Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Cálculo Diferencial e Integral Aplicações de Cálculo Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Clovis Jose Serra Damiano Revisão Textual: Profa. Esp. Márcia Ota 5 • Integral indefinida • Função de duas ou mais variáveis • Integrais Definidas • Domínio e imagem da função de várias variáveis • Notação • Teorema do Valor Médio (para Integrais) • Introdução ao estudo de Derivada Parcial • Representação Gráfica A proposta desta Unidade é trabalhar o cálculo integral de uma forma aplicada, introduzir o conceito de função de duas ou mais variáveis e abordar a introdução de derivadas parciais. Além disso, vale destacar que os objetivos da unidade são: • resolução de problemas, utilizando as integrais indefinidas; • resolução de problemas, utilizando as integrais definidas; • cálculo de área entre curvas; • teorema do Valor Médio para integrais; • definição de função de duas ou mais variáveis; • descrição algébrica de uma função de duas variáveis; • noções de domínio e imagem de uma função de várias variáveis; • introdução do estudo de derivadas parciais. Nesta Unidade, trabalharemos algumas das aplicações das integrais. Em seguida, vamos definir funções com duas ou mais variáveis e, então, iniciar nossos estudos a respeito das derivadas parciais, que são utilizadas quando as funções a serem derivadas têm mais do que uma variável independente. Desse modo, vamos interpretar problemas que dependam do cálculo integral como uma forma de solução. Aplicações de Cálculo 6 Unidade: Aplicações de Cálculo Contextualização O curso de Cálculo Diferencial e Integral, geralmente, é lecionado nas etapas iniciais dos cursos de Engenharia com a finalidade de dar suporte para a resolução de problemas. Basicamente, é dividido em três etapas: limites, derivadas e integrais. O objeto de estudo do cálculo são as funções. Normalmente, os alunos costumam ter muita dificuldade com essa disciplina. Por isso, com propósito de buscar novas dinâmicas, sugiro a você que assista ao vídeo, disponibilizado no link abaixo: 9 https://www.youtube.com/watch?v=P5i-cu8zwYI&list=PL8884F539CF7C4DE3&in dex=21 Trata-se de uma demonstração do Geogebra, que é um software de Matemática dinâmica, gratuito e de código aberto para todos níveis de ensino e disponível em vários idiomas. As ferramentas dinâmicas vão auxiliá-lo no entendimento daquilo que se estuda na disciplina de Cálculo. 7 Integral indefinida Em muitos problemas, a derivada de uma função é conhecida e o objetivo é encontrar a própria função. Por exemplo, se a taxa de crescimento de uma determinada população é conhecida, pode-se desejar saber qual o tamanho da população em algum instante futuro; conhecendo a velocidade de um corpo em movimento, pode-se querer calcular a sua posição em um momento qualquer; conhecendo o índice de inflação, deseja-se estimar os preços, e assim por diante. O processo de obter uma função a partir de sua derivada é chamado de antiderivação ou integração indefinida, que aprendemos a calcular na unidade anterior. Exemplo 1: Estima-se que daqui a t meses a população de certa cidade esteja aumentando a taxa de 2 3 4 5t+ habitantes por mês. Se a população atual é 10.000 habitantes, qual será a população daqui a 8 meses? Resolução: A taxa de crescimento (taxa de variação) da população é fornecida, e pede-se o tamanho da população daqui a 8 meses, que será algum número maior do que 10.000, que é o número de habitantes atual. A primitiva da função 2 3 4 5t+ permitirá o cálculo do tamanho da população em função do tempo. Passos para a resolução: 1. Achar a primitiva da taxa de crescimento. 2. Fixar um valor inicial para achar o valor de C. 3. Substituir na primitiva o valor de “t” por 8 meses para saber qual será o tamanho da população daqui a 8 meses. Vamos chamar a taxa de variação da população de p(t): ( ) 2 3 4 5p t t dt = + ( ) 2 1 3 4 5 2 1 3 tP t t C + = + + + ( ) 5 3 4 5 5 3 tP t t C= + + 8 Unidade: Aplicações de Cálculo ( ) 5 34 3P t t t C= + + ( ) 5 334 .5 5 P t t t C= + + Para determinar o valor de C, temo que fixar uma condição inicial, isto é, no instante (0) a população é de 10.000: 5 310.000 4.0 3.0 10.000C C= + + → = ( ) 5 3 4 3 10.000P t t t= + + Para saber qual o tamanho da população, daqui a 8 meses, basta substituir o valor de “t” por 8: ( ) ( )538 4.8 3. 8 10.000 10.128P = + + = Exemplo 2: Um corpo está se movendo de tal forma que sua velocidade após t minutos é 2( ) 1 4 3 / .v t t t m min= + + Que distância o corpo percorreu entre os instantes 2 e 3? Resolução: O problema nos dá a função velocidade: v(t). A velocidade á a taxa de variação do espaço em função do tempo. Portanto, se acharmos a primitiva da velocidade, teremos uma função que nos dará a posição em função do tempo. Passos para a resolução: 1. Achar a primitiva de v(t), que será a função “posição”. 2. Calcular a posição nos instantes 2 e 3. 3. Fazer a diferença entre os dois valores encontrados para saber qual foi a distância percorrida pelo objeto nesse intervalo de tempo. A primitiva da velocidade dá a função espaço s(t). A primitiva da função aceleração a(t) dá a função velocidade v(t). 9 ( ) 21 4 3v t t t= + + ( ) 2(1 4 3 )s t t t dt= + +∫ ( ) 2 32s t t t t C= + + + ( ) 2 34 3 2 3 t ts t t C= + + + Não há como especificar uma condição inicial para se determinar o valor de C, mas isso não vai alterar o nosso resultado. Vamos achar a posição ocupada nos instantes 2 e 3: s(2) = 2 + 2(2)2 +(2)3 + C → s(2) =18 + C s(3) = 3 + 2(3)2 + (3)3 + C → s(3) = 48 + C A distância percorrida será dada por: Distância = s(3) - s(2) Distância = 48 + C - (18+C) Distância = 48 + C - 18 - C) = 30 Integrais Definidas Área de Região Entre Curvas Suponha que f e g sejam definidas e contínuas em [ ],a b e tais que ( ) ( ) [ ] , , f x g x x a b≥ ∀ ∈ . A área da região R limitada pelos gráficos de f e g e pelas retas x = a e x = b é dada por: ( ) ( ) b a A f x g x dx = − ∫ Há 3 possibilidades: 1º caso: ( ) ( ) ( ) ( ) [ ] 0 0, , , f x e g x e f x g x x a b≥ ≥ ≥ ∀ ∈ ,neste caso: ( ) ( ) b b a a A f x dx g x dx= −∫ ∫ 10 Unidade: Aplicações de Cálculo a b f g 2º caso: f(x) ≥ 0 e g(x) ≤ 0, ∀ x ϵ [a,b],neste caso: ( ) ( ) b b a a A f x g x dx = + − ∫ ∫ a b f g 3º caso: f(x) ≤ 0 e g(x) ≤ 0, e f(x) ≥ g(x), ∀ x ϵ [a,b],neste caso: ( ) ( ) b b a a A g x dx f x dx = − − − ∫ ∫ a b f g 11 Exemplo 1: Encontre a área limitada pelas curvas dadas por f(x)=-x2+4x e g(x)= x2, sabendo que as interseções ocorrem em 0 e 2. 15 10 5 0 -5 -10 -15 -20 -25 -4 - 2 0 2 4 0000 Resolução: Temos duas funções que se interceptam. Os pontos em que elas se interceptam são os limites de integração que serão utilizados para o cálculo da área entre essas duas curvas. Esse problema se enquadra no 1º caso de área entre curvas. Observe que no intervalo [0,2] a função f(x) é sempre maior do que g(x). ( ) ( ) 2 [ ] o f x g x dx−∫ 2 2 2 0 ( 4 )x x x dx− + −∫ ( )2 2 0 2 4x x dx− +∫ ( ) ( )3 2 3 222 4 2 3 2 3 x x xH x H x x= − + → = + ( ) ( )3 0A H H= − 12 Unidade: Aplicações de Cálculo ( ) ( ) ( ) 3 3 222 2 2 02(2) 2 0 3 3 A x − = + − + 16 8 0 3 A = − + − 8 3 A = Trocando Ideias Quando vamos calcular uma integral definida, não precisamos nos preocupar com o valor da constante arbitrária. Exemplo 2: Em um estudo realizado em 2004 para o Ministério de Energia de um país hipotético, especialistas concluíram que se um projeto de Lei sobreo consumo de Energia fosse implementado em 2005, o consumo de energia daquele país pelos próximos 5 anos cresceria de acordo como modelo R(t) = 10e0,02t, em que t é medido em anos (t = 0 correspondendo ao ano de 2005) e R(t) em milhões de Kwh. Sem essas medidas, entretanto, a taxa de crescimento de consumo de energia seria dada por R1 (t) = 10e 0,05t milhões de Kwh por mês. Utilizando esses modelos determine quanto de energia teria sido economizada de 2005 a 2010 se o projeto de lei tivesse sido implementado. Resolução: O consumo de energia poder ser analisado sob duas perspectivas: » R(t) = 10e0,02t → consumo sob a vigência do projeto de lei. » R1 (t) = 10e 0,05t → consumo na ausência do projeto de lei. O consumo está modelado em duas funções exponenciais, sendo que, em R1 (t), o consumo será sempre maior do que em R(t). Podemos fazer a seguinte interpretação: No período de 2005 (t=0) a 2010 (t=5) a área sob a curva de R(t) = 10e0,02t nos dará o consumo de energia naquele intervalo de tempo, o mesmo ocorrendo para R1 (t) = 10e 0,05t. A diferença entre as áreas dessas duas curvas representa a economia de energia caso o projeto e lei seja implementado. 13 Vamos visualizar essas informações na representação gráfica a seguir: t y 30 25 10 -4 -2 0 2 4 S y = R (t) y = R1 (t) Para achar a área de S, faremos: ( ) ( ) ( ) 5 1 0 S t R t R t dt = − ∫ R(t) = 10e0,02t → achar a primiva C(T) → C(5) - C(0) ( ) ( )0,02 0,0210 500 0,02 t tC t e C t e= → = C(5) = 500e0,02.5 ≅ 552,59 C(0) = 500e0,02.0 = 500 C(5) - C(0) = 552,59 - 500,00 ≅ 52,59 O valor encontrado é a área abaixo da curva R(t) = 10e0,02t e representa o consumo de energia de 2005 a 2010, caso o projeto de lei seja implementado. Nosso próximo passo será calcular o consumo na ausência do projeto de lei, que é dado pela função: R1 (t) = 10e 0,05 → achar a primiva C1 (T) → C(5) - C(0) ( ) ( )0,05 0,051 210 2000,05 t tC t e C t e= → = C(5)= 200e0,02.5 ≅ 256,81 C(0)= 500e0,02.0 = 200 14 Unidade: Aplicações de Cálculo C(5) - C(0) = 256,81 - 200,00 ≅ 56,81 ( ) ( ) ( ) ( ) 5 1 0 56,81 52,59 4,22S t R t R t dt S t = − → = − ≅ ∫ O consumo de energia, caso o projeto de lei entre em vigor, será de aproximadamente 4,22 milhões de Kwh, no período de 5 anos. Teorema do Valor Médio (para Integrais) Se f é uma função contínua em [a, b], então existe Z z ϵ (a,b),tal que: ( ) ( )( ) ( ) ( ) ( )1, , . b b a a f x dx f z b a ou seja existe z a b tal que f z f x dx b a = − ∈ = − ∫ ∫ Portanto, o valor médio de f é dado por: ( )1 b a VM f x dx b a = − ∫ Exemplo 1: Sendo ( )f x x= Determine o valor médio da função f(x) no intervalo [0, 4]. Resolução: 4 0 1 4 0 x dx − ∫ 4 1 2 0 1 4 x dx∫ ( ) ( ) ( ) 1 31 2 2 32 1 3 31 2 2 x xF x F x F x x + = → = → = + 15 ( ) 32 164 4 3 3 F = = ( ) 20 0 3 F = = Valor Médio = 1 16 1 16 16 40 . 4 3 4 3 12 3 − = = = O valor médio da função f(x) no intervalo [0,4] é 4 3 . Exemplo 2: As taxas de juros cobradas por uma financeira sobre empréstimos para a compra de carros usados, durante um período de 6 meses no ano de 2014, são aproximadas pela função ( ) ( )3 21 7 3 12 0 6 12 8 r t t t t t= − + − + ≤ ≤ em que t é medido em meses e r(t) é a porcentagem anual. Qual foi a taxa média dos empréstimos concedidos pela financeira no período em questão? Resolução: Vamos aplicar o Teorema do Valor Médio para integrais para resolver essa questão. Passos para a solução: 1. Achar a primitiva de r(t). 2. Calcular R(6) – R(0). 3. Achar a taxa média usando a fórmula do teorema do valor médio. Taxa Média = 6 3 2 0 1 1 7 3 12 6 0 12 8 t t t dt − + − + − ∫ ( ) 4 3 27 3 12 48 24 2 t t tR t t= − + − + ( ) ( ) ( ) ( ) 3 24 7 6 3 666 12 6 54 48 24 2 R = − + − + = ( ) ( ) ( ) ( ) 3 24 7 0 3 000 12 0 0 48 24 2 R = − + − + = 16 Unidade: Aplicações de Cálculo R(6) - R(0) = 54 Taxa Média = 1 54 9 6 × = Resposta: A taxa média no período foi de 9%. Função de duas ou mais variáveis Quando se usa a modelagem matemática para explicar os fenômenos que ocorrem no mundo real, raramente, os resultados são determinados por uma única variável. Vamos, a título de exemplo, pensar na receita (R) de uma companhia de aviação obtida pela venda de passagens aéreas. Para evitar voos vazios, alguns bilhetes são vendidos pelo preço normal e outros pelo preço com desconto. Se x representar o preço das passagens sem desconto e de y o preço das passagens com desconto, dizemos que R e função de x e y, e escreve-se: R = f(x,y) Essa notação é semelhante à notação que se usa nas funções de uma variável, sendo que nesse caso: » R → Variável dependente » x e y → São as varáveis indepéndentes. Uma função de várias variáveis pode ser representada: 1. Numericamente por uma tabela de valores. 2. Algebricamente por uma fórmula. 3. Graficamente por um diagrama de curvas de nível. Função Descrita Numericamente A tabela abaixo mostra a renda da companhia aérea em função das passagens vendidas (com ou sem desconto). Tabela 1: Renda da venda de bilhetes em função de x e y. R = f(x) Número de bilhetes (x) vendidos sem desconto 100 200 300 400 Número de bilhetes (y) vendidos com o desconto 200 75.000 110.000 145.000 180.000 400 115.000 150.000 185.000 220.000 600 155.000 190.000 225.000 260.000 800 195.000 230.000 265.000 300.000 1000 235.000 270.000 305.000 340.000 17 Olhando a tabela é possível se conseguir informações diversas, por exemplo: A receita dada pela venda de 800 passagens com desconto e 400 sem desconte é de R$ 300.000,00. R(400,800) = 300.000 Observe a diferença em relação às funções de uma variável, em que uma linha e uma coluna eram suficientes para listar os valores da função. No caso que estamos analisando, são necessárias muitas colunas e linhas, pois a função tem um valor distinto para cada par de variáveis independentes. Descrição Algébrica da função de duas variáveis É possível representar a função descrita na Tabela 1 através de uma fórmula. Vamos analisar os padrões de regularidade da função e escrever a lei que a determina. Ao examinar as linhas, observa-se que a cada 100 bilhetes vendidos a preço normal (sem desconto) a receita aumenta em R$ 35.000,00, portanto cada bilhete foi vendido a R$ 350,00. Olhando, agora, a coluna das passagens vendidas com desconto, observa-se que a receita aumenta R$ 40.000,00 a cada 200 bilhetes vendidos, portanto cada bilhete é vendido por R$ 200,00. Com esses dados, é possível escrever a função receita: R(x,y) = 350x + 200y Exemplo: Uma locadora de veículos de passageiros cobra R$ 70,00 por dia de uso mais R$ 2,00 por quilômetro rodado. a. Obtenha uma fórmula para o custo “C” do aluguel de um carro em função do número “d” de dias e “k” de quilômetros rodados. b. Se C = f(d,k), calcule f(5,300) e interprete o resultado. Resolução: a. O custo será dado por R$70,00 vezes o número de dias do aluguel, mais R$ 2,00 vezes o número de quilômetros rodados. C(d,k) = 70d + 2k b. Basta substituir os dados na função e efetuar os cálculos: C(5,300) = 70(5) + 2(300) C(5,300) = 350+600 = 950 Interpretação: Se um carro for alugado por 5 dias e rodar 300 quilômetros, o custo da locação será de R$ 950,00. 18 Unidade: Aplicações de Cálculo Em Síntese Função com duas variáveis D é um subconjunto (uma região) do espaço R2 (plano). Chama-se função f de D a relação que associa a cada par (x, y) do domínio um único número real representado por f(x, y). y x z f(x,f) (x,y) D Como calcular o valor da função deduas variáveis? É só substituir na função o valor de cada variável. Exemplo 1: f(x,y) = x2+2y Qual é a imagem (o valor da função): f(2,3) = 22 + 2(3) = 4 + 6 + 10 Definição Seja A ⊂ Rn, e n = 2 ou n = 3. Uma função f definida no subconjunto A com valores em R, é uma regra que associa a cada número “u” que pertença ao subconjunto A um único número real f(u). Chama-se de “u” a variável independente da função, e sua notação é: f: A ⊂ Rn → R Se n = 2 A variável independente é denotada por: u = (x,y) A função é denotada por: z = f(x,y) Se n=3 A variável independente é denotada por: u = (x,y,z) A função é denotada por: w = f(x,y,z) Domínio e imagem da função de várias variáveis O domínio dessas funções segue as mesmas regras do domínio de funções de uma variável real, ou seja, o domínio é a região pertencente ao plano, de forma que os valores calculados da função, para todo (x,y) que pertença ao domínio resulte em valores reais e finitos para f(x,y). 19 Exemplo 1: Qual o domínio da função: f(x,y)= y x− ? A condição de existência dessa função é que o valor que está dentro do radical seja maior ou igual a zero, pois não existe raiz quadrada de número negativo. D={(x,y) ℇ R2 | y - x ≥ 0} Definição Seja f ∶ A ⊂ Rn → R uma função. O conjunto de todas as variáveis independentes “u”, que pertençam ao plano Rn de tal forma que f(u) exista é chamado domínio de f. O conjunto dos números “z” que pertençam a R, de tal forma que f(u) = z e “u” pertença ao domínio de f é chamado imagem de f. Exemplo 1: O volume (V) de um cilindro é função de sua altura (h) e do raio (r) de sua base. Temos então: V(h,r) = hπr2 Note que tanto o volume como o raio devem ser maior do que zero para que o cilindro exista. Sabemos que o domínio são os valores que as variáveis independentes podem assumir. Para determinar o domínio de uma função depende-se do contexto em que o problema se insere. No caso do cilindro, podemos dizer que o domínio são todos os números reais positivos: Dom(f)={(r,h) ∈ R2 |h > 0 ≠ r > 0} Exemplo 2 Qual é o domínio da função f(x,y) = x x y− . A função f não está definida para x = y, pois de denominador x - y ≠ 0. Dom(f) = {(x,y) ∈ R2 | x ≠ y} O domínio da função é toda região do plano. Exceto a linha tracejada. 20 Unidade: Aplicações de Cálculo Gráfico de funções de várias variáveis Definição Seja f: A ⊂ R2 → R uma função, o gráfico de f será o subconjunto de R(n+1): G(f)={(x, f(x) ∈ R(n+1) | x ∈ Dom(f)} Exemplo Se n= 2 e x= (x,y), então o gráfico, em geral, é uma superfície em R3, ou seja, no espaço tridimensional. Se n= 3 e x= (x,y,z), então G(f) é uma superfície em R4. Para n= 2 a projeção do gráfico de f sobre o plano (x,y) é exatamente o domínio de f. Gráficos de funções de duas variáveis Nas funções com uma variável y= f(x), o gráfico de f é o conjunto de todos os pontos (x,y) em duas dimensões, tais que y= f(x). O gráfico de uma função “f” de duas variáveis, é o conjunto de todos os pontos (x,y,z), tais que z= f(x,y). Geralmente, o gráfico de uma função de duas variáveis é uma superfície em 3D (tridimensional). Veja, a seguir, o gráfico de uma função de duas variáveis, esboçado ponto a ponto. Introdução ao estudo de Derivada Parcial A derivada da função de uma variável mede a sua taxa de variação. Quando se trabalha com uma função de duas variáveis teremos duas taxas de variação: uma quando x varia (mantendo y constante) e outra quando y varia (mantendo x constante). Estudaremos a influência de x e de y no valor da função f(x,y) separadamente. Esse procedimento será feito da seguinte forma: uma variável será mantida fixa e a outra variando. 21 Definição Derivadas Parciais de f em relação a x e y. Para todos os pontos em que o limite existe, define-se derivadas parciais no ponto (a,b) por: fx (a,b) → Taxa de variação de f em relação a x no ponto (a,b)= ( ) ( ) 0 , , lim h a h b f a b f h→ + − fy (a,b) → Taxa de variação de f em relação a y no ponto (a,b)= ( ) ( ) 0 , , lim h a b h f a b f h→ + − Permitindo que a e b variem, teremos as funções derivadas parciais: fx (x, y) fy (x, y) Vamos entender o que estamos estudando: Nós aprendemos a calcular a derivada de uma função de uma variável, da seguinte forma: f(x)= y= x2 Para calcular a derivada dessa função aprendemos a usar a regra do “tombo”. f’ (x) = 2x Uma outra notação para representar a derivada é: 2dy x dx = Isto é. A derivada de y em relação a x é 2x. Vimos, então, duas notações (f ’ (x) e dy dx ) para indicar a derivada de uma função de uma variável. Vamos analisar agora uma função com duas variáveis: f(x,y) = x3 y + 4y2 A função f depende de x e de y. Vamos chamar a função f de “z”. A representação dessa função se dará no plano 3D (tridimensional). Temos, então, uma função z que depende das variáveis x e y. 22 Unidade: Aplicações de Cálculo Para achar a derivada da função em relação a x, denota-se da seguinte maneira: fx (x,y) → É a derivada da função z em relação a x. Para calcular o valor dessa derivada, é preciso: 1. Tratar a variável y como uma constante. 2. Derivar x usando as regras conhecidas. Exemplo: f(x,y) = x3y + 4y2 fx (x,y) = 3x2y + 0 Trocando Ideias Quando a constante está associada a uma variável ela multiplica o valor a derivada. Exemplo: f(x)= x33 → f’(x)= 3x33 = 9x2. No exemplo, vimos que a constante “y” está associada à variável x, por isso ela não é zero. Na derivada de 4y2, todo esse número é uma constante. Portanto, sua derivada é zero. Calculamos a derivada da função f em relação a x. Agora, calcularemos a derivada de f em relação a y e para isso agora a variável x funcionará como uma constante: f(x,y)= x3y + 4y2 → fy (x,y)= x31 + 2.4y2-1 fy (x,y)= x 3 + 8y2 Notação Quando aprendemos a derivar uma função com uma variável, usamos a notação f’(x) para derivada primeira. Podemos usar, também, para indicar a derivada de uma função de primeira ordem, a seguinte notação: dy dx → derivada da função y em relação a variável x. Quando trabalhamos com uma função de duas ou mais variáveis, a notação utilizada é: y x ∂ ∂ → o símbolo (que parece um 6 ao contrário) indica que a função que está sendo derivada depende de mais do que uma variável. 23 Vamos analisar o esquema, a seguir, que indica as variáveis das funções z, x e y. z é uma função que depende das variáveis x e y. x é um a função que depende das variáveis t e u y é uma função que depende apenas da variável t. A derivada de z em relação a x será indicada como: z x ∂ ∂ Usa-se essa notação porque x não é única variável de z (veja no esquema). A derivada de z em relação a y será indicada: z y ∂ ∂ A derivada de x em relação a t será indicada: z t ∂ ∂ A derivada de x em relação a u será indicada: z u ∂ ∂ A derivada de y em relação a t será indicada: y t ∂ ∂ Observe que a notação mudou para a indicação da derivada de uma função com uma variável real. 24 Unidade: Aplicações de Cálculo Em Síntese A notação indica se estamos derivando uma função com uma variável ou se a derivada é uma função com várias variáveis: dy dx → indica que a função que está sendo derivada depende de apenas uma variável. y x ∂ ∂ → indica que a função que está sendo derivada depende de mais do que uma variável. Representação Gráfica Quando se deriva uma função de uma variável real, a sua representação gráfica é feita no plano cartesiano, ou seja, em 2D, ou espaço bidimensional. A derivada da função em um ponto nada mais é do que a inclinação da reta tangente ao gráfico nesse ponto. Observe que a reta “r” é a derivada da função f(x) no ponto P, indicados no esquema gráfico a seguir: x y 0 x0 x0 + x0 y0 y0 + y0 y0 x0 β α r Q S P y - f(x) 25 Derivadas parciais em um gráfico A questão é: como visualizamos a derivada parcial fx (a,b)? A derivada de fx (a,b) é a inclinação da reta tangente a essa curva em x= a. O gráfico de uma função de duas variáveis é uma superfície. A reta que tangencia um ponto dessa superfície é a derivada da função nesse ponto em relação a uma determinada variável. Um ponto P no espaço 3D é determinado por (a,b,f(a,b)). Observe as representações abaixo: x y z Reta tem inclinação fx (a.b) Gráfico de f (x.b) Ponto (a.b.f(ab)) x y z Reta tem inclinação fy (a.b) Gráfico de f (y.b) Ponto (a.b.f(ab)) 26 Unidade: Aplicações de Cálculo Material Complementar Para aprofundar seus estudos sobre o estudo das derivadas parciais, consulte os sites e as referências a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=j9jjZHFasYE https://www.youtube.com/watch?v=bTXco9OwefI https://www.youtube.com/watch?v=Thl0Mrru7aU https://www.youtube.com/watch?v=XrfrwH7YCp4 Outra indicação: Capítulo 15 do livro Cálculo (George B. Thomas Jr), (volume 2), de Maurice D. Weir, Joel Hass, Frank R. Giordano São Paulo: Addison Wesley, 2009. ) p. 287 a 295. 27 Referências FLEMMING, Diva Marília; GONCALVES, Miriam Buss. Cálculo A: funções, limite, derivação, integração. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. GUIDORIZZI, Hamilton Luiz. Um curso de cálculo. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001-2002. HUGHES-HALLET...[at all] Cálculo a uma e a várias variáveis, volume I e II. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. LAPA, Nilton; Matemática Aplicada. São Paulo Saraiva, 2012. STEWART, James. Cálculo 6. Ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010. THOMAS JR., George B Et Al. Cálculo (de) george b. thomas jr. 12 ed. São Paulo: Addison- Wesley, 2003. 28 Unidade: Aplicações de Cálculo Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000
Compartilhar