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Direito Processual Penal I DE RESENHA CRÍTICA no formulario

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE DIREITO
CAMPUS NOVA IGUAÇU
Resenha Crítica 
Manoel Paulo Martins Pereira
Trabalho da disciplina Direito Processual Penal I
Professor: PAULO RENATO CAVALCANTI DE OLIVEIRA
2020.1
Imparcialidade e Direitos Humanos
O entendimento do Supremo Tribunal Federal é o de que a busca da verdade real é um princípio orientador do processo penal, consubstanciada no Inquérito 4023/AP, julgado em 23/08/2016. O Direito Processual Penal pertence ao ramo do Direito Público e objetiva estabelecer as regras que deverão ser observadas pelo Estado para que ele possa exercer o direito de punir, garantindo também o direito de defesa. Alude o inquérito em epígrafe a observância dos requisitos necessários ao trâmite do devido processo legal onde destaca-se especial atenção do Art. 41, CPP e a inexistência das hipóteses do Art. 395, CPP, afastando, portanto, a sua inépcia. Igualmente inexiste nulidade na utilização de prova emprestada em processo criminal, notadamente fundamentada em decisão judicial deferindo o seu compartilhamento conforme Art. 372, CPP e Art. 93 inciso 9, CF (Este último artigo suscita que todas as decisões do poder judiciário devem ser fundamentadas de forma específica, via de regra, sob pena de nulidade onde os princípios da publicidade dos atos Processuais e da motivação das decisões possuem uma dupla finalidade. A primeira é dar ciência as partes dos atos do processo possibilitando a interposição ou não de eventual recurso. A segunda é de possibilitar o controle popular dos atos da função jurisdicional do Estado). O STF afirmou ainda que foi permitido o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa conforme o Art.155 CPP em corroboração a jurisprudência do STJ edição n. 105. O Princípio da Ampla defesa Art. 5°, LV da CF estabelece que as partes tenham direito de utilizar todos os meios lícitos necessários para demonstrar a sua verdade dos fatos. Visando juntamente ao contraditório, assegurar condições para o réu apresentar, no processo, todos os elementos de que dispõe, dar direito à defesa técnica par conditio - (corolário da garantia constitucional do contraditório, impõe que as partes recebam o mesmo tratamento processual do Estado-juiz), evitar desequilíbrio processual, desigualdade e injustiça social, ter direito de ser informado da acusação inicial e fornecer acesso aos autos. Ainda segundo o STF para o recebimento da denúncia, há a presença de indícios suficientes da materialidade e da autoria dos delitos imputados ao Denunciado. A denúncia é proposta da demonstração de prática de fatos típicos e antijurídicos imputados à determinada pessoa, sujeita à efetiva comprovação e à contradita. Cabe ainda ressaltar que o princípio do devido processo legal é o princípio basilar do qual todos os demais princípios processuais emergem na Civil Law. Ele estabelece que ninguém poderá perder os seus bens ou a sua liberdade sem observância de um procedimento previsto em lei.
Doutrina: Ada Pellegrini Grinover
“Toda pretensão prende-se a algum fato, ou fatos, em que se fundamenta. As dúvidas sobre a veracidade das afirmações feitas pelas partes no processo constituem as questões de fato que devem ser resolvidas pelo juiz, à vista da prova de acontecimentos pretéritos relevantes. A prova constitui, assim, numa primeira aproximação, o instrumento por meio do qual se forma a convicção do juiz a respeito da ocorrência ou inocorrência de certos fatos.”
A professora Ada Pellegrini, sustenta que o princípio do contraditório tem como fundamento um binômio necessidade/possibilidade. Onde a necessidade diz respeito a informação (publicidade – citação das partes) para que haja a possibilidade da defesa, a parte contrária tem a necessidade de ser informada, para ter a possibilidade de se defender conforme Art. 396, CPP. A professora observou pelo viés do CPP, pois não há POSSIBILIDADE e sim OBRIGATORIEDADE de defesa. Art. 396-A, § 2°, CPP.
Faz-se mister, ainda, salientar que o conceito de Sistema é o conjunto de regras que regula parte de um todo. 
Os sistemas existentes são: 
SISTEMA INQUISITORIAL - Não há separação das funções de acusar, defender e julgar, que estão concentradas em uma única pessoa. Juiz inquisidor, com ampla iniciativa acusatória e probatória. Princípio da verdade real. 
SISTEMA ACUSATÓRIO - ADOTADO NO BRASIL - Há separação das funções de acusar, defender e julgar. Princípio da busca da verdade. A gestão da prova recai sobre as partes. O juiz, durante a instrução processual, tem certa iniciativa probatória (subsidiariamente).
SISTEMA MISTO/FRANCÊS - Há uma fase inquisitorial e uma fase acusatória. 
Na busca pela verdade mencionada pelo Princípio da Ampla defesa (art. 5°, LV da CF) e definido o sistema acusatório, depreende-se analisar o Princípio da Verdade Real, sendo este um dos princípios do Processo Penal a doutrina identifica dois sistemas de apuração da verdade processual, a qual é dita como a “alma do processo”. São eles:
Sistema da verdade formal. O juiz e um ser inerte na produção probatória, ele deve se limitar a analisar as provas trazidas pelas partes aos autos. A melhor expressão para o princípio da verdade formal ou do dispositivo probatório é o brocardo latino quod non quod est in actis non est in mundo - “o que não está nos autos não está no mundo” - Considera-se inexistente o que não está escrito. O juiz deve julgar com base no que consta dos autos. Costuma ser utilizado no Processo Civil.
Sistema da verdade real. O juiz é um ser ativo na produção probatória, ele pode e deve produzir provas para buscar a verdade dos fatos. O Juiz pode ordenar produção de provas no processo penal. De acordo com os Art. 156 e 209, CCP, os quais autorizam ao juiz produzir provas de ofício na fase processual. Costuma ser utilizado no Processo Penal.
Diferentemente do que pode acontecer em outros ramos do Direito, nos quais o Estado se satisfaz com os fatos trazidos nos autos pelas partes, no processo penal (que regula o andamento processual do Direito penal, orientado pelo princípio da intervenção mínima, cuidando dos bens jurídicos mais importantes), o Estado não pode se satisfazer com a realidade formal dos fatos, mas deve buscar que o ius puniendi seja concretizado com a maior eficácia possível.
Percebe-se que o que é possível alcançar, em muitos casos, é um juízo de probabilidade ou um juízo intenso de verossimilhança. O ativismo judicial vem somar na busca desta verdade, pois, não há que se falar em ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa, sendo que, por mais que o juiz determine novas provas para auxiliar em seu convencimento, a sua imparcialidade deve estar presente, bem como, o princípio da paridade de tratamento. Não se admite mais um juiz omisso e inerte, inclusive, por já ter sido provocado pelo direito de ação. Mesmo nos casos em que, obrigatoriamente, a tutela é do Estado na busca da pacificação social, o agente provocador do ilícito, naturalmente motivou a ação da justiça. 
Diante do que foi exposto, percebe-se uma grande proteção por parte do processo penal, ao princípio da Dignidade da pessoa Humana, primeiramente ao admitir e considerar um acusado de inocente até que transite em julgado a sentença condenatória, prevenindo assim, transtornos contra a honra de algum acusado que não tenha envolvimento com o delito e evitando o contato com o cárcere, fazendo deste, a última medida a ser imposta. Justamente por esse motivo, com o intuito de que não submeta um inocente ao cárcere, temos uma evolução constante das provas admitidas no Processo Penal, trazendo como base a busca da verdade real, até mesmo pela parte que tem a responsabilidade de acusar, que é o ministério público. Outrossim, importante mencionar, que o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, norteia o respeito ao próximo, defende a honra, a integridade e a imagem dos seres Humanos, portanto, o processo penal, deve estar sempre conglomerado com o que traz este Princípio.
Haja vista a recepção em nosso ordenamento jurídico Penal do Sistema da verdade real torna-se verdadeiraa afirmativa em questão como um princípio orientador do processo penal, consubstanciada no Inquérito 4023/AP, julgado em 23/08/2016. Conclui-se que opera em razão a definição desse parâmetro pelo STF. Destarte é necessário distinguir que o Sistema da verdade formal pode ocorrer no Processo Civil. Contudo, uma sociedade que espera uma justiça justa não pode se contentar com a mera verdade formal se é possível buscar a verdade real. E por mais que existam diferenças procedimentais entre o processo civil e o processo penal, pois, cada área possui suas peculiaridades, no que diz respeito à verdade, ambas devem buscar uma justiça justa, pois, é este o anseio da sociedade.
Referência: 
GRINOVER, Ada Pellegrini. As nulidades no processo penal, 7. ed., RT, 2001, p. 120. 
Fonte: https://www.jusbrasil.com.br/?ref=logo acessado em 16 de maio de 2020.
Fonte: http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/21465/verdade-real-versus-verdade-formal acessado em 16 de maio de 2020.
Fonte: http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=310208286&ext=.pdf acessado em 16 de maio de 2020.

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