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Hipertensão Portal É uma complicação séria da cirrose, contribuindo para algumas das complicações das hepatopatias crônicas. O fígado é o principal sítio de resistência ao fluxo venoso portal e age como uma rede vascular distensível de baixa resistência. A pressão venosa portal é normalmente baixa (5-10mmHg), sendo a hipertensão portal definida como superior a 10 As mudanças na pressão do sistema portal são reguladas pela Lei de Ohm (P=Q x R) que estabelece que mudanças na pressão em um vaso podem aumentar se houver aumento do fluxo (Q) ou da resistência (R) ou de ambos → Causas: → Pré Hepática: Veia porta ou tributárias; trombose de veia esplênica, fístula arteriovenosa esplâncnica, trombose de veia esplênica → Intra Hepática: sinusoides → Pré sinusoidal: esquistossomose, hipertensão portal idiopática, doença de Wilson → Sinusoidal: Cirrose, Hepatite aguda e crônica → Pós sinusoidal: Doença hepática veno-oclusiva → Pós Hepática: Obstrução d eveia cava superior, Sd. De Budd Chiari, doenças cardíacas * - Sd. De Budd Chiari: obstrução de caráter insidioso ou agudo das veias hepáticas (mieloproliferativas, hemoglobinúria, trombofilias, gravidez, etc) - a maioria das doenças quando em estágio avançado apresenta obstrução em mais de um local do sistema porta. - sinusoidal e pós sinusoidal deve se a uma doença do parênquima hepático, exemplo a cirrose - pré sinusoidal resulta de obstrução de pequenos ramos intra hepáticos da veia porta , exemplo esquistossomose → Fisiopatologia: → a hipertensão portal da cirrose hepática a obstrução ao fluxo portal é resultante de dois componentes: (1) resistência estrutural secundária à fibrose e à formação de nódulos regenerativos (2) elevação primária do tônus vascular intra hepático pela contração das células hepáticas estreladas, miofibroblastos e células de músculo liso vascular. Aumento da resistência vascular → produção e acúmulo de vasodilatadores esplâncnicos (especialmente óxido nítrico) → que redistribui a volemia → reduzindo a perfusão orgânica → estimula barorreceptores → o que ativa o sistema renina angiotensina aldosterona, catecolaminas e ADH → retenção hidrossalina pelos rins e vasodilatação sistêmica → aumentando o fluxo de sangue na veia porta → assim aumentando ainda mais a pressão no sistema e ascite A baixa resistência vascular justifica o estado circulatório hiperdinâmico típico dos cirróticos. - Outro mecanismo de retroalimentação: o óxido nítrico produzido pelo sistema intestinal no paciente saudável chega ao sistema porta intra hepático dilatando-o. Mas na hipertensão portal esse óxido nítrico não entra no fígado, causando vasoconstrição no leito hepático ao mesmo tempo que acumula no sistema esplâncnico, promovendo vasodilatação e aumentando o fluxo em direção ao sistema porta. → Manifestações Clínicas: - Ascite, Varizes esofagogástricas e anorretais, esplenomegalia, hepatomegalia, circulação colateral abdominal → Diagnóstico: - Suspeitar de hipertensão porta se o paciente apresentar uma combinação de: ascite, esplenomegalia, encefalopatia ou varizes esofagogástricas. - exames laboratoriais iniciais: dosagem sérica de albumina, hemograma completo, provas de função hepática e determinação do TAP 1- USG -Doppler - calibre da veia porta em casos de hipertensão acha-se em torno de 15 mm - no doppler: fluxo hepatofugal (contrário ao fígado) revela a existência de hipertensão porta grave 2- Endoscopia Digestiva Alta - A presença de varizes esofagogástricas sela o diagnóstico de hipertensão portal - gastrites e úlceras pépticas é frequente em pacientes com cirrose - gastropatia hipertensiva portal : descrita como uma mucosa com áreas esbranquiçadas (aspectos de pele de cobra) 3- Angio TC e RM - capazes de delinear o sistema porta 4- Angiografia - útil para delinear a anatomia das colaterais do sistema porta, a patência os vasos, a presença de aneurismas, fístulas e lesões vasculares intra hepáticas 5- Medidas Hemodinâmicas - cateterização da veia hepática para medida do HVPG apenas em casos duvidosos nas quais os outros métodos não conseguem firmar diagnostico 6- Elastografia Transitória (Fibroscan) - não invasivo capaz de estimar com excelente precisão a carga de fibrose no parênquima hepático não apresentando variações - ponto de corte para detecção de fibrose significativa é > 15kPa Conduta no sangramento das varizes → Terapia Farmacológica - vasoconstritores esplâncnicos intravenosos que reduzem o fluxo sanguíneo porta e portanto a pressão portal → terlipressina (análogo da vasopressina) → droga de escolha → somatostatina (pouco disponível) → octreotídeo e seus derivados (análogos da somatostatina)
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