocidade máxima ocorre em V DS S V T T max , onde as grandezas podem ser vistas na figura anterior. No arranjo em quicôncio ou desalinhado, a velocidade máxima pode ocorrer em duas regiões, conforme ilustrado na figura anterior. Vmax ocorrerá na seção A2 se a seguinte condição for satisfeita )()(2 DSDS TD que, após uma análise trigonométrica simples, se obtém a seguinte condição equivalente 22 21 2 2 DSSSS TTLD . Se isso acontecer, então: V DS S V D T )(2 max . Caso essa condição não seja satisfeita, então, a velocidade máxima ocorre em A1 e, portanto, usa-se novamente V DS S V T T max . Tabelas- resumo com as equações (Incropera & Witt) Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 117 ______________________________________________________________________ Exercício de Aplicação Verifica-se um escoamento de ar a uma velocidade de 4 m/s e temperatura de 30°C. Neste escoamento de ar é colocada uma fina placa plana, paralelamente ao mesmo, de 25 cm de comprimento e 1 m de largura. A temperatura da placa é de 60°C. Posteriormente, a placa é enrolada (no sentido do comprimento) formando um cilindro sobre o qual o escoamento de ar vai se dar de forma cruzada. Todas as demais condições são mantidas. Pede-se: (a) Em qual caso a troca de calor é maior. (b) Qual o fluxo de calor trocado em ambos os casos. (c) Analisar se sempre há maior troca de calor numa dada configuração do que na outra, independentemente do comprimentoe velocidade do ar. Justifique sua resposta através de um memorial de cálculo. Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 118 Solução Propriedades do ar à C TT T p 45 2 ν = 1,68 x 10-5 m2/s k = 2,69 x 10 -2 W/mK Pr = 0,706 Placa L=0,25m CTp 60 smu /4 CT 30 critL x Lu Re1095,5 1068,1 25,04 Re 4 5 5105 2,144)706,0()1095,5(664,0PrRe664,0 3/12/143/1 2/1 xNu LL Assim CmW L kNu hL 2/56,15 25,0 02697,02,144 Cilindro D CTs 60 Tu , πD = L D = 0,25/π = 0,0796 m Assim, 4 5 10895,1 1068,1 0796,04 Re D Usando a expressão de Hilpert (a mais simples) (Eq. 7.55b) 3/1PrRemDD CNu p/ReD=1,89510 4 C = 0,193 m = 0,618 Assim, 63,75)706,0()10895,1(193,0 3/1618,04 DNu de forma que: KmW D kNu h D D 2/63,25 0796,0 02697,063,75 a) A transferência de calor é maior no caso do cilindro pois LD hh e a área de troca de calor é a mesma. Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 119 ]b) Placa WQ TTAhQ placa ppplaca 7,116 3025,056,15 )( Cilindro WQ TTAhQ cil pccil 2,192 3025,063,25 )( c) Porção laminar 5 , 105Re Lcrit Note que 51059,1Re/ReRe DLD sendo equivalente ao crítico. 3/12/1 PrRe 664,0 LL L k h (A) m D m DD C L k C D k h Re Pr RePr 3/1 3/1 (B) Portanto de (A), 2/1 3/1 Re664,0 Pr L Lh L k , que, pode ser subst. em (B), para obter L m D D L m D D hC hC h 5,0 2/1 Re669,2 Re664,0 Re Ou 5,0Re669,2 mD L D C h h para o caso laminar na placa Porção laminar-turbulenta ReL> Recrit =510 5 3/18,0 Pr)871Re037,0( LLNu (Eq. 7.41 p/camada limite mista) De donde 3/18,0 Pr)871Re037,0( L L k Lh e 871Re037,0 Pr 8,0 3/1 L Lh L k (C) sub. em (B), vem 871Re037,0 Re 8,0 L L m D D hC h Subs. ReL = πReD, vem: 871Re037,0 Re 8,0 L m D L D C h h Finalmente para o caso laminar e turbulento na placa 871Re037,0 Re 8,0 L m D L D C h h Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ www.pme.poli.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização set/2012 120 Os diversos valores de C e m da expressão de Hilpert foram substituídos nas expressões das razões entre os coeficientes de transferência de calor e aparecem na tabela abaixo e, em forma gráfica. Evidentemente, a transferência de calor será sempre maior no caso do cilindro (na faixa de validade das expressões) ReD C m hD/hL regime 4 0,898 0,33 2,09 laminar 40 0,911 0,385 1,59 “ 4000 0,683 0,466 1,38 “ 40000 0,193 0,618 1,8 “ 159000 0,027 0,805 2,78 “ 200000 0,027 0,805 2,15 lam-turb 400000 0,027 0,805 1,43 “ L D h h 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 1 10 100 1000 10000 100000 1000000 ReD
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