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FUNDAMENTOS DE GEOMETRIA Celso Pessanha Machado Congruência Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir polígonos congruentes. � Construir triângulos congruentes. � Demonstrar que dois triângulos são congruentes. Introdução Neste capítulo, você estudará a congruência, analisando polígonos e o caso mais específico de triângulos. Não podemos confundir congruência com igualdade, pois lidamos com figuras diferentes, cada qual com seu conjunto próprio de pontos que se unem para formar polígonos que têm ângulos e lados com a mesma medida. Entre os triângulos, também existem relações de congruência, com características próprias. Não é necessário examinar todos os elementos que formam essas figuras para determinar se há ou não congruência, bastando seguir algumas regras que serão apresentadas neste texto. Polígonos congruentes Ao falarmos de congruência, imediatamente imaginamos figuras de mesma forma e mesmo tamanho. A definição formal de duas figuras congruentes é de que, quando sobrepostas, todos os seus pontos coincidirão. Observe que o termo igual não é adequado, pois cada figura é formada por um conjunto de pontos distintos dos outros. Observe as figuras congruentes na Figura 1, a seguir. Figura 1. As figuras A e E, B e F, C e D são congruentes. Observe, agora, os pares de figuras congruentes na Figura 2, a seguir. Figura 2. Pares de figuras congruentes. Congruência2 Há dois pares de figuras congruentes — E com E e F com F —, pois todos os seus pontos coincidem um a um. Segundo Coxeter e Greitzer (1967), para transformar um no outro, utilizamos transformações denominadas isometrias, que não alteram comprimento ou amplitude de ângulos, modificando apenas a posição. Há quatro categorias de isometrias: translação, rotação, reflexão (em relação a um eixo ou um ponto) e reflexão deslizante (COXETER; GREITZER, 1967) — descritas a seguir. Translação: é uma isometria em que uma figura é deslocada segundo uma direção, um sentido e um comprimento. Os pontos da figura original são deslocados da mesma forma, e todos os segmentos de reta formadores da figura original são transformados em segmentos de reta paralelos e com o mesmo comprimento. Rotação: uma figura tem simetria rotacional, coincidindo com ela própria durante um giro. Duas figuras podem ser giradas em sentido horário ou anti- -horário, em diferentes graus, até todos os pontos coincidirem, indicando congruência (Figura 3). Figura 3. A roda gigante rotaciona todos os seus elementos em torno de um ponto fixo. Fonte: FooTToo/Shutterstock.com. 3Congruência Reflexão: a simetria de reflexão (ou reflexão axial) acontece quando existe, no mínimo, um eixo de simetria, criando um espelhamento entre os pontos (Figura 4). Figura 4. Figuras espelhadas a partir de um eixo de simetria. Reflexão deslizante: acontece quando há uma reflexão sobre um eixo de simetria, seguida de uma translação ao longo desse mesmo eixo (Figura 5). Figura 5. Figuras após processo de reflexão deslizante. Congruência4 Triângulos congruentes Assim como as outras figuras planas, há casos de congruência entre triângulos, estabelecendo uma correspondência entre os vértices de cada um deles. Nesse caso, lados e ângulos de um triângulo são ordenadamente congruentes com os lados e os ângulos do outro, conforme observado na Figura 6. Figura 6. Triângulos congruentes. Há três propriedades que são estabelecidas com a congruência de triângulos: reflexiva, simétrica e transitiva. Propriedade reflexiva: todo triângulo é congruente a si mesmo. Na Figura 7, ∆ABC ≡ ∆ABC. Figura 7. O triângulo ABC é congruente com ele mesmo. 5Congruência Propriedade simétrica: se um triângulo é semelhante a outro, então o segundo é semelhante ao primeiro. Observe que, na Figura 8, temos que ∆ABC ≡ ∆DEF → ∆DEF ≡ ∆ABC. Figura 8. Dois triângulos congruentes. Propriedade transitiva: se um triângulo é semelhante a um segundo, o qual é semelhante a um terceiro, então o primeiro é semelhante ao terceiro. Nos três triângulos da Figura 9, a seguir, temos que ∆ABC ≡ ∆DEF e ∆DEF ≡ ∆GHI → ∆ABC ≡ ∆GHI Figura 9. Três triângulos congruentes. Congruência de triângulos Para fazer a comprovação da congruência entre dois triângulos, não é necessário conhecer a medida de todos os seus elementos, apenas verificar alguns deles. Vamos conhecer as regras para verificar a congruência, sempre respeitando a ordem dos elementos. Congruência6 1º caso: LAL (lado, ângulo, lado) Se dois triângulos têm dois lados e o ângulo compreendido entre eles ordenadamente congruentes, então eles são congruentes (Figura 10). Figura 10. Lados congruentes com ângulo congruente entre eles. 2º caso: LLL (lado, lado, lado) Se dois triângulos têm, em ordem, os três lados respectivos congruentes, então eles são congruentes (Figura 11). Figura 11. Lados ordenadamente congruentes determinam congruência. 7Congruência 3º caso: ALA (ângulo, lado, ângulo) Se dois triângulos possuem, ordenadamente, um ângulo, um lado e um ângulo congruentes, então eles são congruentes (Figura 12). Figura 12. Congruência ALA. 4º caso: LAA (lado, ângulo, ângulo) Se dois triângulos têm, em ordem, um lado, um ângulo adjacente e o ângulo oposto a esse lado congruente, então eles são congruentes (Figura 13). Figura 13. Semelhança por LAA. Congruência8 Você verá, agora, dois exemplos envolvendo congruência de triângulos. Observe a figura que apresenta dois triângulos e determine o valor do ângulo β, sabendo-se que . Fazendo uma análise, verifica-se que há dois triângulos, ABC e DBE, ambos comum ângulo de 39° entre dois lados com a mesma medida. Concluímos que os dois triângulos são congruentes pelo caso LAL. Como confirmamos a congruência, podemos afirmar que , e ambos medem 68°. Como a soma dos ângulos de qualquer triângulo é 180°, temos que: 68° + 39º + β = 180° β = 180° – 107° β = 73° Agora, observe o seguinte pentágono regular ABCDE. 9Congruência Vamos traçar duas diagonais AC e AD. Prove que os triângulos ABC e AED são congruentes. Acompanhe duas soluções: Primeira: O polígono é regular, logo os ângulos e AÊD são congruentes e estão entre lados que têm a mesma medida nos dois triângulos. Portanto, temos um caso LAL. Segunda: Já vimos, na primeira prova, que os lados AB, AC, AE e ED têm a mesma medida. Agora, note que, quando desenhamos as duas diagonais, criamos um triângulo isós- celes com AC congruente com AD. Temos, portanto, três lados respectivamente congruentes — um caso LLL. COXETER, H. S. M.; GREITZER, S. L. Geometry revisited. Washington: The Mathematical Association of America, 1967. Leitura recomendada BOSTOCK, L. et al. GCSE higher mathematics: a full course. 2nd ed. Cheltenham: Nelson Thornes, 1996. Referência Congruência10
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